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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Um trator chamado São Caetano

Como previsto, não deu outra! Mais uma vez, deu São Caetano nos Jogos Abertos do Interior. Ainda em andamento, aqui na terra da GM e das Casas Bahia, a 73ª edição da Olimpíada Caipira já tem seu grande campeão.

Como se fossem os tratores utilizados pelos invasores do MST nas plantações de laranja da Cutrale, São Caetano passa por cima de tudo e ganha com cinco dias de antecedência seu 13º título da maior competição poliesportiva do Brasil. Mesmo sem o glamour de antigamente, não se discute a importância dos JAI para o universo esportivo. Afinal, são 234 cidades e cerca de 13 mil atletas, muitos de nível olímpico.

O município de São Caetano foi campeão pela primeira vez em 82, em Rio Claro, numa época em que a hegemonia era disputada pau-a-pau entre Santo André e Campinas. Bons tempos! Mas isso é passado. Depois de dois vices em 91 e 92, a segunda conquista de São Caetano veio em 97, em Bragança Paulista. Até 2002, a cidade foi hexacampeã, só perdendo o privilégio em 2003, quando Santos promoveu e ganhou o evento. De 2004 a 2009, outro hexa, totalizando 13 títulos em 73 edições.

O bicho-papão meio aposentado e quase inalcançável ainda é Santos, que ganhou 25 vezes. De 1940 a 1952 foram 13 conquistas seguidas -- seria tridecacampeão? -- e de 62 a 68 um hepta. Ganhou também em 54, 57 , 59 e 87. Quanto ao primeiro lugar em 2003, há até quem diga que São Caetano facilitou as coisas em troca de favor político. Que favor? Não sei. Nem imagino!

Santo André, que estava empatada com São Caetano, agora ficou pra trás. Enquanto a cúpula administrativa -- prefeito e cia bela -- respeitava e levava o esporte a sério, foram 12 títulos, com destaque para a década de 80. Santo André foi brilhante em 80, 81, 83, 84, 85, 86 e 88. Antes, o triunfo maior veio em 70, 72, 76 e 77. Em 96, o último, em Bragança Paulista, já sem a parceria robusta da Pirelli.

Em 2010, volta para a Segunda Divisão. Legal, né? Quanto orgulho para o cidadão andreense! Será que, mesmo com a alteração de comando -- leia-se Aidan Ravin -- o esporte vai continuar como simples moeda de troca, de trapaças políticas em nome de uma excrescência, um tumor vulgarmente conhecido como governabilidade? Só falta o governo querer reduzir a verba do esporte em vez de valorizar e investir com sabedoria, a longo prazo!

Completando os 26 títulos regionais -- 35,61% de aproveitamento -- o solitário de São Bernardo, em 73, em casa. São Bernardo foi vice em 2006, 2007 e 2008. Agora, em 2009, a disputa com São José dos Campos, Piracicaba e Santos está bem mais acirrada. Acho muito difícil ficar em segundo.

E por lá também já andam falando em corte drástico no orçamento do esporte. Se isso acontecer, vai sangrar. O prefeito Luiz Marinho vai dar um tiro no próprio pé. Pior: a bala vai ricochetear e se alojar no coração de uma grande cidade. Um ferimento de morte. Me recuso a acreditar!

Voltando aos números: a galeria dos campeões destaca ainda Campinas, hoje na Segunda Divisão depois de brilhar na década de 70. Foram cinco dos 10 títulos que ostenta. Na hierarquia do esporte estadual aparece Guarulhos, que investiu forte e se destacou na década de 90, quando foi hexa, de 90 a 95. Hoje, faz companhia pra Campinas na Segundona. Afinal, investir em esporte pra quê, ? Bobagem...

A mineira Uberlândia vem em seguida com três primeiros lugares, nas três primeiras edições dos JAI: Monte Alto (36), Uberlândia (37) e Sorocaba (38). Para completar o quadro, Ribeirão Preto ganhou em 53, Jundiaí em 61 e São José dos Campos em 69.

Como se vê, pela história numérica dos Jogos Abertos, São Caetano é mesmo um tratorzão, um tatuzão capaz de cavar e derrubar muito mais que simples laranjais. Mais é um trator do bem, do bom exemplo, do investimento saudável, sem prejuízos a quem trabalha de verdade. Derruba cafezais, canaviais, eucaliptais, cebolais e outros quetais do nosso querido interiorzão. Porém, a São Caetano do prefeito José Aurichio e do secretário de Esporte e Turismo Mauro Chekin reina sem matar, sem massacrar, sem invadir, sem roubar, sem destruir, sem desrespeitar. Assim é o esporte! Assim deveria ser a vida!

P.s.: bem que na próxima reunião do Consórcio Intermunicipal o prefeito campeão poderia ministrar uma aula sobre a importância do esporte -- não apenas de alto rendimento -- na vida do cidadão comum. Aidan, Marinho, Osvaldo, Reali, Volpi e Kiko não podem faltar.

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