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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A pequenez de uma grandeza

A grandeza é do Esporte Clube Santo André. A pequenez de atitude é da Gestão Empresarial que assumiu para profissionalizar as coisas do futebol, mas teima em mesclar acertos e erros numa proporção perigosa.

A grandeza do ECSA está estampada na sua história, cujo 42º aniversário foi comemorado ontem à noite no salão social do belo clube, que nasceu como a maioria, como um time de 11 camisas. Esteve à beira da insolvência, caiu, subiu e deu a volta por cima em inúmeras oportunidades. Até chegar ao título da Copa do Brasil e agora retornar à elite do futebol nacional. Não nos esqueçamos de que em 84, sob o comando do presidente Lourival Passarelli, o Ramalhão foi 13º colocado no Brasileiro, depois de chegar em quarto no Paulista de 83.


A pequenez da GE está estampada em mais uma atitude de total desrespeito ao cidadão andreense, ao torcedor e ao esporte como direito e paixão de um povo.

Prometi a mim mesmo que não tocaria mais no assunto, mas é impossível. Me desculpem!
No início, a GE queria negociar a bilheteria de um pacote de seis jogos. O Internacional, por exemplo , enfrentaria o Santo André em Cascavel, no Paraná. Não deu certo mas os donos das decisões dos cotistas não desistiram. Afinal, era preciso fazer dinheiro para saldar dívidas.

Como se não bastasse a negociação financeira que culminou com o jogo contra o Corinthians sendo realizado em Rio Preto, agora o Santo André vai enfrentar o São Paulo em Ribeirão Preto.

Convenhamos! Coisa de time pequeno, postura de quem não se garante, que só fala em ser grande da boca pra fora. Certas posições do comando da GE continuam restritas ao quadradinho da pequenez, da incompetência, da inexperiência. Não acredito em maldade, mas não a descarto quando egos inflados caminham lado a lado com a sede de poder.

Há algum tempo, dentro das regras impostas pela CBF, a GE negociou a bilheteria dos dois jogos por R$ 750 mil. Pegou a antecipação da grana com um empresário paranaense e agora está com as calças na mão.

Desrespeitou a história do clube. Atropelou o torcedor. Ignorou todos os concorrentes do Corinthians e agora, mais ainda, prejudica os do São Paulo, que disputa a liderança do Brasileiro com Internacional e Palmeiras, principalmente.

Não se quer dizer que, se o jogo fosse aqui o São Paulo deixaria de ter mais torcida. Como cabem 15 mil e 500 pessoas no Bruno Daniel, talvez tivéssemos 10 mil sãopaulinos e cinco mil torcendo contra, lotando as numeradas. Só que em Ribeirão Preto serão 20 mil contra apenas 50 fanáticos de Tuda, Fúria e cia. Eu disse 50, um ônibus lotado.

Também não quer dizer que o forte São Paulo de Ricardo Gomes deixaria de atuar como franco favorito. Basta olhar para a tábua de classificação. É melhor e passa por bom momento. O que não é sinônimo de vitória.


Porém, nada disso importa. Eu estaria dizendo a mesma coisa se nesse momento as classificações estivessem invertidas, com o São Paulo na zona de degola e o nosso Ramalhão brigando por vaga na Libertadores.

Um buraco é mais embaixo. Para somar às cotas da TV, fazer caixa e gastar de forma inconsequente, desregrada, com altos salários, dispensas de técnicos e contratações duvidosas, a GE vendeu o mando dos jogos e ignorou o direito sagrado do torcedor.

É bem verdade que a torcida tem ido pouco ao estádio -- isso por uma gama enorme de motivos -- mas grandes jogos significam a possibilidade de público bem maior, conquista de novos torcedores e reconquista de antigos. Poderia até ser o fiel da balança com pressão e incentivo do começo ao fim.

Assim, o torcedor vai minguando, minguando, até secar. Como se não bastasse toda a concorrência tão próxima geograficamente com os grandes do futebol paulista!

Se Internacional, Atlético Mineiro, Santos e Flamengo jogaram no Brunão, por que não Corinthians e São Paulo? Ah, o problema é de estrutura, de segurança? A Polícia Militar que dê conta de garantir a segurança de no mínimo 13/14 mil torcedores. Quem ficar de fora, que veja o jogo pela televisão.

Pelo andar da carruagem, desconjuntada e ladeira abaixo, nosso temor não deve se limitar à decepção do rebaixamento. A vergonha da falência moral e financeira seria uma punhada na alma do torcedor.

Neste domingo, às 16h, o Brunão vai estar às moscas, à mercê do casal de quero-quero e seus filhotes. Diante da TV, a mais de 300 quilômetros de distância, vamos torcer de forma passiva, sem participar de uma festa para a qual não somos convidados. Afinal, pobres mortais, coadjuvantes de uma história grandiosa, podem, no máximo, contestar uma pequenez, um desprezo que beira a imoralidade.

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