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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Um trator chamado São Caetano (2)

Há cerca de 15 dias, o título da coluna/blog foi "Um trator chamado São Caetano". Claro que não tenho nenhuma procuração para puxar o saco, defender ou endeusar este ou aquele dirigente esportivo. Além do que, não sou assessor de Imprensa de nenhuma das prefeituras do Grande ABC. Nem pretendo ser. A intenção foi apenas analisar e valorizar a 13ª conquista dos Jogos Abertos do Interior por São Caetano, além de cutucar a onça com vara curta. As onças, no caso.

Se bem que, hoje, São Bernardo não passa de uma jaguatirica de médio porte. Limita-se a comer galinhas e assustar crianças no terreiro da velha colônia. E a tendência é piorar no que se refere ao esporte competitivo. Opção como diretriz deve ser respeitada. A outra onça, antes predadora até de bezerros desmamados, dos grandes, virou cordeirinho. Há mais de um década -- como já cansei de escrever -- Santo André anda mansinha, mansinha. Está mais para as calopsitas da Rosana, minha cunhada, do que para algum felino parente do gato.

O caipira, aqui, tem consciência de que alguns leitores concordaram com o texto -- recorrente, por sinal. Outros discordaram mas silenciaram e alguns ficaram na bronca e se manifestaram por telefone ou email. E o contraditório saudável, educado e consistente é sempre bem-vindo. Principalmente quando sabemos que o assunto, embora dissecado nos últimos anos, não é de pleno conhecimento de todos. Nem meu, lógico!

Um dos comentários postados foi do jovem cidadão Thiago. Andreense, ex-aluno do Colégio São José, o jovem questiona alguns itens. Por exemplo: "Se tirar o caminhão de dinheiro investido por São Caetano em relação aos demais concorrentes, será que seria essa diferença toda?" Sinceramente, não há como garantir. Mas é preciso tirar o chapéu. Nossos vizinhos sabem fazer esporte. Tanto que nadam de braçadas há mais de uma década.

Como ilustração, é bom lembrar que na última edição a anfitriã São Caetano fez 373 pontos, contra 274 de São José dos Campos, 247 de Piracicaba, 240 de Santos, 226,5 de São Bernardo e apenas 142 de Santo André, a nona colocada. Foram 99 pontos de vantagem sobre São José dos Campos, 146,5 para São Bernardo e 231 para Santo André. Juntos, A e B somariam 368,5 pontos e ainda perderiam de C. Justificar? Talvez! Desmerecer? Jamais!

Nos três anos anteriores, São Caetano ganhou o título com as seguintes diferenças para o vice-campeão, São Bernardo, e o terceiro colocado, São José dos Campos: 331 a 320 e 198 em 2006, 284 a 280 e 209 pontos em 2007 e 341, 293 e 260 em 2008. São Bernardo vem descendo a ladeira! É bom frisar que em 2006, quando promoveu os Jogos Abertos e ficou a apenas quatro pontos do campeão, o investimento dos batateiros foi superior ao de São Caetano.

No mesmo período, Santo André foi quinto em São Bernardo e na Praia Grande, ainda na Primeira Divisão. Em 2008, em Piracicaba, já na Segunda Divisão, também ficou em quinto, o que, na realidade, significa a 17ª força do Estado. Se orgulhar como? Melhoramos em 2009, mas em 2010 voltamos para a Segundona.

Falar de orçamentos, como também questiona o esperto Thiago, é meio perigoso. São realidades diferentes, políticas públicas diferentes, problemas sociais diferentes, cabeças diferentes, comandos diferentes. Grosso modo, os investimentos totais -- totais! -- de São Caetano e São Bernardo são semelhantes. Só que os R$ 20 milhões de São Caetano representam maravilhosos 4% do orçamento total do munícipio em 2009. Os mesmos R$ 20 milhões de São Bernardo não atingem a 1 % de um dos maiores orçamentos municipais do País.

Em 2009, cerca de R$ 10 milhões foram para o alto rendimento do campeão. Os outros 50% dividem-se de forma quase equivalente entre pessoal e demais projetos, que incluem formação, comunitários, terceira idade, futebol amador, eventos e lazer. Em São Bernardo, o investimento do Tesouro no esporte competitivo ficou entre R$ 3 milhões e R$ 3,5 milhões. Como em pessoal são gastos cerca de extravagantes R$ 10 milhões por ano, o restante é rateado por inúmeros segmentos do esporte e do lazer. Para 2010 os montantes devem ser mantidos, mas com remanejamentos de verbas dentro da secretaria. E ainda há a dependência de possíveis parceiros.

Em Santo André, o orçamento de 2009 -- pífio e definido pela gestão anterior -- deve beirar os R$ 12 milhões, considerando-se esporte e lazer. Como já escrevi, o ideal seria de no mínimo 1%, cerca de R$ 19 milhões. Custeio com pessoal não fica longe R$ 7,5 milhões. Para projetos, que incorporam serviços, produtos, material, contratações, educação física, eventos, Expresso Lazer, aniversário da cidade e outros quetais, total não passa de R$ 2,5 milhões. Portanto, sobram cerca de R$ 2 milhões para o alto rendimento. Convenhamos, pouco se faz no cenário econômico-esportivo atual. Especialmente quando os empresários-parceiros são tão raros como conquistas relevantes.

O jovem Thiago também questiona as revelações de São Caetano: " Quantos que levantaram troféus são formados em São Caetano?" Realmente, são poucos. Santo André é forçada a revelar algumas promessas porque não tem alternativas financeiras nem ao menos para mantê-las na cidade. A Paloma, do judõ, é apenas um dos muitos exemplos. Ah, São Caetano contrata um o monte de gente! Verdade! São José, São Bernardo, Santos, Piracicaba e Santo André também. Ou o campeão de tênis de mesa, Duan Quan (?) nasceu na Vila Pires?

Que culpa São Caetano tem se pode investir no esporte como um todo? Se o jovem Thiago tiver um pouco de tempo, vai perceber que o esporte comunitário de São Caetano também é superior em quantidade e talvez qualidade. Se bobear, por absoluta falta de investimento coerente nos últimos anos e não por incapacidade do quadro profissional, Santo André também perde em atendimentos à comunidade -- esporte enquanto ação social -- para São Bernardo e Diadema. Quanto a São José dos Campos -- orçamento total de R$ 20 milhões -- e Santos e Piracicaba -- perto de 13 milhões --, não tenho subsídios para analisar com embasamento minimamente confiável.

Para o jovem Thiago, ficar em nono lugar na Primeira Divisão dos Jogos Abertos -- hoje sem o glamour de idos tempos -- não é demérito, "afinal, o investimento de é 1/10 dos demais concorrentes". A proporção orçamentária está equivocada, mas o opinião deve ser respeitada. Para mim, é demérito sim! E a culpa -- também como já cansei de escrever -- é de quem sempre virou as costas para o esporte ou fez dele simples moeda de troca política. A maldita política. Nenhum gestor público ou diretor de Esporte e Lazer faria milagre com as migalhas que lhes foram confiadas. E, independente de partido político, ninguém vai fazer sucessao do dia pra noite sem encarar políticas públicas como coisa séria. Independente de títulos.

Não tenho vergonha, mas, por enquanto, também não tenho um motivo sequer para me orgulhar do esporte de Santo André como um todo. Antigamente, o andreense tinha inúmneras razões para se orgulhar de cidadãos e campeões formados ou lapidados pelos homens do esporte. Hoje, temos alguns cidadãos, raríssimos campeões e apenas meia-dúzia de homens-líderes comprometidos de fato com o esporte. É uma pena!

Convenhamos, jovem Thiago, falamos quase a mesma linguagem; é mesmo muito pouco. E não é coincidência; é incompetência com tempero de menosprezo. Tomara, torço muito para que a administração Aidan Ravin respeite e valorize de fato o esporte em sua plenitude. Ficar comparando e jogando a culpa em antecessores o tempo todo não vai resolver o problema. Ficamos pra trás e precisamos reagir. O primeiro ano já está por terminar. É bom trabalhar mais e falar menos. De preferência, com mais informações corretas e sem parcialidade característica de quem ainda conhece pouco e cai do cavalo quando se arvora de defensor dos fracos e oprimidos. Mas dá pra entender...

Um abraço ao jovem assessor de Imprensa recém-contratado pela Prefeitura de Santo André. Um abraço respeitoso ao cidadão Thiago. Como esportista, não deixe de sonhar! Como esportista, não deixarei de cobrar. Quem quer que esteja no poder. Mesmo que se trate de amigo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

De novo, o assunto é Santo André

Sei que nem todos leitores e pseudo pauteiros do blogdoraddi entendem quando o assunto recorrente é Santo André. Porém, no momento, não há como fugir. É o mais importante do esporte regional.

O espaço poderia ser ocupado novamente pelos Jogos Abertos, evento sobre o qual voltarei a falar ainda nesta semana. Se o computador ajudar! Também haveria lugar para o São Caetano de uma missão quase impossível -- voltar à elite nacional -- ou para a classificação do São Bernardo às quartas-de-final da Copa Paulista.

Até mesmo o Palestra, em situação nada fácil na Segunda Divisão Paulista, merece algumas linhas. Tanto quanto a vitória do Brasil Vôlei Clube/São Bernardo sobre o SESI na primeira final do Paulista. Estranho o jogo não ter sido no Poliesportivo. Outro evento provocou a transferência para o pequeno Baetão?!

Pois bem... vamos ao Santo André. Rodada teve vitória do Ramalhão, do Náutico e do Coritiba, empate do Sport e do Fluminense, e derrota do Botafogo. Agora, segundo o matemático Tristão Garcia, as possibilidades de o Santo André cair são de 66%, contra 68% do Náutico, 69% do Botafogo, 86% do Sport e 97% do Flu. O risco do Coritiba é de apenas 9%.

Acoplados à frieza dos números porcentuais, não se descartam jogos em casa -- pra quem só ganha com apoio da torcida --, classificação, número de vitórias, fase e adversários dos concorrentes à vaga, capacidade técnica atual, competência emocional, cartões amarelos e vermelhos, contusões e outras variantes.

No minitorneio anterior, o chutômetro raddiano previu oito pontos ganhos, com vitórias sobre Vitória e Fluminense e empates com Atlético Parananense e Barueri. O Ramalhão só cumpriu metade da tarefa, somando minguados quatro pontos. No penúltimo minitorneio, recém-iniciado, calculei empate com o Palmeiras e Corinthians, vitória diante do Grêmio e derrota para o Cruzeiro.

Vitória sobre o Verdão -- que parece amarelar desde a saída de Pierre -- compensa dois pontos perdidos na fase anterior. No entanto, pra quem insiste na linha de corte cravada nos 45 pontos, o time de Sérgio Soares ainda precisa de 13 em 21 a serem disputados. Situação continua preta, embora ainda existam esperanças. Heróis ou vilãos só serão definidos nas três últimas rodadas.

De Primeira

* Sei que chateia, mas entre a omissão e o alerta, fico com a segunda opção. Muita gente, mas muita mesmo, entrou de graça no jogo contra o Palmeiras. Está certo que o ingresso a R$ 50/25 ficou salgado, mas o limite do bom senso deve ser respeitado. Especialmente por autoridades. Não pega bem um diretor da Prefeitura de Santo André forçar a barra para colocar dois parentes pelo portão de entrada de Imprensa e autoridades. Ninguém me contou. Eu vi! Como nunca fiz isso, fico à vontade para criticar.

* Da boca pra fora, poucos se manifestam oficialmente, mas dirigentes esportivos de Santo André e São Bernardo não ficaram nada contentes com nono e quinto lugares, respectivamente, nos Jogos Abertos. A dor-de-cotovelo implica em minimizar o belo feito de São Caetano e deixa turva a visão sobre os próprios erros. Que pena! Políticos fazem escola!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ramalhão vence líder e respira

Quem foi ao Bruno José Daniel para ver o líder o Campeonato Brasileiro saiu decepcionado. O Palmeiras foi previsível, jogou mal e virou refém do medo de perder. Quem foi para empurrar um time ainda ameaçado pelo rebaixamento saiu feliz e esperançoso. O Santo André não foi brilhante tecnicamente -- nem precisava --, mas teve atitude e raça incomuns. Não teve inspiração, mas exalou transpiração do primeiro ao último minuto.

O palmeirense que foi para aplaudir Marcos, Diego Souza, Cleiton Xavier, Vagner Love e Obina saiu duplamente frustrado: com o resultado negativo e com um futebol nada criativo, limitado a bolas esticadas ou levantadas com chutões de uma defesa limitada. E amedrontado com a possibilidade de deixar o título escapar pelos vãos dos dedos. O andreense, não! Viu um grupo guerreiro, a superar limites técnicos a cada dividida. Viu as proezas de Neneca e desta vez não levou tanto susto com a zaga -- nada perfeita, ainda bate cabeças --, embora o Palmeiras tivesse criado mais oportunidades de gol.

Pelo menos ontem, a eficácia do esquema ousado montado por Sérgio Soares foi comprovada no todo. E duas individualidades devem ser destacadas. Como único volante de contenção verdadeiro, Ricardo Conceição anulou Diego Souza, um dos ícones do Palmeiras. Em compensação, do outro lado, os volantes Edmilson e Souza não achavam os meias Marcelinho Carioca e Camilo, sempre livres às suas costas ou pelas beiradas do campo.

Outro destaque fica por conta de Nunes, que não faz bom campeonato. Também, cansou de jogar isolado, no discutível 3-6-1! Diante de uma defesa insegura, o centroavante não se limitou aos dois gols fáceis. Cansou de puxar a marcação dos zagueiros ou de um dos volantes, caiu pela esquerda com sabedoria, mostrou ousadia ofensiva e brigou o tempo todo. Ofuscou Vágner Love, mais uma vez. Os gols? Simples e merecidos prêmios por erros do Palmeiras, e oferecidos de bandeja por Camilo. Até eu faria. Se perdesse, seria vaiado por mais de 10 mil pessoas.

Enquanto o Santo André apresentou a atitude de quem ainda respira e luta para sair da UTI, o Palmeiras não teve bola nem cara de campeão. Pode até ganhar o título. Mais pela incompetência dos outros do que por competência própria.

Assisti ao jogo entre dois amigos palmeirenses que têm o Santo André como segundo time. Ganhei em dose dupla. Pela boa companhia e pelos 2 a 0 indiscutíveis. Fabiano e Marquinhos saíram frustrados e com a pulga atrás da orelha. Afinal, que líder é esse?

Lógico que nada está definido. Porém, o resultado pode desnudar as fragilidades do líder na reta final e motivar o Santo André. Sem deixar de lembrar que vitórias encobrem falhas que não podem se repetir nas próximas sete rodadas. Díficil acreditar que Cruzeiro, Grêmio, Corinthians, Goiás, Avaí, Náutico e Internacional darão tanto mole quanto o previsível Palmeiras de Muricy Ramalho, sinônimo de capacidade e falta de educação. Quando perde, só dá patada.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Um trator chamado São Caetano

Como previsto, não deu outra! Mais uma vez, deu São Caetano nos Jogos Abertos do Interior. Ainda em andamento, aqui na terra da GM e das Casas Bahia, a 73ª edição da Olimpíada Caipira já tem seu grande campeão.

Como se fossem os tratores utilizados pelos invasores do MST nas plantações de laranja da Cutrale, São Caetano passa por cima de tudo e ganha com cinco dias de antecedência seu 13º título da maior competição poliesportiva do Brasil. Mesmo sem o glamour de antigamente, não se discute a importância dos JAI para o universo esportivo. Afinal, são 234 cidades e cerca de 13 mil atletas, muitos de nível olímpico.

O município de São Caetano foi campeão pela primeira vez em 82, em Rio Claro, numa época em que a hegemonia era disputada pau-a-pau entre Santo André e Campinas. Bons tempos! Mas isso é passado. Depois de dois vices em 91 e 92, a segunda conquista de São Caetano veio em 97, em Bragança Paulista. Até 2002, a cidade foi hexacampeã, só perdendo o privilégio em 2003, quando Santos promoveu e ganhou o evento. De 2004 a 2009, outro hexa, totalizando 13 títulos em 73 edições.

O bicho-papão meio aposentado e quase inalcançável ainda é Santos, que ganhou 25 vezes. De 1940 a 1952 foram 13 conquistas seguidas -- seria tridecacampeão? -- e de 62 a 68 um hepta. Ganhou também em 54, 57 , 59 e 87. Quanto ao primeiro lugar em 2003, há até quem diga que São Caetano facilitou as coisas em troca de favor político. Que favor? Não sei. Nem imagino!

Santo André, que estava empatada com São Caetano, agora ficou pra trás. Enquanto a cúpula administrativa -- prefeito e cia bela -- respeitava e levava o esporte a sério, foram 12 títulos, com destaque para a década de 80. Santo André foi brilhante em 80, 81, 83, 84, 85, 86 e 88. Antes, o triunfo maior veio em 70, 72, 76 e 77. Em 96, o último, em Bragança Paulista, já sem a parceria robusta da Pirelli.

Em 2010, volta para a Segunda Divisão. Legal, né? Quanto orgulho para o cidadão andreense! Será que, mesmo com a alteração de comando -- leia-se Aidan Ravin -- o esporte vai continuar como simples moeda de troca, de trapaças políticas em nome de uma excrescência, um tumor vulgarmente conhecido como governabilidade? Só falta o governo querer reduzir a verba do esporte em vez de valorizar e investir com sabedoria, a longo prazo!

Completando os 26 títulos regionais -- 35,61% de aproveitamento -- o solitário de São Bernardo, em 73, em casa. São Bernardo foi vice em 2006, 2007 e 2008. Agora, em 2009, a disputa com São José dos Campos, Piracicaba e Santos está bem mais acirrada. Acho muito difícil ficar em segundo.

E por lá também já andam falando em corte drástico no orçamento do esporte. Se isso acontecer, vai sangrar. O prefeito Luiz Marinho vai dar um tiro no próprio pé. Pior: a bala vai ricochetear e se alojar no coração de uma grande cidade. Um ferimento de morte. Me recuso a acreditar!

Voltando aos números: a galeria dos campeões destaca ainda Campinas, hoje na Segunda Divisão depois de brilhar na década de 70. Foram cinco dos 10 títulos que ostenta. Na hierarquia do esporte estadual aparece Guarulhos, que investiu forte e se destacou na década de 90, quando foi hexa, de 90 a 95. Hoje, faz companhia pra Campinas na Segundona. Afinal, investir em esporte pra quê, ? Bobagem...

A mineira Uberlândia vem em seguida com três primeiros lugares, nas três primeiras edições dos JAI: Monte Alto (36), Uberlândia (37) e Sorocaba (38). Para completar o quadro, Ribeirão Preto ganhou em 53, Jundiaí em 61 e São José dos Campos em 69.

Como se vê, pela história numérica dos Jogos Abertos, São Caetano é mesmo um tratorzão, um tatuzão capaz de cavar e derrubar muito mais que simples laranjais. Mais é um trator do bem, do bom exemplo, do investimento saudável, sem prejuízos a quem trabalha de verdade. Derruba cafezais, canaviais, eucaliptais, cebolais e outros quetais do nosso querido interiorzão. Porém, a São Caetano do prefeito José Aurichio e do secretário de Esporte e Turismo Mauro Chekin reina sem matar, sem massacrar, sem invadir, sem roubar, sem destruir, sem desrespeitar. Assim é o esporte! Assim deveria ser a vida!

P.s.: bem que na próxima reunião do Consórcio Intermunicipal o prefeito campeão poderia ministrar uma aula sobre a importância do esporte -- não apenas de alto rendimento -- na vida do cidadão comum. Aidan, Marinho, Osvaldo, Reali, Volpi e Kiko não podem faltar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Quando empate vira derrota

Nem sempre, o que parece, de fato, é a realidade. O futebol é tão dinâmico e os números são tão relativizados que hoje não há mais como se afirmar, imediatamente após um jogo de futebol, que o resultado foi ótimo, bom, razoável ou ruim.
Isoladamente, sem checar todos os outros placares da rodada, nada está garantido de véspera. Haja vista o que acontece no Campeonato Brasileiro. Exemplo doméstico fica por conta o empate do Santo Andre quarta-feira em Barueri. Bom ou ruim para quem está com a faca no pescoço?

Como, naquele momento, a maioria dos analistas de plantão se ateve ao jogo em si, ao ponto conquistado fora de casa, a voz corrente definia como bom resultado. Afinal, o time de Sérgio Soares pulava para 29 pontos e se mantinha na 16ª posição, um ponto à frente do Botafogo.

No entanto, o grupo de Estevam Soares comprovou evolução e sapecou 3 a 1 no bom Atlético Mineiro. Moral da história: subiu para 31 pontos e saiu da zona de degola. O empate do Santo André, que parecia bom para muitos e apenas razoável para alguns -- dentro das minhas previsões nos minitorneios --, configurou-se como mau negócio no fechamento da rodada. Virou um empate-derrota.
Agora, o Ramalhão caiu para a zona de rebaixmaento. Tem 30 pontos a disputar e precisa ganhar 16 para se garantir na elite nacional em 2010. Considerando-se a linha de corte -- 45 --, o Botafogo parece mesmo o grande inimigo a ser batido.
O pior é que esse inimigo fez oito pontos nos últimos cinco jogos, contra cinco de Santo André e Fluminense -- se enfrentam amanhã no Bruno Daniel -- quatro do Sport e apenas um do Náutico.
Não há como fugir do rótulo. Jogo deste sábado é mesmo o divisor de águas dos desesperados. Empate é horrível para ambos. Seria um abraço de moribundos. Santo André tem obrigação de vencer, mas, se vacilar, escorrega diante de um lanterna que ainda não está morto. Se perder, o milagre da salvação vai virar cada vez mais milagre.
Time parece evoluir, mas ainda está bem distante do ideal. Creio que o período galleano tenha sido o grande problema. Sérgio Guedes dava mostras de que arrumação tática não faltava. Só que ele saiu e Sérgio Soares chegou tardiamente. Se SS não repetir algumas invenções de postura tática suicida, pode até se safar.
Para isso não pode abrir mão dos dois volantes de contenção. Mesmo quando jogar em casa. Esquema 3-5-2 ( ou 3-6-1, como preferem alguns) pressupõe três zagueiros e dois alas com liberdade ofensiva. É contra-senso jogar com apenas um volante e dois ou três meias de ofício. Agredir sim, mas sem descuidos defensivos quase sempre fatais.
Jogos Abertos de São Caetano
Jogos Abertos do Interior, em São Caetano, têm tido uma cobertura que há muito não se via por parte do Diario do Grande ABC. Legal mesmo! Destaques, chamadas, boas matérias, algumas entrevistas interessantes e informações relevantes. Tomara que nos próximos dias tenhamos mais textos de São Bernardo e as classificações, com pontuações de cada cidade. Tomara, também, que a boa cobertura não seja apenas resposta a interesses políticos e financeiros. O esporte regional agradece. Independente de ingenuidade possível e desculpável.
Agora à tarde, estive no Ginásio Marlene Bento -- homenagem a uma das maiores jogadoras de basquete do País -- e vi a fácil vitória do handebol feminino de São Bernardo. Santo André jogou mal. Reagiu um pouco no segundo tempo, mas não podia perder por diferença tão grande -- 33 a 19. Desfalcada de Audi ( foi para a França) e Néia -- lesionada -- a equipe de Rubens Piazza foi derrotada por quem investe muito mais e tem obrigação de ganhar sempre. Deu a lógica! Com méritos. Ou alguém pensou que aquela derrota na final dos Jogos Regionais passaria batida, sem vingança?
Não vi o basquete feminino, mas sei que Santo André venceu a forte equipe de Americana por 62 a 58. Quem viu, gostou do time de Laís e Arilza. Ao contrário da estréia, na derrota de 61 a 53 para Catanduva. A cubana Ariadna fez 21 pontos. A pivô Simone fez 15 pontos e pegou 15 rebotes. Adversário de amanhã é Ourinhos e tudo pode acontecer .

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A brabeza do Chevettão

Domingo, 11h da manhã, paro pra tomar água diante do clube Santa Maria, ali perto do Teatro Paulo Machado de Carvalho, na Avenida Kennedy. Daqui, do Paço Municipal de Santo André, até lá, em São Caetano, no Primeiro Mundo, é uma boa puxada. Bairro Jardim, Campestre, Santa Maria, Barcelona... Andar faz bem. Pra quem gosta, então, melhor ainda. Se tiver um pé de amora pelo caminho, na volta, juro que paro.

De repente, a mão pesa sobre meu ombro direito. Batida firme, desconhecida, e voz de poucos amigos:

-- E aí, Raddão, tudo bem? Não tem o quê fazer em Santo André? Quer dizer que você voltou a escrever? Pelo que entendi, além de bater sem medo, com energia e alguma sabedoria, você dá uma de matemático e garante que a coisa tá preta pro seu time e pro meu?

-- Fala Chevettão! Que brabeza! Há quanto tempo! Como vai a italianada da família? E a saúde? Ainda trabalha na ferramentaria da GM ou já se aposentou? Tem acompanhado o Saad, quer dizer, o São Caetano?


-- Caramba! Vai devagar! Faz 10 perguntas sem tomar fôlego e não me dá tempo de respirar. Só abro a boca de novo depois que você responder o que perguntei.

-- Tá bom! Tudo bem comigo, com os filhos, com o neto...


--Neto!? Você já tem neto? Agora reparando melhor. Além de mais velho, meio acabado e cara de cansado irreversível, teu cabelo tá cada vez mais branco, e ralo. Melhor ficar careca! Olha só,o bigode também tá branco!

-- Já andei uns 10 quilômetros e vou andar mais uns sete de volta. A pé, tá claro? Cara de cansado é normal. Afinal, meu motor é 5.4 com tração 4x4. Quanto às indagações, voltei, sim, a escrever. Estou feliz. Serviço público, com mazelas inadmissíveis para cidadãos comuns, não é minha praia. Perdi um pouco a embocadura jornalística, mas ainda chego lá. Quem sabe volte a publicar a coluna em algum jornal regional decente. Quanto ao Santo André, acho possível, mas é difícil escapar. Deu o primeiro passo importante ao vencer o Vitória, mas dizem os especialistas que ainda precisa ganhar 17 pontos em 33 possíveis para se livrar sem medo. Ainda tem muita água pra rolar. O Fluminense está frito, mas o facão vai levar mais três. Pelo andar da carruagem, um deles é o Náutico. Quanto a Sport e Botafogo, têm força para reagir e complicar a vida do Ramalhão. Também não descarto Atlético Paranaense e Coritiba. Melhoraram, mas basta olhar a tabela e se lembrar de que as pernas longas da vitória são tão perigosas quanto as pernas curtas da lorota. Se perderem duas seguidas e os mais ameaçados ganharem duas seguidas, embola tudo. Quer saber? Não garanto nem Santos e Barueri. Um não tem time e parece indolente. O outro não tem peso de camisa e chegou aonde podia. Pega o Santo André nesta quarta-feira. Se vencer, aí sim pode respirar.


-- Dá um tempo! Respira! Toma a água! E o meu Saad?

-- Saad não, São Caetano!


-- Tá certo! Será que já deu o que tinha que dar? Se não ganhar da Portuguesa, é melhor perder as esperanças. O gozado é que começou muito mal, reagiu, fez a italianada da cidade sonhar e agora voltou a decepcionar. Contra o Vasco, dava pra empatar. Contra Ceará e Guarani, quem quer subir não pode dar mole em casa.

-- Chevettão, você praticamente respondeu tudo. Já decretou a morte do Azulão. Hoje, portanto, antes do jogo de terça-feira, tudo leva a crer que quem apostar no São Caetano como um dos novatos da Série A vai errar. Ganhar no mínimo 25 pontos em 30 possíveis é tarefa...


-- Já sei, você já escreveu, mais difícil do que o elefante passar no buraco da agulha.

--Não escrevi isso!

--Lógico, eu li! Eu li no seu brog!

-- Não é brog, é blog! E ainda leu errado! Escrevi um lutador de sumô (daqueles japoneses bem gordões) passar no buraco da agulha.

-- Tanto faz! É tudo grande, muito grande e gordo, pra buraco tão pequeno. Nem milagre! Então, o clássico da Série B de 2011 está garantido. Um azul cai e o outro azul não sobe; fica esperando de braços abertos. Que beleza! Por isso é melhor você torcer pro timinho lá da Zona Leste, do Tatuapé, e eu vibrar com o Verdão campeão brasileiro. O meu Parmera não vai dá mole, não! Com o Muricy, ó, aqui é trabalho -- garante o explosivo Chevettão antes de se despedir batendo no antebraço e deixar a última pergunta desafiadora.

-- E o neto, é Verdão ou vai pelo mesmo mau caminho do avô caipira e teimoso? Nunca vi, descendente de italiano, de Udine, e torce pro time errado.

-- O Victor só tem dois anos e meio. Já fala "Verdão" -- influência do pai, Danilo --, "Timão, " -- bons conselhos dos tios paternos, Felipe e Fernando -- e "Aqui é Curíntia" -- imposição popular do Raddi.


-- Tá bom! Chega de besteira. Tchau! Dá um abraço no Daniel!

-- Peraí, e as perguntas iniciais? Vai embora sem resposta?


-- Fica pra outro dia. Você fala muito e eu não gosto de corintiano. Nem sei por que te suporto. Deveria ter passado batido, fazendo de conta que não te vi, em vez de me misturar. Ainda mais suado, assim! Pensando bem, lá em Santo André não tem parque não? Por que você não foi andar no seu Parque dos Sabiás, no Celso Daniel, no Jardim Tupi?

-- Tupi, não! Jardim Tamoio, lá no Ipiranguinha. Prefiro a intuição de que sempre vou encontrar amigos pelos caminhos da vida. Como você sabe, amizade não tem preço. Mesmo sabendo que aqui na avenida não tem sombra, nem pássaros como lá, cá estou. Gosto daqui, da rua de lazer, da rua da família. A única coisa igual é a bosta canina. Aqui no Primeiro Mundo, como lá, a pista parece banheiro de pessoas mal-educadas "conduzidas" por cachorrinhos charmosos e cachorrões mal-encarados. Lembra o seu bom prefeito de que os jardins estão bem cuidados, são mesmo um cartão de visitas, uma beleza, mas é preciso fiscalizar e punir os marmanjos deseducados. Ou alguém acha que a visita vai pisar e gostar do belo e malcheiroso"cartão"?

-- Tchau! Não vou mais perder tempo com bosta de cachorro e sermão de vizinho pobre. E quero que os seus times se explodam! Tá bom?


De Primeira


* Sob o comando de Osmar Garraffa e Lombardi Júnior, a Equipe Futebol Total, da Rádio Emissora ABC, chega para preencher um vácuo no rádio-jornalismo esportivo regional. Desejamos sucesso aos companheiros, que, ao lado de Marcos Roberto e Jurandir Martins, tão bem nos recepcionaram ontem à noite no Baby Beef Jardim. Evento contou com inúmeros jornalistas, atletas e dirigentes do esporte. Destaque para Osmar Santos.

* Competições dos Jogos Abertos do Interior começam amanhã em São Caetano. Anfitriã mantém investimento digno da importância do esporte e deve ganhar seu 13º título, superando Santo André -- aquela, dos bons tempos, que tem 12. Santos ainda é a maior vencedora da Olimpíada Caipira, com 25 títulos. Campinas tem 10, Guarulhos, 6; e Uberlândia -- sim, a mineira Uberlândia -- tem três. São Bernardo, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Jundiaí ganharam uma vez cada, totalizando os 72 eventos. Matéria do DGABC sobre os Jogos Abertos ficou legal. Pra não perder o costume, apenas um reparo sobre as conquistas: em 1939, na quarta edição, a campeã foi a anfitriã Campinas, e não Uberlândia.