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quinta-feira, 29 de março de 2012

O prefeitão, o jornal e o macaco

"Pavin envolve Aidan em esquema do Semasa investigado pela CPI". A manchete principal do DGABC de hoje é, no mínimo, questionável. Também pode ser pura maldade, retaliação, parcialidade ou irresponsabilidade editorial.

Não tenho nenhuma procuração para defender Aidan Ravin, de quem me julgo mero fiscal. Mesmo porque, o prefeitão já é crescidinho -- e como! -- para se livrar de enrascadas de grandeza solar.

Mas... há algo de podre no reino da Dinamarca ou de errado na linha editorial. Escapa da normalidade! Não sei se o rabo está balançando o cachorro ou se a banana está comendo o macaco.

Distante de ser especialista político, tampouco em extorsão, mas como jornalista e cidadão, posso, sim, e devo, questionar a chamada de primeira página. Tanto quanto qualquer homem público.

Só pra lembrar: superintendente e adjunto do Semasa, Angelo Pavin e Dovilio Ferrari Filho são investigados pelo Ministério Público, pela Polícia Civil e pela Câmara Municipal de Santo André por suposto esquema de cobrança de propina para emissão de licenças ambientais.

Em depoimento à CPI do Legislativo, o senhor Pavin afirma, entre acusações, omissões e evasivas, que a indicação do ex-diretor de Gestão Ambiental e denunciante de possível extorsão no alto escalão da autarquia, Roberto Tokuzumi, partiu do Gabinete.

Na página 3, o forasteiro Pavin, do PMDB de São Caetano, diz que a indicação/aval do diretor -- já exonerado por supostas irregularidades -- veio do comando do primeiro andar do Executivo.

Pra bom entendedor, se é que não foi da ascensorista ou do porteiro, pode ter sido de Aidan Ravin (PTB), da vice Dinah Zekcer (PTB) ou do então "primeiro-ministro" deposto Nilson Bonome (PMDB). Ou seria do motorista?

Aí vem o risco da equação invertida, de a banana estar mesmo comendo o macaco. Em vez de esclarecer a situação dando nome aos bois, o comando do Semasa nada esclarece, faz fumaça e procura o "culpado" de ter indicado o "acusador".

Senhores, o mundo andreense não é uma unanimidade de imbecis de plantão ou puxa-sacos de ocasião! Pouco importa se quem pediu o cargo para o "delator do bem" (até prova em contrário) foi o prefeitão, a vice, o homem-forte, o papa, o superintendente ou o PTB/PMDB de São Caetano como compensação por ajudar a eleger Aidan.

Manchete cheira a cobra mandada ou incompetência/irresponsabilidade profissional porque força uma situação que não é a essência do assunto. Nem fica clara no texto interno.

Envolvidos desqualificam quem acusa, desmentem denúncias de propina e garantem não conhecer o advogado-ponte. Sem justificativa, Calixto Antonio Júnior, possível agenciador da propina junto a empresários, não é funcionário mas está alocado em sala estratégica do Semasa e tem vaga preferencial no estacionamento. O culpado agora é o tal do Tokuzumi ou de quem o inventou?

Plantado ou não na autarquia com alguma intenção -- não boto a mão no fogo quando o assunto é poder e/ou dinheiro --, o que importa é que a lebre foi levantada e ninguém fez nada de concreto. Tentam ou tentaram encobrir. Aí tem!

Informações confiáveis dão conta de que uma das várias denúncias de extorsão para concessão de licença, de R$ 350 mil, ao MP e à Polícia Civil não foi obra de ficção do ex-diretor. Teria sido de construtora/incorporadora localizada nos altos da avenida Portugal, ali na Vila Gilda.

Não há garantias taxativas para cravar, mas dizem que Aidan pediu, sim, paciência ao ex-diretor ao ser alertado sobre a indecência. Embora garantindo que o Semasa desfruta de (relativa) autonomia, prefeitão teria tentado colocar panos quentes junto às autoridades competentes.

Que as ilações fiquem por conta do leitor e do eleitor inteligentes.

Agora, jornalisticamente, o DGABC deixa dúvidas ao superdimensionar a indicação do denunciante em vez de emparedar os envolvidos e se aprofundar no grave crime de extorsão. É mesmo de assustar o macaco. Ou a banana?

Se o prefeitão tiver culpa, de fato, que peça o boné ou seja apeado do poder. Exatamente o que Aidan deveria ter feito com todos os envolvidos até que tudo fosse esclarecido.

Embora negue,lógico, o chefe do Executivo preferiu endossar a demissão de quem diz ter se recusado a participar da falcatrua que lesa o bolso e a moral do cidadão andreense.

O editorial do DGABC ressalta que, a princípio, a citação não compromete o prefeito. O detalhe é que a manchete discutível compromete e macula a imagem não só de Aidan Ravin como de um jornal que se arvora de primar pela imparcialidade. Quem acredita?

Enfim, Azulão quebra jejum

É não é que o São Caetano voltou a vencer após oito jogos de jejum! Virada (3 a 2) diante do penúltimo colocado, Botafogo, ontem à noite em Ribeirão Preto, foi importante.

Porém, ainda não livra matematicamente o Azulão da ameaça de rebaixamento à A-2. Tampouco apaga a decepcionante campanha na elite do futebol paulista.

Em 13º lugar com 19 pontos ganhos, apenas quatro vitórias e nenhum gol de saldo, o time de Márcio Araújo tem três rodadas para ganhar pelo menos um ponto e não depender de terceiros.

Parece que um ponto é moleza, mas os adversários representam grande obstáculo. Domingo o Azulão vai a Bragança Paulista pegar um Bragantino arrumado e que luta para ficar entre os oito melhores. É pedreira!

Depois o São Caetano recebe o Santos, sério candidato ao título. Se o time de Muricy vier completo, com Neymar e cia bela, possibilidade de vitória é a mesma de a CPI da Câmara de Santo André esclarecer a bandalheira denunciada no Semasa.

Última rodada marca jogo que pode ser decisivo em Guaratinguetá. Equipe do Vale do Paraíba está em 18º lugar com 11 pontos ganhos, mesma pontuação do XV de Piracicaba (17º) e dois a menos que o Catanduvense.

Se voltar a jogar o que não jogou ontem -- teve raros lampejos eoscilou muito --, o São Caetano corre risco. Não fossem os dois belos gols de Geovane e as limitações técnicas e emocionais do Botafogo, a história seria outra.

Acho, até, que, pelo equilíbrio por baixo do primeiro tempo e pela superioridade do time de Vagner Benazzi no segundo, o empate seria mais justo.

Em desvantagem, o voluntarioso Botafogo promoveu blitz quase suicida na etapa final. Aprontou um correria danada, foi pra cima e chegou a empatar aos 22 minutos com Edson, depois de perder quatro grandes oportunidades.

Mesmo com espaço e sem conseguir armar contragolpes mortais, o São Caetano fez o terceiro gol aos 34 minutos. Foi uma ducha gelada no time e na torcida.

Imediatamente, a empolgação virou silêncio sepulcral. E o silêncio voltou a dar lugar às mesmas ofensas do intervalo, quando perdia de 2 a 1.

A partir daí o São Caetano valorizou a posse de bola e amarrou o jogo. Ainda mais abalado, Botafogo foi um amontoado de erros de passes. Tropeçou nas próprias pernas e ouviu seu torcedor gritar "olé" quando o Azulão tocava a bola.

Particularmente, mesmo com dificuldade, acredito que o São Caetano vai se livrar. Esquema com quatro zagueiros, três volantes (Moradei, Marcone e Anselmo), dois meias ( Kléber e Marcelo Costa) de armação e aproximação, e um atacante rápido e finalizador como Geovane, parece ser opção mais prudente nos jogos decisivos.

Pelo menos ontem o 4-3-2-1 serviu o Azulão quebrar um jejum incômodo, sair do chão e voar baixo. Sem empolgar e sem escamotear erros.

terça-feira, 27 de março de 2012

Handebol sonha com medalha e vaga

Momentos das seleções brasileiras de handebol brasileiro são bem distintos. Enquanto a feminina ratifica evolução com solidez e já está nos Jogos Olímpicos de Londres, a masculina patina e tem tarefa dificílima para se classificar no Pré-Olímpico Mundial.

Comandadas pelo dinamarquês Morten Soubak, as meninas acabam de completar série de três amistosos exatamente onde vão acontecer as disputas de handebol da Olimpíada.

Foram dois empates-vitórias diante da fortíssima Noruega e uma vitória pouco significativa diante de uma Grã-Bretanha sem tradição na modalidade -- 30 a 18.

Diante das campeãs europeias, mundiais e olímpicas foram duas igualdades tão expressivas quanto motivadoras: 25 a 25 e 29 a 29. Mais importante: jogando de igual para igual.

Duda Amorim, ex-Santo André e hoje na Europa, foi um destaques nos amistosos. Única representante do Grande ABC é Moniky Bancilon, da campeoníssima Metodista/São Bernardo.

Segundo avaliação de Morten Soubak, a Seleção Brasileira foi convincente e está no caminho certo para chegar à primeira medalha olímpica de sua história. Vejo como pouco provável, mas não custa sonhar.

Ressalvas à falta de paciência e ao excesso de passes errados -- quase sempre sinônimo de transições consistentes e contra-ataques fatais --, o treinador está otimista.

Como palpiteiro de plantão, entendo que, além de muito treino, uma das disciplinas obrigatórias até chegar a Londres é competência emocional. É primordial que o trabalho psicológico seja valorizado ao extremo. Pode ser o diferencial a favor.

Independente das belas atuações e do quinto lugar da seleção no Mundial de São Paulo, nossas meninas, em todas as categorias, de todos os campeonatos, abusam da instabilidade emocional. Oscilam demais, se desconcentram e, sem controle nervoso, perdem jogos ganhos.

Enquanto nossas meninas sonham com medalha, as feras do masculino têm tarefa indigesta. Medalha de prata no Pan de Guadalajara, no México, atrás da Argentina, o Brasil disputa uma das duas vagas do Pré-Olímpico da Suécia.

Na Gotemburgo, de tão doces lembranças para o futebol brasileiro campeão mundial em 58, brasileiros enfrentam os anfitriões -- quarto lugar no Mundial de 2011 -- no dia 6 de abril.

No dia seguinte o adversário do time comandado pelo espanhol Javier Garcia pega a não menos forte Hungria, sétima colocada no último Mundial. O terceiro jogo será dia 8 contra a Macedônia, que não participou do Mundial em que o Brasil terminou em 21º.

Como se vê, são duas vagas para quatro países, mas não vai ser nada fácil para o
grupo composto por 16 jogadores, cinco da Metodista: Andrey, Teixeira, Tupan, Chiuffa e Vinícius.

Treinos no Ginásio Noêmia Assumpção -- homenagem a uma das maiores atletas brasileiras de todos os tempos --, em Santo André, vão até amanhã, quando a delegação segue para amistosos na Tunísia.

As faixas da discórdia

O título deixa dúvida: faixa de trânsito ou faixa promocional? Faixas para dar segurança e facilitar a vida dos pedestres ou faixas de políticos à caça de visibilidade em ano eleitoral? Então, por que não falar das duas?

Primeiro sobre as de pedestres. Prefeitura de Santo André não vai dar o braço a torcer, lógico, mas fez besteira nas avenidas Queiroz Filho e Valentim Magalhães, além de na rua Pedro Américo.

Departamento de Trânsito prega e lança o programa Travessia Segura ao mesmo tempo em que coloca faixas de pedestres exatamente de frente para as guias rebaixadas, desembocando em garagens.

Intenção pode ter sido das melhores, mas, independentemente da orientação do Código Nacional de Trânsito, faltou bom-senso a especialistas em implantar sem pensar. Basta o mínimo de inteligência!

Qualquer carro ou moto, com condutor irresponsável ou desatento -- já que precisa olhar pra direita, pra esquerda e pra frente ao sair da garagem --, pode atropelar quem passa pela calçada e ainda corre o risco de vitimar também quem escolheu para atravessar a rua onde manda a lei, na faixa.

Será que é tão difícil pensar além do famoso e limitador quadradinho? Será que os "entendidos" construiriam uma passarela até a metade da avenida? Será que um viaduto desembocaria, sem semáforo, no trilho do trem?

É melhor não duvidar! Estamos falando de servidores públicos (ou terceirizados de plantão) com QI acima de qualquer suspeita. Dava pra evitar, né?

As outras faixas da discórdia citadas no início do texto foram colocadas ali no cruzamento da rua Oratório com a professor José Franco, diante restaurante do Allan, o Frangasso, ao lado da Jocker Audio Car -- loja de som e acessórios automotivos do meu filho Fábio.

São duas faixas referentes à simples, trivial, instalação de semáforos: "A população de Santo André agradece ao dr. Aidan e ao vereador José de Araújo pela sinalização" -- diz a primeira.

A segunda, colocada abaixo, em seguida, rebate o aparente abuso de políticos parceiros: "A população não agradece a ninguém!! Isso é obrigação. Nós pagamos um absurdo de impostos".

Não me interessa quem colocou, mas, como prestador de serviços, microempresário e cidadão andreense, sou totalmente contra a primeira faixa. Portanto, a favor da segunda.

Respeito o prefeitão do PTB, mas não lhe devo absolutamente nada. Por isso sou apenas mais um fiscal do Aidan. Afinal, sem rabo preso, fiscalizo o prefeito e para o prefeito. Qual o problema?

Também respeito o veterano vereador do PMDB fincado no segundo subdistrito e presidente da Câmara Municipal, José de Araújo, mas jamais necessitei de seus favores, eleitorais ou não.

Portanto, por favor, me incluam fora desta "população". Não faço parte do cordão de puxa-sacos tão caraterístico em época de cabos eleitorais à caça de votos para o protetor de plantão em troca de cargos na administração pública.

Coincidência ou não, durante a instalação dos semáforos, cuja solicitação deve chegar a uma década, duas assessoras do presidente da Câmara estiveram na Jocker para divulgar a "grande conquista do vereador, para o bem da população e dos comerciantes da região".

Conquista? Favor? Me engana que eu gosto, nobre edil? Vocês todos, vereadores, ainda nos devem muito. Por isso eu assinaria a faixa de baixo, a segunda, a contestadora.

Não garanto, mas tenho quase certeza de que a de cima foi obra ou tem o dedo da "nobreza" que nos considera imbecis.

Não acredito, pelo que o conheço, que Aidan Ravin tenha solicitado a faixa do endeusamento. Talvez, no máximo, tenha endossado para depois, à la Lula, dizer que não sabia.

Outra coincidência ( não é insinuação!) é o fato de terem sido colocadas bem próximas, defronte ao escritório político do vereador Marcelo Chehade, do PSDB. E há quem diga que foi coisa do Pinheirinho, aquele da bicicleta.

Quer saber? Independente de político ou partido responsável -- PTB, PMDB, PSDB, PT, todos são muito semelhantes na incompetência como gestores do bem público --, tudo não passa de mera propaganda pessoal em ano eleitoral. Agora, todo mundo é o pai da criança. Como se fosse a oitava maravilha do mundo.

Depois de aparecerem no Facebook, faixas da discórdia foram retiradas na segunda-feira. Que pena! Nem deu tempo de eu assinar a segunda. Aposto que meu filho também assinaria.

DE PRIMEIRA

*** Por falar em PMSA, e em trânsito, ainda não entendi por que não existe nem ao menos um aviso de estreitamento de pista no viaduto de acesso à Perimetral, ali junto ao DGABC.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Orgulho, decepção e vergonha

Apenas o São Bernardo tem salvado a honra do futebol profissional do Grande ABC. O Tigre está classificado à próxima fase da A-2, sonha com o acesso à elite estadual e orgulha um pedaço da Região.

Enquanto isso, o instável São Caetano ainda está ameaçado de cair para a Segundona e o abalado Santo André corre sério risco de ir para a Terceira Divisão -- A-3 é só pra inglês ver! Decepção e vergonha!

No final de semana, o São Caetano voltou a jogar mal e conseguiu perder em casa do Catanduvense. Time de Márcio Araújo está em 14º lugar com 16 pontos ganhos, a cinco da zona de rebaixamento ocupada por XV de Piracicaba, Guaratinguetá, Botafogo e Comercial.

Ainda tem quatro rodadas para se safar. Porém, tem jogado pedrinha n'água, não convence e não vence há oito partidas. Nos últimos 24 pontos disputados, ganhou apenas quatro. Lamentável!

E o decepcionante e sonhador Azulão -- parece mais preocupado com a elite nacional --não vai ter moleza daqui pra frente: pega o forte Santos de Neymar e Ganso em casa e faz três jogos fora, contra Botafogo, Bragantino e Guaratinguetá.

Quem também não vai ter moleza, só que na A-2, é o Santo André. Pelo contrário! Com a corda no pescoço após perder do rebaixado União São João (com ou sem mala-branca em Araras, é uma vergonha!) e ainda sem apoio presencial da torcida, o Ramalhão recebe o União Barbarense.

Em 16º lugar com 19 pontos ganhos, quatro vitórias e deficit de cinco gols, para se salvar matematicamente, sem depender de outros terceiros, o time de Ruy Scarpino precisa ganhar por placar maior que o da pouco provável vitória do Santacruzense, fora de casa, sobre o líder Audax.

Time de Santa Cruz do Rio Pardo não é bom, está em 17º lugar com os mesmos 19 pontos e quatro vitórias, mas tem deficit de seis gols. Se o Santo André ganhar por um gol de diferença e a Santacruzense por dois, a decisão entre ambos pode ir para o número de gols marcados -- hoje, vantagem ramalhina de dois gols.

Antes da última rodada -- domingo de manhã --, o Rio Preto está em 18º com 18 pontos ganhos, cinco vitórias e deficit de cinco gols. Recebe o Velo em casa e tem boas possibilidades de escapar.

O América, 19º com 16 pontos ganhos e quatro vitórias, precisa vencer e ainda torcer contra Rio Preto, Santacruzense e Santo André. Mesmo pra quem não tem time nem de Segunda, sonhar não é proibido. Vencer em Monte Azul não é impossível. Duro é ainda ter de torcer contra meio-mundo.

Os outros ameaçados respiram sem aparelhos, mas não receberam alta médica. Em décimo-quinto com 20 pontos ganhos e cinco vitórias, o tradicional mas irregular São José recebe o classificado e organizado Penapolense no Vale do Paraíba.

Em décimo-quarto e com vantagem apenas no saldo de gols, o frágil Palmeiras B joga aqui no alçapão do sindicalismo; melhor, do Primeiro de Maio. Detalhe é que o ascendente e já qualificado São Bernardo ameaça poupar meio-time.

Possível atitude do técnico Luciano Dias é legítima e não pode ser contestada, mas suscitaria dúvidas no arquirrival Santo André, um dos incompetentes provavelmente prejudicados. Será? Não duvido!

Em 13º lugar com 21 pontos ganhos, o São Carlos é outro que ainda corre riscos de cair. Vai a Sorocaba pegar o Atlético, terceiro colocado e já no G-8 que vai decidir o acesso.

O Rio Claro está em 12º lugar. Tem 22 pontos ganhos, cinco vitórias e deficit de cinco gols, mas ainda não está livre. Joga em Barueri contra um Grêmio sem possibilidades de chegar no G-8.

Já para os oito classificados -- Audax, Red Bull, Atlético Sorocaba, São Bernardo, Ferroviária, Penapolense, Noroeste e União Barbarense -- a rodada vai servir para definição dos dois grupos de quatro da próxima etapa.

Uma chave vai ser composta por primeiro, quarto, quinto e oitavo colocados. A outra terá segundo, terceiro, sexto e sétimo. Os quatro jogam em turno e returno, dentro do mesmo grupo, e os dois primeiros de cada garantem acesso. Primeiros de cada chave decidem o título em dois jogos.

sábado, 24 de março de 2012

São Bernardo no G-8. Com méritos!

Como não elogiar o excepcional poder de reação de um time que não soma sequer um ponto nas cinco primeiras rodadas da A-2, mas nas outras, de 39 em jogo, faz 32 pontos?

Como não elogiar um grupo com personalidade, que mostra aproveitamento de 59,3% ao conquistar 10 vitórias, dois empates e apenas uma derrota nas 13 rodadas da redenção?

Como não elogiar um time desdenhado no início do campeonato, mas que dá uma senhora volta por cima, ganha confiança e acaba de se classificar entre os oito melhores, que vão disputar o acesso à elite do futebol paulista?

Como não elogiar um São Bernardo que vai a Santa Bárbara d'Oeste e, com autoridade, enfia 2 a 0 no União, até então com 100% de aproveitamento nos oito jogos diante da torcida?

Com 32 pontos ganhos, agora o Tigre não depende de mais nada e tem amplas possibilidades de ficar entre os quatro primeiros, pois pega o limitado\ e ameaçado Palmeiras B na última rodada classificatória, domingo no Primeiro de Maio.

No jogo de agora há pouco o São Bernardo não precisou brilhar para conquistar um resultado brilhante. O primeiro tempo foi morno, com raras ocasiões de gol.

Melhor para o time de Luciano Dias, montado num 4-4-2 nada criativo e com pouco poder ofensivo, mas defensivamente quase perfeito. Desta vez Bady foi bem mais marcador do que armador.

Detalhe: o Tigre se defendeu sem se acovardar, sem recuar em excesso. E ainda liberou o lateral-esquerdo Renato Peixe para atacar em três oportunidades.

Tanto que o União, também candidato ao G-8, raramente chegou com perigo. Viveu de pontadas esporádicas e inócuas, paradas sem transtornos por um sistema defensivo atento e bem posicionado.

No segundo tempo o jogo mudou muito; da água pro vinho. Ganhou em velocidade, ousadia, emoção e oportunidades de gol de lado a lado.

Principalmente porque no intervalo Luciano Dias tirou o mais uma vez o pouco produtivo Luciano Mandi e fez uma mexida geral. Thiago Gasparino entrou na lateral-direita, Régis foi para a esquerda e Renato Peixe para o meio, como volante-armador pelo lado esquerdo.

Foi assim que o Tigre chegou com perigo aos sete e aos nove minutos, com Danielzinho e Bady. Aos 12, quando a torcida barbarense já ensaiava algumas vaias, aconteceu o que estava desenhado a partir do domínio do São Bernardo: Danielzinho, que ainda oscila mas tem sido mais eficiente nos últimos jogos, fez 1 a 0.

Daí até o final houve alternância em momentos de gol. Com o jogo mais franco, aberto, o União ameaçou aos 14 e quase tomou o segundo aos 16, em contragolpe armado com a inteligência e a rapidez de quem está em vantagem.

Aos 18 minutos Wilson Júnior salvou. Um minuto depois o Tigre chegou de novo, com Fernando Gaúcho, que mais uma vez não brilhou e em seguida foi substituído pelo rápido Ricardinho, este com a incumbência de atacar e não permitir as constantes subidas do lateral Alex.

Aos 23 minutos o árbitro deixou de dar pênalti contra o União. O toque de mão do zagueiro Renato Justi foi claro. Na sequência da cobrança do escanteio, Thiago Gasparino cruzou da direita, em diagonal, e Ricardinho aparaceu às costas da zaga para fazer 2 a 0.

Atrás no marcador, o União trocou volante por atacante e foi à frente na base da vontade. Quase diminuiu aos 26 e aos 35 minutos, mas quase tomou o terceiro no final, com Renato Peixe e Danielzinho, o artilheiro do time no campeonato com sete gols.

Com uma rodada de antecedência e classificado no G-8 com méritos, resta ao São Bernardo não se empolgar com a evolução impressionanate para não cair na armadilha da displicência e se esquecer de que, para voltar à A-1, ainda precisa corrigir erros e ficar entre os dois melhores de um dos grupos de quatro.

Clube investiu alto e tem elenco para isso. Portanto, nada mais lógico. Basta jogar!

sexta-feira, 23 de março de 2012

A mala-branca e a incompetência

Quem diria? Que situação, hein! Não é que o Santo André pode ser vítima da famosa mala-branca amanhã em Araras?

Particularmente, até acredito na mínima possibilidade de o rebaixado União São João receber por fora para complicar a vida do ameaçado Santo André. Rio Preto, Santacruzense e América são os maiores interessados.

Só acho que o Ramalhão está com a corda no pescoço, mas tem time pra vencer. Com ou sem mala! Se ficar pensando nisso, no extracampo, pode virar refém e, em seguida, vítima das próprias limitações expostas durante o campeonato.

Mesmo com injeção extra, o União é muito fraco técnica e taticamente. Imagine a lebre levantada: se a mala-branca funcionar e o União ganhar, todos vão dizer que os jogadores são mercenários e só venceram por causa da grana.

Resta ao Ramalhão jogar bem, mostrar competência para fazer o resultado e se livrar de vez do fantasma de mais um rebaixamento.

Pelas palavras do próprio técnico Ruy Scarpino, o time foi mal no empate diante do São José. Se voltar a decepcionar e apenas empatar, vai precisar de pelo menos mais um ponto na última rodada, em casa, contra o União Barbarense, que briga para ficar no G-8.

No fundo, no fundo, entendo que o Santo André não vai cair. Está em 16º lugar com 19pontos ganhos, um a mais que o Santacruzense e dois a mais que o Rio Preto.

Acima do Ramalhão está o Palmeiras B, com os mesmos 19 pontos e uma vitória a mais. São Carlos e São José (20), Rio Claro (21) e Monte Azul (22) também não estão matematicamente livres.

Pela fragilidade e por pegar Noroeste e São Bernardo, candidatíssimos a ficar entre os oito melhores da A-2, o Palmeiras B corre sérios riscos de cair.

Queda alvi-verde salvaria a pele de quem cansou de desfilar incompetência -- dentro e fora de campo -- e agora se vê na ridícula situação de ter de se preocupar com mala-branca. Quanta decepção!

Nas últimas rodadas o Santacruzense recebe o Monte Azul e visita o Audax; o Rio Preto vai a São Carlos e recebe o Velo; o América recebe o São José e depois vai a Monte Azul.

Na linha de cima do "Equador", o São José vai a Rio Preto pegar o América e recebe o Penapolense; o São Carlos recebe o Rio Preto e depois vai a Sorocaba. O Rio Claro recebe o Audax e depois vai a Barueri; o Monte Azul vai a São Carlos e recebe o América.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Tigre e gatinho num mesmo jogo?

Francamente, não é fácil definir o desempenho do São Bernardo no Paulistão da A-2. Teve cinco rodadas de gato manso -- me chama de "meu chaninho" -- e depois passou a caçar como um verdadeiro tigre.

Foram 12 rodadas, com nove vitórias, dois empates e apenas uma derrota, quando Luciano Dias inventou de poupar quase todos os titulares diante do líder Audax. Aproveitamento fabuloso. Futebol, nem tanto.

E não é que agora, na hora de a onça beber água, o São Bernardo cisma de ser tigre e gatinho num mesmo jogo. Ou não foi quase isso no 0 a 0 diante da Ferroviária, ontem à noite no Primeiro de Maio.

No primeiro tempo, mais de seis mil torcedores viram um São Bernardo bem superior. É verdade que, por certa ansiedade ou excesso de individualismo, pecou no último passe ou na conclusão.

Porém, o São Bernardo procurou o jogo franco e foi bem superior. Pouco se preocupou com um adversário organizado, mas medroso e sem poder de fogo. Foi um time rápido e de muita movimentação ofensiva. Dominou, pressionou e criou pelo menos cinco boas oportunidades.

Mais uma vez, o meia Bady foi um dos destaques. Defendeu, atacou, armou e concluiu com aplicação e desenvoltura. Um verdadeiro motorzinho. Se jogasse no Barcelona, seria Xavi ou Iniesta. Se no Atlético de Bilbao, seria Muniain.

Pena que, mais uma vez, Bady não contou com razoável complemento de Luciano Mandi na hora de criar ou chegar de vez à zona do agrião, ao gol. Inércia de Luciano Mandi prejudicou ainda os atacantes Danielzinho e Fernando Gaúcho, ainda se recuperando de lesão muscular.

Falta de eficiência ofensiva de laterais/alas também contribuiu para a virgindade ofensiva. Pela esquerda, Renato Peixe chegou pouco, lento, e cruzou mal. Pela direita, Regis tem vontade, mas, além de egoista, erra passes demais e não consegue pensar e correr ao mesmo tempo.

Defensivamente, até que o Tigre se portou bem. Talvez pela fragilidade momentânea da chamada Locomotiva. Miolo de zaga não comprometeu e volantes mais responsáveis pela marcação estiveram bem posicionados na hora de antecipar e/ou cobrir.

Tanto que a Ferroviária, sem espaço para criar e excessivamente respeitadora, virou presa fácil. Só chegou duas vezes com algum perigo; ainda assim, em chutes longos.

No segundo tempo, no entanto, o time de Araraquara parece ter percebido que o tigre não era tão selvagem, matador. Desde os primeiros minutos, deu as cartas. Melhorou o posicionamento defensivo, compactou e adiantou o meio-campo e passou a oferecer perigo tanto por baixo quanto por cima.

Foi aí que o tigre virou bichano, gatinho. Se encolheu, se arrepiou, foi dominado, perdeu o encaixe da marcação no meio-campo e permitiu que o adversário chegasse pelo menos três vezes com real perigo de gol.

Além de marcar mal, o São Bernardo reduziu a movimentação, deixou de criar -- até mesmo Bady Xavi caiu muito de produção -- e foi inoperante no ataque.

Faltando cerca de 15 minutos para o final, Luciano Dias trocou a referência limitada de Fernando Gaúcho pela ligeireza de Ricardinho. Também fez entrar o marcador Daniel Pereira no lugar do atacante Danielzinho e adiantou um pouco Leo Costa e Luciano Mandi.

Alteração estranha! Acertou ao perceber a frouxidão da marcação, mas poderia ter tirado Luciano Mandi ou mesmo Leo Costa, que caiu de produção quando o tigre virou gatinho. Tanto que em seguida tentou corrigir o erro ao trocar Leo Costa pelo mais ofensivo Raul.

Não adiantou nada! Por sorte, a Ferroviária também diminuiu o ritmo. Certo ou errado, o detalhe é que o São Bernardo esteve próximo de ser caçador no primeiro tempo e quase virou caça no segundo. O empate acabou ficando de bom tamanho para quem não teve regularidade.

Com uma vitória o São Bernardo estaria a um ponto da classificação ao G-8. Agora, precisa ganhar três pontos nas duas rodadas finais para não depender de terceiros e ser ameaçado pelo Grêmio Barueri, nono colocado com 26 pontos ganhos.

Sábado o São Bernardo (6º) pega osso duro em Santa Bárbara d'Oeste. União Barbarense (7º) também tem 29 pontos ganhos e nove vitórias. Na última rodada o Primeiro de Maio, lotado, vai receber o Palmeiras B, ainda fora do G-4 do mal mas sério candidato ao rebaixamento.

Portanto, o São Bernardo ainda está com a faça e o queijo na mão para chegar. Basta cortar, respeitar e jogar como um tigre.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Os gênios e as tardes de domingo

Hoje, por volta das duas da tarde, diante da TV,foi impossível não sentir emoção e saudade ao me lembrar das tardes de domingo em plenos anos 60 e 70, na então pequena São José do Rio Pardo, com não mais de 30 mil habitantes.

Como vim pra Santo André no início de 72, com 16 anos e meio, passei infância e adolescência entre a cidade e a fazenda Boa Esperança, onde avó, tios e primos eram colonos trabalhadores.

No final da década de 60 e início da de 70 eu já enganava um pouco pelos terrões e gramados de fazendas, e também cidades vizinhas como (São Sebastião da) Grama, Caconde, Tapiratiba e Mococa. Sempre como zagueirão; o típico becão de fazenda.

O que acontecia nas tardes de domingo? Depois de jogar de manhã, o então moleque de rua, com 12/13 anos, não desgrudava do rádio a partir da uma da tarde, quando a Rádio Bandeirantes apresentava O Cantinho da Saudade, programa em homenagem a ídolos falecidos.

"Lidu ficará incrustado para todo o sempre, na ternura e na sinceridade, do nosso... Cantinho da Saudade". Com narração carregada de emoção do incrível Fiori Gigliotti --tio do meu amigo Paulo, da Gráfica Equipe -- era difícil não chorar.

O mesmo Fiori, que era quase unanimidade ao lado do repórter Roberto Silva e do comentarista Luiz Augusto Maltoni. " O céu está carrancuuudo! Bola subindo, bola descendo, cabeeeça na bola, Ditão, aliviando. Domina Dino Sani, escapa de Ademir da Guia e toca pra Rivelino. Ele gooosta da bola! Uma finta em Dudu, outra no Divino. Lá vai o Reizinho do Parque; toca para Tales, o moooço de São Manuel. Flávio pede, recebe, passa por Minuca; ameaça bater, solta a bomba de pé direito; atenção, é fooogo torcida brasileira. É gol! Goooooooooooooooooool! Do Coriiiiinthians! Agora não adianta chorar, Valdir".

O gol é do Corinthians, 2 a 1, de virada, pra variar, mas poderia ser de um Palmeiras muito melhor -- assim como o Santos de Pelé e cia --, excepcional,que, além de Valdir, Dudu e Ademir da Guia, tinha Djalma Santos, Ferrari, Servílio e Tupãzinho.

Na década de 60 só dava Santos e Palmeiras. Portanto, o Corinthians tinha de se contentar em quebrar o tabu de 11 anos diante do Santos -- 2 a 0 em 68 -- e ganhar do rival Palmeiras de vez em quando.

As belas tardes de domingo, com radinho de pilha colado no ouvido ou encostado em algum boteco armado na beira do campo, na roça, praticamente se encerravam quando Fiori anunciava: " Agora não adiaaanta chorar, torcida esmeraldina! Tudo está consumado! Fecham-se as cortinas e terrrmina o espetáculo".

No bom programa da Rede Bandeirantes -- Os Donos da Bola, comandado pelo ex-craque Neto, que tem tudo pra melhorar se falar menos e for mais educado, não borrifando os convidados --, os lendários Rivellino e Ademir da Guia me levaram às doces e saudosas tardes de domingo ao pé do rádio.

Bons tempos em que verdadeiros gênios da bola -- Fiori Gigliotti, hoje num cantinho do céu, era um gênio do rádio, ao dar cores e vida aos jogos, do primeiro ao último minuto --, como o Reizinho e o Divino, nos faziam transbordar de alegria a cada toque, a cada simples matada de bola, a cada drible, a cada passe milimétrico, a cada pintura, a cada chute, a cada gol, a cada vitória.

Minhas tardes de domingo jamais seriam as mesmas se não existissem craques/ídolos (os dois, pois nem todo ídolo é craque e nem todo craque é ídolo) como Ademir da Guia, Rivellino, Roberto Dias, Pedro Rocha, Gérson, Ivair e tantos outros. Como um tal Pelé, "o moooço de Três Corações".

domingo, 18 de março de 2012

O Tigre, a Águia e a vaga

A magra vitória de 1 a 0 do São Bernardo sobre o São José, hoje cedo no Vale do Paraíba, é muito mais gorda do que se imagina.

Pra quem teve cinco rodadas iniciais irreconhecíveis e agora sonha com uma das oito vagas à próxima fase da A-2, foi um grande resultado fora. No Martins Pereira, não é fácil superar a Águia do Vale.

Em quinto lugar com 28 pontos ganhos, nove vitórias, três gols de saldo e aproveitamento de 58,3%, dificilmente o Tigre vai ficar de fora do G-8.

Nas três últimas rodadas o São Bernardo pega a Ferroviária -- quarta-feira no Primeiro de Maio, certamente com mais de cinco mil torcedores --, depois joga em Santa Bárbara d'Oeste contra o Leão da 13 e na última rodada recebe o Palmeiras-B.

Em bom momento, é pouco provável que o time de Luciano Dias deixe de ganhar pelo menos três dos nove pontos em disputa. É bom lembrar que, assim como o São José, o Palmeiras-B ainda corre risco de rebaixamento.

Com a conclusão da 16ª rodada, Audax e Penapolense perderam mas ainda lideram e estão classificados. Na zona de degola estão Santacruzense (17 pontos ganhos), Rio Preto (14), América (13) e União São João (11). Santo André só tem um ponto a mais que a Santacruzense.

Na segunda fase os clubes serão divididos em dois grupos de quatro e os dois primeiros de cada garantem vaga na A-1 de 2013.

sábado, 17 de março de 2012

Ramalhão quebra jejum; Azulão, não!

Terminaram agora há pouco os jogos do Grande ABC pelos estaduais da A-1 e da A-2. Uma boa vitória em casa, mas longe da torcida, e um empate-derrota no Interior.

No Bruno Daniel -- enfim, liberado para jogos, mas, por incompetência, maldade ou mero capricho do Poder Público, ainda interditado para os pobres torcedores -- o Santo André quebrou jejum de 10 partidas ao derrotar o bom time da Ferroviária por 2 a 0.

O zagueiro Asprilla foi expulso aos 22 minutos do primeiro tempo após umk gol anulado e o centroavante Fábio Santos perdeu um pênalti, mas, mesmo sob certa pressão, o time de Ruy Scarpino voltou a vencer.

Em 15º lugar com 18 pontos ganhos, assim como o Rio Claro, o Ramalhão respira, mas ainda corre risco de rebaixamento. Mesmo porque, o Santacruzense surpreendeu, venceu o Penapolense por 3 a 2 e manteve distância de apenas um ponto.

Próximo dos três jogos restantes -- São José, União São João e União Barbarense -- será novamente no Brunão. Portanto, às moscas. Pra ninguém! Tomara que os "especialistas" não voltem a colocar faixas chamando para um jogo com portões fechados.

Dos males, o menor. Ao menos o gramado e o ambiente são conhecidos. Se a torcida não ajudar, também não vai atrapalhar quem já anda com os nervos em frangalhos. Pode parecer paradoxal, mas o detalhe emocional precisa, sim, ser considerado.

Já pela elite paulista, o São Caetano aprontou mais uma. O empate-derrota em Itu volta a ser preocupante. Mais uma vez, o Azulão abriu 2 a 0 -- dois gols de Geovane -- e poderia ter ampliado mas se acomodou.

Caiu de produção depois dos 30 minutos. Perdeu o ritmo e deu espaços para um Ituano, mesmo limitado e perdido, ameaçar. São Caetano voltou a marcar os nove minutos do segundo tempo -- o primeiro, com méritos, foi aos 15 minutos da primeira etapa -- mas preferiu não forçar.

Aparentemente não incomodado com a possibilidade de reação do Ituano, o Azulão pisou no freio em vez de matar o jogo. Mesmo desordenadamente, apenas na base da vontade, o Ituano partiu para o ataque e começou a perder oportunidades, quase todas neutralizadas pelo goleiro Luiz.

Em contragolpes com Isael e Geovane, justo quando já mostrava um cansaço que virou rotina na segunda metade no segundo tempo, o time de Márcio Araújo teve as bolas da vitória, mas desperdiçou.

Daí ao castigo foi um pulinho. Quando tudo parecia perdido, o Ituano diminuiu aos 40 minutos com Jeferson cabeceando sem pressão da zaga. Aos 43, Kleyton Domingues recebeu entre os zagueiros -- em posição duvidosa -- driblou o goleiro Luiz e forçou a queda.

O juiz deu pênalti -- eu não daria --, e expulsou o goleiro. Três minutos depois, com o goleiro Fábio no lugar de Isael, Tiago Bezerra converteu. Em seguida, Márcio Araújo tirou outro cansado, Marcelo Costa, pelo zagueiro Gabriel.

À espera de um milagre ou para garantir a igualdade? Não entendi! Treinador poderia ter mexido bem antes.

Com o resultado, o São Caetano aumenta o jejum para sete jogos e patina no 12º lugar com 16 pontos ganhos. O Ituano vem em seguida com 15. É possível que os dois não cheguem, mas também não caiam. Os quatro últimos são bem piores.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Tigre e o gatinho

E não é que o Tigre voltou a ser tigre? Depois de cinco rodadas catastróficas, quando se portou como um gatinho perdido à procura de mãe e de leite, o São Bernardo volta às origens.

Volta a ser o Tigre, a mostrar as garras de um forte, e agora, com 25 pontos ganhos e 55,6% de aproveitamento, já está bem perto da classificação entre os oito clubes que passam à proxima fase do Paulistão da A-2.

Na última rodada, foi a São José do Rio Preto e virou pra cima do pobre América, um dos mais sérios candidatos ao rebaixamento. Fez 4 a 2 e mostrou futebol convincente. Fruto de arrumação tática menos confusa, escolhas individuais mais coerentes e dedicação coletiva satisfatória.

Para chegar e se credenciar de vez para voltar à elite do futebol estadual como um dos quatro melhores, o time de Luciano Dias -- felizmente, desta vez o técnico não inventou de poupar todo mundo! -- precisa ganhar pelo cinco/seis dos 12 pontos que ainda vai disputar.

No caminho do Tigre, São José e União Barbarense fora de casa; Ferroviária e Palmeiras B no Primeiro de Maio, com apoio de mais de cinco mil torcedores. Alguém duvida?

Hoje, o São José está em 12º lugar, a Ferroviária em terceiro, o Barbarense em oitavo e o Palmeiras B em 13º. Repito: nenhum bicho-papão; cinco ou seis pontos são suficientes.

Pelo andar da carruagem e pela evolução de um time (ou animal?) que finalmente parece ter entrado nos trilhos I( ou nas trilhas?), acho que não vai dar zebra.Basta respeitar e jogar bola, sem cair na arapuca da displicência, do já-ganhou.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Mais do mesmo. De novo, não!!!

Juro que a última coisa que eu queria estar fazendo agora há pouco era conta sobre conta para saber se o Santo André vai se salvar do penta-rebaixamento. Mas não foi possível evitar o que já virou costume nas últimas temporadas nacionais e estaduais. É mais do mesmo!

Na rodada de ontem da A-2 o ainda chamado Ramalhão voltou a perder -- 3 a 1 para o líder Audax -- e agora o jejum sobe pra 10 rodadas. Foram quatro empates e seis derrotas. Em 30 pontos disputados, ganhou apenas quatro.

Com 15 pontos ganhos, apenas três vitórias e pífio aproveitamento de 33,3%, o time dirigido por Ruy Scarpino está em 16º lugar, a um ponto do primeiro candidato ao descenso.

Restando somente quatro rodadas -- 12 pontos -- a serem disputadas, o Santacruzense está em 17º lugar com 14 pontos ganhos, três vitórias e aproveitamento de 31,1%. Em 18º aparece o tradicional América, com produtividade de 26,7% e apenas 12 pontos ganhos.

Como desgraça pouca é bobagem, o outro time de Rio Preto tem 11 pontos ganhos, três vitórias e 24,4% de aproveitamento. É o lanterna. Antes do Rio Preto aparece o União São João com os mesmos 11 pontos e as mesmas três vitórias.

Mas nem tudo está perdido. Ainda torço e acredito que o Santo André não vai cair. Por quê? Primeiro: o time só depende de si para não entrar no buraco. Segundo: ninguém nega que o problema agora é muito mais emocional do que qualidade técnica e tática, o que ajuda mais não resolve.

Terceiro: dos cinco últimos, o único que faz três jogos em casa -- mesmo sem apoio da pequena torcida -- é o Ramalhão. Quarto, e talvez mais importante: juntos, os próximos adversários -- Ferroviária, São José e União Barbarense em casa; União São João fora -- conquistaram 83 pontos em 15 rodadas.

Já o Santacruzense faz dois jogos em casa -- Penapolense e Monte Azul -- e dois fora -- Noroeste e Audax. Só que, além de esbarrar nas próprias limitações, o time de Santa Cruz do Rio Pardo vai encarar quatro times que ganharam, juntos, 108 pontos.

Portanto, 25 pontos a mais do que quem pega o Ramalhão. Lição pra lá de complicada. Basta o sargento Garcia prender o Zorro depois de passar a cavalo por quatro mata-burros semelhantes aos da Boa Esperança. Isso é bom! Muito bom para o Santo André.

Aparentemente, a tarefa do América parece menos difícil do que a do Santacruzense. Seus adversários somaram apenas 75 pontos, mas o frágil Diabo faz só um jogo no inferno, melhor, em casa (São José) e três fora (Velo, Rio Claro e Monte Azul). Alguém aposta? É mais fácil a fantasiosa CPI da Câmara andreense confirmar as falcatruas do Semasa.

Por outro lado, a lição do União São João soa como Teorema de Pitágoras pra quem só tira 10 em Educação Física e nove em Ciências. Quatro adversários somaram 80 pontos. Time de Araras faz duas partidas em casa (Rio Preto e Santo André, em jogos de seis pontos) e duas fora (Atlético Sorocaba e Noroeste).

Pra terminar, a situação do último colocado, o Rio Preto, parece até menos complicada. Como se bastasse fazer o Ronaldinho Gaúcho voltar a jogar e o Barcelona perder três vezes seguidas Coruripe. Adversários ( União São João e São Carlos fora, Rio Claro e Velo em casa) conquistaram apenas 63 pontos, o que pode facilitar.

Situação dos quatro últimos é mesmo dramática. Por isso creio que o Santo André vai se safar de mais um tombo -- seria o último. Que se mate em campo e tenha controle emocional para ganhar pelo menos sete/oito pontos. Que não deixe de acreditar até o último momento.

Duro é que os últimos filmes podem se repetir. Mais do mesmo, de novo, não!

DE PRIMEIRA

*** Juro que não entendi os dizeres da faixa colocada ali entre o Carrefour da avenida do Estado e o viaduto Adib Chammas. Santo André x Ferroviária, sábado, 15h, no Brunão, com portões fechado. Sim, eu disse portões fechado, sem o sssss. Mas o problema não é esse. Será que os dirigentes estão esperando público do lado de fora? Ou será que vai rolar em telão? Façam-me um favor...

O gaúcho, o louco e a ousadia

Andei lendo e ouvindo, ontem à noite e hoje cedo, que o Corinthians não venceu o Cruz Azul por absoluta falta de ousadia. Houve até quem -- pasmem! -- insinuasse que o time de Tite se acovardou. Só não ganhou porque ficou com medo de perder.

Peraí! Não foi bem assim! Jogar pela Libertadores, em 2.4 mil metros de altitude, com torcida contra e diante de adversário respeitável não é moleza não! Dificilmente alguém sai do México com vitória.

Quer saber? Acho que foi uma das melhores performances do Corinthians em 2012. O jogo, por si só, foi bom. Movimentado do começo ao fim. Tanto mexicanos quanto brasileiros poderiam sair com a vitória.

Falar em falta de ousadia ou imaginar covardia parece coisa de quem não viu o jogo ou não entende de bola. Ou seria algum anticorintiano travestido de jornalista e incapaz de exercer a imparcialidade, a mãe do bom profissional?

O Corinthians cansou, não teve posse de bola, recuou e foi acuado nos 15 minutos finais, sim senhor. Mas só no final. Foi superior ao Cruz Azul em pelo menos 2/3 do jogo.

Pra começar, o time de Tite subiu a marcação, botou pressão e não deu espaços para o adversário nem ao menos sair jogando. Anulou o poder de criação do Cruz Azul e, bem postado no sistema defensivo, deu raríssimos espaços a infiltrações e conclusões perigosas.

Como se não bastasse, criou pelo menos quatro belas oportunidades, especialmente com Paulinho e Liedson. No final, quando os mexicanos foram pro tudo ou nada -- e não poderia ser diferente pra quem joga em casa -- e chegaram de vez, mais por meio de chuveirinhos, Chicão apareceu para salvar. No contragolpe, Paulinho perdeu a bola do jogo.

Aí os "especialistas" de meia-tigela avocam a falta de ousadia como causa da igualdade. Como se o empate não significasse bom resultado. Além de cansar no final, o que é normal, o que aconteceu foi simplesmente deficiência nas finalizações, mal que aflige do time de Tite há bom tempo.

Será que querem que o Timão seja o Barcelona de Guardiola, que, além de marcar sob pressão, é uma máquina de jogar futebol e faz da criatividade e da ousadia ofensiva a atitude mais comum no campo da bola? Convenhamos, os amigos de Messi estão em outro patamar, individual e coletivo.

Ou será que queriam um Corinthians a la Atlético de Bilbao. Ao time espanhol não faltam combatividade, arrumação tática, velocidade, verticalidade, criatividade (olha o Tite aí!) e ousadia. Doce e louca ousadia!

Se concluísse com melhor aproveitamento e não fosse tão instável, o time do argentino Marcelo Bielsa, El Loco, seria imbatível. Não estaria classificado na Liga Europa mas em sétimo no Campeonato Espanhol.

As duas vitórias diante de um Manchester forte mas preguiçoso foram verdadeiras aulas de Bielsa diante do sir Alex Fergusson. Taticamente, uma lição de encher os olhos. Gostei muito do Atlético nos dois jogos, especialmente no primeiro, em Manchester.

O gaúcho Tite não é um exemplar de ofensividade. Também não é louco como o argentino. Mas não pode ser execrado exatamente quando seu time mostra futebol de gente grande e conquista importante resultado.

quarta-feira, 14 de março de 2012

A academia, o idoso e o velho jardim

Momentaneamente liberado apenas para esforço físico moderado, não tenho corrido pelos parques da vida. Mesmo assim, passei agora há pouco pelo velho mas bem conservado Jardim Tamoyo, ali no Ipiranguinha.

Como sou geminiano e curioso por natureza, a movimentação de seis/sete pessoas ali perto do acesso principal prendeu minha atenção. Uma delas era o conhecido Mineirinho, funcionário público encarregado e figurinha carimbada tanto ali quanto no Parque Central.

Não conheço os outros, mais com jeito de chefes e burocratas. Será que alguém era formado em Educação Física? Mas o que importa é a essência. Não conclui nada, mas prestei atenção e deduzi. O assunto da rodinha em área tão específica só poderia ser mais uma das anunciadas academias a céu aberto.

Dezenove minutos e 45 segundos depois, voltei do contador, o Chenta, e não resisti. Ao observar de longe o Mineirinho ali com uma enxada, agora auxiliando quatro serviçais que colocavam grama diferente junto ao piso não menos diferente, abordei uma funcionária da portaria e ela confirmou -- oficiosamente --, minha desconfiança.

-- Olá, moça! Tudo bem?

-- Oi! Pois não!

-- Por favor, você sabe me dizer se ali onde está o pessoal vai ser a nova academia?

-- Vai sim! Vão instalar os aparelhos nos próximos dias para inaugurar domingo.

-- Ah, que legal! E aquele espaço lá em baixo, perto do lago e da fonte, não estava reservado para exercícios? Ou são coisas diferentes?

-- Era lá sim, senhor! Mas acho que mudaram aqui pra cima.

-- OK! Obrigado! Boa tarde!

Faltou dizer que tem tudo a ver com a minha idade (5.6 alto). Achei melhor calar a boca e me fixar no próximo passo, já mais próximo da parte baixa.

Lá, pude observar que o local preparado para receber a Praça do Exercício do Idoso estava lá, limpo e intacto. As surradas placas do Governo Estadual e da Prefeitura de Santo André também.

E daí? E daí que as informações dos parceiros (?), afixadas no final de março de 2011são claras. Uma delas: "Obra do Governo do Estado de São Paulo. Praça do Exercício do Idoso. Valor: R$ 187,7 mil. Prazo de entrega: 180 dias".

Na outra: "Consladel Construtora Ltda/Prefeitura de Santo André". Escrevi sobre isso no dia 5 de abril. De 2011, lógico! Pra quem não se lembra, a Consladel é a mesma dos tempos do PT no poder municipal.

Aquela empresa denunciada pelo Fantástico como máfia dos radares, das multas, das licitações de cartas marcadas e dos contratos fraudulentos Brasil afora. Sim, aquela! Pura coincidência, né?

Pois é... Valor exorbitante, parceria nebulosa, construtora de idoneidade questionável e atraso de seis meses -- seis meses! -- na entrega.

Se é que, além do local -- o que não é novidade, porque já aconteceu no Parque Central -- também não se trata de outro programa, já que a musculação não ficará restrita aos aposentados, todos inteligentes e merecedores. Ou seriam duas? Estranho, né? Ou burrice?

De bom nisso tudo é que a população, que apenas aparentemente não tem nada a ver com valores e responsáveis, vai ganhar mais um espaço para se exercitar. Não importa se Praça do Exercício do Idoso, Academia ao Ar Livre ou Academia Cidade Feliz, como na Praça Kennedy, ali na vila Bastos. Parece tudo muito semelhante!

O ideal seria com orientação de um educador físico, um professor de verdade, mas seria pedir demais. Ficaria mais caracterizada a importância preventiva da Educação Física como instrumento da saúde.

Tomara que pelo menos a Prefeitura, por meio de servidores comuns e dos guardas municipais ali tão próximos, oriente e fiscalize de fato a utilização dos aparelhos, além de providenciar manutenções preventivas e corretivas periódicas.

Isso tanto no Ipiranguinha quanto na Praça Kennedy, no Centre Ville, na Vila Palmares, na vila Valparaíso, na vila Guiomar, no Parque Central e em todos os outros espaços públicos escolhidos.

São 48 no total, com investimento divulgado de R$ 3 milhões em equipamentos e revitalização de espaços. Coincidentemente, em ano eleitoral. Tudo normal. PT e demais partidos fizeram, fazem ou fariam o mesmo.

Trouxas somos nós, que acreditamos e vamos às urnas sempre na esperança de dias melhores, com políticos decentes e minimanente comprometidos com as causas do cidadão comum.


DE PRIMEIRA

*** Ali mesmo no Tamoyo, outro dia, dois abusos de quem presta serviços ao Poder Público: a viatura da Guarda Municipal atravessada justamente na pista de caminhada e o veículo que entrega refeições novamente a cortar caminho pelo parque. Irresponsabilidade pura!

*** Também outro dia, aqui na esquina de casa, perto da Igreja Matriz, dá pra acreditar que o caminhão coletor de lixo desceu a Coronel Ortiz e, perigosamente, retornou na contramão para ganhar tempo e entrar na rua Santo André? Irresponsabilidade pura-2!

*** Quer dizer que, segundo o DGABC, um dos impedimentos à não-liberação do Estádio Bruno Daniel para ao menos minimizar os sérios problemas do EC Santo André é um TAC? Termo de Ajustamento de Conduta assinado há dois anos não foi cumprido pelo diretor de Esportes da Prefeitura. Como se o prefeitão já não tivesse saias-justas a dar com pau! Irresponsabilidade pura-3!

terça-feira, 13 de março de 2012

Pé na bunda da soberba

Refutada pelo ex-presidente Lula, a esperada renúncia de Ricardo Teixeira tem significado muito mais abrangente do que o ato em si. Nada de grandeza, por sinal.

Mesmo porque, a chegada do já octogenário,pouco confiável e político matreiro José Maria Marin para presidir a milionária Confederação Brasileira de Futebol não muda nada. Mantém cargos, benesses e condutas. Nada mais é do que trocar seis por meia dúzia.

Se Jérôime Valcke, secretário-geral da FIFA, sugeriu um pontapé no traseiro de brasileiros lerdos com os procedimentos pré-Copa do Mundo de 2014, a saída do momento soa como um pé na bunda da soberba internacionalizada na pessoa do intragável RT.

O senhor RT sempre foi sinônimo de prepotência, de cinismo, de egoismo, de evasivas, de desrespeito, de autossuficiência ao extremo. Acusado, entre outras sacanagens, de corrupção, trapaças eleitoreiras e de se locupletar com porcentagens dos milhões de eventos e patrocinadores quase sempre canalizados para os cofres da CBF, RT desmente tudo de pés juntos. Coitado! O milionário se diz injustiçado.

Interessante é que, doente ou não, o cara saiu porque quis. Situação estava insustentável com a FIFA -- outro câncer a ser exterminado -- e com o governo brasileiro, mas ninguém teve coragem de peitar o senhor prepotência e bancar a demissão de persona tão nefasta ao mundo do esporte.

Omisso, o governo não fez nada. Interesseiras, frágeis e apadrinhadas, como sempre, as federações também não moveram uma palha. Os clubes, hoje falidos, muito menos.

Lógico! Afinal, todos são farinha do mesmo saco. Todos lidam full time com a sedução do poder. Todos têm rabo preso com todos. Dos presidentes de clubes ao presidente da FIFA. Ninguém quer largar o osso.

Só que o momento exige muito mais do que dois pés na bunda de uma soberba específica, com nome e sobrenome. Como Marin vai manter o status quo -- tá na cara --a hora dos presidentes de clubes, inclusive os do Grande ABC, é agora.

Sem covardia, sem medo, sem omissão deslavada. Mesmo devendo favores aos tubarões, é preciso deixar de comer na mão e assumir o prédio da rua da Alfândega. Ou será que vão esperar o governo federal impor alguém do seu esquema, talvez em nome da governabilidade.

É hora de mexer com a alma do futebol brasileiro. Mais que isso! Muito mais do que o fim de um "reinado" de 23 anos, é essencial que até mesmo a sociedade como um todo dê um basta na soberba de ditadores presunçosos, instalados em clubes, federações e confederações de inúmeras modalidades olímpicas.

Ninguém é santinho! Ninguém é tão perfeito,tão competente. Ninguém pode edificar feudos e se eternizar no trono ou fazer sucessores letrados pela mesma cartilha viciada.

Conluios, acertos escusos, falcatruas, brotam como baratas e ratos no esgoto do esporte. É triste afirmar, mas os subterrâneos do esporte são tão imundos e malcheirosos quanto os da política.

Infelizmente, é o retrato fiel da sociedade brasileira. Que pena! Decência, ética, caráter e moralidade parecem mesmo fora de moda. Hurrah!!! (Vida longa para o esporte)

Os sete pecados capitais

No final do século VI, durante o papado de Gregório Magno, a Igreja Católica instituiu os chamados sete pecados capitais.

As atitudes humanas da época contrárias às leis divinas: luxúria, gula, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça. Em 2008 o Vaticano atualizou a lista, mas vamos nos ater à antiga.

Ao ler, na edição dominical do DGABC, extensa matéria sobre o handebol, me chamaram à atenção a manchete e as declarações do diretor de Esportes da Metodista, Alberto Rigolo, e do técnico da Seleção Brasileira Feminina, o dinamarquês Morten Soubak.

"Brasil ameaça domínio europeu no handebol" é a manchete da página. Embora pudesse conter informações e análises também sobre a situação nada confortável do handebol em Santo André e São Caetano, texto de Anderson Fattori é interessante e faz pensar no presente e no futuro.

O título da página -- "Brasil ameaça domínio europeu no handebol" -- me parece um pouco forçado. Nem mesmo a dura crise que abala os alicerces da economia mundial vai ser capaz de tirar a hegemonia dos europeus. Pelo menos nesta década.

Enquanto no Brasil em evolução os estaduais e a Liga têm competitividade restrita a poucos e público quase sempre limitado a familiares, dirigentes e alunos de escolinhas, na Europa é um pega-pra-capar, em alto nível técnico, com ginásios que chegam a receber 20 mil espectadores.

Como diz Morten -- " Vejo próximo o sonho de uma medalha" --, podemos, sim, chegar ao pódio nos Jogos Olímpicos de Londres, em julho, mas a tarefa é tão improvável quanto Manoel de Oliveira, pedir demissão da presidência da Confederação Brasileira. Manoelzinho tem méritos, mas, infelizmente, se eternizou no trono e virou dono do nosso handebol.

Já meu amigo Rigolo, polêmico, temperamental, mas de capacidade técnica e dedicação inquestionáveis, acredita na repatriação das melhores jogadoras brasileiras espalhadas por um Europa abalada, mas lamenta a falta de organização e comprometimento de alguns clubes que disputam a Liga Nacional.

"Queria que todos os times tivessem a força e fossem organizados como nós. Aumentaria o nível técnico das competições e atrairia mais patrocinadores. Nosso trabalho dá resultado porque somos sérios, priorizamos as categorias de base e não fazemos loucura" -- afirma um dos homens mais importantes na ascensão do handebol brasileiro.

E é exatamente nas afirmações de quem respira handebol que entram os sete pecados capitais de clubes falidos e federações e confederação enricados. Como ameaçar o domínio europeu se, salvo exceções como a Metodista e mais meia-dúzia de clubes sérios, somos "pecadores" contumazes?

Pecados capitais do handebol moderno e do esporte em geral:

1)profissionalismo capenga
2)falta de planejamento e organização
3)seriedade e comprometimento questionáveis
4)investimento estrutural insuficiente
5)valorização de talentos limitada a poucos
6)não prioridade à base, aliada à ação social
7)descaso governamental

Tomara que os propalados R$ 12 milhões investidos no Centro de Excelência em construção no antigo clube da Volks signifiquem um divisor de águas entre o amadorismo e o profissionalismo.

Se vingar mesmo, parceria entre Ministério do Esporte, Confederação Brasileira de Handebol e Prefeitura de São Bernardo tem tudo para fortalecer de vez nossas seleções, da base à elite.

Aí sim nossos pecados serão menos mortais e nossos sonhos mais plausíveis.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Com os pés no purgatório

Se na Segunda Divisão o Santo André está a um passo do inferno e o São Bernardo num paraíso mas sem cinto de segurança, o quê dizer do São Caetano na elite do futebol paulista?

Com os mesmos 15 pontos do Ramalhão na A-2, mas em 12º lugar -- e não em 15º --, o chamado Azulão dificilmente será punido com o fogo do inferno, de onde livra seis pontos. O Botafogo é o 17º, primeiro dos sacrificados, com nove pontos ganhos.

Porém, com apenas 38,5% de aproveitamento, o São Caetano está a sete pontos do paraíso celeste, também conhecido como G-8 do bem. Oitavo colocado com 22 pontos ganhos, o Bragantino tem 56,4% de produtividade.

Grupo ainda pensa, obviamente, na classificação à próxima fase, mas insiste em fincar os pés no purgatório. Haja penitência! O jejum já é de seis jogos. Nem mesmo o pastor Márcio Araújo consegue dar jeito.

O time não embala, não desentala. Quando parece que encontrou o prumo, lá vem a surpresa. Surpresa? Pra muitos, mas pra mim, não! Lamento!

Embora torça muito pelo Márcio, entendo que o rio-pardense precisava evitar o pior e teve boa intenção, mas voltou a ser infeliz, a pecar na hora de mexer no time. Como punição pela opção defensiva, pela escolha errada no final, o justo empate de 2 a 2 no último minuto.

Não que a leitura do treinador estivesse totalmente errada. O meio-campo abriu o bico e, diante da ameaça constante do Mirassol, Márcio Araújo fez a besteira de não fechar onde deveria.

Ao tirar o meia Ailton para pôr Gabriel como quinto zagueiro, o técnico permitiu que o adversário fosse ainda mais pra cima, adiantando meio-campistas e laterais. Principalmente William Simões, que desfilou pela marginal esquerda sem marcação eficiente.

Antes dos 30 minutos do segundo tempo, o Azulão não encantou, mas também não decepcionou. Criou, penetrou e finalizou menos do que devia, mas correu bastante e fez dois gols com o sempre dinâmico e cortante Marcelo Costa.

Além (ou apesar) disso, soube defender de forma razoável e foi aplicado taticamente. No momento de marcar e atacar, não teve a preguiça de outros tempos. Especialmente quando Ailton se mexeu um pouco mais pela esquerda e ousou enfiar duas bolas perfeitas, o 4-2-2-2 de Márcio Araújo deu resultado.

Fechado com três volantes e um meia -- Xuxa fez os dois gols, em pênaltis discutíveis --, o Mirassol teve espaços de intermediária a intermediária, mas encontrou dificuldades para penetrar e chegar com real perigo no primeiro tempo.

Na segunda etapa, com um meia no lugar de um volante, empatou logo no início para em seguida ficar novamente em desvantagem e se ver obrigado a partir para o ataque.

Como o São Caetano mostrou cansaço, recuou em demasia, perdeu o poder de marcação e não conseguiu matar o jogo no contragolpe, o Mirassol passou a jogar como se estivesse em casa.

Não respeitou um time que se acovardou e se complicou. No jogo e no campeonato. Antes do empate, o goleiro Luiz e o zagueiro Jorge Luiz já haviam salvado gols iminentes.

O pecado do bem intencionado pastor faz com que o São Caetano finque os pés e encrave no purgatório. O paraíso ainda é possível, mas está cada vez mais distante. Com ou sem orações a todos os deuses.

Paraíso sem cinto de segurança

Se o Santo André está a um passo do inferno, o arquirrival, São Bernardo, está sentado num paraíso aparentemente tranquilo, mas sem cinto de segurança.

Desta vez, o Tigre foi convincente nos 3 a 1 sobre o Noroeste. Em casa, diante de mais de três mil torcedores -- hoje o rival não tem estádio nem a torcida de antigamente --, o time de Luciano Dias mostrou as garras.

Não passou por sobressaltos. Marcou melhor no sistema defensivo e ainda contou com laterais que circunstancialmente viraram alas efetivos no apoio.

Bem posicionado, o meio-campo teve novamente Leo e Bady como destaques. Foram aplicados e envolventes. Até mesmo Luciano Mandi parece ter acordado da letargia ao encostar mais no ataque.

Sem excesso de bola esticada, com laterais mais atuantes e meio-campo mais móvel e criativo, o ataque foi o maior beneficiado. Definitivamente, se é que alguém duvidava, Fernando Gaúcho ganhou a posição de Ney Mineiro.

Bom resultado deixa o Tigre em sétimo lugar com 22 pontos e sete vitórias. Aproveitamento é de 52,4%, o mesmo de União Barbarense (oitavo) e Barueri (nono).

Posição no paraíso dos classificados à próxima fase é boa, mas não confortável. Sem cinto de segurança, basta uma distração do anjo de plantão para que a "criança" caia da cadeirinha.

Jogo de quarta-feira em São José do Rio Preto tem contornos de problemático. Com apenas 12 pontos ganhos (18º), o América quer se desvencilhar do diabo, que, paradoxalmente, é o próprio, como apelido e mascote.

Não vai ser mole, não? Jogo difícil, muito difícil! Tomara que Luciano Dias não invente, de novo, de poupar mais de meio time.

A um passo do inferno

Embora soe como paradoxo, o empate do Santo André com o Barueri consegue incorporar os dois lados da mesma moeda. Foi bom, mas é ruim. Estranho, né?

Pois é... O 1 a 1 de sábado em São Caetano foi bom porque, considerando-se a força do adversário e as circunstâncias do jogo, o gol no minuto derradeiro foi um achado merecido.

O Ramalhão não merecia mesmo perder. Mostrou organização e arrumação tática, embora tenha atacado sem tanta consistência e até pudesse ter tomado o gol de misericordia quando precisou se expor aos contragolpes.

Por que ruim? Aí está o problema. Pela posição e pelo momento crucial do campeonato. Foi o nono jogo sem vitória. São 27 pontos disputados e ridículos quatro conquistados.

Com aproveitamento de apenas 35,7%, agora o time de Ruy Scarpino está em 15º lugar com 15 pontos ganhos e somente três vitórias,como todos os outros cinco abaixo na classificação.

Ao lado do Monte Azul, o Ramalhão está a apenas um ponto do G-4 do mal, a um passo do inferno. Os quatro que seriam rebaixados -- Santacruzense (17º com 14), América (18º com 12), Rio Preto (19º com 11) e União São João (20º com 10).

Faltam apenas cinco rodadas e jogo de quarta-feira apresenta como agravante o fato de o Audax ser simplesmente o líder da A-2.

Ganhar de quem tem 66,7% de aproveitamento -- e olha que o Santo André de hoje tem condições -- pode significar a redenção, um trampolim para a salvação.

Em contraposição, se perder, pode arder de vez no fogo do inferno. Quando alguém chega ali o diabo costuma abraçar com garras de águia e força de urso polar.

Não há anjo-da-guarda que dê jeito. E aí eu quero ver quem é macho pra assumir a paternidade.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A porca torceu o rabo

Fiquei em dúvida: a porca torceu o rabo ou a onça bebe água? Pouco importa. A essência é a mesma para as situações de São Bernardo e Santo André na reta final da fase classificatória da A-2.

Depois da rodada de ontem, a 13ª, ambos ficaram em situação desconfortável.Um por se distanciar do céu; outro por se aproximar do inferno. Principalmente o ainda chamado Ramalhão, que empatou de 1 a 1 com o vice-líder Penapolense e está a apenas dois pontos do G-4 do mal.

Pela matéria do DGABC, nem sempre confiável, o time de Ruy Scarpino foi bem, mas esbarrou no goleiro Ricardo. É bom lembrar que o Penapolense está arrumadinho e jogou desfalcado de pelo menos três bons valores.

Há oito rodadas em vencer, com 14 pontos ganhos, apenas três vitórias e aproveitamento de míseros 35,9%, o Santo André (15º) dá adeus à classificação e vê a porca torcer o rabo de vez.

Além de não poder sonhar com a conquista de 16 dos 18 pontos a disputar -- pura utopia --, o time andreense vê a água pela güela e a síndrome de novo rebaixamento começa a martelar.Dos seis adversários restantes, quatro estão no G-8 do bem. Portanto, brigam pela classificação.

Pelos lados de São Bernardo, a porca também torceu o rabo. Não com a mesma intensidade, mas torceu. A derrota de 4 a 2 para o agora líder Audax quebra invencibilidade de oito rodadas.

Mais do que isso, ratifica as limitações de um time que, apesar do alto investimento, se recuperou na classificação, mas não mostrou consistência nem organização em momento algum do campeonato.

Pior foi ver o técnico Luciano Dias escalar um time com apenas três titulares e justificar que o grupo precisava de descanso.Tá de brincadeira! Na reta final de classificação a comissão técnica vem com essa? Descansar de baciada quando se busca a vaga é sinônimo de incompetência pontual e falta de planejamento.

Fim de semana esta aí. Santo André não dispõe do Bruno Daniel -- que novidade, né prefeitão? -- e pega o Barueri, oitavo colocado, em São Caetano. Já o São Bernardo, nono 19 pontos ganhos -- dois a menos que o Barueri -- recebe o Noroeste, terceiro e sério candidato a uma das oito vagas.

No hora de a onça beber água, nossos representantes clamam por resultados que dependem de dedicação total do primeiro ao último minuto. Quem vacilar, dança!

terça-feira, 6 de março de 2012

Tite, Mano e o armador oculto

-- O que você acha do Tite na Seleção Brasileira? O Mano já deu o quê tinha de dar. Teve tempo de sobra e não provou nada! Ano de Olimpíada, depois Copa do Mundo. Sei não...

Pergunta/resposta do filhão Fernando, o mais novo, foi provocadora, logo após a falsa vitória de 2 a 1 sobre uma Bosnia muito mais aplicada, combativa, objetiva e organizada.

Tite Fala Muito no lugar de Mano Data de Validade Vencida? Brincadeira à parte, reconheço-os como bons treinadores. Podem não ser os melhores, mas têm lá seus valores e devem ser respeitados.

Porém, não entendo que Tite já tenha atingido o patamar de técnico da seleção nacional. Pode ser, um dia... Apesar da titebilidade. Quanto a Mano Menezes, o Nando não me parece longe de realidade tão nua quanto crua.

Todos nós, brasileiros, nos julgamos conhecedores de futebol acima de qualquer suspeita. Criticar, contestar e escalar, tudo isso é nossa praia. Especialmente quando se vê um Brasil com posse de bola de Barcelona e futebolzinho de São Caetano preguiçoso. Aproveitamento verdadeiro próximo do zero.

Talvez, principalmente se o comando fosse de Tite, pudéssemos afirmar que tudo é questão de treinabilidade, enfatizando a coletividade para valorizar também a individualidade, a produtividade e a sustentabilidade.

Ao grupo de Mano parece faltar acima de tudo competitividade. Mas, como conquistá-la sem dirigibilidade, sem treinar exaustivamente defensividade, ofensividade, lateralidade, verticalidade, mobilidade, velocidade, penetrabilidade e criatividade?

Não sei se tudo isso dá um time de verdade, exatamente do que precisamos, mas ajuda. Ainda faltaria, segundo Tite FM, intensidade do primeiro ao último minuto.

Duro é entender o quê Mano Menezes de fato quer. Por exemplo: não vejo clareza nem ao menos nos esquemas táticos adotados pelo treinador gaúcho.

Quem consegue ser convincente ao definir o esquema do time no amistoso contra a Bosnia? Tomando-se como premissa um goleiro e 10 jogadores de linha, não consigo concluir.

Será que o Mano adotou o 4-2-1-3, com quatro zagueiros, dois volantes (Sandro e Fernandinho), um meia oculto(Ronaldinho) e três atacantes (Hernani inexplicavelmente fixo e aberto pela direita, praticamente como marcador de ala, Leandro Damião centralizado e Neymar pela esquerda)?

Estranho, como diria Zagalo. Ou o 4-3-3 tinha como objetivo -- absurdo -- liberar um Ronaldinho morto e transformar Hernani em armador de nada pra ninguém? A não ser que estivesse armando alguma com o "bandeirinha".

Já sei! o mano queria jogar no tradicional 4-4-2, com dois armadores e dois atacantes. Não,não pode ser. Talvez o antigo e ousado 4-2-4, com apenas dois volantes de contenção com obrigação de armar para quatro homens de frente sem o dever de combater?

Quer saber? Acho que ele não percebeu que só contava com nove jogadores de linha. Não dava pra montar esquema com 10. Sem Ronaldinho, que já deu tudo que tinha de dar, Mano desfilou um inédito 4-2-3, sem armador ou com um armador oculto. Sim, se na gramática portuguesa temos sujeito oculto, por que não um armador oculto?

Até que resolveu pôr o PH Ganso no final do jogo e achou um gol contra lotérico. Muito pouco pra quem teimou com Hernani fora de posição e Ronaldinho fora de órbita.

Por falar em fora de órbita, está na hora de Mano se coçar antes de perder o cargo. A impunidade não é eterna. A bola não perdoa omissões. O goleiro Julio César já não é unanimidade. Tem falhado na Inter de Milão e na Seleção.

Assim como David Luiz, que tem entregado o ouro no Chelsea e na Seleção. Abusa do direito de saber jogar como poucos. Por isso o moço de Diadema é negligente na tarefa de defender e abusado na mania de sair jogando com classe. Depois quer aparecer no ataque para compensar a mancada defensiva.

Nada que uma boa chamada não resolva. Zagueiro que se preze não faz tanta firula. Sem um volante cão-de-guarda (Dunga) ou craque (Falcão) na proteção, como escudo e líder, é melhor David Luiz não se arvorar de Luiz Pereira, Baresi, Gamarra, Perfumo, Ancheta ou Elias Figueroa. Ainda está longe. Não ganhou nada!

Síndrome de Holofote

Final de semana dos representantes do futebol profissional do Grande ABC foi bom para as letras B e C; péssimo para a letra A.

O A, de Santo André, foi à longínqua e calorenta São José do Rio Preto e perdeu do então lanterna da Série A-2 do Paulistão. O limitado Rio Preto ganhou de 1 a 0.

Acredito nas palavras do diretor de Futebol Sérgio do Prado. Serginho garante que o time foi bem no primeiro tempo, mas perdeu boas oportunidades de fazer o resultado.

Na segunda etapa, em desvantagem, o emocional acompanhou o caminhão ladeira a baixo e a derrota foi inevitável.

Sem vencer há sete rodadas, o Ramalhão está a apenas dois pontos da zona de rebaixamento e o próximo adversário é nada menos do que o líder e arrumadinho Penapolense.

Falta de competência e planejamento pode custar o quinto rebaixamento seguido. Que diferença faz mais uma seta no peito de São Sebastião, né?

Já a letra B, de São Bernardo, não mostrou bom futebol mas venceu o Monte Azul por 2 a 1 diante de uma torcida muito maior do que o time.

Gol da vitória, no final, foi de Fernando Gaúcho, que, mesmo ainda fora de forma, é mais jogador que Ney Mineiro.

Só não entendo a teimosia do técnico Luciano Dias. O que será que existe por trás da escalação forçada de Ney Mineiro, o artilheiro sem gols?

Só faltava ter dedo de empresário ou dirigente. Ou dirigente-empresário, sabe-se lá! E olha que o instável Danielzinho parece estar no mesmo caminho.

Tigre está no chamado G-8 do bem e mede forças com o regular Audax na rodada do meio de semana. Mesmo sem convencer, está embalado, não perde há sete rodadas, e tem plenas condições de ficar com uma das oito vagas.

A letra C, de São Caetano, foi ao Pacaembu e, diante de 20 mil "parmeristas", conseguiu uma igualdade importantíssima. O Palmeiras é forte e está bem, mas o 0 a 0 foi justo.

Talvez um 2 a 2 fosse mais adequado, já que Azulão e Verdão criaram oportunidades reais de gol. Deola e Luiz mandaram bem.

Mais importante do que o empate foi ver um São Caetano aplicado do começo ao fim. Num 4-4-2 mais compactado, marcando adiantado e saindo com rapidez nos contragolpes, desta vez o time de Márcio Araújo foi muito bem.

Então, fica a pergunta que não quer calar: por que diante de adversário de menor porte o Azulão não tem a mesma atitude? Seria alguém tramando a queda do treinador? Acho que não!

Possivelmente, apenas a Síndrome de Holofote. Traduzindo: o Azulão só mostrou que é macho e cantador porque, mesmo como coadjuvante,tinha palco, luz,espectadores de sobra e todas as atenções da imprensa escrita, falada e televisada. Prato cheio pra quem quer mostrar serviço e aparecer.

São Caetano está em 12º lugar com apenas 14 pontos ganhos, a sete do G-8 e a cinco do G-4. Próximo adversário, em casa, domingo, é o Mirassol, 10º colocado.

Tomara que o Azulão repita a performance. A cigana de Márcio Araújo vai adorar! Os poucos mas verdadeiros torcedores também.

sexta-feira, 2 de março de 2012

A cigana de Rio Pardo

Sou obrigado a confessar! Quarenta anos atrás, em São José do Rio Pardo, visitei uma cigana. O assunto passava distante de amores sonhados ou desmanchados. Era futebol.

Afinal, eu só queria saber se valia a pena vir pra Santo André tentar a sorte. Eu não era craque. Mas também não me julgavam perna-de-pau. Havia admiradores e admiradoras.

Por via das dúvidas, não custava uma olhada nas mãos ou nas cartas. Com todas as letras, sem titubear, aquela senhora estranha me garantiu:" Menino, você não é dos melhores, mas tem muita vontade. Pode dar certo".

-- Então, é melhor mesmo eu fazer Geologia ou Educação Física? Melhor não correr risco.

-- Quem sabe? Mas tem futuro como quem gosta e entende de futebol. Se estudar e se aprimorar, vai ganhar dinheiro na profissão. Vai dar aula de futebol.

Pois é... Não é que a cigana me enganou direitinho! Pelo menos na essência da frase final! Joguei um pouco, fiz Educação Física, além de jornalismo, e sempre gostei de estudar o esporte como um todo.

Só que, cada vez mais, tenho a impressão de que não entendo nada, ou bem pouco, de bola. A danada da mulher toda colorida me levou no bico.

Parece que quem entende mesmo do riscado é o meu conterrâneo Márcio Araújo (Longo), a quem admirei como jogador do São Paulo e respeito como homem.

Porém, não é possível que o Márcio seja tão bom e eu não conheça nada. Não consigo compreender, captar, aonde o moço quer chegar.

Nesses meses de São Caetano é provável que tenhamos concordado em apenas 20% das atitudes que tomou como treinador de um time sem torcida atuante, mas que já foi campeão paulista, vice brasileiro e da Libertadores.

Não consigo fechar os olhos e deixar de discordar. O Márcio consegue escolher o esquema inadequado, escalar errado, enxergar outro jogo e mexer sem inteligência. Até o banco de reservas é questionável. Tudo num jogo só! É demais!

Lamento, mas tenho a impressão de que o Márcio foi na mesma cigana e ouviu que seria o maior técnico do mundo. E olha que não por indicação minha, nem do Rondinelli, do Modesto, do Zanata, do Edson Boaro, do Luiz Fernando, do Souza, do Richard, do Aluísio ou do Andrezinho, todos também de Rio Pardo.

Salvo raras exceções, quando faiscam lampejos de futebol coletivo, com tática, técnica e aplicação, o Azulão tem sido um fiasco. Repito: um fiasco.

O primeiro tempo do jogo de ontem -- 2 a 2 diante do limitadíssimo Oeste de Itápolis quando poderia vencer sem atropelos -- foi mais um exemplo da antítese do bom futebol. Um marasmo! Uma afronta. Um desrespeito aos 350 torcedores que pagaram ingresso.

Um time burocrático, morto. Portanto, sem vida. Cada soldadinho inglês no seu posto. Sem piscar, sem olhar pro lado. Um goleiro, quatro zagueiros, dois volantes de contenção, dois armadores e dois atacantes.

Todos a marchar no passo certo. Mas tudo isso sem liga, sem tesão pela vitória. Por isso, o Azulão não sai mesmo do chão. Não voa mais alto porque não é um time. Tem individualidades estanques e sem brilho, e um coletivo com odor de lixo.

Enquanto isso, a pastor -- com todo o respeito -- Márcio Araújo exercita sua paciência. Faz experiência atrás de experiência, teste sobre teste nos três setores, e não consegue mostrar que, enfim, tem um time para não se limitar a fugir do rebaixamento. Sorte que os quatro últimos já parecem definidos.

Até mesmo a condição física pode ser questionada. Ou será que o grupo só acorda quando sente que pino 220 dá um choque razoável? O que é um paradoxo, já que jogador que anda ou se limita a passes laterais não tem por que sentir cansaço.

Se não quiser correr riscos, passou da hora de acordar. Inclusive o poder maior do clube. Ou será que o técnico é o único culpado? O time não tem atitude. O treinador também não! Ao menos é o que demonstra publicamente.

E o presidente Nairo faz o quê? Em vez de chacoalhar a roseira, cobrar duro, prefere o inadmissível comodismo da omissão? Tá esperando o quê, presidente?

quinta-feira, 1 de março de 2012

Clássico de segunda pune rivais

São Bernardo e Santo André fizeram um clássico de segunda classe ontem à noite no Primeiro de Maio. E o fato de estarem na A-2, a Segunda Divisão do futebol paulista, não justifica.

Principalmente na década de 70, Santo André e Aliança protagonizavam clássicos eletrizantes. Jaçatuba ou Baetão lotados, confusão entre torcedores, semana agitada e extrema rivalidade. Quem viu pode confirmar.

Dentro de campo, um desfilar contínuo de técnica e raça. Lembro-me de um 0 a 0 excepcional, em 76, num Jaçatuba lotado. Foi um clássico inesquecível.

O Santo André tinha Fernandinho, Tulica, Romolo e cia. Acabarade ser campeão da Intermediária sem acesso. O Aliança, que não tem nada a ver com o SB atual, era recém-saído do Desafio ao Galo e do amadorismo.

Um timaço. A começar pelo maluco Carioca, que fechou o gol. Osmar e Passsarinho eram os zagueiros de área. Meio-campo tinha Julio Amaral e China. No ataque, Peru e Baitaca eram infernais. Dava gosto!

Naquele dia, o Ramalhão dominou, sufocou o adversário e criou inúmeras oportunidades de gol, mas não ganhou. Ontem, pouco se viu de futebol. Uma pobreza tática e técnica de fazer inveja. Nem mesmo determinação ou a velha garra de arquiinimigos se viu.

Assustado com o longo jejum de vitórias, o Santo André entrou para se defender e especular algum rápido contragolpe ou uma bola parada capaz de ressuscitar.

Achou o gol na bola parada e talvez até conseguisse vencer se o zagueiro Júnior Paulista não levasse cartão vermelho no final do primeiro tempo. Muito pouco pra quem já foi tão respeitado.

Já o Tigre vinha de cinco vitórias seguidas e, aparentemente, tinha tudo para vencer. Aparentemente, só! Mesmo com mais volume, o time de Luciano Dias não foi criativo, falhou muito nos cruzamentos de alas em dia ruim e não teve sentido de penetração.

No linguajar de Tite FM, não teve velocidade, nem intensidade, nem coletividade. Não foi verticalizante, nem cortante. Suas conclusões foram ridículas, com índice de aproveitamento bem perto do chão.

Depender de um Danielzinho instável e de um Ney Mineiro de mal com o gol é demais. Se estiverem em forma, Raul e Fernando Gaúcho devem ser titulares com urgência. Os mais de cinco mil torcedores tiveram paciência até demais.

Luciano Mandi também precisa ser mais participativo e incisivo. Sozinho, Bady não vai resolver. Já o sistema defensivo -- especialmente os zagueiros -- não podem deixar buracos no setor central.

É necessário encostar no meio-campo. Por sorte, o voluntarioso mas ainda limitado Ramalhão estava com um homem a menos e não soube ou não pode explorá-los.

No frigir dos ovos, o que vi ontem pela TV+ foi um clássico de segunda classe em que os rivais foram os maiores prejudicados. O Tigre não se sustentou entre os oito classificados e o Santo André continua bem perto da zona de rebaixamento.

Como o campeonato é, de fato, uma montanha russa, não quer dizer que os dois não tenham condições de melhorar e até mesmo chegar entre os melhores. Mas só faltam oito rodadas. Sábado o Tigre recebe o Monte Azul; domingo o Ramalhão vai a Rio Preto.