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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Afinal, qual é a do técnico Gallo?

Juro que não é por falta de esforço, mas até agora não consegui entender qual é a do Gallo, técnico do Santo André. Não é fácil, mas que tal tentar comparar aproveitamento e esquema tático em relação ao antecessor, Sérgio Guedes, hoje no Bahia?

Com Sérgio Guedes, invariavelmente com o time no esquema 4-4-2, sujeito a alterações pontuais no decorrer do jogo, o Ramalhão realizou 14 jogos. Pautou pelo equilíbrio. A balança só pendeu para o negativo quando a sequência de jogos dificílimos e derrotas para Palmeiras, Cruzeiro e Grêmio não pode ser evitada. Foram quatro vitórias, cinco derrotas e cinco empates, com 18 gols a favor e 21 contra -- deficit de três gols. Fechou a 14ª rodada com 17 pontos ganhos, em 13º lugar, posição intermediária, entre as quatro vagas da Libertadores e as cinco da zona de rebaixamento à Série B. Disputou 42 pontos e teve um aproveitamento superior a 40%.

Devido à ingerência de dirigentes da Gestão Empresarial na escalação do time, Sérgio Guedes deixou o clube antes do empate de 1 a 1 com o Corinthians. Comando interino ficou por conta do ex-centroavante Sandro Gaúcho, hoje técnico do Palestra/Santo André, que faz boa campanha no Campeonato Paulista da Segunda Divisão.

A campanha de Alexandre Gallo, que chegou sonhando com a Libertadores, começou com derrota para o Goiás, seguida de novos resultados negativos diante de Avaí, Náutico e Internacional. Contra Botafogo e Coritiba, duas boas vitórias, mesmo sem futebol tão convincente. Diante do Flamengo, a derrota de 3 a 0 foi o retrato de um time esfacelado, apático, frouxo na marcação e sem clareza no esquema tático.

Esquema que, em sete jogos -- duas vitórias, cinco derrotas, cinco gols a favor e 11 contra --, já deveria estar implantado com mais clareza. Com Sérgio Soares no Campeonato Paulista e Sérgio Guedes no Brasileiro o torcedor andreense ao menos sabia a escalação e conseguia enxergar como o time queria jogar.

Hoje, talvez até mesmo jornalistas setoristas e torcedores mais fanáticos tenham dificuldades para recitar a escalação sem titubear. Quanto ao esquema, está claro que nem mesmo os jogadores sabem direito o que o treinador quer. Se é que ele sabe o que quer. Lógico que não quer perder, mas como fazeer para ganhar?

Aparentemente, Gallo insiste num 3-6-1 com variação para 4-5-1 que não vai levar a lugar nenhum. Melhor, tem tudo para levar o nosso Ramalhão para a Série B. Dispensar e contratar de baciada não é sinônimo de solução quando não se percebe um grupo sabedor do que tem de fazer dentro de campo. Às vezes, o segredo é a simplicidade, aliada à dose exata de competência técnica e emocional.

Simples palpites: por que não monta o time com uma linha de quatro, mais três volantes, um meia de ligação e dois atacantes? Ou duas linhas de quatro -- uma na zaga, outra no meio -- e dois atacantes? Ou uma linha de quatro zagueiros, quatro no meio-campo --dois volantes e dois meias, aproveitando as virtudes de Marcelinho Carioca -- e dois atacantes de ofício -- Malaquias ou Júnior Dutra e Nunes ou o recém-contratado Vanderley? Insistir com Júnior Dutra praticamente na armação é uma aberração. Ou não entendo nada de bola!

Gallo também pode optar por três zagueiros, com cinco no meio -- dois alas, dois volantes de contenção e um meia -- e dois atacantes. O que não deveria é insistir num 3-6-1 ou 4-5-1 suicida, onde o centroavante parece o bobo-da-corte. Ao menos se fosse o 3-5-2 com definição cristalina das funções de cada um.

Por que digo isso? Ora bolas, como entender o bom lateral Rômulo a correr feito doido de um lado para outro. Tem de disputar a lateral-direita com Cicinho e agora Eduardo Ratinho, nada mais! Por falar em Cicinho, vinha sendo boa opção ofensiva mas parece que não caiu no gosto do treinador. Outro dia, contra o Coritiba, estava bem, mas saiu para Rômulo ser deslocado do meio (?) para a lateral. Rômulo foi um desastre defensivo -- Marcelinho Paraíba por pouco não fez estragos pelo setor-- e ofensivamente nada fez de prático após ser vaiado pelo torcedor das cobertas. Será que Cicinho, a exemplo de Júnior Costa, também já está negociado.

Existe, ainda, outra invenção de Gallo que vai de encontro -- eu não disse ao encontro -- à postura de outros treinadores, que, por sinal, raramente utilizam o famigerado 3-6-1. A não ser em situações excepcionais, ninguém inventa um lateral de ofício como terceiro zagueiro. São três zagueiros de verdade e fim de papo! É mais fácil deslocar zaagueiro para as laterais. No Santo André, Gustavo Nery e Artur estão na contramão, viraram zagueiros-zagueiros. Triste sina quando todos sabem que as maiores virtudes de ambos são ofensivas. E agora chegou Ávine, do Bahia, para disputar a posição. Só não se sabe se de terceiro zagueiro, lateral, ala ou meia-esquerda. Coisas de Gallo!

Outra sugestão para Gallo pensar: me parece que a boa entrada de Sidney como volante fixo, centralizado, ofuscou a bela performance do veterano Fernando. Um ou outro, ao lado de Ricardo Conceição, poderia ser uma alternativa a ser testada. Com Sidney, parece que Fernando fica o tempo todo a se perguntar para onde deve correr.

Por estas e outras, o aproveitamento do Ramalhão sob o comando de Gallo é preocupante. Ele disputou 21 pontos e só ganhou seis, o que dá um aproveitamento de 28, 57%, bem abaixo dos 40,47% de Sérgio Guedes.

Considerando-se um número mágico/estatístico estabelecido pelos especialistas em matemática futebolística, o Santo André precisa atingir entre 45 e 50 pontos para se livrar da Série B em 2010. Portanto, aproveitamento global deveria ficar entre 39,37% e 43,85%.

Do jeito que a coisa anda, é inadiável começar uma reação consistente a partir deste domingo, no Brunão, com vitória diante do decadente -- mas não morto -- Atlético Mineiro. De preferência com extrema aplicação e muita atitude, além de esquema adequado e padronagem tática capaz serem vislumbrados até mesmo por pobres mortais apaixonados pelo futebol.

Os desfalques na zaga e no meio vão a atrapalhar, mas se Gallo inventar menos o Santo André pode começar a sair de posição tão incômoda. Sérgio Guedes nos deixou a oito passos do céu e a cinco do inferno. Com Gallo, que chegou agora e não é o único culpado, o Santo André está com um pé no inferno e a 13 passos do céu. Melhor fugir do fogo!

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