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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Santo André, os números e as orações

Os mais otimistas podem até discordar, mas, no momento, todas as estatísticas e projeções jogam contra o Santo André. Pela rigidez matemática, vetor de peso mas não exclusivo pelo dinamismo do esporte, as possibilidades de o clube escapar do rebaixamento são pequenas. É melhor rezar, e muito, além de trabalhar de sol a sol e torcer contra os companheiros de calvário.

Lógico que no futebol quase tudo é possível. Porém, quando os números e as perspectivas práticas do jogo da bola se mostram contrários, é difícil confiar e reverter. Por mais trabalho que se pratique. Por mais vontade que se tenha. Por mais esperança que se semeie. Por mais sonhos que se acalentem. Por mais velas que se acendam.

Não conheço professor de Educação Física ou jornalista esportivo que seja batuta em ciências exatas como a matemática. Portanto, não serei a exceção. Mesmo assim, por sugestão indireta do amigo-irmão Daniel Lima, resolvi botar a mão na massa e passei a fazer contas sobre contas para saber das reais chances de o Santo André se livrar do maldito rebaixamento.

Acompanhem comigo! Peguei os 38 jogos do Brasileiro -- 114 pontos em disputa -- e dividi em nove minitorneios. Os dois primeiros são de cinco partidas -- portanto, 15 pontos possíveis -- e os outros sete são de quatro -- 12 conquistáveis.

Dos nove, seis já foram realizados. No primeiro, o Ramalhão ganhou seis pontos, contra oito do Náutico, três do Botafogo, oito do Fluminense, cinco do Sport, um de Coritiba e Atlético Paranaense. No caso, dá pra perceber que ainda não descarto a possibilidade de os dois representantes do Paraná terem uma recaída. Improvável porque o futebol dos dois tem convencido, mas não descartável. No segundo minitorneio o Santo André ganhou oito pontos, contra nenhum do Naútico, sete do Botafogo, dois do Flu, seis do Sport, nove do Coritiba e 10 do Atlético Paranaense.

Na sequência, foram quatro minitorneios de quatro jogos e em nenhum deles a equipe superou a marca de 50% de aproveitamento. Só igualou. E é aí que a roda pega! Considerando-se que o Santo André está em 17º lugar com 25 pontos, apenas um ponto atrás do Náutico -- fez um jogo a mais --, junto com o Botafogo, dois a mais que o Sport e quatro a mais que o lanterna Fluminense, a pontuação do representante do Grande ABC só não é dramática porque os "amiguinhos" de rabeira estão numa draga danada.

Vejamos: no terceiro minitorneio, o Ramalhão fez apenas três pontos de 12 possíveis, contra três Naútico, seis do Botafogo, um do Fluminense, dois do Sport, cinco do Coritiba e unzinho do Atlético Paranaense. No quarto módulo, ridículo um ponto para o Santo André, sete para ao Náutico, quatro para Botafogo e Fluminense, nenhum para o Sport, um para o Coritiba e nove para Atlético Paranaense.

No quinto, o Santo André reagiu e ganhou 50% dos pontos disputados, assim como Náutico e Atlético Parananense. O melhor foi o Coritiba, que ganhou nove pontos, contra quatro do Sport, três do Botafogo e apenas um do Flu. O sexto agrupamento foi catastrófico para o time do bom goleiro Neneca, uma das salvações do elenco ao lado do veterano mas sempre eficiente e guerreiro Fernando. De novo, apenas um ponto, contra dois de Náutico e Botafogo, quatro do Atlético Paranaense, cinco de Coritiba e Flu e seis do Sport.

Isto posto, vamos ao que interessa diante de números passados e projeções nada sombrias. Acho até que, embora quase utopia, é possível escapar com 42 pontos ganhos, mas com base em especialistas, vamos trabalhar com os 45 da salvação.

Para chegar aos 45 pontos -- 39,47% de aproveitamento contra os 32,05% atuais -- o nosso Ramalhão precisa ganhar mais 20 pontos. Como na nossa brincadeira séria restam só três minitorneios, 36 pontos em disputa, o aproveitamento precisa atingir 55,55%.

Em média, há necessidade de se ganharem 6,64 pontos por minitorneio ou 1,66 ponto por jogo. Nos três últimos minitorneios o Santo André ganhou escassos oito pontos --média ridícula de 0,66 por partida -- de 36 possíveis. No campeonato, a média é de 0,96 ponto por jogo.

Vamos dizer que no primeiro dos próximos minitorneios -- contra Vitória, Barueri, Flu e Atlético Paranaense -- o time de Sérgio Soares ganhe "extratosféricos" oito pontos, frutos de duas vitórias e dois empates. E olha que uma arrancada seria fator decisivo para o sucesso. Um componente emocional, motivacional, nada desprezível.

Na sequência -- diante de Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio e Corintians, tudo pedreira -- mais cinco pontinhos, com dois empates, um vitória e uma derrota. Média maior anterior equilibraria a menor de agora. Para fechar e se livrar com 45 pontos, haveria necessidade de mais sete pontos -- duas vitórias, um empate e apenas uma derrota -- contra Goiás, Avaí, Náutico e Internacional.

Dá pra perceber o tamanho do problema, mesmo sem descartar o inferno astral e as limitações técnicas dos demais ameaçados? Desconsiderando-se os meandros do futebol, talvez seja menos dificultoso ganhar oito pontos na etapa inicial do que cinco na "chave" intermediária, a da morte, onde aparecem bichos-papões do nível de Palmeiraas, Cruzeiro, Grêmio e Corinthians. No último bloco, seria bom decidir precisando vencer o limitado Náutico, no Bruno Daniel, para não depender de três pontos em Porto Alegre contra o Inter.

Moral da história: o retrospecto numérico não favorece um leitura otimista para o que está por vir e o futebol apresentado na íntegra da campanha não credencia o Santo André a atingir objetivos tão distantes.

Que dureza! Acho melhor tomar um Dreyer. Ou seria melhor sugerir rezar, rezar e rezar pra que os concorrentes diretos continuem no fundo do poço? Assim a salvação não seria inviável, mesmo sem se atingir o limite dos especialistas. E que todos os santos estejam de plantão. A começar pelo jogo de amanhã contra o Vitória. Pode ser o primeiro de 12 passos que podem não levar ao céu, mas nos livrariam do fogo do inferno.

De Primeira

* Já que o tema é matemática, situação do São Caetano ficou bem complicada após a derrota para o Guarani, outro virtual classificado na Série B, ao lado do Vasco. Aproveitamento de 50,61% está distante dos 58% pra quem tem, hipoteticamente, de chegar aos 66 pontos. É muito chão! Ganhar 25 pontos em 33 possíveis ( 75,7%) é tarefa tão ingrata quanto fazer um lutador de sumô passar no buraco de uma agulha. Daniel Lima tem razão: Azulão pode ter perdido a grande oportunidade de acesso com os tropeços domésticos diante de Vasco, Ceará e Guarani. Um ponto em nove é insignificante.

* Ainda na matemática: Brasil vai sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Ótimo para o esporte. Tomara que não seja melhor ainda para maus políticos, dirigentes incompetentes, empreiteiros gananciosos e lobistas de plantão. Se repetirem as promessas, a roubalheira e as mazelas do Pan-2007, no Rio, vai arder no nosso bolso. Vai sobrar para o contribuinte. E aí o presidente Lula vai dizer que não sabia?

* Jogos Abertos do Interior começam terça-feira em São Caetano. Novamente, favoritismo do anfitrião. São José dos Campos, Santos e São Bernardo devem ser os principais concorrentes. Santo André? Faz tempo que não passa de coadjuvante. Quem sabe quando nossos governantes levarem o esporte mais a sério... E isso não depende de partido e não é de agora! Todos são muito semelhantes na incompetência, no sinismo, na enganação e na má vontade.

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