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domingo, 20 de setembro de 2009

Sobre táticas e táticas (2)

Quinta-feira, durante a festa do 42º aniversário do originalmente Santo André Futebol Clube e hoje Esporte Clube Santo André, o presidente da Gestão Empresarial, Ronan Maria Pinto, revelou o provável time que enfrentaria o São Paulo.

" Pelo que ouvi dizer, o time titular treinou com Neneca; Cesinha, Marcel e Gustavo Nery; Rômulo, Fernando, Júnior Dutra, Marcelinho Carioca e Artur ; Nunes e Wanderley" -- afirmou Ronan.

Numa roda de seis ou sete pessoas, ousei afirmar que com aquele 3-5-2, com apenas Fernando como verdadeiro volante de contenção, e Júnior Dutra e Marcelinho Carioca na armação, dois alas e dois atacantes, o Santo André ficaria desprotegido demais e que a ousadia ofensiva poderia custar caro. " Assim não dá! Vai tomar uma varada" -- bradei com ares de pitonisa que mais tarde se comprovaria mera aprendiz de cigana.

Quando o Santo André começou o jogo, praticamente com o grupo citado por Ronam, não deu pra entender bem o quê o bom técnico Sérgio Soares queria. Deu impressão de colocar o time com duas linhas de quatro tortuosas e estranhas. Cesinha mais pela direita, Marcel centralizado, Gustavo Nery como quarto-zagueiro com vontade de ser lateral-esquerdo e Ávine sem saber se era lateral, ala ou meia-esquerda. Moral da história: ficou com um poste, como espectador privilegiado.

A segunda linha de quatro tinha Rômulo como verdadeiro ala, com constantes incursões pela direita. Fernando, o melhor em campo do começo ao fim, era o único volante, já que Júnior Dutra se limitava a cercar pela direita e Marcelinho Carioca se posicionava mais pela esquerda, mas sem queda ao combate. Nunes e Wanderley ficavam à frente, prendendo os três zagueiros são-paulinos.

Com ousadia, o Ramalhão cumpriu a promessa do técnico e saiu pro jogo, de igual pra igual, sem medo de um favoritismo absoluto na teoria, mas frágil na prática. Tanto que já no primeiro minuto o árbitro Flávio Guerra deixou de dar pênalti claro de Miranda em Fernando.

Quando o São Paulo liberou os alas, contra-atacou e fez 1 a 0 com Jean -- de chicotada, antes dos 10 minutos --, parecia que a ousadia andreense seria suicida. Mas não foi o que aconteceu. A partir daí, com clareza no esquema, o 3-5-2 foi mais produtivo em termos de domínio -- estéril, por sinal --, o que inibiu o time de Ricardo Gomes.

Com três zagueiros em linha e Ávine mais adiantado, batendo de frente com Jean, agora mais preso, o Santo André só não empatou ainda no primeiro tempo por falta de objetividade ofensiva e pontaria nas conclusões.

Como a ousadia tem seu preço, o São Paulo recuou mas ficou com a prerrogativa dos contragolpes e criou três situações de gol com Dagoberto. No final do primeiro período a posse de bola do Ramalhão chegou a 61%, contra 39% do São Paulo. Se traduzido em números, o domínio levaria a uma justa igualdade no placar.

Na segunda etapa o jogo pouco mudou. Mesmo com espaços para matar a partida nos contragolpes, o São Paulo marcou mal, não criou, mostrou apatia, recuou o meio-campo, distanciando-o ainda mais dos dois atacantes, e levou sufoco até tomar o gol de Pablo Escobar, que entrou no lugar de Marcelinho Carioca aos 16 minutos e empatou aos 26. Gol, mais que merecido, teve a participação de Ávine e Nunes.

Antes disso, o Santo André quase empatou com Fernando em mais uma incursão ofensiva de fazer inveja aos mais jovens. É bom lembrar que o volantão tem 42 anos de idade, vende saúde e vai encerrar carreira no final do Brasileiro.

Moral da história, o duvidoso esquema montado por Sérgio Soares mostrou que ousadia nem sempre é o caminho mais próximo do suicídio. Pelo contrário! Exatamente por precisar ganhar e não ter medo de perder, o treinador fez o São Paulo se apequenar, se encolher.

Tanto que quando quis reagir não teve forças para criar sequer uma oportunidade contundente de gol e ainda deu campo para o Santo André contra-atacar. Se houvesse um vencedor, por méritos, deveria ser o representante do Grande ABC.

O Santo André aumentou o tabu para cinco jogos. Porém, continua em 17º lugar com 25 pontos ganhos, o mesmo que o Botafogo, que empatou de 0 a 0 com o Santos. Sport, com 20, e Fluminense, com 18, são os outros dois ameaçadíssimos de rebaixamento.

Só que na rodada do final de semana o nosso Ramalhão -- sem Marcelinho Carioca, que, além de lesionado, recebeu o terceiro cartão amarelo -- tem jogo dificílimo diante do Sport, em Recife, enquanto que o Botafogo recebe o Vitória no Rio. Coritiba ( 15º com 27 pontos) e Náutico (16º com 26) jogam em Curitiba. Sem dúvida, uma briga de foice no escuro.

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