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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Pedra do Sino do Itatiaia

 Sinceramente, uns 10 anos atrás, cheguei a pensar ser o vizinho  Parque Central  meu único e aconchegante quintal fora de casa. Mas não! 

Ultimamente, cada vez de forma mais cristalina e intensa, percebo que a montanha é minha casa, meu quintal, meu Parque Central. Porém, em forma de latifúndio. Terras, cachoeiras,  pedras, vales e montanhas a perder de vista. 

Ainda não passei escritura, mas não vai demorar. Vou tomar posse da Serra da Mantiqueira,  da Serra Fina, do Parque Nacional do Itatiaia, da Serra da Bocaina, da Serra dos Órgãos, da Serra da Canastra, da Chapada Diamantina...

Já escrevi e  volto a reafirmar sem medo e sem blefe: se um dia eu não voltar, fui porque ELE quis... nada de lágrimas...tome um vinho por mim...fui embora feliz.

Faça chuva ou faça sol, lá é o meu refúgio. Sob calor escaldante ou frio congelante, lá é meu paraíso. Cansado, quebrado, dolorido... às vezes assustado,  quase sempre suado ou até sangrando, mas cantando refrões de  felicidade e declamando poemas de gratidão.

Semana passada, no PNI, não foi diferente. Para escapar da promessa de chuva forte e raios nada amigáveis, trocamos a quarta-feira pela quinta. E deu certo! 

De van, saímos -- Vitor Guia, Flávio, Gabrielle, Lucas, Angela e Raddão -- de Penedo às 5h15min da matina, pegando a Dutra e  saindo pra BR-354 em Engenheiro Passos. Depois de 24km, na Garganta do Registro, divisa com Itamonte-MG, entramos à direita. São 14km até o Posto Marcão ( estrada ruim até a portaria da parte alta).  Cumprimos a tarefa burocrática e começamos a caminhada às 7h40min, a partir do Abrigo Rebouças. 



AGULHAS NEGRAS





PEDRA DO ALTAR






Altar AO FUNDO
























Pedra do Sino


Circuito  começou de leve, quase um passeio no parque, passando pelo lago do abrigo e pela ponte pênsil, até chegar à bifurcação: direita pro  famoso pico   de Agulhas Negras e esquerda pra Pedra do Altar.

Aí a roda da trilha já começa a pegar. Subida exige bom condicionamento físico. Fôlego só volta ao patamar aceitável pouco antes  da Pedra do Altar (2665m, 11° do Brasil ao lado do Pico dos 3 Estados, na Serra Fina).

A partir do Altar, mesmo sem necessidade de tantas orações, o santo passou a ajudar. Descida até a Cachoeira do Aiuruoca, já vislumbrando Ovos da Galinha e o nosso principal objetivo da aventura, a Pedra do Sino do Itatiaia -- pra não confundir com o Sino da Serra dos Órgãos-RJ.

Superada e curtida a cachoeira ainda quase sem água, passamos pelas nascentes do Aiuruoca -- casa do papagaio em tupi-guarani --  e não demoramos pra chegar aos Ovos da Galinha.

Caraca!  E agora? Lá está a almejada Pedra do Sino, 10° ponto mais alto do Brasil com 2670m. Não vai ser fácil. E não foi. Principalmente em tempos de pandemia, quando os treinos são reduzidos e as montanhas viram um desafio, uma exceção. 

Foi difícil evitar pit-stops sequenciais. Muito aclive, muita pedra e pouco oxigênio na caixa. Pelo menos da minha parte, já que o ritmo imposto pelo Vitor ( cel do grande guia é 24.981585085) foi bem forte. Nem poderia ser diferente pra quem pretendia, se desse tempo, completar o circuito no Morro do Couto, o 9° ponto mais alto do País, com 2680m de altitude, segundo dados do IBGE .

Ficamos no Sino cerca de 30/40 minutos. Tempo suficiente pra descansar, respirar,  se hidratar, se alimentar bem, contemplar a paisagem -- apesar da neblina e de  algumas nuvens passageiras -- e fazer as fotos de praxe com imagens privilegiadas de Agulhas Negras,  Pedra do Altar, Asa de Hermes, Morro do Couto e cia.

Iniciamos o retorno ao meio-dia, com o objetivo de chegar ao estacionamento da portaria antes das 15h. Descida cuidadosa foi um pouco menos estafante e mais rápida do que a ascensão. 

Atravessamos um pequeno charco com alguns bambuzinhos e capim elefante, contornamos  os Ovos da Galinha e aceleramos o passo, agora  superando as nascentes do Aiuruoca em terreno plaino, sem passar pela cachoeira,  até iniciar a  longa subida rumo ao Altar.  

Raddão e Angela,  apesar de sessentões determinados, ficaram uns 100/200m pra trás, mas nossos amigos mais jovens nos esperaram de novo no entrocamento do Altar. Em vez de voltar pelo mesmo caminho da ida, Rebouças, optamos pela direita, no circuito dos 5 Lagos,  que nos levaria até o posto Marcão.

Trilha em plano inclinado,  muito rochoso, com blocos enormes, exigiu extremo cuidado. Cair poderia significar rolamento mínimo de 10/20m. Perder o foco seria flertar com o caos e com o abismo. Então, melhor nem olhar pra direita.

Por mais que tenhamos nos esforçado e pisado no acelerador -- bom lembrar que não somos atletas nem estávamos em competição --, alternando sobe-e-desce,  não foi possível chegar ao estacionamento antes das 15h30min. Mesmo com os 15/20 minutos finais sendo em declive. 

Sinceramente, acho que nossa capacidade "atlética", aeróbica, foi superdimensionada, considerando-se que  objetivos principais do dia ficam em lados opostos do parque mais antigo do Brasil.

Por isso, pra não infringir as normas do espaço no quesito horário, optamos por respeitar e deixar o Morro do Couto pra outra oportunidade.

Ficamos muito felizes por cumprir os 23km de pernada, com  significativos 900m de ganho de elevação, em cerca de oito horas. Felizmente, sem pegar chuva. Sem dúvida, mais uma vitória, uma conquista. 

Festejada no "armazém" em reforma  do Breno, na Garganta do Registro. Neto do finado seu Miguel é uma figura ímpar, um vendedor nato. Coisa de DNA. Incrível... a mesma conversa, o mesmo sorriso, a mesma atenção. Até na hora de oferecer os queijos-aperitivos de cortesia,  preparar a pinga com mel sem cobrar e cortar os doces de leite com café/ goiabada e de abóbora com côco de dar água na boca. 
Ah, filho do Nelson também lembra o vô na hora de fechar a conta. Se o Breno te perguntar sua data de nascimento, melhor não revelar... ele pode somar (rsrs). Pena que ele não tenha mais o chope Kalena.


Mais uma vez, com a graça de Deus, em companhia de amigos nota 10, tudo correu sem problemas. Obrigado e parabéns a todos. 

         

Sapinho rubro.negro Flamenguinho

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O ADEUS DO GRANDE GUARDIÃO

 






INFELIZMENTE, SEU MAEDA NOS DEU  O ÚLTIMO ADEUS.   VÍTIMA DE UM ACIDENTE/INCÊNDIO DOMÉSTICO HÁ CERCA DE UM MÊS, O GRANDE GUARDIÃO DA MANTIQUEIRA NÃO RESISTIU ÀS QUEIMADURAS E  FALECEU HOJE DE MANHÃ, AOS 80 ANOS.

QUE A MONTANHA O RECEBA DE BRAÇOS ABERTOS. COM O  CARINHO, O RESPEITO E A GRATIDÃO QUE SEU MAEDA SEMPRE MERECEU.

QUE TURISTAS, GUIAS E,   PRINCIPALMENTE,  MONTANHISTAS JAMAIS SE ESQUEÇAM DE TUDO QUE  O PRECURSOR  EXEMPLAR FEZ POR TODOS NÓS. PEQUENO NO TAMANHO, GIGANTE NAS ATITUDES.

QUE A PARTIR DE HOJE,  O MARINSINHO,  INCRUSTADO NO SEU QUINTAL E NO SEU CORAÇÃO, PASSE A SE CHAMAR PICO MAEDA.

SIM, PICO MAEDA, UMA PEQUENA MAS JUSTA HOMENAGEM A UM  HOMEM QUE NASCEU PRA DEDICAR AMOR INCONDICIONAL À MONTANHA.

QUE CADA UM DOS SEUS 2432M SIGNIFIQUE UM GESTO  DE REVERÊNCIA A UM DOS MAIORES ÍCONES DO MONTANHISMO BRASILEIRO.

QUE CADA PEDRA DO COMPLEXO MARINS/ITAGUARÉ SE TRANSFORME EM LUZ. NAQUELA SETA AMARELA DO GRANDE JAPINHA A NOS MOSTRAR O CAMINHO.

QUE CADA PALMO DE TERRA, CADA BAMBUZINHO, CADA CAPIM ELEFANTE, CADA POR DO SOL E CADA VISÃO ESTONTEANTE DOS CUMES  DA SERRA FINA NOS FAÇAM LEMBRAR COM CARINHO DE QUEM AJUDOU A ABRIR TRILHAS DESAFIADORAS QUE DESEMBOCAM NUM LUGAR  CHAMADO FELICIDADE.

A FELICIDADE DE QUEM SE SUPERA. O ÊXTASE DE QUEM CONQUISTA. A GRATIDÃO DE QUEM JAMAIS SE ESQUECE.

AH, NÃO SE PREOCUPE TANTO, VELHO MESTRE. ALGUÉM HÁ DE CUIDAR COM DENODO DA SUA TRILHA PREFERIDA. DA ÁGUA, DOS MIRANTES, DA PEDRA MONTADA,  DAS SETAS INDICATIVAS, DO PICO MAEDA, DO MARINS, DA PEDRA REDONDA, DO ITAGUARÉ...DA SUA PAIXÃO POR MAIS DE MEIO SÉCULO.

OBRIGADO GRANDE MAEDA.  NOSSO CONVÍVIO FOI BREVE, MAS MINHA GRATIDÃO SERÁ ETERNA. QUE  DEUS O TENHA.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Travessia Rancho Caído, um exercício de gratidão













Aos poucos, bem devagarinho, e cumprindo quase à risca todos os protocolos sanitários impostos pelo Covid-19,  vamos voltando às montanhas da vida, ao aconchego da mãe natureza. Afinal, ninguém é de ferro! Nem meu barracão polivalente me aguenta mais!

Marinsinho,  morros de São Bento do Sapucaí,  base da Pedra do Baú e agora a Travessia Rancho Caído. Na realidade, originalmente, a travessia no Parque Nacional de Itatiaia se chama Rebouças x Mauá, pois ia do Abrigo Rebouças até Visconde de Mauá, distrito de Resende-RJ. 

Do posto Marcão,  via  circuito 5 Lagos, até a cachoeira do Escorrega/Maromba, são  cerca de 22 quilômetros, cumpridos com louvor em pouco mais de nove horas.  Nove horas de beleza, sol e céu azul. Nove horas de respeito e  companheirismo. Nove horas de humildade e  gratidão.

Desafio altimétrico envolve mais  de 1650 metros de perda de elevação acumulada e perto de  apenas 680 metros de ganho. Portanto, muita descida e pouca subida, com pequenas alternâncias de relevo. Na portaria estamos a 2450m de altitude, enquanto que na cachoeira  do Escorrega são mais ou menos 1300m. 

Vereda bem demarcada, piso sem tantos obstáculos. Tampouco escalaminhada ou qualquer dificuldade  muito técnica, com exigência de equipamentos essenciais em outras situações.

Mais prudente, e coerente, é fazê-la em dois dias, privilegiando ritmo,  cuidados e contemplação e  montando acampamento onde antigamente existia um rancho caído. Porém, desta vez, nosso objetivo era mesmo o chamado light/fast, caminhando mais leve e mais rápido. 

Bom ressaltar, também, que, devido à pandemia,  ainda está proibido acampar no parque. Portanto, quem tiver peito faz em um dia.

Se foi cansativo? Foi! Pra fazer sem pernoite a dificuldade da trilha pode ser considerada de moderada a difícil. Em dois dias, basta gostar e estar bem condicionado que o aventureiro consegue sem maiores traumas.   Não vai chegar quebrado. Se for fracote, cheio de mimimi, melhor ficar em casa comendo pipoca. Vai dar trabalho/vexame e prejudicar o grupo. 





Após   nossa kombi vencer 13km de uma estrada de terra esburacada e mal conservada até a portaria da parte alta do PNI, apresentamos os ingressos  gratuitos -- mais de 60 anos -- via celular e começamos nossa maravilhosa  jornada às 7h40min. 

Poucos metros depois  a placa já indica o sentido dos 5 Lagos, à esquerda. Uma subida razoável, que faz a pulsação acelerar um pouco. Afinal, estamos no início da atividade física e o aquecimento foi desprezado. Falha minha! Casa de ferreiro, espeto de pau!

Não demoramos muito pra atingir um grande  bloco de pedras chamado plano inclinado, que deve ser superado com atenção e extremo cuidado. Especialmente se o tempo estiver chuvoso. O que não foi nosso caso, já que pegamos céu azul de cabo a rabo e temperatura entre 13 e 27 graus, aproximadamente. 

Com vistas de tirar o chapéu, nem vimos o tempo passar. Não demorou pra nossos olhos brilharem e nossos corações se encantarem. Pedra do Altar (2665m), Asa de Hermes, Agulhas Negras -- nossa primeira ascensão ao pico de 2491m foi em 2003 -- e muita beleza. Basta ter sensibilidade e prestar atenção ao seu redor.


Samantha, Giovanna, Aninha, Vitor, Camila, Raddi e Angela
 
Papo vai, papo vem, vamos nos identificando mais com o Renato, que fechava a fila e também é professor de Educação Física, como eu e a Angela. Gente boa, lógico! 

Passamos pelo vale do Aiuruoca já avistando os Ovos da Galinha e a Pedra do Sino à direita e depois fizemos um pit-stop na cachoeira do Aiuruoca. 

Descansados, alimentados e hidratados,  atravessamos o rio sem dificuldade -- pouca água em tempos de secas e queimadas -- e seguimos em frente. 

Sem demora, chegamos a 100m dos Ovos da Galinha e do acesso à Pedra do Sino -- extra-oficialmente, o 10° pico mais alto do País com 2670m. Vitor, o grande guia, até perguntou se queríamos ir mais  próximos pra fazer fotos, mas não nos aventuramos. O galo caipira é bravo e tem esporas afiadas.  E o padre é da pá virada; pode bater o sino na hora errada ( Pedra do Sino ainda estava interditada por ordem do governo mineiro e poderíamos ser multados...(rsrs).  Melhor voltar outro dia.

Sem qualquer senão ou problema mais significativo,  passamos pelas costas de Agulhas, no Vale dos Dinossauros, se não me engano, pegamos uma descidinha, superamos um riacho e por volta das 13h já estávamos no espaço do Rancho Caído. 

Hora de descanso prolongado e  lanche reforçado. À sombra, pés descalços, camisetas e meias trocadas, bora tomar água, gatorade e comer salamitos, pão com queijo, castanhas, polenguinho, geleia de mocotó, gominha doce e tudo mais que ajude a cumprir o desafio.












AGULHINHA,COM
AGULHÃO AO FUNDO









                                            MATA-CAVALO, FLORESTA E ESCORREGA 

Em pouco tempo ganhamos a companhia momentânea de três jovens guiados pelo conhecido Levy. Depois de alguma conversa, partimos para a segunda perna da jornada,  por volta das 13h40min13seg, com previsão de chegada entre 16h30min e 17h. 

Sempre sob a orientação firme, discreta e serena do Grande Guia, logo pegamos uma subidinha e depois o último adeus aos costados de Agulhas Negras.   Antes com direito a fotos na Agulhinha, pedra clara que  lembra a parte frontal  do Agulhão. 

Sabe aquele olhar de gratidão a Deus por nos premiar com saude e  tamanha beleza? Então, foi assim que olhei pra Agulhas e fiquei pra trás sem querer partir. Juro que se ali ficasse, pra sempre, morreria feliz.

Mas não fiquei!  Deu saudade dos quatro filhos  e dos sete netos. Aceleramos o passo e alcançamos as meninas e o Vitor,  dando início à difícil mas não tão desgastante descida do Mata-Cavalo. Agora sob o testemunho do Pico do Maromba e do Marombinha, já podíamos enxergar nosso destino, lá embaixo, muito longe. Do mirante também avistamos Visconde de Mauá e a Pedra Selada.

Por sorte, o Mata-Cavalo não é mata-burro. Meus amigos do peito e meu querido irmão, Moisés, diriam que eu não conseguiria passar. Pura maldade amiga! Piada de mau gosto, mas perdoável. Assim, o fardo da vida fica mais leve. 

Também por sorte, o início do aparente precipício contempla zigue-zagues e cotovelos salvadores. Basta ir com cuidado, usar os sticks com destreza e saber onde e como pisa.  Não escorregar sem estar na Cachoeira do Escorrega é quase impossível.  Não pode perder o foco. Tornozelos, joelhos, quadril e lombar agradecem se você não fizer besteira. 

Pouco depois das 15h, sempre descendo,  adentramos no bosque. E a sombra foi providencial, salvadora. Cansaço já começava a dar o ar da graça e cuidados deveriam ser redobrados. Ainda conversávamos, mas agora nem tanto. Sobrava assunto. Faltava fôlego.

"Vitor, tá chegando?", eu gritava em tom de brincadeira lá do fim da fila. Nada de resposta ou palavra convincente. Apenas um discreto sorriso de quem quer dizer "falta pouco, mas tá meio longue ainda".

Gosto muito da mata mais fechada -- lembranças de um pré-adolescente que caçava  pomba e nhambu com o pai, o saudoso seu Valério,  nos  grotões das fazendas Boa Esperança e Belo Horizonte -- mas a rotina final acaba ficando cansativa. Parece que não chega nunca!

Mas, finalmente,  chegamos! Todos inteiros! Na casa dos guardas, às  16h42min13seg,  não havia ninguém  pra dar baixa confirmando nossa saída do parque. Paciência, mais 10 minutinhos e lá estávamos na famosa Cachoeira do Escorrega. 

Ninguém se aventurou! Todos procuraram a kombi do Marcelo, exemplar de educação, pontualidade e de direção defensiva, não nos colocando em risco em momento algum. Tanto na ida de Resende/Penedo até o posto,  como na volta, pela perigosa, cheia de curvas e  igualmente mal-cuidada estrada de Visconde de Mauá até Penedo. 

Assim como na ligação da Garganta do Registro -- divisa dos estados de Minas e Rio -- até o posto Marcão, mais um exemplo de desleixo, de descaso com as necessidades da população. Uma  vergonha para autoridades mais preocupadas com o próprio umbigo, também conhecido como bolso. 

Mas... assim é o Brasil de hoje. E assim continuará amanhã se não colocarmos a boca no trombone, denunciando mazelas espalhadas pelos quatro cantos do país. 

Assim foi nossa jornada na bela travessia do Rancho Caído. De cair o queixo. De lavar a alma. De enxugar lágrimas. De liberar emoções. De agradecer a Deus por tamanho privilégio. Ele nos brindou com mais uma obra prima, um pedaço do paraíso.

Obrigado meu amigo, Grande Guia. Parabéns e  obrigado Angela, Renato, Samantha, Giovanna, Camila, Aninha e Marcelo,  pelo companheirismo incondicional. Valeu, galera! Prontos pra próxima.     

   



























GRANDE GUIA... GRATIDÃO

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

FORÇA, GRANDE MAEDA!!!

 O DESTINO VIVE MESMO A NOS PREGAR PEÇAS. ONTEM MESMO POSTEI UM TEXTO SOBRE O PICO DO MARINSINHO.

FALAVA DA TRILHA, DA POUSADA, DA LOBA DA MANTIQUEIRA E DO GRANDE GUARDIÃO DA MONTANHA, O PEQUENINO GIGANTE HIDEKI MAEDA.

ÍCONE, BALUARTE, HISTÓRIA VIVA E REFERÊNCIA DO MONTANHISMO NACIONAL, SEU MAEDA É UMA FIGURA ÍMPAR.

RESPIRA MONTANHISMO ANTES MESMO DE VIR DO JAPÃO, AINDA JOVEM, HÁ MAIS DE 50 ANOS. 

DESBRAVADOR DE VÁRIAS TRILHAS NA MANTIQUEIRA E VIAJANTE AVENTUREIRO PELAS  MAIORES ALTITUDES DO PLANETA, O OITENTÃO MAEDA ADORA UMA BOA PROSA. JA NÃO OUVE TÃO BEM, MAS CHEGA A SE EMOCIONAR QUANDO RELEMBRA SUAS CONQUISTAS, SUAS HISTÓRIAS BELÍSSIMAS... PISCO, ACONCÁGUA, MACHU PICCHU, CORDILLERA BLANCA...TUDO DOCUMENTADO.

MELHOR AINDA SE O PAPO FOR NO QUINTAL DA SINGELA  MAS ACONCHEGANTE POUSADA INCRUSTADA AOS PÉS DO SEU MARINSINHO OU NO SEU MUSEU DO MONTANHISMO, FINCADOS NA PEQUENA MARMELÓPOLIS.

POIS É... MAS O ELÉTRICO MAEDA NOS PREGOU UMA PEÇA..VÍTIMA DE UM ACIDENTE DOMÉSTICO --  INCÊNDIO SEGUIDO DE EXPLOSÃO NA CASA ANEXA À POUSADA, DA FAMÍLIA --  EM PLENO FERIADO, NO MOMENTO NOSSO QUERIDO E RESPEITADO PAPA DA MONTANHA ESTÁ INTERNADO NA UTI DE UM HOSPITAL EM ITAJUBÁ-MG.

SEU MAEDA CORREU PRA SOCORRER A NORA CAROL E OS DOIS NETOS, MAS ACABOU ATINGIDO PELO FOGO.  COM 63% DO CORPO COMPROMETIDO POR QUEIMADURAS, MAS COM SINAIS VITAIS EM DIA E REAGINDO BEM, O GUARDIÃO-MOR PRECISA DE NOSSO APOIO, DE NOSSA PALAVRA AMIGA, DE NOSSAS ORAÇÕES E ATÉ MESMO DE UM  PROVIDENCIAL REFORÇO FINANCEIRO, VISTO QUE A POUSADA É O GANHA PÃO DA FAMÍLIA.

PORTANTO, AMIGOS, MÃOS À OBRA. CHEGOU NOSSA HORA DE DEMONSTRAR GRATIDÃO. AO MENOS NAS ORAÇÕES, PRA  QUE LOGO ELE ESTEJA DE VOLTA, A CUIDAR COM EXTREMO CARINHO DAS CRISTAS  DA NOSSA MANTIQUEIRA, HOJE TÃO DESRESPEITADA POR PSEUDOMONTANHISTAS,  ALGUNS IRRESPONSÁVEIS, APENAS À PROCURA DE EXPOSIÇÃO MIDIÁTICA.





terça-feira, 8 de setembro de 2020

Amigo é coisa pra se guardar...

AMIGO é coisa pra se guardar

Debaixo de sete chaves

Dentro do coração

Assim falava a canção  que  na América ouvi

Mas quem cantava chorou

Ao ver seu AMIGO partir...

Mas quem ficou, no pensamento voou


Com seu canto que o outro lembrou


E quem voou, no pensamento ficou

Com a lembrança que o outro cantou...

AMIGO é coisa pra se guardar 

No lado esquerdo do peito

Mesmo que o tempo e a distância digam "não'

Mesmo esquecendo a canção

O que importa é   ouvir a voz que vem do coração...

Pois seja o que vier, venha o que vier

Qualquer dia, AMIGO,  eu volto a te encontrar

Qualquer dia, AMIGO,  a gente vai se encontrar... 

Seja o que vier, venha o que vier

Qualquer dia, AMIGO, eu volto. a te encontrar

Qualquer dia, AMIGO, a gente vai se encontrar. (Milton Nascimento)

  



Ah, sim,  amigos de verdade sempre se acham;seja onde for,  a gente se encontra! Talvez não seja no céu; tampouco no inferno. Com certeza, numa quadra ou num campo de futebol. Num jogo de basquete no Pedro Dell'Antonia ou num  Santos x Coríntians. Com o velho  e emblemático Pacaembu lotado, pasmem, por duas torcidas. Hoje algo inimaginável. 

Aí, então, haja conversa! Vamos brigar. Vamos discutir e você vai me chamar de açucareiro quando eu fechar a cara e  colocar as mãos na cintura. Vamos sorrir e te dar carona até São Bernardo. Vou apelar e você vai me chamar de "hermitão".  Vamos tomar um bom vinho. E voltar a falar de futebol. 

Da  inesgotável várzea do Grande ABC. E também do profissionalismo. Do Santo André de Tulica, Da Silva e Bona. Do Aliança de China, Peru e Baitaca. Do extinto Saad do artilheiro Arlindo Fazzolin e do armador Coppini. Do seu EC São Bernardo do polêmico Felipe Cheidde. Do São Bernardo Futebol Clube dominado pelo  PT. Do Grêmio Mauaense de Ica. E por aí vai.  

Também vamos lembrar do seu Santos inesquecível,  de Pelé e cia real . Do seu Inter de Falcão, Batista e Figueroa. Da irresistível  Seleção Brasileira tricampeã em 70, no México. Quantos craques, né, meu amigo gaúcho? Clodoaldo, Carlos Alberto Torres, Gérson, Rivelino, Tostão, Jairzinho, Pelé...







 


Com certeza meu companheiro de zaga nos times da Imprensa regional e da Aceesp -- pena que você não pode ir pra França conosco -- vai se deliciar ao relembrar o timaço de 82. Perdemos a Copa mas ganhamos o universo. Encantamos o mundo da bola.  Leandro, Júnior, Cerezzo, Falcão, Zico, Sócrates, Éder... Pena haver uma pedra italiana no meio do caminho. Uma pedrinha azul chamada Paolo Rossi.

Quem sabe também nosso lado saudosista volte aos meados da década de 70,  aos tempos das  inesquecíveis viagens  pelo Interior paulista? Você como excepcional repórter da magnífica equipe de Esportes da Radio Diario do Grande ABC. E o  jovem Raddão começando na não menos expressiva Editoria de Esportes do DGABC, sob o comando competentíssimo do nosso amigo Daniel Lima (aprendi muito e sou grato  a ambos).

Sim, naquela época a gente cobria  in loco a Segunda Divisão,  aqui e fora. Bruno Daniel, Baetão e Lauro Gomes eram nossos quintais, mas acompanhávamos Santo André, Saad  e Aliança/São Bernardo por todos os cantos. Ah, se aquele fusquinha branco com letreiros azuis falasse!

Só pra Rio Claro e Limeira, dois times cada -- Velo Clube, Rio Claro, Internacional e Independente --, eram seis viagens  . E muitas brigas, dentro e fora de campo. Sem contar São José dos Campos, Taubaté, Rio Preto, Ribeirão Preto,  Piracicaba, Pirassununga, Cruzeiro, Mococa, São João da Boa Vista, Araras e cia. 

Bons tempos, meu amigo! Hoje você é arrastado pelo maldito câncer em metástase e deixa a saudade cortante de quem fez tantos amigos nos campos da vida. Amanhã, sou eu. Vamos nos encontrar e recompor a zaga.  Como você é 10 anos mais velho e entende mais de bola, fica a primazia da camisa 3. Independentemente do número às costas, sei que ainda vou te ouvir gritando para sair, pra cobrir, pra colar no artilheiro e você sobrar soberano,  pra sair jogando de cabeça erguida, sempre sem sujar o "fardamento".  

Afinal, como diz a Canção da América, amigo é coisa pra se guardar. Também pra  proteger;  pra ouvir, pra aconselhar...Por quem chorar. Por quem brigar.  Quem sabe na próxima encarnação o zagueiro bonachão,  fã do argentino Ramos Delgado e do chileno  Elias Figueroa,  não vire um meia, um atacante? 

Se assim o fosse, talvez o Jura conseguisse driblar a morte tão prematura?  E nos privilegiar com mais alguns anos de sabedoria, de espirituosidade, de lealdade, de amizade tão sincera. Descanse em paz, meu amigo de fé, meu irmão camarada. Minha eterna gratidão.  Prepare o churrasco. Reserve o vinho. Qualquer dia, AMIGO, eu volto a te encontrar. 

P.S: DISTINTAS AUTORIDADES DO GRANDE ABC, JURANDIR ALFREDO MARTINS PODERIA DAR NOME A ALGUM ESTADIO. SERIA UMA JUSTA HOMENAGEM A QUEM TANTO FEZ PELO ESPORTE.