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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tulica, um gol impossível!

Ronaldo; Roberto Correa, Rodolfo, Flávio e Luiz Augusto; Fernandinho, Souza e Vicente Cruz; Celso Motta, Tulica e Romolo. Técnico: Aurélio Loureiro Bastos.

Poucos se lembram, mas esse timão comandado pelo seu Aurélio derrotou o Grêmio Catanduvense por 2 a 0 num Bruno Daniel lotado -- seis mil pessoas nas arquibancadas ontem cobertas, hoje desprezadas -- e foi campeão.

Só que na Divisão Intermediária de 75 não houve acesso. A conquista foi festejada mas se tornou inócua. De nada valeram os gols do rio-pardense Souza e de um centroavante canhoto, metido a artilheiro.

O mesmo que no ano seguinte, em junho, no Jaçatuba -- estavam a construir a arquibancada descoberta do Brunão -- ajudou o Ramalhão a aplicar a maior goleada de sua história.

Os 8 a 0 sobre o pobre Amparo aconteceram numa noite fria, com uma sensação térmica gélida por causa do vento. Está certo que no jogo do returno, sob muita chuva, o Santo André de Sebastião Lapola subiu no salto, foi displicente e apanhou de 3 a 0.

Mas o jogo que me interessa mesmo é do turno, do ainda gelado morro dos ventos uivantes, hoje um belo poliesportivo comandado por Celso Luiz de Almeida.

Meu amigo Romolo nem se lembra, mas fez dois gols. Celso Motta, um ponta/centroavante rápido que me dava muito trabalho nos treinos de 73, também marcou.

Outro a marcar foi Vicente Cruz, que em 73, cabeludo e de fitinha, era reserva do time reserva. Além de capitão do Juvenil, eu era titular dos reservas -- deu pra entender? -- e o Viça acabara de chegar pelas mãos de Nascimento, um ponta-esquerda criado no Corinthians.

Romolo era operário incansável, voluntarioso, ajudava o meio-campo e ainda chegava para finalizar com eficácia. Nascimento era de partir pra cima. Lembrava aquele Edu, do Santos e da Seleção Brasileira. Como zagueiro de área, cansei de sair pra cobertura e levar cansaço dos dois.

Pois é... Voltemos ao corpo. Faltam quatro gols. Quatro gols de um menino grande, artilheiro, chamado Alberto. Alberto Soares de Araújo. Seu apelido? Tulica.

Não tenho certeza e o Romolinho não se lembrava nem que fez dois gols, mas meu amigo Jurandir Martins, um dos maiores jornalistas e historiadores do esporte do Grande ABC, garante que não foram quatro de cabeça.

Também, não é o primordial. A essência é dizer que Tulica fez quatro dos 63 gols que marcou com a camisa do Ramalhão. Ainda é o maior artilheiro da história andreense.

Assim como deve ter sido o maior do Grêmio Mauaense, clube ao qual levou ao título e ao acesso e onde encerrou carreira. Aos sábados à tarde, o campo de terra batida do Cerâmica sempre foi o palco principal de gols memoráveis.

Quando o companheiro Saulo Leite chegava na redação do DGABC, ouvia, inevitavelmente, duas perguntas, minhas ou do Daniel Lima: " E aí Saulinho, quanto foi? Quantos gols do Tulica?"

Não vou me lembrar de todos, mas sei que Tulica começou a brilhar pelas mãos do técnico Roberto Bonora e do dirigente José Vicente Guerra, em 70. Naquela época o esporte de Santo André era respeitado e campeão dos Jogos Abertos do Interior. Hoje...

O time campeão de futebol em Bauru tinha ainda o Ademir e o Romolo, entre outros que acabaram ganhando oportunidade no Santo André. Romolo e Tulica brilharam; outros, nem tanto. Ademir brilhou em Portugal.

Tulica foi pro Santos, Atlético de Carazinhos (RS), Juventude, e voltou para casa em 74, quando foi vice da Segundona. Também cansou de fazer gols de tudo quanto é jeito por Atlético Goianiense e depois Vila Nova.

Em Goiás, recebeu o título de maior artilheiro do Serra Dourada jogando pelo Vila. Era mais respeitado do que Baltazar, o artilheiro de Deus e que fez tanto sucesso por Grêmio e Palmeiras.

Alberto Soares de Araújo era conhecido como Artilheiro do Fantástico. De tantos gols bonitos apresentados na Globo, em horário nobre, acabou contratado pelo Fluminense, onde, dizem, viveu mais de más companhias noturnas do que de gols.

Pois é, Tulica, seus belos gols ainda estão na minha retina extremamente seletiva. Na minha e na de todos aqueles torcedores que se cansaram de tanto admirá-lo e aplaudi-lo.

Você não era centroavante apenas trombador, caneleiro, de fazer gol feio, sem querer. Lógico que os fez, mas eram raros. E importantes, por que não?

Cada gol! O pé esquerdo era mortal. Com um tapinha, de chapa ou uma bambuzada indefensável. A cabeçada era fatal, um chute. Quantos gols de cabeça maravilhosos. Me lembro de um de fora da área, contra o Paulista de Jundiaí.

Pois é, Tulica, ainda outro dia, lá na Jocker -- a loja de som e cia do meu filho mais velho, o Fábio --, conversamos sobre a vida, sobre os gols, sobre as glórias, sobre perdas e danos de quem jamais se cuidou como deveria e já vivia de lembranças.

Ainda brinquei, ironizei, sobre sua matada no peito. Você sorriu, abriu os longos braços e simulou a morte da bola. Mal sabem, os que não o viram jogar, que você não a matava. Mais do que isso, você a aninhava, a escondia, de tal forma que o zagueiro não tinha o quê fazer.

Quanto não, dominava conduzindo-a pro lado que queria, o bom, fazendo a parede no zagueirão, e mandava o pé. Becão não tinha vida fácil diante do artilheiro.

Artilheiro que, vítima de diabetes, alimentação inadequada, álcool, solidão e más companhias -- alguns falsos fãs do sucesso efêmero que enebria o ídolo -- nos deixou para sempre.

Tulica já não tinha pernas para driblar a morte. Tulica já não tinha reflexos para agasalhar a bola com carinho e arte. Tulica já não tinha impulsão para o último cabeceio. Tulica já não tinha forças e visão para o último pivô, o último giro, o último gol. Um gol impossível!

Com certeza, o torcedor jamais o esquecerá. Como os amigos de verdade e o Esporte Clube Santo André, que sempre que possível lhe estenderam a mão. Independente das imperfeições, da glória e dos meteóricos gols globais.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Gangorra ou montanha russa?

Já não sei se falamos de gangorra, roda gigante -- coisa antiga, do parque de diversões Guarani -- ou montanha russa. Acho que o Paulistão da A-2, a Segundona, está mais pra montanha russa.

Conforme previsto, na rodada encerrada há poucos minutos São Bernardo e Santo André praticamente trocaram de posições.

Com a quarta vitória consecutiva, 4 a 2 no Penapolense, no Estádio Primeiro de Maio, o Tigre pegou de vez o elevador e subiu para o 11º lugar. Ascensão meteórica.

Já o Ramalhão, após três derrotas seguidas e o empate de hoje à tarde no Anacleto Campanella -- 0 a 0 com o líder invicto Red Bull -- pegou o mesmo elevador, só que na descida, e caiu para o 12ºlugar.

Com os mesmos 44,4% de aproveitamento e os 12 pontos do rival, o Tigre ganhou mais duas posições e leva vantagem no número de vitórias. Agora, ambos se encontram há um ponto do G-8 do bem e há três do G-4 do mal, o do rebaixamento.

O time do estreante Ruy Scarpino bem que poderia ter jogado bem,conquistado uma grande vitória e homenageado o ex-artilheiro Tulica, sepultado hoje.

Vítima de diabetes, Tulica foi um dos maiores jogadores da história do Santo André. Mesmo com o Bruno Daniel às moscas, seus belos gols de cabeça e de pé esquerdo jamais serão esquecidos pelo torcedor.

Subir e descer são coisas da bola! Que o Tigre não se empolgue com a reação excepcional! O próximo adversário é o temível Red Bull.

E que o Ramalhão se cuide e não volte a tropeçar diante do São Carlos, agora dirigido por Rotta, demitido pelo Santo André há poucos dias.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A gangorra, o Tigre e o Ramalhão

Tão saudável quanto perigosa, a gangorra do futebol está cada vez mais presente na Série A-2 do Paulistão.

Quem diria, por exemplo, que o Santo André de início empolgante cairia tanto depois de oito rodadas. O quase líder de ontem, hoje não passa da décima colocação com 11 pontos ganhos.

Exatamente o oposto do São Bernardo. De lanterna a 13º colocado com 9 pontos ganhos. Tudo fruto das três últimas rodadas.

Com o técnico Luciano Dias no lugar de Luiz Carlos Martins, o Tigre ganhou os nove pontos que disputou. Já o Santo André perdeu os nove e trocou Rotta por Ruy Scarpino.

A gangorra do futebol faz o Ramalhão descer na mesma proporção em que o principal rival sobe.

E pode piorar para o Santo André. O jogo de quarta-feira contra o líder e invicto Red Bull seria no Bruno Daniel, mas, por capricho e/ou retaliação do Poder Público andreense, vai acontecer em São Caetano. Pedreira em dose dupla.

Já o São Bernardo recebe o Penapolense, quarto colocado, no Primeiro de Maio. Portanto, com apoio da exigente e agora motivada torcida.

Moral da história: se ganhar e o Ramalhão não, o Tigre passa à frente, pois ambos têm o mesmo número de vitórias. Hoje, o aproveitamento do Santo André é de 45,8%, contra 37,5%.

Isso não quer dizer que a gangorra não possa inverter as probabilidades e o Santo André reconquistar uma vaga no G-8. Difícil, mas possível. Pelo andar da carruagem, a primeira opção é a mais viável.

E aí a roda vai pegar de verdade, já que a distância para o 17º (União São João) é de apenas quatro pontos. O emocional vai pra cucuia e o fantasma do rebaixamento passa a ser de carne e osso.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Azulão fraqueja no segundo tempo e perde

O São Caetano percebeu, agora há pouco, no Anacleto Campanella, por que o buraco do futebol é um pouco mais a baixo do que se imagina. Contra time grande a história é outra.

A derrota de 1 a 0 para o Corinthians mostrou, principalmente no segundo tempo, um Azulão bem aquém das expectativas.

Ao contrário da etapa inicial, quando fez da marcação ostensiva obstáculo quase intransponível para os reservas do Timão, no período complementar o time de Márcio Araújo foi presa fácil.

Embora sem os titulares, poupados, no início o Corinthians manteve seu tradicional 4-3-3 flexível, que se transformava em 4-5-1 quando atacado, já que Ramirez e William recuavam para marcar os laterais.

Já o São Caetano começou melhor, dando a impressão de que poderia repetir as boas apresentações nas vitórias contra Paulista e Comercial. Tanto que em quatro minutos teve dois bons momentos com Betinho e Geovane.

Sem Moradei, Márcio Araújo manteve o esquema com quatro zagueiros e três volantes -- de novo com Augusto Recife centralizado, Marconi pela direita e Anselmo pela esquerda. Por isso a marcação era tão consistente e pouco permitia a um adversário sem criatividade e sem movimentação minimamente satisfatória.

Mesmo tendo equilibrado o jogo depois dos 15 minutos, o vice-líder do Paulistão só teve uma real oportunidade de gol, com Ramirez, aos 17.

No segundo tempo o Azulão voltou com o armador Ailton no lugar do atacante Geovane. A não ser que Geovane estivesse lesionado ou pedido pra sair, foi um grande erro. Poderia trocar o jogador, não o esquema que privilegiava a velocidade.

O São Caetano, agora também sem a intensa mobilidade inicial de Marcelo Costa, afrouxou até mesmo a marcação e raramente ofereceu perigo ao gol de Danilo.Talvez o forte calor tenha tido influência física.

Com mais espaços, mas ainda sem criatividade, o Corinthians ameaçou com Ramirez aos seis minutos. Assumiu as rédeas do jogo, mas não era nenhuma sumidade. Um domínio estéril.

Só que a liberdade dada pelo meio-campo do São Caetano permitiu que Douglas, mesmo ainda fora de forma, enfiasse uma bola na medida para William aparecer pela esquerda e fazer 1 a 0, aos 18 minutos.

Um minuto depois, Ramirez voltou a chegar com perigo, enquanto que a marcação agora mais contemplativa do Azulão não era nem sombra da do primeiro tempo.

Daí até o final o time de Tite administrou a vantagem e o de Márcio Araújo se mostrou impotente, sem força pra chegar. Exceção foi uma jogada de Thiago Silvi no final.

Quarta-feira, em Mogi-Mirim, diante de um adversário forte, o Azulão precisa ser o do primeiro tempo, com algumas correções ofensivas, se quiser voltar com bom resultado.

Já o Corinthians, embalado mas ainda limitado e desentrosado, pega a Portuguesa. Se Adriano quiser ser titular e se livrar das críticas, precisa melhorar muito. Faltam-lhe mobilidade, arranque e melhor posicionamento. Falta-lhe jogo. Se é que ainda quer jogar bola.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pelada na avenida...

Recebi o texto de um amigo. Ou seria do meu primo, o José Augusto?

Inicialmente, por falta de tempo e vontade, apenas copiei. Agora, peço licença para relembrar meu futebol de rua na Avenida Independência, em São José do Rio Pardo, na década de 60.

Leia e, se também viveu tal prazer, comente.

A íntegra da mensagem, com meus comentários em PA, também conhecido como pelada da avenida.

Você jogou??? Então teve sorte.

PA - Tive sorte. Tive infância. Pobre, mas saudável. Joguei com amigos inesquecíveis. De bola, de briga, de escola, de vida...Os irmãos Azael e Alfredo, Silvinho e Totô, Moa e Márcio, Nenê e Francis; os primos Tista, Clóvis e Dé, além do Carlos, do Calo, do Juninho e de outros agregados de quarteirões mais próximos do hospital, do orfanato, do ginásio ou da rua de baixo. Eu era o Doni, o mais novo da turma. E não jogava tão bem.

Quem não jogou, perdeu essa época.
As 10 regras do Futebol de Rua, o verdadeiro futebol de macho!

1. A BOLA
A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de
futebol serve. No desespero, usa-se qualquer coisa que role, como uma
pedra, uma lata vazia ou a lancheira do irmão menor.

PA -- Também chegamos a jogar com bola de plástico, de capotão, de bexiga de boi e de meia, cheia de pano. Quando estourava, eu corria para pegar os trapos no cesto da minha mãe costureira. Dona Jandyra ficava brava, mas a bola não podia parar.

2. O GOL
O gol pode ser feito com o que estiver à mão: tijolos, paralelepípedos,
camisas emboladas, chinelos, os livros da escola e até o seu irmão menor.

PA -- Não chegamos a usar meu irmão menor, o Moisés, hoje bem grandinho. Nossos gols eram quase sempre os postes de energia elétrica. Antes de madeira, depois de concreto. Como nossas peladas -- assim como pique de lata e pega-pega -- eram noturnas, pelo menos a iluminação do gol era boa. Melhor do que a do Bruno Daniel, estádio desprezado pelo prefeitão. Detalhe é que o gol de baixo -- na descida da avenida -- ficava colado na vidraça e na porta da dona Albina, mãe do Calo e dona do bar onde meu pai tomava sua cervejinha no final da tarde. Pra fazer gol precisa chutar... Então, os erros eram letais: vidro quebrado e jogo encerrado. Quem pagava o vidro? Ninguém! A gente sempre dizia que tinha sido o Calo. Pior é que ele jogava no gol e a mãe dele, uma santa, acreditava. No gol de cima o problema era pegar a bola numa casa abandonada e "mal-assombrada" -- a da dona Rafaela, avó do Juninho --ou pular o muro da minha casa e cair no galinheiro. Acordar galinha é sinal de barulho, muito barulho. Meu pai ficava uma arara. E sobrava pra mim duas vezes: pular o muro e levar a dura.

3. O CAMPO
O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, rua e a calçada do
outro lado e, nos grandes clássicos, o quarteirão inteiro.

PA -- Na Avenida Independência, nunca chegamos a jogar quarteirão inteiro. Mas dobrávamos o tamanho -- três postes quando havia agregados bicões. Clássico era no campo emprestado e o pau comia.

4. DURAÇÃO DO JOGO
O jogo normalmente vira 5 e termina 10, pode durar até a mãe do dono da
bola chamar ou escurecer. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança
ameaçar chamar a polícia.

PA -- Não me lembro de alguém chamar a Polícia. Corria o risco de um filho ser preso. Vira cinco acaba 10 era mesmo o mais usual. Jogo duro podia acabar antes ("Quem fizer o primeiro ganha") e jogo fácil terminava por desistência ou por briga. Também podia ir pro vinagre quando o dono da bola se sentia prejudicado ou era chamado pela mãe. Pai entende, mãe é protetora incorrigível. Desde antigamente.

5. FORMAÇÃO DOS TIMES
Varia de 3 a 70 jogadores de cada lado. Jogador ruim vai para o gol.
Perneta joga na ponta, esquerda ou direita, dependendo da perna que
faltar. De óculos é meia-armador, para evitar os choques. Gordo é beque.

PA -- De três a 10 de cada lado. Ruim, machucado ou "aparecido", vedete, ia pro poste, pro gol. Gordo era beque mesmo. E grosso, muito grosso, além de lerdo, lógico. O resto não tinha posição. De óculos quase ninguém jogava porque quebrava. Ainda bem que o Tista, além de ruim de bola, não usava óculos. Mais de uma vez ele tentou dar uma puxada (ou puxeta) e acertou o próprio nariz. Inesquecível.

6. O JUIZ
Não tem juiz.

PA -- Sempre sem juiz. Felizmente. Prevaleciam a conversa, o bom senso. Ou o bate-boca, a briga. Aí, se resolvia no grito, no braço ou na pedrada.

7. AS INTERRUPÇÕES
No futebol de rua, a partida só pode ser paralisada em três eventualidades:
a) Se a bola entrar por uma janela. Neste caso os jogadores devem esperar
10 minutos pela devolução voluntária da bola. Se isso não ocorrer, os
jogadores devem designar voluntários para bater na porta da casa e
solicitar a devolução, primeiro com bons modos e depois com ameaças de
depredação.

Pelada na Avenida -- Pura verdade! A janela de casa, enorme, assim como a porta, era a principal vítima ao lado da da dona Albina, cujos pasteis e sorvetes eram deliciosos.

b) Quando passar na rua qualquer garota gostosa.

PA -- Pura verdade! Complicado era quando a gostosa era irmã de algum amigo fortão. Meu Deus! Não me esqueço da loira de minissaia e botas brancas. Por sinal, minha prima. Como eu era o mais novo, ninguém me respeitava. A bela literalmente parava o jogo, o trânsito... E eu morria de vergonha.

c) Quando passarem veículos pesados. De ônibus para cima. Bicicletas e
fusquinhas podem ser chutados junto com a bola e, se entrar, é Gol.

PA-- Caminhão carregado -- de cebola ou batata -- não só parava o jogo como nos oferecia a oportunidade única de pegar carona na rabeira e ir até o alto da avenida, no bar Monte Castelo, onde meu pai me levava pra comer ovo cozido, azul. Não chutávamos fuscas, nem bicicletas. Muito menos as carroças. O carroção do lixeiro, então, parecia mais respeitado do que comitiva presidencial.E isso eu faria de novo. Respeito mais o lixeiro decente do que o político sem-vergonha. Com o perdão da redundância. Do triste pleonasmo.

8. AS SUBSTITUIÇÕES
São permitidas substituições nos casos de:
a) Um jogador ser carregado para casa pela orelha para fazer lição.

PA -- Meu caso. E da maioria. Parece que os pais combinavam. Isso quando minha mãe não me envergonhava ao aparecer de chinelo ou cinta na mão. "Já pra dentro, seu moleque". Eu queria morrer!

b) Jogador que arrancou o tampão do dedão do pé. Porém, nestes casos, o
mesmo acaba voltando à partida após utilizar aquela água santa da torneira
do quintal de alguém.

PA -- Nosso "quintal" era o jardim da dona Tata e do seu Valdemar, pais do Tista. O curativo era o velho mas limpo trapo da dona Jandyra. Dedão amarrado, dependurado, e jogo que se segue. Em cinco minutos o trapo escapava e o sangue também. Mas ninguém parava.

c) Em caso de atropelamento.

PA - Nunca aconteceu. Alguém sempre gritava: "Olha o carro". Se o cara estivesse perto do poste, metia pra gol e gerava confusão. Se estivesse apertado, pegava a bola com a mão e já tentava levar vantagem no segundo seguinte.

9. AS PENALIDADES
A única falta prevista nas regras do futebol de rua é atirar o adversário
dentro do bueiro.

PA -- Nem tanto. Algumas eram pura brutalidade, maldade. Pelada é pelada, mas tem regra. Às vezes a bola caia mesmo no bueiro ou alguém enfiava o pé e se machucava.
Como futebol de rua é pra macho, a fera voltava logo.

10. A JUSTIÇA ESPORTIVA
Os casos de litígio serão resolvidos na porrada. Prevalecem os mais fortes
e quem pegar uma pedra antes. Rsrsrsrsrsrsrsrs.

PA -- Verdade! Mais uma vez! Fechava o pau e no outro dia se estava de mal. Demorava pra ficar de bem, viu? Enquanto isso, na hora da escolha dos times, o gordinho de óculos tinha preferência. Afinal, o bom de bola virara inimigo mortal. Só jogava contra.

QUEM NÃO JOGOU, PERDEU UM DOS MELHORES MOMENTOS DA VIDA.

PA -- Sim, perdeu uma infância que não volta mais. Numa avenida que já não é a mesma. Numa Rio Pardo que também não é a mesma. Numa família que não é a mesma. Alguns pais já se foram,inclusive os meus. Os amigos se dissiparam pelos cantos do mundo. Saudades e doces lembranças, no entanto, não morrem jamais. Um grande abraço do Doni, meus eternos amigos.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Azulão vence e já está no G-8

O São Caetano venceu o Comercial de Ribeirão Preto agora há pouco no Anacleto Campanella e entrou na zona de classificação à próxima fase do Paulistão.

Mesmo sem ter jogado tão bem quanto na vitória sobre o Paulista, em Jundiaí, o Azulão fez por merecer o resultado de 2 a 0 e a entrada no G-8. Se não desperdiçasse tantas oportunidades, ganharia de goleada.

O primeiro gol, aos 11 minutos do primeiro tempo, foi do bom Marcelo Costa, um meia de intensa movimentação e aproximações providenciais para tabelar com Geovane e Betinho. Foi mais terceiro atacante do que armador, tarefa que coube quase sempre aos volantes laterais.

Num 4-3-1-2 ( ou seria 4-3-3?), com três volantes (Augusto Recife mais fixo e centralizado, Moradei flutuando pela direita e Anselmo pela esquerda) e um meia-atacante, o São Caetano marcou bem, não rifou tanto a bola e deu poucas chances ofensivas ao adversário.

Exceção ao início do segundo tempo, quando pareceu se acomodar um pouco, o time de Márcio Araújo criou espaços em abundância e levou perigo em pelo menos mais quatro ocasiões.

O segundo gol de Marcelo Costa só aconteceu aos 44 minutos, quando o Comercial já estava com dois jogadores a menos devido a expulsões.

Neste sábado o Azulão recebe o invicto Corinthians, provavelmente com um time reserva, já que a prioridade de Tite é a Libertadores.

Ramalhão perde invencibilidade e Tigre quebra jejum

Representantes do Grande ABC no Campeonato Paulista da Série A-2, Santo André e São Bernardo viveram momentos opostos no final de semana. Derrota de quem ainda não perdera e vitória de quem ainda não vencera.

No Anacleto Campanella -- devido à interdição do Bruno Daniel --, em São Caetano, o Ramalhão perdeu a invencibilidade ao ser derrotado pelo Atlético Sorocaba por 2 a 1.

Desfalcado, desta vez o time de Rotta não jogou bem e tomou um gol nos acréscimos. Ficou a dever nos três setores e não fez por merecer outro resultado.

Nesta quarta-feira o Ramalhão, sexto colocado, joga em Bauru contra o Noroeste, último dos oito que se classificam à próxima fase.

Ambos têm 11 pontos ganhos, contra 18 do Red Bull 100%. Aproveitamento de Santo André e Noroeste é de 61,1%.

Por outro lado, o instável São Bernardo, enfim, quebrou o jejum e conseguiu a primeira vitória no campeonato.

No Primeiro de Maio, fez 4 a 2 no União São João, de Araras. Poderia ter goleado com certa facilidade, mas baixou a guarda no segundo tempo e tomou dois gols.

Mesmo assim, com aproveitamento pífio de apenas 16,7%, o Tigre está em 18º lugar. Portanto, na zona de rebaixamento. Assim como o Rio Preto, adversário desta quarta-feira, de novo com apoio da torcida.