Seguidores

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O cavalo e a Pedra Selada

O feriadão ensolarado até que rendeu pra quem gosta de desafios nas alturas. Ao lado da Angela e do casal de amigos, Milton César e Marilene Bombana, foram momentos de aventura e felicidade.

Mais uma vez, subimos no maciço das Prateleiras, no Parque Nacional de Itatiaia-RJ. Depois, fomos até a vila de Visconde de Mauá (Resende-RJ) e conquistamos a Pedra Selada.

Saímos de Santo André na quinta-feira, às 6h da manhã. Chegamos a Penedo, distrito de Itatiaia, por volta do meio-dia. Depois de seis horas de viagem, quando normalmente são três horas e 15 minutos pra cobrir 300 quilômetros.

Na sexta-feira, bem cedinho, pegamos nosso guia, o jovem Dudu, filho da Célia, e ganhamos a Dutra. Entramos em Engenheiro Passos. Cerca de 50 quilômetros e 216 curvas depois estávamos na portaria do parque criado por Getúlio Vargas em 1937. Trinta mil hectares de natureza exuberante.

Foram duas horas e meia de caminhada -- 4,5km -- e escalada até superar 2.548m de altitude, transpirar alegria e assinar novamente o livro do cume, aquele fomoso caderninho protegido pela caixinha de metal.

Visual maravilhoso de Resende, Porto Real, Itatiaia, Queluz, Lorena, Guaratinguetá, Aparecida, da represa de Furnas e da encantadora Serra da Bocaina. Havia muita gente no pico. Foi preciso ter paciência na fenda apelidada de Pulo do Gato.

Na descida, tranquila, nada de quedas comprometoras e bundas raladas, esfoladas pelas pedras. Apenas certo cansaço até chegar aonde o carro estava estacionado.

Já na Garganta do Registro, foi inevitável não parar no seu Miguel. Chope Kalena -- não confundir com chope com a Lena, viu Dudu! --, linguiça apimentada, pinguinha com mel, queijo, pinhão, pamonha. Minha nossa! Que delícia! Abuso merecido.

Como ninguém é de ferro, reservamos o sábado para pequenas caminhadas pelas estradas, matas e cachoeiras do alto de Penedo. Com direito a mergulhos no riacho e na piscina natural.

Também teve caipirinha de limão cavalo,além do indispensável churrasquinho. O som poderia ser da deusa mineira Paula Fernandes -- minha amiga Paulinha (rsrs) --, mas respeitei a opção da maioria mais "elitizada". Gosto não se discute; respeita-se.

No domingo de manhã, a caminho de Visconde de Mauá, com direito a Paulinha, Almir Sater, Victor e Leo, e muita poeira, mais duas horas de estrada morro acima. Para testar a 4x4, o amigo Milton optou pelo caminho mais longo e bonito.

Lá estávamos no barzinho-pedágio do Nei, aos pés da Pedra Selada. O visual é belíssimo. Parece mesmo uma sela de cavalo. Só que assusta! Me julguei maluco por querer subir. São 1.755m de altitude. O percurso de 2.750m é em terreno íngreme, sem muitos cotovelos de respiro.

Mesmo com bancos estratégicos para descansar, água límpida e pequenas cachoeiras/cascatas a escolher, a roda pega. A pulsação sobe ao limite. O coração dispara. O suor molha o pano. Se a musculatura das pernas não estiver em dia, a coisa fica preta.

Uma hora e 37 minutos depois, lá estamos no cume. Com visão de 360º, esperamos a nuvem passar e avistamos Resende, Porto Real (?), Itatiaia e parte de Visconde de Mauá. Além do imenso Vale do Rio Preto, de Prateleiras e Agulhas Negras, outro pico que também já conquistamos, em 2003, quando ainda era o quarto mais alto do Brasil.

Imperdível! Não dá pra por preço! Não havia cavalo, mas a pedra estava selada. Por isso montei. Montei num cavalo alado e pelo vale me lancei. Sobre matas, montanhas, rios e cachoeiras, juro que voei.

Voei e sonhei! Sonhei e acordei sorrindo. O sorriso de quem, naquele momento, acima das nuvens, não exala suor, transpira a doçura e a grandeza de algo chamado felicidade.

De volta ao topo, é preciso apear do cavalo baio, pegar o cajado improvisado e iniciar a descida. Com a lembrança de que nem sempre todo santo ajuda. Todo cuidado é pouco!

Passos acelerados e arriscados, água da bica, banho de cachoeira, oxigênio puro, pássaros cantando, colheita de pinhões, cerveja gelada, queijo meia-cura e olhos brilhando. Uma hora e vinte depois.

Não acredito! Não sou tão louco ou metido a besta! Não subi até lá! Nem matando! Olho para esposa e companheiros de viagem e repito: Não acredito! É muito alto! Mas é verdade!

Peraí! Escrevi alguma coisa no livro do cume. "100% Santo André, 100% cansados, 100% felizes".

Não quero, mas é hora de voltar. Que pena! É hora de voltar. Eu só queria caminhar, subir, escalar... Eu só queria sonhar, cavalgar e voar.

A pedra está lá! Linda! Forte! Parada! Selada! O desafio está lançado. Basta ter imaginação e coragem para montar. Montar e voar! Mais uma vez, valeu!

Nenhum comentário:

Postar um comentário