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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Vejinha: crianças ou o senhor ostentação?

Falo, aqui, como pai, avô, educador, jornalista e leitor assíduo da revista Veja. Endosso e assino embaixo pelo menos 70/80% do que leio. Como crítico, lógico que não poderia concordar com tudo.

Exemplo é a capa da Veja São Paulo de 25 de março. Respeito, lamento, mas não posso fazer coro com os editores da Vejinha.

A foto do cartola  Marco Polo del Nero no gramado de num dos templos do futebol brasileiro, o histórico e sempre aconchegante estádio do Pacaembu, resvala em acinte.

Bem a caráter, o novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol aparece de terno, chuteiras douradas e com a bola debaixo do braço direito.

No tapete verde por onde desfilaram Pelé, Rivelino, Ademir da Guia, Gérson, Ivair,  Sócrates e cia, o novo dono da bola-- e do poder maior --  aparece sentado numa cadeira almofadada. Um trono para o novo rei.

Vaidoso, exibicionista, prepotente,  egocêntrico,  mulherengo, rico e com salários próximos de R$ 200 mil  mensais, é o retrato fiel de uma bomba atômica chamada poder. Seu nome é Marco. Sobrenome:ostentação.

O ex-presidente do Palmeiras e da Federação Paulista de Futebol assume no próximo dia 16. E o futebol brasileiro não vai mudar nada, absolutamente nada,  nos próximos quatro anos.

A CBF será ainda mais milionária. As federações continuarão ricas. Porque seus cordeirinhos interesseiros não largam as tetas da confederação. E os clubes, mal-administrados e relegados a segundo plano, ficarão ainda mais atolados em dívidas impagáveis.

Por isso  tudo vão se enganar redondamente aqueles que acham que os 7 a 1 da Alemanha foram obra do acaso ou apenas da incompetência scolariana,  e só voltarão a acontecer daqui a 500 anos.

O senhor ostentação não precisa mostrar competência, ética, comprometimento, profissionalismo. Basta manter o mensalinho de R$ 100 mil. As polpudas mesadas  das federações estaduais elegem e reelegem seus protegidos ao bel prazer. Sem contar as outras benesses em troca de votos.

Apoio político incondicional! Concluio! Compadrio! Infelizmente, um troca-troca tão corriqueiro quanto  vergonhoso. É assim que funciona o submundo. A meritocracia é tão rara quanto uma confissão de culpa de 80% dos políticos brasileiros. Quem se atreve a concorrer?

O senhor ostentação joga no mesmo time de José Maria Marin, Ricardo Teixeira, João Havelange, Joseph Blatter, Nicolas Leoz e outros encastelados que confundem comando de uma entidade com o quintal de casa ou o convés do próprio iate. Puro abuso de poder!

Por isso entendo mas  discordo da Vejinha. A manchete bem que poderia vir da chamadinha que aparece discretamente na faixa superior da capa. Especial Crianças: um tira-dúvidas em 40 questões que afligem os pais.

A matéria de oito páginas dedicadas ao senhor ostentação não acrescenta absolutamente nada às necessidades do leitor sério. Muito menos à clamada ressurreição do futebol brasileiro.

As 15 páginas direcionadas aos pais e  às crianças são exemplares. Excepcionais! Jornalismo limpo, informativo,  objetivo, consistente. Uma cartilha a serviço de pais/leitores responsáveis.

O leitor de Veja sabe o que quer. Tenho certeza de que a maioria discorda da opção editorial.  Respeito à escolha jornalística não significa concordância. Dar tamanha visibilidade ao senhor dos anéis -- das pulseiras e dos braceletes --  é no mínimo discutível.

Aceitar passivamente a arrogância de Del Nero é comparável a ignorar a existência de mensalões, petrolões e outras falcatruas governamentais. Independentemente da coloração partidária.  

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