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quarta-feira, 25 de setembro de 2024

TIMÃO ESCAPA DA DEGOLA VEXATÓRIA



 
Romero, r(j)ogai por nós, artilheiro da Arena! 


O Coríntians não vai cair para a Série B do Brasileiro. Quem garante? Fácil! Eu, meu filho Fernando, meu irmão Moisés e meu amigo Fernando Tuleba. Todos corintianos de quatro  costados. Portanto, totalmente isentos de qualquer parcialidade movida por paixões clubistas irrefreáveis. No caso, diga-se,  representantes de 30 milhões de loucos espalhados pelo Brasil.


Tá rindo por que? Não é piada, não!  É sério! Temos bola-de-cristal do lado esquerdo do peito. Mas, se a pergunta fosse  feita há 45 dias, com certeza a resposta seria outra. Bem parecida com a do meu neto Victor, palmeirense pautado pela sensatez de seres pretensamente  superiores, inteligentes,  acostumados a mais de um banquete anual. Afinal,  ultimamente,  festejam títulos aos borbotões.  Merecidamente! Apesar da falta de educação e da  arrogância hipócrita quase sempre  escamoteada pelo muito competente Abel Ferreira.


Conduzi a "grande" pesquisa  antes de o Timão atropelar o Fortaleza na Sul-Americana. Registrada sob o número 01091910/24, a margem de erro da enquete é de três pontos para cima ou para baixo. Portanto, tudo sujeito a empate técnico.


Hoje, na tábua de classificação, o Coríntians está em 17° lugar com 28 pontos ganhos,  apenas seis vitórias e "saldo" de -7 gols. Que draga hein! Cairia junto com Fluminense (27pg), Cuiabá (23) e Atlético Goianiense (18).


GUILHOTINA: 45 PONTOS?


No ano passado, Vasco e Bahia se salvaram, respectivamente,  com 45 e 44 pontos ganhos. O Santos de tantas glórias foi rebaixado com 43 pontos e 11 vitórias. Goiás (38), Coritiba (30) e América Mineiro (24) também sucumbiram.


Previsão de especialistas em probabilidades garantem que a linha de corte em 2024 é de 45 pontos. Abaixo disso é a guilhotina da vergonha.


O Coríntians tem mais 11 jogos. Então, teoricamente, precisa ganhar  ao menos 17 dos 33 pontos a disputar. Pega o São Paulo em campo neutro -- Brasília --  mas toda torcida contra. Faz seis jogos na Arena: Inter, Atlético  Paranaense, Palmeiras, Cruzeiro, Vasco e Bahia. Joga fora quatro vezes, contra Cuiabá, Vitória, Criciuma e Grêmio. 


PALPITES "IMPARCIAIS"


Nas previsões nada  isentas deste  italiano/caipira apaixonado o Timão se livra porque vai somar 50 pontos: vitórias contra São Paulo, Inter, Cuiabá, Cruzeiro, Vasco e Bahia; empates com Atlético Paranaense, Palmeiras, Vitória  e Criciuma e derrota pra o Grêmio na última rodada, em Porto Alegre. 


É bom lembrar que, enfim,  o time do povo apresenta franca evolução. Porém, ainda não ganhou nada, nem se livrou do desconforto do pantanoso Z-4.


Raddão, 50 pontos



Moisés Raddi, 51 pontos


O Moisés acha que faremos 51 pontos: três diante de Atlético Paranaense, Cuiabá, Palmeiras, Cruzeiro, Vasco e Bahia; um ponto contra São Paulo. Inter, Vitória, Criciuma e Grêmio. Portanto, meu irmão acha que nosso time não perde de mais ninguém. Deus te ouça, mano!


Já o meu filho caçula, Fernando, transborda otimismo. Garante que vamos somar 57 pontos. Cá entre nós, exagerou né filhão? Coração falou muito mais alto do que a razão. Nando entende que o Coríntians vai ganhar 3 pontos contra São Paulo, Inter, Atlético Paranaense, Cuiabá, Vitória, Vasco, Criciuma, Bahia e Grêmio; e conquista um nos empates diante de Palmeiras e Cruzeiro. Portanto, aproveitamento de campeão. Tomara! 



Nando Raddi, 57 pontos 


Meu amigo, o professor Fernando Tuleba,  do Primeiro de Maio FC, também acha, sem qualquer sinal de fanatismo,  que o nosso time não cai. "Sem passionalidade. Vamos somar mais 27 pontos nesses 11 jogos e chegar a 55".


Para o professor, serão oito vitórias ( São Paulo,  Inter, Atlético Paranaense, Cuiabá, Palmeiras, Cruzeiro, Vasco e Criciuma) e só três empates ( Vitória, Bahia e Grêmio). Prestaram atenção? Nada de derrota.


Professor Fernando Tuleba, 55 pontos



Já o meu amado neto Victor,  palmeirense convicto,  de 17 anos, parece o mais isento e sensato. Entende que o Coríntians vai somar apenas 43 pontos e ficar na corda bamba da derrocada. " Pra não cair tem de melhorar mais" -- afirma Victor.


Victor (43 pontos ganhos), na corda bamba



Vitão entende que o time do vô Raddi perde de São Paulo, Inter, Cruzeiro e Vasco. Empata com Palmeiras,  Bahia e Grêmio. E vai ganhar de Atlético Paranaense, Cuiabá, Vitória e Criciuma. Equilíbrio puro:  quatro vitórias, quatro empates e três derrotas. Tomara que meu neto esteja errado. Cá entre nós, no fundo, no fundo,  o danado deve estar torcendo contra.


Pra mim, é mais importante não cair do que ser campeão das duas  copas. Afinal, com méritos, o Timão está nas semifinais do Copa do Brasil e da Sul-Americana. 


Pelo menos agora, otimismo não falta. Pelo contrário!  Pelas opiniões alvinegras, sobra.



terça-feira, 17 de setembro de 2024

UM DEUS, UM CAIPIRA E OITO ANJOS NO CAMINHO DE UM FREI




 -- Nossa, o senhor tá fazendo o caminho sozinho. Não tem medo não? - pergunta a jovem Amanda, atendente do belo complexo  turístico do hotel fazenda Boa Esperança, no município mineiro de Delfim Moreira, na Serra da Mantiqueira.

-- Não! Tô acostumado. Nunca me aventuro solitário de fato. Neste caminho, sempre estarei com um Deus, um frei e oito anjos. Meus netos, com iniciais  tatuadas aqui na panturrilha direita - respondo sorrindo.

-- Ah, tá!  Legal!  Entendi. Boa sorte pro senhor. Hoje vai até  Pilões?

-- Sim.  Muito obrigado.


Diálogo meteórico aconteceu depois de este caipira já ter  caminhado 17 dos 34km programados para o quarto dia do difícil Caminho do Frei Galvão. São  cerca de 130km em cinco dias, de São Bento do Sapucaí (SP, com jeitim mineru, uai!) a Guaratinguetá (SP).

Sinceramente,  fui mais como aventureiro caminhante teimoso  do que como peregrino tradicional. Um desafio! Nada de promessa! Mesmo porque, a parada é tão pesada que eu estaria pagando por pecados extras que não cometi. Acho! 

Clima  muito seco, média de 32°, com excesso de queimadas,  fumaça e poeira na estrada e umidade relativa do ar abaixo de 20% judiaram do motor 6.9. E se chovesse também seria mais um parto. Todos os dias iguais: terreno plaino, subidão sem fim, descidão abissal e  terreno quase nivelado até a pousada do pernoite... no dia seguinte, a mesma rotina cansativa. Já pensou subir e descer inclinação perto de 30/40° na lama? Haja pecados!

Mesmo assim, apesar da secura, contemplam-se paisagens maravilhosas. Muita natureza, muito verde, muita água jorrando da serra. Por isso o nome Mantiqueira.


130KM EM 179 MIL PASSOS


Foi uma das "travessias" mais difíceis que eu já fiz. Estilo diferente, mas  comparável à Serra Fina em  3/4 dias -- 32km e GEA ( ganho de elevação acumulado)  perto de 2,5 mil metros por trilhas expostas, pedras⁸⁹ e aclives respeitáveis). 

Pra se ter uma idéia,  nesta última semana foram cerca de 130km e 179 mil passos em cinco dias. GEA ultrapassou 3 mil metros. Assim como a PEA - perda de elevação acumulada. Traduzindo: pau a pau de subida e descida. Não acredito no cálculo de queima de calorias, mas deu 10.393 no total. 

Quer emagrecer, bonitona?  Joga a mochila nas costas com +-8kg e vai subir e descer os verdes mares de Minas. Passear na Mantiqueira é um bom começo. Só não  pense  estar no conforto do shopping ou na  esteira da academia. Quer moleza? Vai empurrar minhoca na descida.


Saí de Santo André às 11h de segunda-feira. Ônibus, trem, metrô e  busão até São José dos Campos e depois São Bento, onde cheguei às 18h. Fiquei na pousada Tia Cida, do João, a quem agradeço  pela atenção e pelo mapinha  do trajeto.  Muito útil.


Dia 1 -- São Bento x Luminosa
Partiu ao raiar do sol


Pedra do Baú ao fundo


Descendo pro bairro do Quilombo

Marcos e Beatriz subindo para o trabalho na pousada Gorjeios da Serra

Arando a terra logo cedo


Dia 1

São Bento e Quilombo ficando pra trás



Boi e vaca no alto do barranco. Deu ruim! E antes o tucano  caprichou na cagada de amora na minha perna...rsrs




Procura-se uma seta azul pra entrar na trilha correta

Ou seria pela estrada?




Trilha  e seta azul na mata.Ufa!



Bora pular a porteira


Lago dentro da APA, área de preservação ambiental


Chegando ao pequeno trecho de asfalto


Flores no caminho 


Bifurcação


Oliq -- azeite tá muito caro, né pessoal?


Mochila e cajado descansam no monumento da divisa. Agora só descida


Luminosa lá embaixo,  invisível




Uia! Fumaça constante


Que beleza!

Quase não dá pra ver, mas ao fundo é o famoso Quebra-Perna, do Caminho da Fé





 Por-do-sol no Morro do Cruzeiro, Luminosa




A praça da matriz iluminada
 

Iniciei a caminhada na terça-feira às 6h15min. Foram 7h15min, com  ganho de elevação  acumulado perto de 850m. Até a pousada Candeias ( Regina e Zé Rubens, sempre prestativos) em Luminosa (distrito de Brasópolis) foram 24km. Elevação brutal na primeira metade (altitude máxima de 1610m), de bloquetes e terra. De cara, engatei uma RZZ -- reduzida em zigue-zague. Não teve jeito. Depois, só ladeira a baixo por trilhas e estradas de terra. Sinalização com seta azul poderia ser melhor, especialmente na entrada da primeira trilha,  à esquerda.


DIA 2 -- LUMINOSA A PIRANGUÇU






No alto do morro, a divisa com Piranguçu



Cachorros e água gelada



Cachoeira quase seca


Agora só descida 





E mais banana...






Enfim, uma sombrinha


Fui ver meu gado






Secura: meus cavalos emagreceram por falta de pasto




A placa é clara, mas consegui errar feio na 1a bifurcação. Fui salvo por uma motociclista que ia trabalhar em Brasópolis




 Segundo dia começou com o pé esquerdo. Saí de novo às 6h15min. Porém, errei logo na largada ao entrar à esquerda na primeira bifurcação quando era na segunda, no encontro com o Caminho da Fé, onde também falta uma seta azul. Prejuízo de 2km e 30 minutos. Faz parte!

Pra variar, terreno plaino e depois subidão  sem fim -- hora de RZZ -- até o cume do dia,  na divisa com Piranguçu, altitude de 1400m.  Ali, o cordial morador,  Alex, me abasteceu de água gelada e não deixou os cachorros me morderem.


-- Agora fica fácil até Piranguçu. Só descida e depois no plaino. O senhor atravessa a cidade e  chega na fazenda Maratea. Vai com Deus.


Agradeço e pico a mula entre os bananais.  Na região só dá banana. Descida judia da ponta dos pés.  Vai ter bolha. E não deu outra: bolha  estourada na joanete do dedão direito. 

Após 8 horas e 30 minutos, boa parte ao lado do belo  rio Sapucaí, chego na pousada Verde Maratea. GEA  de mais ou menos 580m e PEA um pouco menor.


DIA 3 -- MORRO DO DEFUNTO



No alto do Morro do Defunto. Cheguei quase morto


DIA 3 -- PIRANGUÇU X WENCESLAU


Piranguçu lá embaixo



A água do sítio é para o gado, mas enchi meu squeeze, engatei uma RZZ e subi o morro.



Sítio/ fazenda bem cuidado



Bica salvadora


Felicidade nas águas do rio Sapucaí, já no bairro São Bernardo,   mas ainda Piranguçu


Raddão vermelhão de chapéu novo. Esqueci o velho boné na Maratea...



Como de costume, saio da pousada da sempre atenciosa Silvânia às 6h15min, após excelente café da manhã. Atravesso a cidade e após 2km entro na estrada de terra.  Plaino e depois ascensão braba até o mata-burro, na entrada para a rampa de vôo livre, a 1410m de altitude.

A partir daí, um Deus-nos-acuda. Nunca vi uma ribanceira igual. PEA de 450m em pouco mais  de 2km. Chocante! Chego na base, bairro de São Bernardo, com o pé direito queimando de dor. Quase morto!

Também, pudera, acabara de descer o famoso Morro do Defunto, na Serra dos Vieiras. Por que Morro do Defunto? É que o bairro ainda pertence ao município Piranguçu, onde fica o cemitério. Como bem antigamente não havia carros, diz a lenda que o falecido era levado morro acima para Piranguçu  em carro de boi,  carroça, lombo de burro ou mesmo nos braços/ombros de familiares e amigos.  Pqp! E eu reclamando de uma dorzinha ardida  queimando os dedos do  pé. 


Da base até o asfalto foram mais uns 13/14km,  agora também  na companhia do rio Sapucaí. Calma! Meus netos não me deixam. Boralá! Tomo água, molho a cabeça, pego o cajado salvador e chamo meus oito anjos, minhas  paixões: Victor, Júlia, Davi, Cecília, Matheus, Beatrice, Gabriel e Gustavo.  Vamucuvô!!! Ajuduvô!!!


Sol escaldante, umidade do ar baixa e o caipira fica sem alternativa. Paro no primeiro mercadinho e compro uma cerveja, dois gatorades e um chapéu, já que esqueci o meu tipo legionários na pousada.  Coisas da idade!  

Demoro,  mas chego vivo no asfalto. Para a esquerda,  um barzinho sentido Itajubá; para a direita, 7km até a Pousada Castelinho Amarelo ( da  Patrícia). Faltavam 15 minutos para as 3h da tarde e a única sombra convidativa era na mesinha do bar. Suor escorrendo. Preciso de líquidos   e sais minerais. Que tal uma spaten e um powerade?

Cajado/bambuzinho em mãos desde São Bento, abro o passo às 15h   e chego no Castelinho às 17h. Foram extenuantes 34km em  10h45min, com GEA de 550m e perda de +-500m. Janta na lanchonete da Derly foi supimpa.  Derlyciosa!!! (desculpe) Ah, tomei coca viu!?


DIA 4 -- TRILHA DA SANTA, UM PRECIPÍCIO



Porteira. Quase no pé da Santa. Vim lá de cima.


Motor 6.9 rateando..rsrs


Placa da Trilha dos Romeiros quase no topo da Trilha da Santa. Bora descer o precipício


Entrada da trilha pra descer. Falta pouco?




Oratórios antes da descidona bruta

Trilha em declive acentuado dentro da mata



Cansaço toma conta. Mais água



Casa abandonada após a pinguela de concreto 



Atravessando a pinguela





Ipês e cachoeira Formosa,  na  bela fazenda Boa Esperança



Entre eucaliptos. Que delícia!



4km até a Boa Esperança


Quarto dia do CFG  foi o mais difícil. Acúmulo de ganho de  elevação (1000m),  de perda (900m),  de cansaço (físico e psicológico), de secura e de dor nos pés e no quadril matam qualquer cristão. Definitivamente, nesta quadra da vida,  não tenho mais credencial de herói.


Demorei 11 horas pra cumprir mais 34km até a pousada da Sueli, no bairro de Pilões (Guaratinguetá). Foram mais  de 9km de asfalto, antes de entrar à direita na antiga Ponte de Zinco e mais 1,5km para chegar na trilha que corta caminho pelo pasto. Sinalização pouco visível junto ao passador pode fazer o peregrino ( ou virei  pereveja?) passar direto.


Neste percurso inicial, Frei Galvão coincide com Caminho de Aparecida ( 300km de Alfenas/MG a Aparecida/SP), com entrada à direita para o Charco/Pedrinhas.



Asfalto na divisa


Placa/trilha  escondida no passador


Atenção...à direita, no pasto

Subidinha curta mas puxada (cheia de bosta de vaca) e descidinha suave, volto pra estrada e dou de cara com a placa -- fazenda Boa Esperança - 4km.

Sempre à sombra salvadora da enorme  plantação de eucaliptos, passo pela pousada Saborzinho da Roça -- 22 moticiclistas parados abriram caminho pro idoso preferencial -- e pouco depois aporto no restaurante da Boa Esperança.



Outra das sete cachoeiras da fazenda


Com vista para a cachoeira emoldurada pelos ipês amarelos,  tiro as botas, acaricio o pé com três bolhas e descanso por 15 minutos. Powerade custou R$ 9 e spaten 269ml saiu por R$ 7. Cá entre nós, um absurdo, já que nos barzinhos e no mercadinho paguei R$ 5,50 no gatorade e R$ 5/6 na spaten 350ml. Talvez o belo  visual esteja incluído no preço abusivo.

Saio às 11h15min e pego a trilha pela mata em ascenso. Ganho terreno às margens do riacho, faço fotos da cachoeira Belíssima e chego numa seta azul  mostrando para atravessar o rio à direita. Pqp! Mas o  mapa indica linha reta e posterior pinguela de concreto. Melhor checar! Meto a bota na água e atravesso. Adivinha!  Dei com os burros n'água.

Voltei encharcado até as panturrilhas --  convite a mais bolhas -- peguei a trilha certa e após 200m dei de cara com a concretagem do mapa. Atravessei e logo saí numa estrada.

Credencial do CFG  indicava hotel Barão pra esquerda; croqui do solitário coordenador do caminho,  Brinquinho, mandava ir pra direita.  Mapinha do João também.  Só esqueceram de avisar com clareza que o proprietário do hotel em reformas proibiu a passagem dos peregrinos alegando excesso de lixo. Percurso aumenta 2km.

Voto de minerva ficou mesmo com uma placa da pousada da Sueli indicando à direita. Daí pra diante a placa branca e vermelha foi meu norte. Saí numa estrada mais larga, depois na trilha, novamente estrada --- ali  também falta uma placa indicativa -- , subi à direita,  passei por três riachos e finalmente cheguei, às 15h30min -- limite pra iniciar descida é 16h -- na temida Trilha da Santa.  Não  fui até o mirante, uns 200m à frente. Seria o Pico do Carrasco?






Muro de concreto no meio da mata. Trincheira durante a Revolução Constitucionalista de 1932?


DIA 4 -- Descanso justo, cerveja e powerade a preço  abusivo




Águas límpidas


Trilha leve


 Cachoeira Belíssima


Véinho cansado


Na mata fechada



Santo Deus! São cerca de 4km descendo pela mata. Coincide com a Trilha dos Romeiros ( 33 km de Delfim Moreira a Aparecida via Guaratinguetá) Do cume à base são quase 800m de PEA. São perto de 2km de trilha cheia de pedras soltas. Um perigo!  Um zigue-zague interminável.  RZZ  em declive! Só melhora da metade pra baixo. Chego na pousada após 11horas de pernada,  às 17h15min. Subi cerca de 1000m e desci uns 900m neste quarto dia. Finalmente, Pilões!

Mais tarde, tive o prazer de conhecer a Sueli, seus filhos Rafael e Gabriel e a simpática Fernanda, uma cozinheira/faz-tudo de mão cheia. Pessoas extremamente simples e agradáveis, às quais sou grato.


DIA 5 -- UM ERRO DE JUVENIL




Pousada da Sueli. Gratidão



No último dia da pernada cometi um erro de juvenil, imperdoável para um veterano.  Macaco velho vacilou e pulou em galho seco. Considerando que cada informação mostrava uma quilometragem, de 21km a 26km até a Casa do Frei Galvão, no centro de Guaratinguetá,  em terreno plaino, calculei que poderia sair mais tarde e chegar à rodoviária em seis horas pra pegar o ônibus sem atropelos.

Ledo engano! Me ferrei! Tomei café com a família, estiquei a conversa e só peguei estrada a baixo às 7h30min,  quando deveria sair no máximo às 6h. Afinal,  subida  acumulada ridicula de apenas  100m e PEA de 420m. Grande mancada do trator 6.9 foi não levar em conta o acúmulo de desgaste físico e mental, as bolhas,  o nariz sangrando, as dores no quadril e, principalmente, o clima deveras seco,  a baixa umidade do ar e a  poeira que impregnava a estrada, além das narinas. 

Foram 12/13km de terra sem sombra e  uns 3km de asfalto pegando fogo até chegar ao clube/bar do Nesio, no bairro de Santa Edwiges. Extenuado, refiz os cálculos pra percorrer os 10/11km restantes e concluí que chegaria quebrado e em cima da hora pra  pegar  o busão até São Paulo.   Isso se não caísse no meio do caminho. Tomei uma água, duas garrafinhas de Skol e deixei o orgulho de lado. Aceitei a carona do Fernando, dono do clube/bar, que ia até perto do centro. Foi a melhor decisão.

Na rodoviária, deu tempo me lavar  como gato no banheiro, trocar a camiseta, colocar desodorante, trocar as botas pelo  chinelinho meia-boca e comer um hamburger  chinfrim antes de voar com a Pássaro Marron.

Viagem tranquila. Às 20h já estava em casa. Mais um  difícil desafio superado. Que tal  uma pizza caseira de calabresa com muçarela e parmesão ralado?  Por que não um Luigi Bosca malbec pra festejar? Tim-tim!

Obrigado meu Deus, meus anjos  e a todos que me  ajudaram em mais uma louca aventura  solo de um caipira metido a besta.