Seguidores

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Covardia de Mano é salva pelo apagão

Vou falar taticamente de um jogo que não aconteceu. Alguns devem achar que estou louco. Mas não estou, não!

Todo mundo já escreveu sobre o vergonhoso apagão de ontem em Resistência, onde se enfrentariam duas das maiores forças do futebol mundial.

O segundo jogo do Desafio Brasil x Argentina foi levado para uma cidadezinha sem condições estruturais, só pra a AFA agradar o governador da província, e deu no que deu. Apagão e jogo cancelado.

Bom para a limitada equipe C da Argentina. Ruim para o time quase B do Brasil, que poderia ser testado. Melhor para o técnico Mano Menezes. Por que, se o time só entrou em campo para ouvir o hino nacional e concluir o aquecimento?

Simplesmente porque nosso treinador escalou uma Seleção Brasileira, pentacampeã mundial,  como se fosse um time pequeno, a enfrentar o poderoso Barcelona que encanta o planeta.

Aqui, em Goiânia, quando ganhamos de 2 a1 na bacia das almas, o Brasil jogou no 4-2-1-3, com quatro zagueiros, dois volantes (Ralf e Paulinho), um meia (Jadson) e três atacantes (Lucas, Luís Fabiano e Neymar).

Como a Argentina reconheceu as próprias limitações, se apequenou e veio num fechadíssimo 5-3-2 dissimulado em 3-5-2, o Brasil encontrou enormes dificuldades para fugir do congestionamento, penetrar e concluir.

Enfiado entre um monte de argentinos, o bom mas sempre lesionado centroavante do São Paulo foi o mais sacrificado. Luís Fabiano foi o menos culpado porque nem mesmo pelas laterais fomos eficientes.

Ontem, mesmo em casa, pelo menos na escalação a Argentina mantinha três zagueiros, dois alas, três meio-campistas e apenas dois atacantes ( o corintiano Martinez e o palmeirense Barcos). Respeito em excesso e cheiro de joguinho!

Já Mano Menezes optou pelo excessivamente respeitoso ( ou medroso?) 4-3-1-2. Traduzindo: quatro zagueiros (por sinal, com laterais não confiáveis), três volantes (Ralf, Paulinho e Arouca), um armador que chega com desenvoltura (Thiago Neves) e dois velocistas dribladores (Lucas e Neymar) para fechar em diagonal, à Barcelona, já que não haveria referência.

Não gosto, mas, dependendo das circunstâncias, até admito a ausência do matador. Desde que, como no Barcelona, outros assumam a função de meter a bola pra dentro.

É bom lembrar que não somos tão entrosados e não temos, juntos, competências diferenciadas como Messi, Iniesta, Xavi, Fabregas e Alexis Sanches.

Porém, o que não dá pra engolir é Mano Menezes escalar três volantes. Não se trata de timinho; aqui é Seleção, mano! E pensar que já me encantei com o meio-campo da Seleção com Clodoaldo, Gérson e Rivelino (70) e Cerezzo, Falcão, Sócrates e Zico (82).

E não adianta dizer que Paulinho apareceria como homem surpresa para penetrar e finalizar. Paulinho poderia simplesmente repetir o que faz no Corinthians, sem necessidade do bom mas dispensável volante do Santos.

Mas, sob pressão, o treinador escalou de olho no resultado e na preservação do cargo. Afinal, um empate nos favorecia. Pra quê ousar, correr riscos, né! Às favas a arte, a beleza de sair pro jogo franco!

Covardia! Futebol espetáculo também pode ser sinônimo de vitória. Alguém não gostou de  Manchester City x Borússia Dortmund? Os campeões inglês e alemão empataram de 1 a 1 e mostraram futebol de encher os olhos de quem gosta.

Mesmo sem optar por um centroavante de ofício, Mano poderia pôr mais um meia, capaz de cercar, armar e chegar à frente em companhia de Thiago Neves.

Afinal, essa Argentina não assusta ninguém. Quer dizer, deve  aterrorizar o nosso comandante, né? E olha que admiro o trabalho de Mano Menezes.

Moral da história: o mesmo apagão que causou o mico argentino cancelou o  jogo salvou Mano Menezes de ter de encarar xingamentos de "covarde", "retranqueiro" e "burro". Desta vez, com razão.  Depois, vai reclamar se o torcedor pedir Felipão, Muricy ou Tite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário