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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Por um cálice de atenção...

Ainda é Natal! Me desculpem, por favor, e tentem compreender o desabafo. Minha sensibilidade está à flor da pele. Do nada, brota uma lágrima, outra e mais outra. O velho sorriso já é escasso.

Depressão? Não! Melancolia? Saudade dos pais que se foram? Do filho que não apareceu? Dos irmãos distantes? Sei lá! Só sei que machuca! Corta como navalha!

O importante, a boia salvadora, é que, no silêncio da cidade grande e sob o testemunho da lua cheia,  recebo o carinho incomparável, porque sincero, da filha, Maira, e dos netos, Victor e Júlia. Paixões doentias, vulcânicas. Simplesmente, a-va-ssa-la-do-ras.

Porém, não sei por que, e não só hoje, repito, virei um chorão contumaz. Por muito ou por pouco. Pra ser justo, às vezes, até de alegria. Como na maior conquista do time de coração.  Então, talvez seja apenas carência de pai, esperança descabida.

São novos tempos, mais acelerados, sem tempo a perder. É preciso compreender e tocar a vida. Mas fica, sinceramente, uma pitada de amargura, de decepção, ao dar de cara com as agruras da vida e perceber que o tempo, infelizmente, passou.

Sei que erros e acertos fazem parte. Sei que também sou culpado, responsável. Os filhos cresceram. Alguns professores da vida, aos quais eu jamais deixaria de agradecer,  já partiram. Mesmo sem serem perfeitos, deixaram lições de vida eternas.  Daquelas que resistem a tsunamis, tornados, furacões e até desprezo.

Certos momentos passam a ser cortantes. Como o médico irresponsável  -- que novidade, né? -- que falta ao plantão da noite natalina quando poderia salvar a menina, mais uma vítima de bala perdida.

Como o prefeito da cidade vítima das enchentes que tem a cara-de-pau de desviar verba governamentais e doações para contas particulares. Abandona cidadãos desabrigados em benefício do próprio umbigo.

Quando não é isso, os caras, esses políticos inescrupulosos, são capazes de cortar a merenda escolar de pequeninos famintos. Uma farsa, mais uma fraude. Afinal, pra quê comer? É mais vantajoso fazer obras e ganhar  por fora, de construtoras e empreiteiras.

O que dizer, então, de prefeitos, vereadores, deputados, senadores e presidente -- inclusive aquele que não sabe de nada -- que brincam com saúde da população e transformam hospitais em verdadeiros matadouros?

Também me dói no peito ver aquelas crianças, no lixão, dividindo  espaço com  adultos e até urubus e ratos gigantes e fedorentos, à cata de uma sobrinha qualquer que pode significar a salvação. Pra não morrer de fome! É triste, chocante!

Ou os idosos, amontoados em asilos mal-cuidados ou mesmo isolados em casa, sem a companhia de filhos que,  se normais e com um dedinho de gratidão --  poderiam lhes proporcionar um momento de carinho, de atenção. Só serve se tiver dinheiro ou a merreca do INSS.

O que dizer, então, daqueles moradores de rua por absoluta falta de um lar, de um aconchego, de alguém que lhes estenda a mão? Um simples gesto de amor, de compreensão. Afinal, eles precisam voltar a sonhar.

Tanto quanto o dependente químico, que, por opção própria ou imposição da vida -- quase sempre arapucas do destino -- está abandonado. Sua companhia é o cachimbo que  empolga, engana, dilacera e mata. O viciado e a família.

Crianças -- a brutalidade do atirador que assassinou tanta gente nos EUA foi uma monstruosidade --, idosos, dependentes e tantas outras vítimas da sociedade merecem momentos de felicidade. Talvez uma oportunidade de dar a volta por cima.

Quem sabe com um toque mágico, no rosto. Um carinho no cabelos. Um olhar respeitoso. Um pequenino gesto de solidariedade, de amor ao próximo. Talvez um obrigado, sussurrado, bem baixinho, ao pé do ouvido.

Enfim, coisas que se falam ou se fazem com a cumplicidade do coração. Mesmo que seja um pedido de perdão. Um simples piscar de atenção verdadeira, sem interesses.

Obrigado minha filha. Obrigado moleque. Cuidado pra não cair da bike nova.  Obrigado princesa. Não se esqueça de abraçar o ursão.

Obrigado por um cálice de carinho com a força do mar. Um cálice de atenção com a doçura do mel. Um cálice de amor com a intensidade do sol. Com a sinceridade e a inocência de crianças capazes de dizer: vô, te amo.

Amor! Uma palavra mágica. Gratidão! Uma atitude de grandeza. Doação! Um gesto de humildade tão simples quanto belo. Tão raro e difícil para alguns quanto arrebatador! Mais uma vez, obrigado por vocês existirem. Vô Raddi também ama vocês.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Marta: cesta de três ou bandeja desastrosa?

Instado por um amigo corintiano, hoje cedo no Parque Central,  sob chuva e em plena corrida, acabei deixando a resposta (?) para o texto do blog.

Afinal, Marta vai representar uma bela cesta de três pontos ou uma bandeja desastrosa,  desperdiçada quando a marcadora mais próxima estava a dez metros do garrafão?

Sinceramente, é muito cedo para se projetar sucesso ou decepção de quem foi tão importante para o basquete brasileiro, mas, como dirigente pública, está apenas começando.

Futura Secretaria de Esportes e Lazer de Santo André, a ser criada por decreto e/ou aprovação da Câmara de Vereadores, não é tarefa tão simplória, pra qualquer para-quedista metido a besta.

Indicação da pivô revelada em Santo André, pelas mãos de Laís Elena Aranha e que acabou nos Estados Unidos e na Seleção Brasileira, me pegou de surpresa. Achei que alguém havia confundido com a Janeth. 

Fontes confiáveis garantem que a ex-atleta, ligada ao PC do B, parceiro do PT, apoiou o deputado estadual eleito prefeito e foi recompensada. Por  esse ângulo, nenhuma surpresa. Secretariado de Carlos Grana privilegiou o viés político-sindical e repete vários nomes de administrações anteriores. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Vários nomes eram especulados, menos o de Marta.  Além de Janeth  (basquete), apareciam William Carvalho (vôlei), Celso Luiz de Almeida (presidente do ECSA e ex-diretor de Esportes em Santo André), Carlos Tadeu Costa (secretário de Esportes em São Bernardo e ex-diretor de Lazer em Santo André), Raimundo Salles (político derrotado e advogado) e até mesmo José Eduardo Barbosa( dirigente do Aramaçan).  Por isso a surpresa.

O fato de Marta ser do esporte é bom.  O fato de ser medalhista olímpica e pan-americana ( ouro, prata e bronze) também é interessante.  Pesa no currículo! Tanto quanto a origem na favela  e o fato de trabalhar com crianças e adolescentes carentes ( Projeto Lance Livre) na favela de Heliópolis e no Grande ABC.

Discurso da basqueteira em prol da inserção social e da formação do cidadão por meio de escolinhas de esportes é outro ponto positivo. Na teoria. Assim como a aposta no binômio esporte-educação. Se praticar mesmo tudo isso, Santo André só tem a ganhar.

Mesmo assim, não dá pra garantir que Marta vai acertar o arremesso e converter três pontos decisivos para um esporte  problemático e em franca decadência nos últimos anos. Principalmente como drástica consequência de investimento pífio, competência duvidosa, comprometimento enganoso e excesso de vaidade diretiva.

Também não há como afirmar que a bandeja fácil, até pra juvenil, vai ser desperdiçada de forma ridícula. Marta tem personalidade forte e esbanja confiança, mas a realidade é dura. Pra quem não sabe, só pra começo de conversa, no alto rendimento salário atrasado virou rotina nos últimos tempos. Em São Caetano não foi diferente...

Como resolver esse e outros pepinos? Nossa grande reboteira vai precisar  rebolar muito e provar que merece o cargo, que é capaz de liderar e de gerenciar recursos financeiros e humanos como fazia com a bola de basquete.

Pra tanto, é fundamental que a administração Grana encare o esporte não como prioridade, mas com a atenção e o respeito que não lhe foram dedicados na  gestão por se findar. Se o PT olhar o esporte com o mesmo menosprezo do prefeitão, Marta não vai concretizar nem a bandeja. Repetirá o fiasco atual!

Se a escolha de Grana for mesmo apenas um agrado político e Marta não souber montar equipe competente e comprometida com o esporte -- não só o basquete --, Santo André vai continuar dando vexames nas quadras, nas pistas, nos campos, nas piscinas e onde quer que se pratique esporte.

Marta colecionou vitórias, ganhou medalhas e foi campeã ao lado de feras incomparáveis como Paula e Hortência. Agora, tem a oportunidade de ser protagonista. Sozinha, pode dar com os burros na água. Cercada de assessores de meia tigela e comissionados impostos e vagabundos, vai bater a cabeça no aro.

Então, que a experiência de Marta comece com o pé direito, tomando pé da situação nada confortável e escolhendo profissionais certos para os lugares certos. Sem agrados, sem protecionismo e sem corporativismo nefasto. Inventar pivô no lugar de ala é suicídio. Especialmente pra quem vive a passear à beira do canyon.

Tenho cá minhas dúvidas quanto à desenvoltura gerencial de Marta em quadra minada e desconhecida, com bons e maus profissionais, como em todos os segmentos da sociedade, mas desejo boa sorte! Avaliação virá com o tempo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Ramalhão volta ao ninho. E agora?

Como era de se esperar, o futebol profissional de Santo André está de volta ao velho ninho. Só que o ninho já não é o mesmo. Os pais são conhecidos, dedicados e capazes.

Como era de se esperar, o todo-poderoso  Ronan Maria Pinto entregou a rapadura por absoluta falta de competência gerencial. Lógico que o empresário jamais reconhecerá a derrota. Quando interessa, problemas pessoais servem como escudo para a incompetência.

Como era de se esperar, o Sagedd -- Santo André Gestão Empresarial e Desportiva Desastrosa -- sucumbiu por se submeter sem contestações, covardemente,  a um regime ditatorial e por não ter intimidade  com as coisas do futebol. Em outras áreas, pouco nobres, por sinal, dizem que o chefe é expert.

Como era de se esperar, sobrou para o Esporte Clube Santo André um singelo, irônico e cinico bilhete: Quem pariu que o embale. Com carinho, do amigo RMP.

Como era de se esperar, o Diario do Grande ABC, ainda presidido por RMP, se limita a informar que Sagedd e Santo André fizeram um acordo de cavalheiros e a criança debilitada foi devolvida ao bom berço que a acolheu em setembro de 1967.

Como era de se esperar, ninguém informa com transparência as condições em que a criança chega após passar pelas UTIs e frequentar os sombrios corredores do Hospital do Rebaixamento. Ou o Sagedd não precisa assumir dívidas e responsabilidades? Será que agora os pais conhecem a realidade deixada por quem sempre a escondeu?

Como era de se esperar, quando emparedadas -- raramente -- as partes falam sem clareza,  sem consistência, sem dizer nada. Não revelam como ficam as reais responsabilidades  jurídicas, fiscais e trabalhistas do clube após todos os prejuízos morais e financeiros.

O problema é que o Sagedd jamais respondeu juridicamente por qualquer ato. Nada saiu do nome do Santo André.  Inclusive os contratos de jogadores. Até mesmo na Federação Paulista de Futebol, onde  merecido respeito é direcionado ao presidente Celso Luiz de Almeida, que  tem trânsito livre.  Isso pode ajudar!  

Como era de se esperar, o DGABC, até então espécie de assessoria de imprensa privilegiada de RMP, não fala nada sobre  dívidas  superiores a R$ 30 milhões. Pra quem não tem nada além do patrimônio... Como ficam acionistas do Sagedd, credores e até mesmo o INSS, com recolhimentos atrasados?

Por sinal, não me esqueci de que sou uma das vítimas. Acredito, como amigo e ex-funcionário, que o presidente cumpra sua palavra. Afinal, o bom empregador tem de honrar suas obrigações trabalhistas plenamente.

Como era de se esperar, repito, nossos órgãos de imprensa também não citam uma herança maldita, um rombo financeiro que pode até resvalar nos cerca de 3.2 mil associados titulares ( com dependentes, mais de 13 mil sócios, em números atualizados) do belo poliesportivo encravado no Parque Jaçatuba.

Administração de finanças  -- sempre no limite -- e gerenciamento de recursos humanos já não são lá essas coisas. Volta do futebol  profissional pode fazer com que tudo se agrave e  orçamento, já com a faca na jugular, feche no vermelho.

Pior é que a herança pode afetar a saúde financeira do clube e a saúde clínica de dirigentes apaixonados. Mais uma vez, Celso e Jairo vão abrir mão da família e de cuidados próprios em prol do Ramalhão. Alguém duvida? Talvez não tivessem escolha!

Não nos esqueçamos de que a cessão da área pública municipal em comodato tem algumas  cláusulas importantes, incluindo a manutenção do futebol da cidade. Ter aquele patrimônio não é sinônimo de riqueza.

Ou será, que, simplesmente o coração azul dos dois importantes cardeais falou mais alto?

Como o Ramalhão, com a imagem desgastada e hoje de quatro,  apoiado por poucos torcedores dedicados,  vai se virar sem caixa, sem patrocinadores e sem as cotas da TV? Talvez a Timemania ou os mensaleiros do governo ... Não duvide; nem seja trouxa!

Como será  a relação do ECSA com o Poder Público? Com Aidan Ravin, o prefeito inimigo do esporte, foi um desastre. Por culpa do prefeitão e do todo-poderoso que se apresentou como salvador e se adonou do nosso Ramalhão.

Por comodidade ou  omissão, parece que a maioria da imprensa regional dá demonstrações de que não vai questionar com profissionalismo possível relação político-clubista  nebulosa envolvendo o PT de Carlos Grana com o clube. Prefeito eleito já esteve no Jaçatuba.

O que será que pensam torcedores, sócios, conselheiros, cotistas, potenciais patrocinadores hoje distantes -- enfim, a sociedade andreense -- sobre o futuro de um clube que já nos deu tanta alegria e hoje está no fundo do poço?

Sem caixa,  provavelmente o Ramalhão vai montar time modesto e apostar na poucas revelações aproveitáveis. Mesmo porque, sem investimento à altura, as categorias de base  ( Sub-13, Sub-15, Sub-17) estão escanteadas.

Quando não, entregues de mão beijada a ONGs que, em nome do social quase sempre empresarial, recebem verba do Ministério do Esporte usando e abusando do nome do Santo André. Abra o olho, presidente! É melhor passear pelos nossos campos distritais e checar os documentos.

O presidente Celso Luiz de  Almeida e o vice Jairo Livólis se dedicam ao Ramalhão há mais de 30 anos. Já estiveram no comando do clube, e do futebol, por 15 anos, de 1992 a 2007.  É bom lembrar que sou contra o continuismo prolongado.

Agora, além do importante clube social,  voltam a comandar o futebol em momento que não permite erros nem amadorismo. O quê não se faz para não ver morrer um amor antigo? Me desculpem, mas, sem respaldo, soa como loucura. É uma aposta nas trevas. Precisa ter peito para assumir tamanha bucha de canhão!

A criança cresceu e passou a significar um balaio de problemas, da base ao profissional,  agora nas mãos de quem sempre se dedicou mas não pode fazer milagres se não contar com o apoio de torcedores, de empresários e até mesmo do Poder Público. Sem paternalismo!

Desde que, como acontece de forma abusiva em São Bernardo -- e o amigo Daniel Lima está coberto de razão -- , o PT, provável parceiro a respaldar,  não se arvore de salvador e posteriormente dono do Ramalhão.

Desde que o PT não partidarize as relações protecionistas e se julgue no direito de trocar o azul do Ramalhão pelo vermelho do partido. Ajudar pode. Melhor, deve. Com limites. Se não for possível, que ao menos não atrapalhe. Como Aidan Ravin e cia.

Em resumo, os abnegados Celso e Jairo pegam uma verdadeira batata quente. O passado é erros e acertos, de lutas e glórias, vitórias e derrotas inesquecíveis. O futuro é incerto e temerário. Precisa ter peito! Boa sorte, senhores!  Não lhes falta currículo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Campeão não ganhou o mundo no 4-2-3-1

Garanti, na véspera, que o campeão mundial interclubes adotaria o esquema 4-2-3-1. Entenda-se: com diferenças de posicionamento e características individuais,  Corinthians e Chelsea jogariam predominantemente com quatro zagueiros, dois volantes, três meias e um atacante de referência.

Mas não foi bem assim. De fato, Tite escalou o campeão no 4-2-3-1, mas a prática ficou próxima de um 4-2-2-2, com pequenas variações. Os laterais seguiram a banda e marcaram com a eficiência que se espera de um time determinado e taticamente disciplinado. Triangularam com Danilo,  Jorge Henrique e Paulinho. Pouco se aventuraram ao ataque.

Ralf cumpriu sua função de proteção, mas não foi tão eficiente porque errou passes e em alguns momentos se viu sobrecarregado pela ofensividade e pelo bom toque de bola do adversário. Raramente passou do meio-campo. Não precisava e não devia, viu, Neto!

Onde já se viu, o ex-craque do Corinthians, hoje comentarista da Band,  usar o microfone para dizer que Ralf estava jogando mal e que deveria evitar os lançamentos de Lampard para Fernando Torres, Moses e Hazard?

Besteira pura! Imaginem o volante campeão saindo da frente da zaga para ir buscar Lampard lá na intermediária do Chelsea. Dominado pela emoção, Neto -- um dos jogadores mais importantes da história do Corinthians -- deve ter visto outro jogo. Tarefa caberia a um dos atacantes ou um dos meias operários. Se preciso, até mesmo Paulinho. Enfim, quem estivesse mais próximo. Jamais Ralf.

Sem a bola, o aplicado Paulinho recuava para ajudar Ralf, enquanto que Danilo e Jorge Henrique fechavam os espaços por onde poderiam subir os laterais. Principalmente Ashley Cole pela esquerda. Por isso, taticamente,  Jorge Henrique foi quase perfeito.

Além de bloquear o ala inglês, Jorge Henrique assessorou Alessandro e reduziu os espaços do rápido belga Hazard.  Mais uma vez, Tite  foi coerente e acertou em cheio ao sacar Douglas em benefício da equipe.

Já Emerson foi mais um segundo atacante do que um terceiro marcador, naquela cantada linha de três falsos meias. Não foi excepcional, mas até ajudou a cercar e chamou a marcação ao flutuar  do centro para as beiradas do campo. Também foi fominha em três ocasiões, mas não deixou o herói peruano, Guerrero,  tão isolado.

Portanto, Tite acabou  dando um baile tático ao passear pelo 4-2-3-1, o 4-2-2-2, o 4-1-3-2 (com Paulinho completando uma linha de três à frente de Ralf) e até o 4-4-2, com duas linhas de quatro e dois atacantes (um de velocidade e outro de referência, esperando a chegada dos companheiros).

Sem desmerecer a conquista corintiana e a inteligência diferenciada de Tite, hoje o melhor técnico do Brasil,  Rafa Benitez foi determinante no resultado. Escalou errado e mexeu tarde. Bastava manter o 4-2-3-1 bem compacto ou mesmo colocar Lampard mais recuado no lugar de Moses, liberando um dos meias.

Mas não! Em plena final, inventou um 4-2-2-2 ( com variação para 4-2-1-3) frouxo no preenchimento dos espaços e na marcação. O espanhol sacou Mikel, um volante que sabe marcar e sair pro jogo, e escalou Ramires como primeiro homem de contenção, ao lado do experiente mas recém-lesionado Lampard. Por isso sem tanta mobilidade e preparo físico contra um Corinthians que sobra na transpiração, na pressão constante.

O espanhol Juan Mata ficou incumbido da armação e da chegada ao ataque ao lado de Hazard, pela esquerda, e pelo meio. Só que o belga é rápido e perigoso com a bola nos pés, mas não marca ninguém. Por isso a variante com três atacantes propiciava campo para o Timão jogar.

Ao contrário do que eu esperava, Moses foi muito mais um segundo atacante, para jogar no mano a mano ou às costas de Fábio Santos, do que um meia mais defensivo do que Oscar. Foi ofensivo e exigiu uma grande defesa de Cássio. Só! Com Oscar o time inglês ganharia mais criatividade e jogadas de aproximação.

Desde que o Chelsea estivesse preparado taticamente para ocupar os espaços entre os três setores, com a aproximação e compactação de zagueiros, volantes e meias. Como seus zagueiros são lentos e durões -- especialmente  Ivanovic e Cahill --  Rafa Benitez não ousou correr riscos de tomar contra-ataques fatais.

Melhor para um Corinthians com volume e intensidade de jogo, comprometido, determinado e inteligente do começo ao fim. Mesmo quando não tinha domínio e dependia dos milagres de São Cássio. Um santo com cara de louco, diga-se. E que ainda está longe de São Marcos.

Coletiva e taticamente, o Corinthians foi bem melhor. E provou que força defensiva não é sinônimo de retranca.  Por isso ganhou o futebol coletivo, organizado. Individualmente, destaques para Cássio, Guerrero, Danilo ( jogou muito!) e Jorge Henrique.

Segundo melhor jogador do Brasil -- só perde de Neymar -- Paulinho foi importante para o esquema de Tite, o cara. Mesmo sem o brilhantismo de costume, Paulinho apareceu bem no ataque e participou inclusive do gol de Guerrero. Assim como Jorge Henrique e Danilo.

Coletivamente, o Chelsea não foi organizado e só mostrou que Rafa Benitez precisa aprender mais e teimar menos. Individualmente,  gostei da David Luiz, Lampard e Ramires.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Um Guerrero, uma conquista e um Pai feliz

Momentos de tristeza e, principalmente, de muita felicidade,  são feitos para se compartilhar. Pra chorar ou sorrir junto. De preferência com a família e com os amigos mais próximos, aqueles com jeito de irmãos.

Hoje cedo, logo após o Corinthians conquistar o Mundial Interclubes e pintar o globo de preto e branco, abracei a Angela sem conter as lágrimas. "É campeão!!!. É nóis!!!"

Em seguida, meio que sem pensar, fui até a sala de estar, olhei para o telefone e aí... aí, sim, chorei de verdade.  De saudade. Uma saudade cortante.

Só que não adiantava ligar para repartir tamanha felicidade. Afinal, ainda não descobri o número do "céu". Momentaneamente resignado, ligo e festejo com filhos (Maira e Felipe), neto (Victor) e irmãos (Valéria e Moisés).

Ausente há um ano e meio, seu Valério "conversou" comigo quando ganhamos a Libertadores. Então, penso, hoje não seria diferente. Ele gostaria de saber como foi a conquista histórica, festejada até agora. Então, resolvi contar. 0193608...

-- E aí, Pai, tudo bem? Tô com saudade! O senhor faz falta, sabia?

-- Oi, filho. Aqui é muito paradão, meio quieto. Nem sabiá eu escuto cantar. Mas tá tudo bem. De vez em quando, tomo uma cervejinha com seus tios e jogo bocha com o pessoal mais velho. Posso pescar traíra, mas não me deixam caçar com aquela cartucheira de dois canos. Dizem que é pecado matar nhambu. E por aí, tudo em ordem com seus irmãos e com os meus netos?

-- Opa! Tudo certo e todos com saúde. Victor e Júlia são espertíssimos. E aí, assistiu a vitória do nosso Timão?

-- Como? Aqui ninguém tem rádio nem televisão. Sei de alguma coisa só quando alguém sobe e traz  notícia ou algum recado. Ou quando você inventa esse "telefone sem fio" com nome de saudade. Quanto foi? Gol de quem? Do Ronaldo?

-- Pai, foi muito legal. Ganhamos do Chelsea, da Inglaterra, por 1 a 0. Gol do Guerrero! O Ronaldo já parou.

-- Quem é esse Guerrero? Aquele que era do Santos e jogava com o Pelé?

--  Não, Pai! O Toninho Guerreiro já morreu. Talvez vocês se encontrem por aí pra tomar uma. Ele também gostava. O Guerrero é um peruano que chegou há pouco tempo. Jogou muito. Assim como o Cássio e o Danilo. O Cássio travou o gol, segundo seu bisneto. 

-- Como assim, travou?

-- Pegou até pensamento, Pai. Mas o time todo foi bem como conjunto. Foi intenso, solidário, aplicado, marcou muito e não se acovardou. Foi corajoso, foi pra cima dos caras e ganhou por me-re-ci-mento. E olha que eles são bons e assustaram várias vezes. Pararam num goleiro com cara de maluco.

-- Maluco por que?

-- Jeitão de doido, Pai. Antes maluco do que veado, como diz o antigo ditado, do seu tempo, quando não era encarado como preconceito. E olha que o nosso time foi bem diferente daquele Santos que levou um baile técnico e tático do Barcelona no ano passado.

-- Mas o Barcelona joga bonito e  é bem melhor que esse time aí. Parece o Santos do Pelé, o Cruzeiro do Tostão, o Flamengo do Zico...

-- Sim! Mas o Chelsea não é bobo não. Tem um monte de fera por lá. Cech, Lampard, David Luiz. Sabia que esse menino, David Luiz, é aqui de Diadema? Quando moleque, ele era corintiano. E hoje foi um dos melhores em campo. O senhor se lembra de que eu, quando criança, lá em São José, era santista, por causa do Pelé?

-- Lembro sim, mas isso é passado. Eu não podia te forçar a torcer pro meu time, né?

-- Ainda bem que eu cresci e virei corintiano. Por enquanto o Victor é palmeirense, como o pai (Danilo), mas também vai crescer e, quem sabe, entrar para o bando de loucos.

-- Como assim, bando?

-- É, Pai, agora é moda por aqui. Todo corintiano grita Vai Corinthians e se diz integrante de um bando de loucos. Acredita que lá no Japão tinha mais de 30 mil corintianos. Outra invasão! Fizeram como no Maracanã, contra o Fluminense, em 76. Só que desta vez eu não fui.

-- Um Guerrero fez gol pra 30 mil invasores?

-- Sabe que o senhor me deu uma idéia pro título da coluna? Um Guerrero, 30 mil invasores e uma conquista.

-- Você ainda escreve o Confidencial?

-- Não, Pai, o Diario é passado.

De repente, um silêncio  enigmático, quebrado pelo som característico de quem, a soluçar, tenta conter o choro. Lágrimas de um campeão. Lágrimas de um Pai feliz.  De um Pai que foi embora sem dizer adeus.

Tomara que Ele não se esqueça de dar o grande recado pra minha mãe...

    

sábado, 15 de dezembro de 2012

Campeão mundial joga no 4-2-3-1

Decisão de amanhã em Yokohama tem pelo menos duas certezas: o bando de loucos vai invadir e torcer como nunca e o esquema tático que vai ganhar o título mundial é o 4-2-3-1.

Resta saber se o dono do mundo da bola será o Corinthians campeão invicto da Libertadores ou o Chelsea campeão europeu.

Distribuição numérica de ambos é semelhante, mas atuação é bem diferenciada. Tite escala quatro zagueiros de ofício, que raramente se aventuram ao ataque: Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos.

O espanhol Rafa Benitez também volta ao normal, com Ivanovic, Cahill, David Luiz e Ashley Cole. Só que aquele menino corintiano de Diadema se projeta com fluidez ( e deixa buraco nas costas) e Cole apóia com desenvoltura.  Corinthians pode atacar por ali. Quem sabe surpreender com Paulinho, Emerson...

Timão de tanta gente se apresenta com dois volantes. Ralf  é cão de guarda mais centralizado e próximo dos zagueiros internos, mas cobre os dois lados. Paulinho ajuda mais pela direita e na retomada de bola se transforma em meia-atacante. Aí o Corinthians se transforma em 4-1-3-2.

Se Paulinho for bem marcado, o Chelsea fica mais perto do sucesso. O problema do time inglês é que Mikel marca bem, tem bom passe e sabe atacar, mas o segundo volante ainda não está definido.

Ramires é mais rápido na chegada ao ataque e na recomposição defensiva, enquanto que o veterano Lampard é mais experiente e melhor finalizador.  Alguém vai ter de cobrir o setor de David Luiz e Ashley Cole.

Ultimamente, o Chelsea ter jogado com três meias de constante aproximação, velocidade, ousadia e excelente toque de bola. Juan Mata pela direita, Oscar centralizado e o belga Hazard pela esquerda. Todos quase sempre encostam no 1, Fernando Torres.

Problema é que, se a defesa não subir e os três não ajudarem na marcação, não compactarem com os volantes, o Corinthians vai ter espaço para trabalhar com  Paulinho, Danilo e Jorge Henrique, dando mais opções para Emerson, no facão pela esquerda, e Paolo Guerrero, na referência.

Entrada de Jorge Henrique significa assessoria defensiva para Alessandro conter o lépido Hazard e mais velocidade para chegar no mapa da mina. Sem Douglas, perde-se a opção daquela enfiada de bola fatal. Mas o time ganha intensidade, voluntariedade e disciplina tática. Desde que Jorge Henrique não apronte alguma molecagem. Romarinho é boa opção ofensiva.

Por isso, por respeito,  Rafa Benitez está em dúvida se escala Oscar ou o mais defensivo Moses, que entraria pela direita, centralizando Mata. O alemão Marko Marin também pode aparecer como surpresa no lugar do meia brasileiro. Sinal de que Benitez também está preocupado em não dar espaços ao time de Tite.

Se uma final de Mundial se resumisse meramente ao confronto tático, seria mais ou menos assim. Como também existem os componentes físico, técnico e  emocional, além do imponderável futebol clube, tudo pode acontecer.

Uma expulsão, uma lesão muscular,  um gol-relâmpago, uma falha individual, um  erro de arbitragem, a neve, o vento... Tudo isso pode fazer o título mudar de mãos quando uma decisão sugere equilíbrio e definição nos detalhes.

Os 35 milhões de corintianos loucos de verdade, lá representados por 30 mil invasores, só não vão admitir frouxidão, amarelão,  medo de perder.  Seria uma vergonha, um  fiasco. Mesmo que o adversário não seja o grande Barcelona.  Vai Curíntia!!! É nóis, mano!!!    

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O passeio do Chelsea

Ao contrário do que muita gente esperava, o Monterrey não ofereceu a mínima resistência diante do milionário Chelsea. Foi um passeio!

Vitória de 3 a 1 poderia ter sido mais elástica e coloca o time inglês na decisão do Mundial Interclubes diante do Corinthians.

Até aí, nenhuma novidade. Deu o que  quase todo mundo previa. Superioridade dos times comandados por Tite e Rafa Benitez é indiscutível. Apesar do sufoco que o Corinthians levou contra o Al Ahly.

Contra adversário bem inferior, Rafa Benitez escalou o Chelsea no mesmo 4-2-3-1, mas teve a ousadia de agrupar e adiantar os três setores, dificultando a saída de bola mexicana.

Moral da história: Chelsea foi bem mais ofensivo porque os meias Juan Mata, Oscar e Hazard se aproximavam de Fernando Torres. E ainda se deu ao luxo de sempre liberar um dos laterais e um dos volantes.

Sempre atacou com muita gente.  Nada a ver com aquele Chelsea  retrancado que superou o Barcelona e o Bayern de Munique, ganhando a Liga dos Campeões da Europa.

Improvisado no meio-campo ao lado de Mikel, o zagueiro brasileiro David Luiz (corintiano desde criança, em Diadema) foi um dos destaques do jogo.

Outra boa surpresa de Benitez foi o retorno de Ivanovic para o miolo de zaga, com a entrada de Azpilinqueta na lateral-direita.

Frouxo na marcação do sistema defensivo,  espaçado e dispersivo na armação do meio-campo e sem poder ofensivo, o Monterrey foi presa fácil.  Além de jogar melhor, o Chelsea não encontrou obstáculos.

Contra o Corinthians, é bem provável que o time inglês não seja o mesmo. Pra começo de conversa, vai respeitar mais. É possível que David Luiz retorne ao miolo de zaga e Ivanovic à lateral. Mikel deve ser mantido, mas  talvez tenha Ramires ou o experiente Lampard como companhia.

Também não será surpresa se o posicionamento global for mais defensivo, com volantes e meias mais recuados, isolando Fernando Torres. Rafa Benitez  ainda pode trocar o criativo Oscar pelo mais combativo e operário Moses, que ficaria mais pela direita, com Juan Mata centralizado.

Tudo isso são suposições.  É bom lembrar que o Corinthians também deve apresentar novidade. Talvez um atacante de velocidade como Romarinho no lugar do instável Douglas ). Romarinho não arma, mas  marca mais e ataca com eficiência. Como Tite garante que seu time não jogará recuado...

Certeza de um jogo pegado, da disciplina tática sem covardia diante de individualidades que podem fazer a diferença na decisão. Pelo que apresentaram na estréia, o campeão da Libertadores tem 47% de possibilidades de ficar o título. Campeão europeu fica, portanto, com 53%.

Na teoria, ligeiro favoritismo! Na prática, só se saberá no domingo de manhã.      

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Botinudos pipocam e São Paulo é campeão

Pra ser sincero, não torço para o São Paulo. Pelo contrário! Quase sempre, quero mesmo é que os meninos do Morumbi chorem a cada resultado negativo. Coisa de torcedor. Nada mais!

Só que ontem foi diferente. Não que  estivesse deliberadamente disposto a ver o time do bom treinador Ney Franco massacrar o Tigre argentino.

No início, diante de um festival de pancadaria aplaudido por um árbitro incompetente, frouxo, comecei a perceber que a decisão da Sul-Americana não acabaria bem.

Antes mesmo dos belos e merecidos gols de Lucas e Osvaldo, me flagrei torcendo contra os argentinos. Nada de futebol! Só  correria e pancadaria! Como se fossem mais machos que os  são-paulinos.

Na saída para o intervalo o pau quebrou no campo e já no túnel de acesso aos vestiários. Os jogadores do São Paulo foram provocados ostensivamente por botinudos que, na bola, são nitidamente inferiores.

Com Dias e Paulo Miranda expulsos por um juizão feito de palhaço e culpado por não coibir a violência argentina, eu torcia para que no segundo tempo o Tigre levasse de seis. Só pra aprender!

Porém, não fui atendido. Depois de mais de 30 minutos de intervalo, veio a notícia triste para o futebol: de forma amadora e  irresponsável, os "valentes argentinos", sob alegação de lesões provocadas após atrito com seguranças do Tricolor -- o que precisa ser apurado sem patriotismo -- , pipocaram e  não voltaram para encerrar a decisão.

O São Paulo comemorou uma conquista merecida. O desrespeito argentino não impediu a vibração de mais de 60 mil torcedores presentes ao Morumbi na despedida do craque Lucas.

A gigante Metodista sobra e é hepta nacional

O sonho do hepta virou realidade! O forte handebol feminino da Metodista/São Bernardo manteve a hegemonia  na Liga Nacional.

Agora há pouco, em Concórdia, a Metodista precisava do empate para ganhar o sétimo título consecutivo. Mas sobrou em quadra no segundo tempo e venceu o  time catarinense por 22 a 20.

Mais uma vez com boas atuações da ponta-direita Agda, da cengtral Amanda e da goleira Jéssica, Concórdia ganhou o primeiro tempo por 11 a 8.

Principalmente porque  executou a transição com qualidade e velocidade. Apesar do equilíbrio, os contra-ataques da UNC/Concórdia foram mortais.  Mais uma vez, a goleira Ariadne apareceu bem, mas não faz milagre full time.

Além disso, a defesa 6/0 do adversário dificultou a conclusão eficiente das ações ofensivas da Metodista. Intensidade, volume e arremessos de fora das meninas de Eduardo Carlone morriam nas defesas de Jéssica.

O time de Alexandre Schneider tentou iniciar o segundo tempo com o mesmo posicionamento defensivo e igual aproveitamento nos contragolpes sustentados. Só não esperava que a Metodista se agigantasse e subisse tanto de produção.  

Para  buscar ao menos o empate, a Metodista arriscou mais, errou menos e defendeu muito mais forte ( 5/1), com uma aplicação invejável. Tanto que diminuiu a diferença para um gol em apenas  três minutos. E aos 10 já estava na frente, com 14 a 13, e o título na mão.

Amanda, que antes tinha liberdade para arremessar de fora, foi marcada mais de perto, individualmente, e Concórdia sentiu. Tanto quanto acusou a marcação ostensiva da Metodista -- Taíra entrou muito bem no ataque -- e passou a errar passes e  precipitar arremessos.

Aos 12 minutos já estava 17 a 13 para a Metodista. Abalada, nervosa e, para piorar, em inferioridade numérica, Concórdia se esforçava mas continuava errando tudo.  Ou quase tudo. Especialmente porque esbarrava nas virtudes do time de São Bernardo.

Aos 17 minutos estava  18 a 16 para a Metodista, quando a superioridade numérica -- dois minutos de exclusão para Taíra --  passou a ser de Concórdia, que pouco aproveitou.  Já com Taíra de volta, aos 23 minutos estava 19 a 16.

Nos sete minutos finais, a Metodista manteve a agressividade defensiva,  quebrou o ritmo da boa equipe catarinense, administrou o resultado e fechou com dois gols de vantagem: 22 a 20. 

Destaques individuais para Célia, Taíra, Adriana e Ariadne.  No coletivo, nota 10 pela determinação, pela valentia e pela aplicação tática.

Conquista  do hepta não só é merecida como vem coroar um trabalho pleno -- da inserção social e da base da pirâmide ao alto rendimento --, alicerçado em competência, profissionalismo e comprometimento de dirigentes, comissão técnica e jogadoras.

O Corinthians, o show e o susto

O Corinthians de hoje cedo no Japão deu um show, mas levou um susto. Nada disso surpreende.

O show foi da torcida. Mais de 20 mil corintianos fizeram muita festa no Toyota "Pacaembu" Stadium.

Os invasores do bem -- salvo  raríssimas exceções -- se adonaram do espaço, mas, em campo, os jogadores do campeão da Libertadores não repetiram as performances de quem sempre foi caseiro.

Corinthians  de tanta gente, a favor ou contra, ganhou de 1 a 0 do Al Ahly, campeão egípcio e africano, mas passou por momentos de desconforto em busca do bi no Mundial Interclubes.

Foi superior e teve mais posse de bola no primeiro tempo, quando fez 1 a 0 com o peruano Guerrero, mas recuou em demasia no segundo e perdeu o domínio das ações.

Não que tenha faltado competência técnica, física ou tática. Aos homens de Tite faltou competência emocional para lidar com situação adversa.

Esbarrou no bom desempenho de um adversário que não tem nada de bobo, que ataca e defende em bloco e, principalmente, que não sente a bola queimar nos pés. Ao Al Ahly  só faltou mais sentido de penetração e finalização.

Em vantagem, o Corinthians foi simplesmente Corinthians. Jogou pro gasto -- tinha a  obrigação de vencer -- , e fez o resultado que o coloca na final diante de ingleses ou mexicanos, que jogam amanhã cedo.

Estréia foi superada  graças, novamente, ao bom desempenho defensivo -- por isso o Al Ahly chegou pouco --, que impediu a aproximação do time egípcio. O excepcional Paulinho não brilhou no meio e o endiabrado Émerson não infernizou ninguém. Por isso a bola batia e voltava. Por isso o Corinthians se assustou e ficou longe do time dos sonhos.

É provável que domingo, em Yokohama, sem o peso da estréia nem da obrigatoriedade de vencer, o Timão jogue mais solto. Não vai abrir mão da disciplina tática que o levou tão longe.

Porém, também não vai se acovardar e decepcionar 20 mil invasores/artistas a provar um amor sem fronteiras.  Um show de causar inveja! Disso ninguém duvida! Vai Curíntia!!! 

sábado, 8 de dezembro de 2012

Handebol da Metodista a um empate do hepta

Vitória de 23 a 22, hoje no ginásio do Baetão, deixa a Metodista a um empate do sétimo título da Liga Nacional de Handebol Feminino.

Pensei em escrever "apenas um empate", mas  estaria a forçar a barra logo na abertura do texto, já que a tarefa das meninas de Eduardo Carlone, quarta-feira, em Concórdia, sugere dificuldades; muitas dificuldades.

Diferença de um gol significa bem pouco. Como teve melhor campanha na fase classificatória, o representante catarinense joga por vitória simples. E tem time para vencer.

Haja vista que no jogo de agora há pouco as feras de Alexandre Schneider ofereceram incrível resistência. Começaram  dominando tática e tecnicamente. O jogo de velocidade encaixou e o contra-ataque foi concluído com competência.

A Metodista chegou a ficar quatro gols atrás, mas corrigiu a marcação. Trocou o  6/0 pelo 5/1 e foi mais agressiva. Se recuperou ainda na etapa inicial ( 12 a 11); abriu a vantagem no início do segundo tempo, chegou a ser ultrapassada por excesso de precipitações ofensivas mas acabou vencendo por um gol, com méritos.

As goleiras Ariadne (Metodista) e Jéssica (Concórdia) foram os destaques da decisão ao lado de Agda, Celia, Moniky e Taíra, as maiores goleadoras.

Técnico Eduardo Carlone reclamou bastante da arbitragem  no final do jogo. Passou dos limites! Descontrole emocional não se justifica.

Dupla de árbitros não foi determinante para o resultado apertado. Faltou jogar mais pra ganhar de mais! Só isso! É choro de vencedor que sabe o que vai encontrar um adversário à altura na grande final.                           

O CACHORRO LIBERADO  E A KOMBI PREGUIÇOSA

Outro dia, no Jardim Tamoio, aqui no Ipiranguinha, o GCM Jones acabou numa saia justa. Confesso que não foi intencional.

Fui questioná-lo sobre a presença, ali dentro, de uma senhora passeando com um cachorro. Era um jovem pitbull; com coleira, diga-se.

Novato no pedaço,  apenas um mês, o guarda municipal respondeu, educadamente, que existia uma placa na entrada citando lei de 22 de setembro de 2008, especificando detalhes da "permissão".

Que eu saiba, segundo matéria do DGABC, só pode passear com cachorro no Parque Central, onde, por sinal, ninguém fiscaliza nada. Muito menos cachorro cagão e dono mal-educado.

Como não me dei por satisfeito, fui tomar ciência da citada placa. Qual não foi minha surpresa ao deparar, ali, juntinho, com outras duas placas, bem mais antigas, "proibindo" a entrada de animais, bicicletas e outros quetais.

Não tive dúvidas: mais uma vez, procurei o GCM e o alertei de que existia no mínimo um conflito de informações. Ele concordou e ficou de falar com seus superiores. Até hoje de manhã, estava tudo igual. Só não existia guarda!

Por falar Jardim Tamoio, mais uma vez flagrei um perua Kombi da Craisa --  final da placa é 96 -- atravessando por dentro do jardim em vez de dar a volta por fora, pela rua, para entregar as refeições dos funcionários.

Pra cortar caminho, o motorista irresponsável se acha no direito de passar por onde não deve sem a menor cerimônia. Até quando? Estão esperando acontecer algum  acidente pra tomar providência?

Cabe ao Poder Público justificar a presença do cachorro (ou dar placas) e a preguiça do motorista. , Provavelmente terceirizado, mas não menos irresponsável.       

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A tragédia, o trote e o descaso do Poder Público

Fábio não é a primeira vítima do descaso do Poder Público. Nem será a última. A morte do menino de apenas 12 anos de idade poderia ter sido evitada. Mas não foi! 

Mais uma família vai carregar a dor pela eternidade. A trave caída. A tragédia anunciada. O "responsável" ausente.  A artéria perfurada. O SAMU atrasado. A vida ceifada. A família dilacerada. E a Prefeitura calada. 

O desfile de irresponsabilidades fatais segue como  se o valor de nossas crianças fosse inferior ao de cães e gatos.  Familiares alegam que o SAMU -- mais um atraso? -- só chegou  uma hora depois do acidente no campo do Humaitá.

Distrital Salvador dos Santos fica ali ao lado do Aramaçan. Portanto, não tão longe de ambulâncias estrategicamente estacionadas no Hospital Municipal, no Jardim las Vegas ou mesmo no Jardim Santo André. Percurso rápido,  de cinco a 15 minutos, no máximo.  

Ridículo! Absurdo! Dizem que o atendente do SAMU imaginou tratar-se de mais um trote. Mais uma sacanagem de desocupados. Coisas de criança!  Irresponsabilidades de adultos. E o menino na poça de sangue. Imperdoável!

E o Poder Público ainda não se manifestou. Vai dizer o quê? Negligência pura! Responsabilidade pela manutenção dos campos é da Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo (Departamento de Esportes) e da Secretaria de Obras e Serviços Públicos (SOSP), que dificilmente conserta um mero alambrado.

Só que o problema existe há mais de 30 anos. Problema não; desleixo! Nossos mais de 40 campos de várzea praticamente inexistem aos olhos do Poder Público. Independente de  partido político,  desprezo é a palavra de ordem.

Prefeitura deveria ser a cuidadora dos distritais, mas não está nem aí. Há muito tempo! Maioria dos nossos campos tem dono. Mas o dono, de fato, não é o cidadão. Nem a Prefeitura.

Por absoluta incompetência, por inaceitável omissão, por flagrante comodismo ou simplesmente em nome de uma excrecência chamada governabilidade, os distritais de Santo André são tomados na mão grande ou entregues a apadrinhados políticos.

Quem grita mais alto se adona do espaço onde deita e rola. Por trás de pseudo-zeladores e concessões de uso  irregulares -- quando existem -- quase sempre há um vereador do bairro ou um candidato ligado ao poder maior .

Há muitos anos se fala em  legalização de cessões e utilização, mas não acontece nada porque não interessa a muita gente miúda bem protegida sob as asas de gente graúda. Por isso nossos campos são uma vergonha. Por isso são terra de todos e de ninguém.  Por isso são arapucas para pássaros livres, crianças inocentes, vítimas em potencial.

A omissão e o medo consciente do Poder Público permitem situações inimagináveis por todos os cantos da cidade. De Utinga ao Parque Miami. Do Bom Pastor até Capuava. Do Humaitá, do Independência e do Sajea/Aliança ao Parque Andreense/Paranapiacaba.

Pouco se faz. Por isso o verdadeiro futebol amador deixa de ser protagonista. É coadjuvante diante de atividades nada dignas. Aluguel para terceiros, propaganda ilegal, show sertanejo,  tráfico de drogas, puxadinho para a família junto a vestiários nojentos, escolinhas particulares, boteco irregular,  jogatina madrugada afora, esconderijo de bandido e até prostituição. Escrevo isso há 30 anos!!!

Esse é o retrato fiel de distritais que deveriam ser espaços sagrados da população. Especialmente das crianças. Se lá existissem  escolinhas de futebol da Prefeitura ou mesmo atividades recreativas. Se lá existissem funcionários contratados que dessem satisfação dos seus atos.

Se lá existissem manutenção e segurança capazes de evitar mais uma tragédia anunciada há pelo menos três décadas. E olha que o prefeitão inimigo do esporte só comanda o Executivo há quatro anos. Portanto, todos os outros  também têm  culpa no cartório.

Quem vai assumir a culpa pela morte de Fábio?  Já temos uma "figueira assassina" no Parque Celso Daniel. Será que  agora encontrarão uma "trave assassina" no Humaitá?  Não seria surpresa!

domingo, 2 de dezembro de 2012

A fratura exposta da incompetência médica

Não há como negar que no segmento da saúde, nós, brasileiros, vivemos na corda bamba. Tanto quanto na educação, na segurança, no saneamento básico, na mobilidade social e na habitação.

Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. Mas... correr pra que lado quando se necessita de assistência médica?  É um pior do que o outro! Tanto no setor público quanto no privado, a incompetência profissional soa como fratura exposta.

Parece erva daninha plantada nas hortas de universidades mais preocupadas com os lucros financeiros do que com a formação plena de  profissionais de valor. 

Além de competência, falta investimento coerente. Em "compensação", a roubalheira é desenfreada e o gerenciamento de recursos financeiros e humanos é digno de prostíbulos. Acontece de tudo! 

Falta hospital. Falta equipamento. Falta médico. Falta remédio. Falta salário compatível. Falta leito. Falta UTI. Falta ambulância. Falta respeito ao usuário. Falta carinho. Falta sensibilidade. Falta, acima de tudo, comprometimento profissional da maioria de doutores de meia pataca.

Salvo raríssimas exceções, a saúde brasileira é um caos. No Grande ABC não é diferente. Basta um passeio pelos principais hospitais de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá, Diadema...

Particularmente, já tive problemas com atendimentos no Hospital Santa Helena -- dizem que melhorou -- , na Unimed,  no Hospital Dr. Cristóvão da Gama. Já briguei, já dei murro na mesa -- o médico, sonolento, boliviano,  quase morreu de susto e depois foi demitido --, já reclamei e já cancelei convênio. Tudo dentro dos direitos de quem teima em exercer a cidadania.

A última -- por enquanto -- decepção aconteceu há menos de dois meses, quando minha esposa tropeçou numa calçada irregular e acabou no pronto-socorro do Cristóvão da Gama, aqui atrás de casa.

Antes mesmo da opinião médica, nós, cinquentões e professores de Educação Física, tínhamos certeza de que havia fratura na cabeça do rádio, osso do braço.  Tombo foi feio -- imagine, sem rir, por favor, alguém caindo em seis apoios! -- e  o movimento de flexão ficou bem limitado.

Para nossa surpresa, o doutor -- um jovem arrogante e aparentemente sozinho para atender contingente significativo, o que não é culpa do paciente -- garantiu que não era "nada" após avaliar o raio-X. Ainda bem! Voltamos pra casa surpresos com nossa ignorância ortopédica. Porém, momentaneamente, felizes.

Após uma semana de imobilização e mais uma sem maiores esforços, o braço continuava estranho.  Havia algo de errrado. A dor era inversamente proporcional à mobilidade. Insisti para que a Angela procurasse o "doutorzinho sabe-tudo" e pedisse explicações no hospital.

Chateada, mas avessa a discussões, ela preferiu ir aqui mesmo na rua Santo André, na Otur, do experiente dr. Tardini, que, salvo engano,  já foi médico do Guarani  quando o time campineiro ainda era vencedor.

Atendida com muita atenção e zelo pelo dr. Humberto, não deu outra.  A experiência e a competência profissional falaram mais alto. Nova radiografia constatou  fratura. Adivinhe onde! Na cabeça do rádio, lógico!

Mais do que isso;  ficaram comprovadas a incompetência e a falta de responsabilidade profissional de alguém  que se formou mas faz da empáfia  e do desprezo armas letais contra o cidadão comum; leigo, como nós.

É provável que o jovem cansado se ache professor. Pela soberba, pela atitude e pela pressa, não passa de mais um enganador de plantão, que deveria voltar a colocar a bunda nos bancos escolares para ver se aprende visualizar ao menos uma fratura. E se fosse um caso de vida ou morte?

Pena que ainda não achamos o receituário para dar nome aos bois e levar à diretoria do hospital, um dos mais conceituados da região.  Talvez não seja tão difícil; era o único plantonista no dia 6 de outubro, um sábado, por volta do meio-dia.

Com certeza, seria melhor optar pelo caminho mais curto e sem os custos exorbitantes de qualquer convênio particular. Pronto-socorro do Hospital Municipal, que tem profissionais bons e éticos, e fica mais perto de casa, seria a melhor opção.  Além de ser mantido com o dinheiro dos nossos impostos. Portanto, não é de graça.