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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Pipocas para um secretário

Antes de mais nada, é bom lembrar que moro na rua Santo André, na frente do Sindicato dos Rodoviários. E não tenho absolutamente nada contra os sindicalistas. Especialmente quando na defesa civilizada por seus direitos.

Só boto fogo pelas ventas quando alguém estaciona o veículo no acesso à minha garagem. Falta de educação, por sinal, é muito mais comum em outras pessoas que frequentam estabelecimentos comerciais da rua.

Inclusive o  concorrido Botequim Carioca, frequentado por figuras carimbadas, poderosos  da província, e cuja porta ostenta cinco perfurações de bala desde a madrugada de domingo pra segunda-feira.

O que será que aconteceu? Difícil ficar sabendo. Assim como em relação ao Governo Grana, o DGABC só mostra a "agenda positiva" do barzinho. Só quando interessa. Na Social. Aqui na esquina já houve tiroteio e quase ninguém ficou sabendo. Aí tem... De novo a história do cobertor ao amigo dos reis...

Feitas as observações, desta vez não consigo entender -- ou consigo? -- a posição nada consistente do Paulinho Serra, secretário de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos de Santo André.

Explicando: por telefone, o aniversariante de amanhã não conseguiu convencer ao tentar justificar a suspensão localizada da implantação da zona azul na rua Santo André. Mais precisamente, no "meu" quarteirão. Só aqui!

No entorno, tudo já está funcionando com o objetivo de promover a rotatividade de vagas de estacionamento. Aqui, embora com faixas demarcatórias de vagas pintadas e postinhos colocados há mais de dois meses, a Prefeitura resolveu adiar -- temporariamente? -- a implantação.

Faltam apenas as placas de orientação ao motorista no alto dos postinhos . Até aquela máquina que engole moedas com uma ganância pantagruélica está separada. Se já não decidiram "acomodar as coisas", o que seria ridículo, basta colocar sem medo.

Todos os outros parquímetros estão funcionando. Por que só aqui não? Eu só queria entender. Questionamento tão simplório pode ser respondido pelo Paulinho, pelo Epeus (diretor do DET) ou mesmo pelo senhor Grana.

Particularmente, deduzo que simplesmente o nobre secretário, em quem já votei mais de uma vez como alternativa a políticos de meia pataca,  afinou. O Paulinho arrepiou carreira. O aniversariante pipocou feio ao ser emparedado  pelo comando do sindicato.

Se não foi pressionado  diretamente pelas laterais, foi encurralado por cima. Afinal, o prefeito Carlos Grana também é sindicalista. Privilégio! Protecionismo! Fisiologismo! Ou  compadrio em detrimento da coerência? 

A dano da população como um todo, o Poder Público olha para o próprio umbigo e para adoráveis companheiros de batalha quando foge da raia, do possível confronto, e pula da panela quente. Pipoca feio!

Há mais de um mês, Paulinho argumentou que a suspensão se devia à necessidade de se pintarem "as vagas de ambulâncias, além de outros motivos". Que motivos? Pra bom entendedor, no caso,  um P quer dizer Paulo Henrique Pinto Serra.

Lamento, caro Paulinho, você é diferente. Bem melhor que a maioria. E tem meu respeito. Só que  no caso parece   te faltar culhão. Falta coragem para ser correto. Simplesmente assim.

Talvez o atual entorno, com cheiro de podridão, esteja a lhe fazer mal. Que pena, artilheiro! Talvez fosse recomendável reforçar mais o caráter e a sensatez  na hora de novo time, novas cores.  Se limitar a fazer acertos políticos em nome de um projeto de poder maior é muito arriscado.

Amanhã o poderoso secretário -- cujo antigo slogan era "um novo jeito de fazer política" -- vai ter 41 motivos para festejar num Primeiro de Maio lotado de amigos e falsos amigos. Com  uísque e muita pipoca.

Parabéns! Agradeço o convite. Queira me desculpar. Muitos dos interesseiros que o rodeiam, e lá estarão para puxar seu saco, me causam nojo.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Machupicchu, Salkantay e la máquina verde

Alguns dias depois, estou de volta. Inteiro! Agora sem bolhas, sem dores, sem dissabores. E feliz! Foram 11 dias de Peru. Dois de viagem(ida e volta), dois de adaptação à altitude em Cusco e cinco na trilha Salkantay/Machupicchu.

Nos dois últimos dias,  conhecemos o famoso Vale Sagrado dos Incas. Mais de 500 quilômetros de extensão, com cultura e agricultura invejáveis. Ali também passamos por outros sítios arqueológicos/fortalezas como Pisac, Ollantaytambo e Chinchero.

Não foi difícil achar a famosa cidade perdida dos incas ( descoberta em 1911). Lá estava, imponente, a velha montanha, patrimônio  histórico e cultural da humanidade  e uma das sete maravilhas do mundo moderno. Alegria para os olhos. Massagem para o coração. Bálsamo para a alma.

Mas não foi moleza, não! Trilha alternativa ao tradicional Caminho Inca de tantos mortais corajosos,  é bem desgastante! Principalmente pra quem acabara de fazer mais de 150 quilômetros de Caminho da Fé, de Estiva-MG a Aparecida-SP. Salkantay é um desafio deslumbrante!

Viajamos (Raddi, Angela, Milton e Marilene) dia 3 de maio, às quatro da matina, pela Lan. De Guarulhos a Lima foram cinco horas, com fuso de duas para menos. Conexão para Cusco -- no idioma quéchua, umbigo do mundo -- , a capital histórica do Império Inca -- 1438 a 1533 -- , nos Andes, é feita em apenas uma hora.

Inicialmente, escolhemos a agência -- é preciso ter cuidado, pois são mais de 170 credenciadas -- e visitamos o belo sítio arqueológico/fortaleza de Sacsayhuaman, além de templos, museus e mosteiros históricos.

Como outras igrejas menores, a famosa catedral, um das principais da América Latina, ostenta ouro, muito ouro. Só que não precisavam cobrar cerca de 25 soles para uma simples visita. Se não se dispuser a pagar, assista à missa. De bermuda não entra!

Tivemos verdadeira aula de cultura durante a adaptação nos 3360m de altitude de Cusco, hoje com quase 400 mil habitantes. Amoroso garante que população está perto de l milhão.

Diariamente, tudo foi regado a muito chá de coca -- ajuda a evitar o famoso soroche, o mal da altitude que acomete muitos turistas.  Redução de oxigênio no sangue provoca tontura, dor de cabeça, palpitações, diarréia e um cansaço fora do comum. Cuidado com a água!

Também fizemos compras, comemos bem -- quase sempre; uma das exceções foi no dia do passeio ao Vale Sagrado, quando detonamos um tradicional cui --  espécie de porquinho da Índia -- comprado à beira da estrada. Eu e o Milton só comemos  por pura curiosidade e porque não tínhamos outra opção. 

Não passamos um dia sem tomar o famoso pisco sauer. O pisco, aguardente destilada de uva moscatel,  é semelhante à nossa cachaça. Caipira aqui pensou que fosse de milho.

O clássico contém limão ( pode ser outra fruta), clara de ovo, gelo, mel ou açúcar e três gotas de angostura. Lembra a nossa  tradicional caipirinha. Os melhores foram os do Museu do Pisco (Cusco) e do Machupisco (bar do amigo do nosso guia, Amoroso, em Águas Calientes).

Os cinco dias e quatro noites da Trilha Salkantay começaram no dia 6, terça-feira. Conforme combinado com o Amoroso na véspera, pegamos a van da Alpaca Expeditions às 4h30min da matina. "The journey is the destination" é o slogan da agência.

Ao lado de outro grupo de sete jovens e das duas equipes de funcionários competentes e bem treinados, foram quatro horas de asfalto e terra batida; de descidas, subidas e curvas sem fim. Até chegarmos ao povoado de Soraypampa, com 3.700 metros de altitude.

Rapidamente, as mulas que nos dariam "retaguarda" e levariam malas, barracas, alimentos e até banheiro químico foram arreadas. Tomamos um belo café da manhã. Salada de fruta estava supimpa. Lógico que tinha chá de coca.

Era a primeira amostragem de tudo de bom que o chef Wilbert faria por nós durante o difícil percurso. Sem contar que todos os dias, antes do café e das refeições principais, eles colocavam ll baciinhas de plástico ( verdes, lógico!) enfileiradas, para a higienização.

Sempre num gramado, eram quatro para a Família Amoroso ("Mi papito") e   sete para a Família Sabino ("Bom dia, Brasil"). Com água quente! Dá pra acreditar? Ficamos abismados.

Por volta das 10h, sticks (bastões) empunhados, botas checadas, protetor solar e bonés, botamos os pés na estrada. Afinal, seria uma diferença de altimetria superior a 900 metros. Subimos quase sem parar.

Estranho era fazer necessidades naquela cabaninha (banheiro químico) que parecia querer cair com o vento. Lembrava um biruta. Chá de coca, caldo quente, salada de legumes maravilhosa, arroz, batatas e truta foi nosso suculento almoço de estréia.

Nem deu tempo de fazer a digestão e lá estávamos novamente na trilha, ao lado do Nevado Humantay e com o Pico Salkantay (6.264m) esplendoroso, gigante,  bem à nossa frente. Lágrimas de emoção!

Mas ali o bicho pegou pra valer! Especialmente nos lugares mais íngremes, como a assustadora "7 vueltas". E que vueltas! Intermináveis! Parecia que o coração ia sair pela boca.

Nada que uma redução de ritmo -- ao passo, por favor --, controle respiratório, descanso ou mesmo um momentâneo lombo de mula não pudesse resolver para que atingíssemos a demarcação do Salkantay Pass, com mais de 4.600m de altitude. Acho que mandamos bem. Afinal, não somos mais crianças nem jovens.

Ficamos bem pertinho do grande nevado. Bem pertinho do céu. A ponto de ouvirmos pelo menos quatro avalanches antes de sairmos um pouquinho da trilha para visitar a Laguna Verde, quase totalmente encoberta pela neblina. Fotos históricas, emoção e lá vamos morro abaixo.

Após cerca de 15km pesadíssimos, chegamos ao local de pouso -- o pequeno povoado de Huayracmachay, a 3.900m -- na boca noite. Já fazia muito frio. Talvez também pela proximidade com o rio formado pelas águas de degelo do Salkantay.

Estrelas e lua quase cheia   a iluminar pastagens, rios, vales e montanhas, dádivas da natureza. Sem banho foi de judiar. Já o jantar estava delicioso. Sobremesa foi banana flambada. De madrugada o termômetro chegou a zero grau. Mas não passei frio.

Quase sessentão e pela primeira vez dormindo numa barraca, no meio do nada, não foi fácil. Sem banho e sem acordo com o saco de dormir, entrei em "choque" até mesmo com o barulho do rio. Declive acentuado soava forte,  como turbina de avião. Nada de sono.

Sem dúvida, foi o dia mais difícil de toda a caminhada. Além do relevo, há que se considerar a importância da altitude. Subir quase mil metros não é tarefa para principiantes ou "oncotôs".

Oncotô... Melhor explicar: sabe aquela "barbie" ou aquele "fofinho" bem humorado que não tem nada a ver com a trilha. O cara errado, obeso, com roupas e calçados inadequados, no  local errado. Só dá trabalho! Vai perguntar se falta muito pra chegar, vai cair na descida e sentar ou pedir mula na subida. Tudo com um sorriso amarelo. Cheio de graça.

O "oncotô" vive a perguntar on co tô ( onde estou?), pra onde vou, o que estou fazendo aqui. No nosso grupo ( nós quatro mais   o pessoal do Amoroso) não havia "oncotô". Graças a Deus. Mas no outro grupo ( 11, sendo sete jovens americanos, ingleses e alemães comandados pelo guia Sabino, que falava inglês) havia uma "oncotô". Simpática, loira, mas "oncotô". Toda de rosa choque! E um tênis rasinho.

No segundo dia o Serapio nos chamou às 5h, já com o chá de coca em mãos. Café foi às 5h30min e pouco depois das seis, ainda com estrelas e o testemunho do Salkantay,  pegamos o caminho da roça.

Dividindo a trilha estreita com as mulas que subiam no sentido contrário -- o guia apitava e avisava que  vinha mula. Normalmente, deveríamos ficar à esquerda, junto ao barranco e não do lado do precipício. Era mula que não acabava mais.

Quando no mesmo sentido, elas nos ultrapassavam facilmente. E de forma educada. Não sem antes dar seta ao colocar a língua à esquerda da boca; depois,  uma piscadinha com o olho direito e um leve aceno de agradecimento com a cabeça.

Fomos de  Huayracmachay até La Playa (Sahuayaco). Mais descemos do que subimos. Alternância com sombra,  à beira de rios, por cerca de 18km. De 3.900m  para 2.200m. Não foi moleza não! Tomamos até uma chuvinha. Ainda bem que desta vez a bota não provocou bolhas.

Eu e o Milton já estávamos decididos a tomar banho no rio. Não precisou. Além de chuveiro gelado e salvador, no camping havia banheiro normal,  pato, galinha, cui, cachorro, cozinha e um singelo boteco.

Antes de mais um belo jantar preparado pelo chef Wilbert, tomamos  rum, pisco, cuba e duas Pilsen/Cusquenha daquelas grandonas com nossos companheiros de viagem.

Já eram quase seis da tarde. Tudo com direito a pipoca, pastelzinho, castanhas, muita conversa e mais uma aula de cultura, em espanhol, claro,  com o Amoroso, cujo cabelo negro ia até a cintura. Parecia um índio.

Mesmo à beira do rio, com muito barulho, desta vez nem pensei na turbina de avião... Por que será, hein? Quer a receita? Pisco, cerveja e, principalmente,  felicidade, ao lado de amigos de verdade e companheiros de viagem a semear carinho, confiança, amizade e humildade.

Energia renovada e motivação lá em cima. Prontíssimos para o terceiro desafio. Chá de coca e café reforçado. Afinal, seriam 12km de La Playa até Llactapata, um caminho alternativo, sem passar por Santa Tereza. De 2.200m para 2.700m. Subida constante com raros descansos no plaino. Nada de refresco!

Saímos antes da 7h e chegamos -- acho -- por volta das 15h, com descanso de uma hora no sítio arqueológico pouco antes da casa do Félix, amigo do Amoroso, a 10 minutos em declive. Esperamos los niños,  os jovens gringos... Dali já avistávamos a Cidade Perdida. Emocionante! Um pouco atrás, à direita, o Nevado Verônica (5.682m).

Quase coladas na casa, nossas duas barracas foram montadas estrategicamente pela máquina verde, de frente para uma das maravilhas do mundo moderno. Dá pra acreditar? De dentro da barraca, deitado, esse  rio-pardense e andreense por adoção admirava Machupicchu. Simplesmente, Machupicchu.

Pessoal de la máquina verde vivia correndo. Tanto na montagem quanto na desmontagem de tudo, uma competência ímpar. Do primeiro chá de coca ao jantar, não tinham sossego. Na trilha, com ou sem mula, e com sacolas pesadas, la máquina passava correndo e sorrindo.

Amoroso, Wilbert, o tímido Serápio e o muleiro Victor -- cego de um olho mas mais vivo do que eu com dois -- foram exemplos de dedicação, responsabilidade e companheirismo na prestação de serviços. Nota 10. Obrigado a todos. Nos passaram muita segurança. Jamais esqueceremos  nossos novos amigos de camiseta verde. Verde! Não poderia ser perfeito, né?

Detalhe curioso: no terreno do Felix há uma espécie de pasto/piquete/campinho. E não é que ali, entre buracos, tocos e  bosta de cavalo, aconteceu um rachão das máquinas? Família Amoroso x Família Sabino.

Um corre-corre desgraçado! De  bota e tudo. Divididas faiscantes. Nada de reclamação. Nada de cansaço. Sem chororô. Incrível! Depois de tudo que fizeram, ainda encontrar forças para jogar futebol.

Bati bola com o Miguel Angelo -- filhinho do Félix e afilhado do Amoroso. Depois encostei e esperei pelo convite  ao rachão, que não veio. Mas entendi. Talvez fosse o clássico peruano do alto Llactapata.

Após algumas cervejinhas e mais uma aula de história do Amoroso, pagamos cinco soles cada um por um banho quente que estava gelado. Havia energia, mas o diabo do chuveiro no fundo do quintal não esquentava nem a pau.

Mais um jantar dos deuses, sem restrições. Com direito a bolo e bexigas coloridas. Verdes, lógico. Aproveitamos para comemorar antecipadamente mais uma primavera da Marilene.

Lua quase cheia, estrelas a pedir "me toque, me leve" e... de madrugada, surpresa: perto das duas horas,  quando acordei para aquela mijadinha -- machupicchu de verdade, brasileiro, não faz xixi, não! -- na garrafa de inka-cola para não precisar caminhar 30m  no escuro, até o banheiro. E que surpresa!

Calma, pessoal! Não fui picado por cobra nem por abelhas;  nem encurralado por um urso. É que começou a chover de leve. De repente, um raio, dois raios e trovões que pareciam estourar na nossa cabeça. Caiu um toró, um aguaceiro danado.  E, de novo, prevaleceu a eficiência da MV: nenhuma gota d'água dentro da barraca. Como não dormir o sono dos justos.

Só que o quarto dia prometia. Depois de tanta água na madrugada, descer  terreno escorregadio por quase duas horas até a hidroelétrica e depois do almoço caminhar mais três até Águas Calientes não seria tarefa tão fácil.

Escorregar e cair era certeza. Só não se sabia a hora. Creio que saímos por volta das 7h e chegamos antes das três da tarde. A Angela ficou com os dois bastões salvadores e eu me virei com o cajado cortado pelo Amoroso ali mesmo no campinho do clássico verde.

Até que me dei bem. Assim como o Milton. Companheiro de viagem chegou a dar um 180º. Parou de frente para as nossas "meninas". O stick  decolou, subiu e rodou, mas o marrudo não caiu. Sem chão nem lama. Se fosse o Raddão, com certeza sujaria a bunda.

Foram mais ou menos 15km, de 2.700m para 2050m de altitude.  Boa parte no plaino, seguindo o rio Urubamba e os trilhos do trem que vai de Águas Calientes até a hidroelétrica. Com direito a devorar algumas granadillas, espécie de maracujá mais doce. A fruta de la pasión.

Curiosidade: no alto da trilha até Llactapata compramos seis por dois soles; nos trilhos, compramos cinco por cinco soles. Lá, pelo jeito, a inflação desce a montanha. Nada, no entanto, que nos fizesse perder o bom humor característico em todo o percurso.

Em Águas Calientes, depois de três noites em barracas, finalmente teríamos hotel, cama, colchão, luz e banho quente, além de pisco sauer, à noite,  no Machupisco. Só não gostamos das águas termais. Nos pareceu um local sujo, nada higiênico. Impressão foi das piores. Caímos fora rapidinho e corremos para uma hora de chuveiro quente, delicioso, e uma rápida soneca.

Quinto e último dia da aventura brasileira começou bem cedo. Antes das 6h, tomamos ônibus até Machupicchu. Após 25 minutos já estávamos dentro do doce destino, da essência.

Não tenho certeza, mas parece que o Amoroso, que conhecia todo mundo e enroscava tal garateia  em curva de rio,  deu um "jeitinho" para não pegarmos extensa fila de gringos de todas as idades. Fomos praticamente os primeiros.

Foram mais de quatro horas de caminhadas e fotos por todos os cantos e encantos. Também subimos até a Porta do Sol -- chegada da trilha inca clássica -- e a Ponte Inca. Uma informação mais relevante do que a outra. De lá, vimos a casa do Félix  do outro lado.

Também vimos o rio, o trem e, bem de perto, de frente, a famosa montanha Huaynapicchu, aquela ao fundo, das fotos tradicionais, que correm o mundo. Não subimos porque são apenas 400 pessoas por dia, marcando-se com antecedência. Em Machupicchu são 2.500 pessoas por dia. Por volta das 11h, parecia um garimpo, um formigueiro.

Na volta Águas Calientes, lanchamos muito mal. Um engodo de pernil com cara de 2013. Erramos feio. Colado no hotel, ainda com a perfeita assessoria do "índio", pegamos o  confortável trem até Ollantaytambo.

Balançava muito e quase não dava pra tomar o suco de laranja. Sem contar que aquele carrinho pilotado pela simpática garçonete dava toda pinta de que iria desabar exatamente sobre a minha cabeça. Tanto que ajudei a segurar.

Sempre ao lado do rio Urubamba,  com vale e montanhas de todos os tipos, o visual é sensacional. Um colírio.  Uma van nos pegou na estação e nos levou de volta a Cusco, aonde chegamos já à noitinha. Quebrados, mas felizes, lógico. Objetivo alcançado.

Nos dois dias , agora no bom hotel Garcilaso II, ali no centro, fomos conhecer mais espaços históricos -- quando não vilipendiados pelos conquistadores espanhóis -- visitar o Museu do Pisco e o Vale Sagrado dos Incas. Valeu a pena!

Recomendo o passeio e a agência.  Com louvor para a Família Amoroso. E agradeço a companhia de Angela, Milton e Marilene. Mais uma vez, não conquistamos a montanha. Como em Agulhas Negras, Salkantay nos conquistou.









domingo, 25 de maio de 2014

Real, legítimo campeão europeu

Torci bastante para o Atlético de Madrid, mas não há por que afirmar que o forte Real não mereceu seu décimo título da Liga dos Campeões.

Lógico que o  placar  construído na prorrogação -- 4 a 1 após empate de 1 a 1 no tempo normal -- foi elástico,  absurdo até. Só que, naquele momento, o  guerreiro Atlético não tinha mais fôlego.

Também não tinha pernas. Nem cabeça. O emocional foi a zero quando Sérgio Ramos empatou o jogo aos  48 minutos, nos acréscimos.  Foi um choque para o quase campeão.

Assim como há  40 anos, o Atlético voltou a perder de quatro. Em 74 o Bayern de Munique enfiou 4 a 0. Sem choro.

O Real é  legítimo campeão porque lutou pelo empate e não precisou da ajuda do juiz para ganhar. Também achei exagero dar cinco minutos de acréscimo. Mas não é motivo para tanta choradeira.

Atlético de novo apostou num 4-4-2 blocado para defender e sem medo para atacar. Voltou a marcar ostensivamente, de forma exemplar,  e deu poucas oportunidades a um adversário que aposta no contragolpe em velocidade e nas individualidades estelares. Taticamente,  time de Simeone foi superior.

Só que, com o Real no 4-3-3, dominado no meio de campo e sem espaço, apenas o argentino Di Maria brilhou. Lesionado, o português Cristiano Ronaldo fez o quarto gol, de pênalti, mas ficou longe dos seus melhores dias. O galês Bale também marcou, mas pouco apareceu diante de Felipe Luís e Koke.

Sem mobilidade e encaixotado, o francês Benzemá foi um fiasco. Ao lado do melhor do mundo, foi engolido pelo uruguaio Godin -- autor do gol que daria o título do time de Diego Simeone -- e por Miranda, o melhor em campo mas preterido por Felipão, que optou por Henrique, do Napoli, na Seleção Brasileira.

Sem brilhos individuais nem força coletiva consistente, mas precisando empatar, o técnico Ancelotti colocou o mais ofensivo  Marcelo no lugar de Coentrão. Time foi mais à frente pela esquerda. Brasileiro deu espaços na defesa, mas participou bem das ações ofensivas e inclusive fez o terceiro gol, quando o Atlético já não conseguia nem andar.

Além de Miranda, outros destaques atleticanos foram Godin, Gabi, Felipe Luís e Juanfran. Além do conjunto operário incansável. Mesmo com a tal placenta de égua, o artilheiro Diego Costa não suportou oito minutos. Uma aposta errada. Fez falta, assim como o craque turco Arda Turan, também lesionado.

Ressalte-se a bela campanha do Atlético, o preferido do povão. Sem contestar a vitória merengue. Real Madrid é  um dos clubes mais ricos e um dos maiores vencedores do futebol mundial.