Ganho e perda de elevação: cerca de 1000m
.
Distância percorrida: 26km (ida e volta),
Tempo total de percurso: aproximadamente 13 horas ( 5h45min pra ir, uma pra curtir, e 6h15min para retornar).
Início e fim do trekking: 1070m, margens do Rio Bonito (Brejal/Bananal/SP--Angra dos Reis/RJ).
Tipo: light/fast ( caminhar leve, com pouco peso, e rápido)
Objetivo: treinar, testar os limites, refletir e contemplar a natureza com respeito.
Clima: céu azul na maioria do tempo, poucas nuvens no final da tarde e temperatura média próxima de 20 graus.
Nível: difícil
Equipe: Vitor Nunes (guia), Flávio, Marcelo e Raddi.
Data: 29 de agosto de 2019.
Isto posto, vai aqui pequeno relato da nossa difícil aventura pelas bandas da divisa entre os estados de São Paulo (Bananal) e Rio de Janeiro (Angra dos Reis). Por questões de praticidade e segurança, nossa ascensão foi feita partindo-se do bairro Brejal, zona rural de Bananal.
Rodamos 770 km ao todo. Saímos de Santo André na quarta-feira à tarde, pegamos o Vitor em Resende, passamos por Barra Mansa e atravessamos a histórica Bananal para depois subir a serra. Curvas sem fim, com cotovelos carregados de emoção e certo enjoo (eu).
Ficamos no hostel/pousada Brejal, do Carlinhos e da Estefânia, bom papo, sempre simpáticos e dispostos a bem servir. Tudo simples, limpo e aconchegante. Chuveiro quente e refeição boa, com destaque para a truta com alcaparra e/ou pinhão. Ótimo café da manhã -- na quinta excepcionalmente servido às 5h15min e na sexta às 8h. Preço justo.
Pra facilitar e caminhar menos, na quinta fomos com o jovem carioca Marcelo, de Jimny 4x4 ( sim, coube!), até a beirada do Rio Bonito. Após uma ponte, quatro porteiras e alguma lama, estacionamos, ouvimos a orientações do Vitor, alongamos e partimos por volta das 6h15min.
Daí foram quase seis horas de pauleira, a começar pela travessia do rio. Água pelos joelhos, botas nas mãos... um belo batismo. Descampado, mata, descampado, mata, outro descampado (de onde se avista a Pedra do Frade bem longe), inúmeros charcos e muita lama.
No trajeto a lama na trilha só reduz pouco antes da Gruta dos Alemães, o último de muitos pontos de água. Antes disso, o riacho Goiabeira e alguns córregos. Antes também trilhas enlameadas, piso agravado pelo pisotear de animais utilizados na extração ilegal de palmito. É de dar dó! Desmatamento latente. Fiscalização zero! Pobre natureza!
GRUTA, MIRANTE E PEDRA... NO LIMITE!
Se antes da gruta o piso judia mas o relevo favorece porque não existem ladeiras e subidas significativas, depois a roda pega viu. E como! A coisa fica preta! Dos 1150m até o 1570m, no cume, passando pelos cerca de 1350m do mirante, não tem almoço de graça. Sofrimento e dor.
Sobra ganho de elevação. Falta perna; falta fôlego. Felizmente também sobra sombra, já que 80% da trilha são percorridos dentro da mata. Parada no belo mirante serve não só para fotografar a pedra maior e todo o entorno de Angra como para descansar por uns 15 minutos antes de "atacar" o Frade.
Conclusão da primeira metade da aventura é por trilha mais técnica, com enrosca-bambuzinhos, trepa-pedras, agarra- raízes e até momentos de Indiana Jones utilizando cordas e escadinhas (madeira encordoada) em inclinações pesadas.
Escalaminhadas finais devem ser feitas com extremo cuidado, muita atenção e firmeza a cada passo ou pegada manual por se tratar de lugares expostos. Perigo constante, iminente. Faz parte. Passamos com louvor... e certo medo, pra dizer a verdade.
Confesso que nos 10 minutos finais, quando todos já haviam chegado, o sessentão aqui ficou com a pulga atrás da orelha, pensando como seria um resgate de helicóptero. Senti forte fisgada na coxa esquerda e precisei subir meio na judiaria, quase me arrastando. Ninguém viu! Quando o flamenguista Vitor perguntou se estava tudo bem eu respondi que sim.
Cheguei no limite, mas valeu a pena. Muito!. Um visual maravilhoso. Uma conquista memorável! Uma imagem inesquecível. Angra, Ilha Grande e Paraty banhadas pelo mar carioca. Do outro lado, a Serra da Bocaina, um mar de montanhas paulistas.
Cumprimentos, muitas fotos e alongamento durante o descanso físico, mental, contemplativo e recreio alimentar. Além de orações agradecendo e pedindo proteção ao Papai do Céu. Spray milagroso do Vitor também ajudou e, felizmente, pude perceber, preliminarmente, que a fisgada não era estiramento e sim cãibra. Por isso a hidratação foi fundamental.
É HORA DE VOLTAR. INTEIROS!
Doi no coração e no fundo da alma; parece que um vazio toma conta do seu corpo, da sua mente. Mas é preciso voltar. É preciso superar o cansaço físico e mental e descer as escadinhas, as cordas, as ladeiras, as pedras, superar a lama, o charco, o rio... tudo de novo, no sentido inverso. A segunda perna do trekking também é desgastante quando falamos de bate-e-volta. Psicológico precisa ser forte. Né Vitão?
Programamos, mesmo sem tanta rigidez, estar de volta ao conforto do Jimny antes do anoitecer. Saimos do topo do Frade pouco depois das 13h. Com autorização do grande guia, fui um pouco mais à frente pra testar aquela dor na coxa. Superei os obstáculos com alguma categoria, sem medo e sem dor
Em menos de meia hora eu estava no pé da Pedra do Frade à espera dos meus amigos. Só lamentei quando fiquei sabendo que o Flávio havia torcido o joelho numa das escadas encordadas e estava caminhando com dificuldade.
Acontece com qualquer um. Inclusive com guerreiros do Frade. Tudo está bem e, de repente... Por isso voltamos mais devagar, com extremo cuidado. Por isso não teve como chegar ao destino ainda sob a luz do dia.
De um total de 6h15min, foram cerca de duas horas no escuro, com lanterna de cabeça. Imagina a cena naquela escuridão, vez por outra procurando o caminho pelo GPS, pisando na lama, na bosta de cavalo, na água. Por isso o Fávio foi guerreiro . Determinação e resiliência nota 10. Merece aplausos ( Uma trilha difícil, com muitas bifurcações. Sem guia é bem fácil se perder. Chame o Vitor. Patamar de gente grande).
Chegamos no rio Bonito antes das 19h30min. Atravessamos brincando , encharcados mas extremamente felizes, radiantes. Ainda bem. O Marcelo que o diga. Cá entre nós, só conto pra torcida do Coríntians: o botafoguense estava com medo do escuro.
Na pousada, banhos tomados, Flávio cuidado, nada melhor do que aquela truta feita com esmero. Pra acompanhar, cerveja, vinho e até uma caipirinha de limão cavalo com mel que eu mesmo fiz. Afinal, nós merecemos. No dia seguinte, um retorno sem transtornos.
Obrigado Flávio! Obrigado Marcelo! Obrigado Vitor! Obrigado meu Deus por nos abençoar e proteger.
Objetivo: treinar, testar os limites, refletir e contemplar a natureza com respeito.
Clima: céu azul na maioria do tempo, poucas nuvens no final da tarde e temperatura média próxima de 20 graus.
Nível: difícil
Equipe: Vitor Nunes (guia), Flávio, Marcelo e Raddi.
Data: 29 de agosto de 2019.
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Flávio, Raddi e o Frade |
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Angra dos Reis vista do mirante |
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A imponência da Pedra vista do mirante |
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Gruta dos Alemães, quando a roda começa a pegar pra valer |
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Descanso na gruta, último ponto de água |
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Um trator 6.4 nas alturas |
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Na descida da serra, vista do mirante |
Isto posto, vai aqui pequeno relato da nossa difícil aventura pelas bandas da divisa entre os estados de São Paulo (Bananal) e Rio de Janeiro (Angra dos Reis). Por questões de praticidade e segurança, nossa ascensão foi feita partindo-se do bairro Brejal, zona rural de Bananal.
Rodamos 770 km ao todo. Saímos de Santo André na quarta-feira à tarde, pegamos o Vitor em Resende, passamos por Barra Mansa e atravessamos a histórica Bananal para depois subir a serra. Curvas sem fim, com cotovelos carregados de emoção e certo enjoo (eu).
Ficamos no hostel/pousada Brejal, do Carlinhos e da Estefânia, bom papo, sempre simpáticos e dispostos a bem servir. Tudo simples, limpo e aconchegante. Chuveiro quente e refeição boa, com destaque para a truta com alcaparra e/ou pinhão. Ótimo café da manhã -- na quinta excepcionalmente servido às 5h15min e na sexta às 8h. Preço justo.
Pra facilitar e caminhar menos, na quinta fomos com o jovem carioca Marcelo, de Jimny 4x4 ( sim, coube!), até a beirada do Rio Bonito. Após uma ponte, quatro porteiras e alguma lama, estacionamos, ouvimos a orientações do Vitor, alongamos e partimos por volta das 6h15min.
Daí foram quase seis horas de pauleira, a começar pela travessia do rio. Água pelos joelhos, botas nas mãos... um belo batismo. Descampado, mata, descampado, mata, outro descampado (de onde se avista a Pedra do Frade bem longe), inúmeros charcos e muita lama.
No trajeto a lama na trilha só reduz pouco antes da Gruta dos Alemães, o último de muitos pontos de água. Antes disso, o riacho Goiabeira e alguns córregos. Antes também trilhas enlameadas, piso agravado pelo pisotear de animais utilizados na extração ilegal de palmito. É de dar dó! Desmatamento latente. Fiscalização zero! Pobre natureza!
GRUTA, MIRANTE E PEDRA... NO LIMITE!
Se antes da gruta o piso judia mas o relevo favorece porque não existem ladeiras e subidas significativas, depois a roda pega viu. E como! A coisa fica preta! Dos 1150m até o 1570m, no cume, passando pelos cerca de 1350m do mirante, não tem almoço de graça. Sofrimento e dor.
Sobra ganho de elevação. Falta perna; falta fôlego. Felizmente também sobra sombra, já que 80% da trilha são percorridos dentro da mata. Parada no belo mirante serve não só para fotografar a pedra maior e todo o entorno de Angra como para descansar por uns 15 minutos antes de "atacar" o Frade.
Conclusão da primeira metade da aventura é por trilha mais técnica, com enrosca-bambuzinhos, trepa-pedras, agarra- raízes e até momentos de Indiana Jones utilizando cordas e escadinhas (madeira encordoada) em inclinações pesadas.
Escalaminhadas finais devem ser feitas com extremo cuidado, muita atenção e firmeza a cada passo ou pegada manual por se tratar de lugares expostos. Perigo constante, iminente. Faz parte. Passamos com louvor... e certo medo, pra dizer a verdade.
Confesso que nos 10 minutos finais, quando todos já haviam chegado, o sessentão aqui ficou com a pulga atrás da orelha, pensando como seria um resgate de helicóptero. Senti forte fisgada na coxa esquerda e precisei subir meio na judiaria, quase me arrastando. Ninguém viu! Quando o flamenguista Vitor perguntou se estava tudo bem eu respondi que sim.
Cheguei no limite, mas valeu a pena. Muito!. Um visual maravilhoso. Uma conquista memorável! Uma imagem inesquecível. Angra, Ilha Grande e Paraty banhadas pelo mar carioca. Do outro lado, a Serra da Bocaina, um mar de montanhas paulistas.
Cumprimentos, muitas fotos e alongamento durante o descanso físico, mental, contemplativo e recreio alimentar. Além de orações agradecendo e pedindo proteção ao Papai do Céu. Spray milagroso do Vitor também ajudou e, felizmente, pude perceber, preliminarmente, que a fisgada não era estiramento e sim cãibra. Por isso a hidratação foi fundamental.
É HORA DE VOLTAR. INTEIROS!
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Raddão e o Frade |
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"Vai Marcelo, sobe" -- Vitor |
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Tudo vale a pena quando a alma não é pequena |
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Flávio e o merecido cumprimento do Vitor |
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Guerreiros do Frade ......rsrs |
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Marcelo, Flávio, Vitor e Raddi iniciando o retorno, sem chororô |
Doi no coração e no fundo da alma; parece que um vazio toma conta do seu corpo, da sua mente. Mas é preciso voltar. É preciso superar o cansaço físico e mental e descer as escadinhas, as cordas, as ladeiras, as pedras, superar a lama, o charco, o rio... tudo de novo, no sentido inverso. A segunda perna do trekking também é desgastante quando falamos de bate-e-volta. Psicológico precisa ser forte. Né Vitão?
Programamos, mesmo sem tanta rigidez, estar de volta ao conforto do Jimny antes do anoitecer. Saimos do topo do Frade pouco depois das 13h. Com autorização do grande guia, fui um pouco mais à frente pra testar aquela dor na coxa. Superei os obstáculos com alguma categoria, sem medo e sem dor
Em menos de meia hora eu estava no pé da Pedra do Frade à espera dos meus amigos. Só lamentei quando fiquei sabendo que o Flávio havia torcido o joelho numa das escadas encordadas e estava caminhando com dificuldade.
Acontece com qualquer um. Inclusive com guerreiros do Frade. Tudo está bem e, de repente... Por isso voltamos mais devagar, com extremo cuidado. Por isso não teve como chegar ao destino ainda sob a luz do dia.
De um total de 6h15min, foram cerca de duas horas no escuro, com lanterna de cabeça. Imagina a cena naquela escuridão, vez por outra procurando o caminho pelo GPS, pisando na lama, na bosta de cavalo, na água. Por isso o Fávio foi guerreiro . Determinação e resiliência nota 10. Merece aplausos ( Uma trilha difícil, com muitas bifurcações. Sem guia é bem fácil se perder. Chame o Vitor. Patamar de gente grande).
Chegamos no rio Bonito antes das 19h30min. Atravessamos brincando , encharcados mas extremamente felizes, radiantes. Ainda bem. O Marcelo que o diga. Cá entre nós, só conto pra torcida do Coríntians: o botafoguense estava com medo do escuro.
Obrigado Flávio! Obrigado Marcelo! Obrigado Vitor! Obrigado meu Deus por nos abençoar e proteger.
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Início da grande jornada |
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Flávio, o esforço de um guerreiro |
😂😂😂👏👏👏
ResponderExcluirVALEU MARCELO! OBRIGADO PELO COMPANHEIRISMO
ResponderExcluirGrande Raddi! Valeu a aventura! Ótima companhia!
ResponderExcluirFalaí meu amigo guerreiro...gratidão eterna...pronto pra outra...grande abraço
ExcluirFoi demais ler esta expedição/aventura, regada de Garra,Determinação e acima de tudo Proteção Divina,deste Quarteto Fantástico...Os Guerreiros do Frade. Parabéns à todos pela conquista do objetivo.Um forte abraço professor
ResponderExcluirObrigado pelo carinho pelas palavras de alento, Raphael. Guerreiros agradecem, envaidecidos e felizes.
ExcluirMe senti de novo em nossa grande “Aventura” , onde caminhei não com clientes , mas sim amigos que vou guardar pra vida toda ...Obrigado pelos dias ...
ResponderExcluirVALEU, MEU AMIGO! INESQUECIVEL! GRATIDÃO SEM LIMITES!
ExcluirMuito bom!💯💯👏👏
ResponderExcluirOlá Mara... Mais uma, muito obrigado. Ah, acabei de publicar travessia Pe x Tere... com chuva no final. Risco calculado. Veja lá
ExcluirMoro em Paraty e ainda quero fazer essa aventura muito breve, valeu guerreiros tmj
ResponderExcluirObrigado..faz sim.vale a pena
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