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sábado, 29 de junho de 2013

O Maracanã de Lilus, do medo e das vaias

Dada a importância da decisão da Copa das Confederações, o senhor Brasil não teve dúvidas. Ouviu o primo Valtinho, passou a mão no velho telefone, preto,   e discou para um número qualquer,  em São Bernardo do Campo:

-- E aí, Lilus, tá sumido, hein! Escondido de quem? Algum cobrador? Neste domingo tem Maracanã, cara. Como sei que você, além de corintiano, gosta de bom futebol, to te convidando. A patroa refugou. Tenho dois ingressos cativos. Perdão pela redundância, mas ganhei de um político daqueles que não abrem mão de privilégios. Tá a fim? Tudo na faixa. Vamos no jatinho da empreiteira.

-- Graaande Brasil. Há quanto tempo... To meio na moita. A coisa tá feia lá fora! Tô até com disenteria.

-- O quê?

-- Ca-ga-nei-ra! Ca-ga-nei-ra! Não conta pra ninguém, mas estou com medo, paúra. Como sou esperto pra cara... fico no sofá tomando quentão. Quanta  sujeira. Já estou acostumado. Mas o convite é mesmo tentador. Basta colocar a camisa amarela e pegar a bandeirinha do Brasil, né?

-- Lógico, seu gordo folgado. Vê se ainda serve em você e veste logo. Passo aí daqui a pouco. Uns 51 minutos

-- Posso pensar? Posso fazer discurso? Que tal ganhar um por fora? Posso fazer uma palestrinha pros gringos.

-- Não! Nada disso. Você não é bobo, mas fala muita merda! Você acha que o Maracanã é um penicão? Já enganou por muito tempo. A farsa é finita.

--Posso levar o Fidel?

-- Nem ele, nem o irmão, nem o finado Hugo Chavez! Resolve logo!

-- Posso, então, convidar a Dilma, o Gilberto Carvalho,  e o Zé (Dirceu)?

-- Lógico! Se eles quiserem... Só não arrumo mais ingresso de graça.

-- Tá bom! Então vou levar também grandes amigos que um dia foram inimigos.

-- Como? Quem?

-- Collor, Renan Calheiros, Sarney, Maluf.

-- É melhor parar. O povão já não se deixa fazer de idiota.

-- Ninguém vai perceber. Só vou se você der um carteirada e colocar o Genuíno, o Delúbio, o Marcos Valério, o Costa Neto,  a Rose e a Marisa no mesmo barco. Ah, também o exemplar Natan.

-- Aquele deputado de 10 dedos ligeiros?

-- Sim, o Natanzinho Donadon, o nobre deputado. A gente dá uma esticadinha, pega ele na rua da Penitenciária, nº 171. A gente aproveita e dá uma carona pro Aldo, pro Roriz, pro Agnelllo  e pro Campos Machado, aquele da PEC estadual tirando o poder dos babacas do Ministério Público.

-- Tá bom, faz o quê você quiser. Afinal, você ainda acha que é o todo-poderoso.

-- Legal, Brasil! Você é o cara. Depois de mim. Então, vamos levar alguns amiguinhos do bolsa-família, do auxílio reclusão, do bolsa crack e do bolsa campeão do mundo.

-- Esses aí, não! Eles já vão receber ingresso do Blatter e do Marin, os  prepotentes e intragáveis donos da FIFA e da CBF. Logo você vai querer incluir  também o Havelange, o Ricardo Teixeira, o Nuzman, o Renato Pera...

-- Boa idéia. Vamos chamar todo mundo que tem alguma semelhança com nóis.

-- Conosco, Lilus. Conosco!

-- Pode convidar este tal de Conosco também. Nem precisa vestir vermelho. Basta ter poder e usar de acordo com os nossos interesses.

-- Como? Cê tá loco! O vermelho é da Espanha.

-- Fo... Meu pessoal vai ter o vermelho como dominante. Também quero levar  todos os cabos eleitorais de  cidades dominadas (?) pelo nosso partido. Chama o Marinho, o Grana... E que eles determinem a presença de todos, todos, os comissionado vagabundo,  com rótulo de cordeirinhos.  Só os vagabundo, de braço curto. Quem trabalha não vai.  Vamos lotar o Maracanã e ver quem grita mais alto. Eu sou o cara, como disse o Obama.

-- Mas, venerado Lilus, os ingressos normais estão esgotados. Não dá! É muita gente pra pouca teta!

-- Nóis manda. Nóis quebra. Nóis emboca na marra. Convoca o sindicato! Chama os invasor do MST! Os vândalo dos protestos armados!

-- Esquece, querido! O máximo que posso fazer é incluir alguns amigos e deixar você dar o pontapé inicial ao lado do Joaquinzão. Já pensou? Ele com a camisa vermelha da Espanha, nossa adversária mortal, e você com a amarelinha.

-- Será? Posso pensar? Eu com a camisa 10 do Rei e ele com a camisa do Messi. Vou chorar durante o hino que ainda não sei cantar. Mas sei enganar.

-- Acho que o ministro do Supremo vai com a 6, do Iniesta. Mesmo porque, o Messi é argentino, né, Lilus?  Quer saber? Não pode mais nada em excesso! É pegar ou largar! 

-- To vendo o Maracanã lotado, engalatado. Nunca antes neste país alguém viu algo igual.

-- Não é engalatado; é engalanado!

-- Eu sei. Não importa. Imagino todos me aplaudindo de pé. Como num gol de Pelé. Ou de Neymar. Vai ser a glória. Se for pros pênalti eu desço lá e bato o último.

-- Chega de conversa mole!!! Alguém aqui precisa ter bom senso. É melhor você ficar. Tira o cavalinho da chuva. Você  vai levar a maior vaia da sua vida e pensar que é para a seleção espanhola. Não estamos lidando com uma unanimidade de imbecis. Eles se cansaram. Por isso as manifestações contra o seu governo. Eu já avisei que não poderíamos levar toda a corriola comprada com bolsas e cargos em troca de votos, favores e outras benesses impublicáveis.

Silêncio de quem tem culpa no cartório mas não pode admitir.

-- Marisa, Marisa! vamu pesacá na  Billings amanhã no finalzinho da tarde? Afinal, detesto futebol, detesto povão suado, fedido. Adoro tilápia, traíra e piranha ensopada.

Silêncio, mais uma vez.

-- Brasil! Brasil! A patroa falou que só vai se a Rose não for. E vai de máscara. O problema é que se eu tirar a minha o mundo vai descobrir quem sou, de verdade.  Decidi: é melhor o Joaquim dar o pontapé inicial. Não quero não! A torcida prefere um negro, como Pelé, como Neymar...

-- Mas você não é o tal, o cara, o bom?

-- Mas não sou besta! Pode levar os meus melhores amigos.  Tô fora!!! Pega as vara, as minhoca e  a cerveja, meu amor... Chama o Lulinha!

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