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sábado, 31 de julho de 2010

Ramalhão contrata Moreno. Do vôlei

A nova contratação do Santo André chuta com dificuldades e cabeceia apenas razoavelmente, embora tenha boa estatura e aceitável impulsão. Seu forte não é a velocidade, tampouco a colocação ou o sentido de cobertura.

Bola parada não é seu forte. Não pega no gol, mas sempre foi mais eficiente com as mãos do que com os pés e a cabeça. Dificilmente faz gol. A não ser nos campeonatos internos do Aramaçan (?) e do Primeiro de Maio. É bom lembrar que não se trata de uma revelação, de uma jovem promessa do futebol. É um sessentão conservado.

Antonio Carlos Moreno é o novo diretor-executivo do Saged -- Santo André Gestão Empresarial e Desportiva . Ex-jogador da Seleção Brasileira de Vôlei, com currículo de fazer inveja a William, Giovanni, Tande, Giba, Maurício e cia, Moreno disputou quatro olimpíadas, quatro mundiais, quatro Pan-Americanos e sete Sul-Americanos. Chegou a ser considerado um dos cinco melhores do mundo na década de 70.

Inegavelmente, um orgulho para Santo André, que sempre dependeu das cortadas de Moreno para conquistar inúmeros títulos. Que saudade! Quantos títulos! E a auto-estima do cidadão andreense lá em cima.

Professor de Educação física e empresário -- não sei se também é formado em Administração --, Moreno já fez um pouco de tudo no mundo do esporte. Dentro de fora das quadras. Foi diretor, professor, coordenador, supervisor, gerente e gestor de clubes e de faculdades distribuídos pela Grande São Paulo.

Na década de 80, foi diretor de Esportes da Prefeitura de Santo André. Como tinha mais empregos do que tempo e disposição para trabalhar de verdade, pouco fez como dirigente/servidor público. Acabou recebendo cartão vermelho.

Bem diferente do brilhantismo demonstrado em 366 jogos pela Seleção Brasileira e outros tantos por Pirelli e Aramaçan, principalmente. Ganhou quase tudo e cansou de carregar seus times nas costas. Foi excepcional em títulos nacionais e estaduais, entre eles os Jogos Abertos e Regionais.

Como pai de família e empresário, não cabe a mim analisar. Como homem do futebol, infelizmente, não tem currículo a apresentar. Treinador de goleiros do Palmeiras no início da década de 70 não acrescenta nada. A passagem apagada como diretor/supervisor do Paraná Clube, há algum tempo, também não o credencia.

Agora, o desafio é novo, diferente. Mais uma vez, cabe a Moreno provar que é capaz. Vai fazer o meio-campo entre as divisões de base e o profissional. Vem para botar ordem na casa por onde passaram Muller, Carlitos e Ricardo Navajas.

Carlitos mostrou algum serviço e já caiu fora. Muller e Navajas quase nada fizeram, além de ganhar dinheiro. Não sei se por culpa própria ou da entidade gestora do futebol andreense.

Só sei que todos recebiam entre R$ 20 mil e R$ 25 mil mensais. E com Moreno não deve ser diferente, calculo. Nada mau! Especialmente se considerarmos que o Saged acumula débitos superiores a R$ 8 milhões, segundo um amigo cotista da empresa. Cotista preocupado, por sinal.

Dizem que Moreno chega para fazer um trabalho mais institucional, de relações públicas e marketing, envolvendo clubes co-irmãos e a sociedade como um todo. A mesma sociedade que pouco liga para quem já ganhou a Copa do Brasil e acaba de ser vice-campeão paulista.

Enfim, ao ex-ídolo do vôlei está reservada uma tarefa nada fácil, e de grande responsabilidade. Torço muito pra dar certo, mas pago pra ver. Questão de perfil! Acho que Moreno não casa com tais funções. Se estiver sozinho, piorou! É trabalho de equipe. De longo prazo, sem o imediatismo suicida tão comum no futebol.

Para completar: dentre as muitas declarações creditadas ao ex-capitão da Pirelli e da Seleção, uma chama mais a atenção: "Vou contribuir com cabeça, alma e coração. Quero resgatar a pujança do esporte da cidade, como acontecia entre os anos de 1960 e o início de 1990 com o time da Pirelli".

Preste atenção! A declaração está muito mais para um diretor de Esportes da cidade do que para o diretor-executivo do nosso futebol profissional. Será? Não sei de quem foi a idéia, ou a indicação, mas prefiro não escrever o pensamento perigoso que passou pela minha cabeça. Só sei que Moreno será uma espécie de braço direito de Ronan Maria Pinto, o dono do Saged.

Em todo caso, fica a torcida... Sem nos esquecermos de que o Ramalhão está seriamente ameaçado de entrar na zona de rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro. Se cair novamente, quem vai pagar o pato? Sérgio Soares, Ronan ou Moreno? Nenhum deles. Todos nós.

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