
Compreende-se a omissão do Diário
do Grande ABC em apontar nome e sobrenome da síntese do fracasso do ex-Ramalhão,
transformado em Saged (Santo André Gestão Empresarial e Desportiva), rebaixado
pela quinta fez em sete competições nas quais o empresário Ronan Maria Pinto
comandou a terceirização do futebol da cidade. Dono do Diário do Grande ABC e
temido por gregos e troianos na Província do Grande ABC, Ronan Maria Pinto
constrange a equipe de jornalistas do jornal que ele adquiriu há oito anos. Mais
que omitir a identidade do mais desastrado dirigente esportivo que a região já
conheceu, os jornalistas do Diário do Grande ABC, nas entrelinhas próprias da
inexatidão, procuram estender responsabilidades a ex-dirigentes ou mesmo ao
prefeito Aidan Ravin. Pura idiotice.
A verdade irretocável é que Ronan
Maria Pinto recebeu uma agremiação em dificuldades, é verdade, mas teve tudo
para, fosse democrático e mais inteligente que supostamente esperto, liderar um
grupo de força coletiva extraordinária. Mas o ego de quem imagina conhecer tudo,
saber de tudo, sempre falou mais alto.
Desafio os leitores a encontrar
uma matéria sequer em que me deixei levar pelo encanto verbal de Ronan Maria
Pinto quando se trata do futebol de Santo André. Nos arquivos desta revista
digital há um total de 199 textos relacionados a Ronan Maria Pinto. O
penta-rebaixamento do Saged (insisto em suprimir o nome de Ramalhão, porque
Ramalhão é outra coisa) era questão de tempo.
Tão natural e compulsório quanto uma eleição depois da outra em regimes
democráticos.
Sim, o Saged chegou ao
penta-rebaixamento. Coloco nessa conta o descenso de fato (embora de direito
tenha sido salvo pelo Brasil de Pelotas, que escalou um jogador em condições
irregulares e caiu fora de campo) à Série C do ano passado.
Desvirtuamentos
manjadíssimos
É sempre possível que alguém
interprete as intervenções deste jornalista sob ângulo de desavença particular,
porque é esse o recado que Ronan Maria Pinto transmite a interlocutores quando é
analisado neste espaço. Pura bobagem. Escrevo publicamente que ele me prestou um
favor ao romper o contrato que formulamos em 2004 para retirar o Diário do
Grande ABC da Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro de Imprensa. Fiquei nove
meses naquele endereço, a tempo de salvar minha saúde, porque aquela é uma casa
de loucos. Não coloco minha honra profissional entre o saldo daquela
contratação, porque jamais a submeti a risco. Não tenho vocação à marionete;
tampouco a capacho; muito menos a pau mandado.
Não é à toa que o Diário do
Grande ABC ocupa galhardamente já faz tempo a Quarta Divisão do Campeonato
Brasileiro de Imprensa. Tudo a ver, como se vê, entre futebol e comunicação,
áreas nas quais Ronan Maria Pinto sempre acreditou navegar com a destreza dos
campeões. Falta-lhe humildade para reconhecer-se despreparado. Coisa típica de
ignorante. Ronan Maria Pinto subestima a realidade de que todos somos ignorantes
em muitas atividades. A inteligência está na capacidade de reconhecer-se
ignorante e fugir das raias que nos possam causar estragos. Sou um cantor de
meia tigela, um desenhista indecifrável, um ex-atleta sem brilho técnico. Por
isso sempre me lancei de corpo e alma no jornalismo. Meu velho pai, grande pai,
também como Ronan, era um homem de poucas letras. Mas jamais se meteu no
jornalismo. E se se metesse, saberia ouvir os melhores e se recolheria a funções
não contaminadoras do conteúdo.
De fato, o sexto
rebaixamento
Acompanhei atentamente a
transposição do Esporte Clube Santo André para o Saged muito antes da
formalidade legal. Tanto que o rebaixamento do então Ramalhão à Série B do
Campeonato Paulista, no primeiro semestre de 2007, se deu por força de
intervenção externa de Ronan Maria Pinto, que, ao inventar um candidato de
oposição a Celso Luiz de Almeida, indicado por Jairo Livolis, retirou o foco de
equipe e, com isso, desorganizou o planejamento e a execução. Tudo para
conseguir o controle do então Ramalhão através da Saged, algo que se deu no
segundo semestre daquele ano, quando Jairo Livolis e Celso Luiz de Almeida foram
excluídos não sob uma saraivada de ataques, mas com os punhos de renda de quem
tem malicia e sabe jogar nos bastidores.
Por isso, na ponta do lápis,
contando com o rebaixamento de fato embora não de direito na Série C do
Brasileiro do ano passado, o Saged supera o próprio recorde de
penta-rebaixamento, para chegar ao hexa.
Testemunho aos leitores, no
sentido de destruir qualquer ilação que dê sentido à bobagem de que faltou ao
Saged a colaboração e o apoio do Esporte Clube Santo André, que ninguém é mais
responsável, solitariamente responsável, pelo fracasso do futebol do Santo André
senão Ronan Maria Pinto. Autoritário, autossuficiente, debochado, Ronan Maria
Pinto eliminou de qualquer possibilidade de participação efetiva todos aqueles
que julgava incômodos por não pensarem exatamente como ele. Ronan Maria Pinto é
um ditador adocicado, o pior dos ditadores, porque comete injustiças sem que as
vítimas se deem conta da gravidade dos abusos. Foi assim no ex-Ramalhão quando
se lançou na empreitada de destruir qualquer vestígio dos dirigentes que atuaram
durante anos no Ramalhão.
Compartilhar não é um conceito ao
qual Ronan Maria Pinto dê a menor prioridade quando, evidentemente, entende que
prescinde de companhia. Dirigir o ex-Ramalhão é uma responsabilidade coletiva da
qual Ronan Maria Pinto abriu mão por livre e espontânea vontade, uma vontade
gestada na personalidade individualista de quem simplifica tudo ao acreditar que
basta colocar dinheiro para que o resto aconteça. Deve ter descoberto que a
democracia do futebol, de transparência senão absoluta mas saudável, não tem
parentesco algum com a esperteza dos bastidores de outras atividades menos
sujeitas às verdades da competitividade dos gramados.
Quando perder é vencer
Confesso publicamente que já se
foi o tempo em que perdia cabelos torcendo pelo antigo Ramalhão. Aliás, há muito
tempo não sinto o menor interesse pessoal pela agremiação. Algo que me espanta,
porque não foram poucas as situações em que me penalizava na eterna luta para
conter sentimento clubístico por conta da função social que exerço há quase meio
século. Ou vou mentir que não comemorei feito um louco a conquista da Copa do
Brasil em 2004, ou do memorável acesso à Primeira Divisão Paulista em 1981,
entre tantos outros feitos? Confesso também publicamente que não foram poucas as
vezes em que torci para o Saged perder, porque sabia que havia um conto de
vigário implicitamente incubado e assanhado em cada vitória, uma espécie de
caderneta de poupança reversa, cujos rendimentos cediam lugar a
penalizações.
Ronan Maria Pinto é o nome e o
sobrenome da hecatombe que domina o futebol de Santo André. A única lógica entre
o futebol e o jornal que dirige é mesmo a Quarta Divisão. Ronan Maria Pinto não
é de nenhum desses ramos, bem sabe disso. Até mesmo a breve passagem pela Série
A do Campeonato Brasileiro fundamenta essa constatação, porque estava na cara
que a agremiação empresarial não contava com estrutura econômica, física,
técnica e institucional para frequentar o clube fechado das maiores agremiações
do País. Quando forçou a barra para chegar lá, como forçou a barra para ganhar a
Série A do Campeonato Paulista, ao montar um dos melhores times da história do
ex-Ramalhão, Ronan Maria Pinto patrocinou uma corrida maluca, uma roleta russa,
um anabolizante cujos custos não tardariam a vir. E vieram dolorosamente.
Do futuro do ex-Ramalhão
voltaremos a escrever, embora não faltem textos nesta
revista digital que tornam este novo trabalho apenas um fragmento de atualização
clamorosamente coerente, cristalizadas na essência do jornalismo
independente.
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