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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Trânsito e servidores irresponsáveis

Está certo que estamos num país em que quase todo mundo se julga acima do bem, do mal e das leis. Quando tem ou pensa ter algum poder, então, a coisa fica ainda pior. A figurinha carimbada se esmera no jeitinho e vira um ditadorzinho de plantão.

Nos últimos 10 dias, presenciei servidores da Prefeitura de Santo André -- portanto, cidadãos sustentados pela grana dos nossos impostos -- com postura nada adequadas às funções que ocupam.

No Parque Central, mais uma vez, constatei um veículo -- Gol, DBA-1812 -- dirigido por um senhor de cabelos brancos sem a mínimo respeito a usuários preocupados apenas com a qualidade de vida.

Em velocidade e local incompatíveis, o distinto cavalheiro não mostrava qualquer cuidado com quem estava andando ou correndo na ciclovia ou na pista de pedriscos. Cheguei a sinalizar para que reduzisse a aceleração, mas não adiantou. Quem fiscaliza e pune o "fiscal"? Ninguém!

No meio da semana passada, troquei o Central pelo Jardim Tamoio. E durante a corrida matinal levei um susto. Em alta velocidade, uma viatura da Guarda Civil Municipal desceu o início da Coronel Seabra na contramão e fez a conversão na esquina do Habbib's.

Não sei se o servidor irresponsável estava atrás de algum bandido ou simplesmente fazia graça. O que interessa é que não poderia ter colocado em risco a vida de outras pessoas.

Ontem por volta das 18h, irresponsabilidade semelhante coube ao elemento que conduzia uma viatura oficial -- caminhonete amarela. Exatamente quem deveria zelar pela segurança no trânsito da cidade. Um paradoxo que vai passar batido. Afinal, pode tudo.

Como que o nobre servidor pode fazer uma conversão na contramão, no cruzamento da Fernando Prestes com a Alfredo Fláquer? Nem horário de pico assusta a molecagem, a ousadia irresponsável.

Ou seria mera pretensão de demonstrar "otoridade" de quem simplesmente deveria cumprir seu dever e dar exemplo? Direção perigosa e multa só sem encaixam para pobres mortais? Mais um servidor que não serve. Mais um irresponsável.

Se eu fizesse isso, seria multado e possivelmente detido pelo tamanho da infração. Como foi alguém da Prefeitura, não vai acontecer nada. Ou vai, caro prefeitão? São apenas mais três exemplos para serem avaliados.

O relógio, a Matriz e o coroinha

Apesar de ser católico não fervoroso e de morar a apenas 200 metros da igreja, não posso me definir como frequentador assíduo da Matriz de Santo André. Pra quem não sabe, é aquela cor-de-rosa, acima da Avenida Perimetral e próxima da Santa Casa e do Pronto-Socorro.

Há algum tempo, a igreja passa por pequenas reformas, principalmente, pelo que percebo, no telhado e na torre. E é aí que a roda pega. Na torre, onde está o antigo relógio que há cerca de meio século serve de orientação a moradores e trabalhadores da região.

Há bom tempo o relógio não funciona com a precisão suíça -- badaladas a mais ou a menos --, mas minha observação não se refere diretamente ao horário. Tem a ver com as novas cores do relógio.

Agora os indicativos de horas, pretos, estão sobre um fundo branco, enquanto que os mostradores, na cor laranja, se sobrepõem a um círculo azul.

Não sei de quem foi a idéia, mas não gostei. Além de feio, prejudicou a visibilidade. Principalmente pra quem não está tão próximo.

Inicialmente, pensei ter sido coisa de engenheiro, telhadista ou mestre de obras. Depois transferi a possível responsabilidade a beatas e ao padre. Pensei até em bispo, arcebispo e cardeal.

Só não joguei o arco-íris de cores de péssimo gosto nas costas do papa porque de lá, do Vaticano, sua santidade não se dignaria a tamanha presepada.

Moral da história: só pode ter sido coisa de coroinha.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Carrossel espanhol atropela meninos da Vila

Juro que tentei! Por pelo menos cinco minutos, retardei a corrida matinal no Parque Central e ousei empurrar o Santos pra cima do Barcelona. Só que cinco minutos foram suficientes para concluir que não adiantaria.

Então, me limitei torcer para que Neymar, Messi, Ganso, Iniesta, Xavi e cia fizessem um jogo épico. Estava na cara que o melhor time do mundo, no momento, ganharia. Mas seria legal um 4 a 3, um 5 a 4, sei lá.

Ao Santos de Muricy faltou tudo que sobrou ao Barcelona de Guardiola. A começar pelos próprios treinadores. Além de muito mais educado e privilegiado pelo elenco incomparável, o espanhol demonstra conhecer mais de futebol.

Na montagem dos times, Muricy entrou com um 3-5-2, que, inexplicavelmente, virou 5-3-2 com a variante para 5-2-1-2. Ou não? A linha de cinco defensores -- Danilo, Bruno, Edu Dracena, Durval e Leo -- era tão nítida quanto lenta e conservadora.

No meio-campo, em vez de povoar, Muricy montou um triângulo inerte, morto, com dois volantes (Henrique e Arouca) e um armador, Ganso, preguiçoso e atônito. Um aluno assustado, sem mobilidade. Um craque que virou estátua.

Moral da história: a bola nem chegava na dupla de ataque. Aí, após o vexame, os entendidos se limitaram a criticar Neymar e Borges. Como? A bola não chegou, cara-pálida! Fazer o quê?

Por isso tudo o Santos começou a ser massacrado logo na escalação. O passeio estava marcado e Muricy contribuiu para tal desastre.

Enquanto isso, Guardiola montou um Barça bem próximo do carrossel holandês que encantou o mundo na Copa de 74 mas perdeu da Alemanha.

Muita rotatividade. Muito toque de bola. Muita criatividade. E a dose exata de marcação ostensiva e adiantada, para reduzir o espaço do campeão da Libertadores da América.

Difícil é definir o esquema proposto pelo campeão do mundo: 3-7-0, 3-1-6-0, 4-6-0, 4-4-2, 3-1-4-2 e 3-1-3-3 são apenas seis das mais de 20 opções. Prefiro ficar com o 3-1-4-2 com variação para o 3-1-6-0.

Tento explicar:Puyol, Piquè e Abidal formavam um linha de três zagueiros que se transformava em linha de quatro quando sem a bola -- fato raro, né? -- porque Busquets recuava em sincronia perfeita com quatro armadores atacantes excepcionais -- Xavi, Fábregas, Iniesta e um argentino genial chamado Messi -- e dois alas-pontas em dia de craque.

Principalmente o brasileiro Daniel Alves, um dos melhores em campo ao lado de Messi e Xavi. Pela esquerda, o filho de Mazinho, Thiago, era mais técnica do que velocidade. Os artilheiros Alex Sanches e Davi Villa não fizeram falta.

Com quatro, cinco ou seis jogadores ativos no meio-campo, contra apenas três santistas plantados feito um pé de jequitibá, não poderia dar outra. É morte certa pra qualquer time do mundo.

O nosso Santos poderia jogar mais? Poderia! Correr mais? Também poderia! Contemplar menos? Lógico! Mesmo assim, perderia de um conjunto coeso, harmônico. Como perderiam o Corinthians campeão brasileiro, o Vasco, o São Paulo, o Real Madrid, o Milan... Mas não seria um baile. Especialmente se Muricy escalasse com sabedoria.

Venceu o melhor. Quatro foi pouco! Venceu um carrossel que roda menos mas toca mais a bola do que a Holanda do grande Cruyff. Um carrossel que costuma atropelar espectadores privilegiados -- os meninos da Vila -- com cara de desavisados.

Um carrossell que não é o melhor de todos os tempos, mas se junta ao Santos de Pelé, ao Palmeiras de Ademir da Guia, o Flamengo de Zico, ao Cruzeiro de Tostão, ao Internacional de Falcão, ao Milan de Van Basten, ao Real Madrid de Di Stefano, ao Benfica de Eusébio, ao Ajax de Cruyff...

Bom pra quem, como nós, gosta de futebol-arte. Então, bola pra frente! Que a tristeza santista seja passageira. A safra é boa. Que a alegria proporcionada pelo Barcelona seja como a paixão pelo futebol: eterna.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pacote de fim de ano

Não escrevo há bom tempo. Acho que faltou vontade. Também faltou tempo. Prioridades foram outras. Filhos e netos, por exemplo.

Muitas coisas aconteceram nos últimos 45 dias. A começar pela salvação do São Caetano. Apenas na rodada derradeira o Azulão escapou da Série C do Brasileiro.

Tomara que os dirigentes tenham entendido o recado da bola e deixem de creditar culpa exclusiva a técnicos e elenco. Alta cúpula, a começar pelo presidente Nairo, devem assumir erros e agir com mais profissionalismo e menos personalismo em 2012.

Pelos lados de Santo André, fica até difícil externar opinião que não seja crítica e repetitiva. Em 2011 o Ramalhão, comandado pelo Saged de Ronan Maria Pinto, foi um mar de incompetências.

Só se salvou de cair para a Série D nacional porque o Brasil de Pelotas foi punido pelo STJD. As mesmas lições do Azulão servem para o Ramalhão. Se é que os donos da bola e do poder vão se dignar a aprender.

O São Bernardo, embora bem organizado, também não brilhou. Assim como o Santo André, despencou no Paulista, e não conseguiu o almejado título da Copa Paulista que o levaria à Copa do Brasil.

Dirigentes do Tigre garantem que aprenderam a lição e que em 2012 o clube vai voltar para a elite estadual. Do trio regional, parece o mais competente. Dentro e fora das quatro linhas.

Ainda no Grande ABC, mas fora do futebol, o título de São Bernardo nos Jogos Abertos do Interior não surpreendeu. Municipalidade investiu forte em competências, de técnicos e atletas. Nada mais lógico do que a conquista que não vinha desde 71.

Exatamente o oposto de São Caetano, bicho-papão de títulos da Olimpíada caipira, mas que ficou em sexto lugar. Cortou investimento financeiro, demitiu técnicos e atletas e caiu do cavalo.

Outra grande perda foi abrir mão do experiente e competente Mauro Chekin, trocado por um político. Mais uma vez, o esporte como moeda de troca... Bem-feito! Deu no que deu. Que o prefeito José Auríchio ao menos se coce.

Santo André, como só poderia acontecer, voltou a dar vexame. Ficou em 13º, "prêmio" pra quem não respeita o esporte, não investe grana e tampouco em competências técnicas. Esporte não é mesmo a menina-dos-olhos de Aidan Ravin.

O mesmo prefeitão que tem dado as costas ao Ramalhão ao deixar o Estádio Bruno Daniel às traças. Quando se digna a dar respostas ao torcedor-cidadão, não tem consistência. Parece menosprezar a inteligência de seus interlocutores. Que pena!

Fora da região, deu a lógica no Brasileiro com a vitória do Coríntians. Só não sei se vai dar a lógica no Japão. Isso se a finalíssima do Mundial Interclubes for mesmo entre o Santos de Neymar e o Barcelona de Messi.