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terça-feira, 6 de outubro de 2009

A brabeza do Chevettão

Domingo, 11h da manhã, paro pra tomar água diante do clube Santa Maria, ali perto do Teatro Paulo Machado de Carvalho, na Avenida Kennedy. Daqui, do Paço Municipal de Santo André, até lá, em São Caetano, no Primeiro Mundo, é uma boa puxada. Bairro Jardim, Campestre, Santa Maria, Barcelona... Andar faz bem. Pra quem gosta, então, melhor ainda. Se tiver um pé de amora pelo caminho, na volta, juro que paro.

De repente, a mão pesa sobre meu ombro direito. Batida firme, desconhecida, e voz de poucos amigos:

-- E aí, Raddão, tudo bem? Não tem o quê fazer em Santo André? Quer dizer que você voltou a escrever? Pelo que entendi, além de bater sem medo, com energia e alguma sabedoria, você dá uma de matemático e garante que a coisa tá preta pro seu time e pro meu?

-- Fala Chevettão! Que brabeza! Há quanto tempo! Como vai a italianada da família? E a saúde? Ainda trabalha na ferramentaria da GM ou já se aposentou? Tem acompanhado o Saad, quer dizer, o São Caetano?


-- Caramba! Vai devagar! Faz 10 perguntas sem tomar fôlego e não me dá tempo de respirar. Só abro a boca de novo depois que você responder o que perguntei.

-- Tá bom! Tudo bem comigo, com os filhos, com o neto...


--Neto!? Você já tem neto? Agora reparando melhor. Além de mais velho, meio acabado e cara de cansado irreversível, teu cabelo tá cada vez mais branco, e ralo. Melhor ficar careca! Olha só,o bigode também tá branco!

-- Já andei uns 10 quilômetros e vou andar mais uns sete de volta. A pé, tá claro? Cara de cansado é normal. Afinal, meu motor é 5.4 com tração 4x4. Quanto às indagações, voltei, sim, a escrever. Estou feliz. Serviço público, com mazelas inadmissíveis para cidadãos comuns, não é minha praia. Perdi um pouco a embocadura jornalística, mas ainda chego lá. Quem sabe volte a publicar a coluna em algum jornal regional decente. Quanto ao Santo André, acho possível, mas é difícil escapar. Deu o primeiro passo importante ao vencer o Vitória, mas dizem os especialistas que ainda precisa ganhar 17 pontos em 33 possíveis para se livrar sem medo. Ainda tem muita água pra rolar. O Fluminense está frito, mas o facão vai levar mais três. Pelo andar da carruagem, um deles é o Náutico. Quanto a Sport e Botafogo, têm força para reagir e complicar a vida do Ramalhão. Também não descarto Atlético Paranaense e Coritiba. Melhoraram, mas basta olhar a tabela e se lembrar de que as pernas longas da vitória são tão perigosas quanto as pernas curtas da lorota. Se perderem duas seguidas e os mais ameaçados ganharem duas seguidas, embola tudo. Quer saber? Não garanto nem Santos e Barueri. Um não tem time e parece indolente. O outro não tem peso de camisa e chegou aonde podia. Pega o Santo André nesta quarta-feira. Se vencer, aí sim pode respirar.


-- Dá um tempo! Respira! Toma a água! E o meu Saad?

-- Saad não, São Caetano!


-- Tá certo! Será que já deu o que tinha que dar? Se não ganhar da Portuguesa, é melhor perder as esperanças. O gozado é que começou muito mal, reagiu, fez a italianada da cidade sonhar e agora voltou a decepcionar. Contra o Vasco, dava pra empatar. Contra Ceará e Guarani, quem quer subir não pode dar mole em casa.

-- Chevettão, você praticamente respondeu tudo. Já decretou a morte do Azulão. Hoje, portanto, antes do jogo de terça-feira, tudo leva a crer que quem apostar no São Caetano como um dos novatos da Série A vai errar. Ganhar no mínimo 25 pontos em 30 possíveis é tarefa...


-- Já sei, você já escreveu, mais difícil do que o elefante passar no buraco da agulha.

--Não escrevi isso!

--Lógico, eu li! Eu li no seu brog!

-- Não é brog, é blog! E ainda leu errado! Escrevi um lutador de sumô (daqueles japoneses bem gordões) passar no buraco da agulha.

-- Tanto faz! É tudo grande, muito grande e gordo, pra buraco tão pequeno. Nem milagre! Então, o clássico da Série B de 2011 está garantido. Um azul cai e o outro azul não sobe; fica esperando de braços abertos. Que beleza! Por isso é melhor você torcer pro timinho lá da Zona Leste, do Tatuapé, e eu vibrar com o Verdão campeão brasileiro. O meu Parmera não vai dá mole, não! Com o Muricy, ó, aqui é trabalho -- garante o explosivo Chevettão antes de se despedir batendo no antebraço e deixar a última pergunta desafiadora.

-- E o neto, é Verdão ou vai pelo mesmo mau caminho do avô caipira e teimoso? Nunca vi, descendente de italiano, de Udine, e torce pro time errado.

-- O Victor só tem dois anos e meio. Já fala "Verdão" -- influência do pai, Danilo --, "Timão, " -- bons conselhos dos tios paternos, Felipe e Fernando -- e "Aqui é Curíntia" -- imposição popular do Raddi.


-- Tá bom! Chega de besteira. Tchau! Dá um abraço no Daniel!

-- Peraí, e as perguntas iniciais? Vai embora sem resposta?


-- Fica pra outro dia. Você fala muito e eu não gosto de corintiano. Nem sei por que te suporto. Deveria ter passado batido, fazendo de conta que não te vi, em vez de me misturar. Ainda mais suado, assim! Pensando bem, lá em Santo André não tem parque não? Por que você não foi andar no seu Parque dos Sabiás, no Celso Daniel, no Jardim Tupi?

-- Tupi, não! Jardim Tamoio, lá no Ipiranguinha. Prefiro a intuição de que sempre vou encontrar amigos pelos caminhos da vida. Como você sabe, amizade não tem preço. Mesmo sabendo que aqui na avenida não tem sombra, nem pássaros como lá, cá estou. Gosto daqui, da rua de lazer, da rua da família. A única coisa igual é a bosta canina. Aqui no Primeiro Mundo, como lá, a pista parece banheiro de pessoas mal-educadas "conduzidas" por cachorrinhos charmosos e cachorrões mal-encarados. Lembra o seu bom prefeito de que os jardins estão bem cuidados, são mesmo um cartão de visitas, uma beleza, mas é preciso fiscalizar e punir os marmanjos deseducados. Ou alguém acha que a visita vai pisar e gostar do belo e malcheiroso"cartão"?

-- Tchau! Não vou mais perder tempo com bosta de cachorro e sermão de vizinho pobre. E quero que os seus times se explodam! Tá bom?


De Primeira


* Sob o comando de Osmar Garraffa e Lombardi Júnior, a Equipe Futebol Total, da Rádio Emissora ABC, chega para preencher um vácuo no rádio-jornalismo esportivo regional. Desejamos sucesso aos companheiros, que, ao lado de Marcos Roberto e Jurandir Martins, tão bem nos recepcionaram ontem à noite no Baby Beef Jardim. Evento contou com inúmeros jornalistas, atletas e dirigentes do esporte. Destaque para Osmar Santos.

* Competições dos Jogos Abertos do Interior começam amanhã em São Caetano. Anfitriã mantém investimento digno da importância do esporte e deve ganhar seu 13º título, superando Santo André -- aquela, dos bons tempos, que tem 12. Santos ainda é a maior vencedora da Olimpíada Caipira, com 25 títulos. Campinas tem 10, Guarulhos, 6; e Uberlândia -- sim, a mineira Uberlândia -- tem três. São Bernardo, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Jundiaí ganharam uma vez cada, totalizando os 72 eventos. Matéria do DGABC sobre os Jogos Abertos ficou legal. Pra não perder o costume, apenas um reparo sobre as conquistas: em 1939, na quarta edição, a campeã foi a anfitriã Campinas, e não Uberlândia.

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