Seguidores

sábado, 28 de junho de 2014

A redenção de um imperador

Em 2010, na África do Sul, o imperador  falhou no gol e foi considerado o vilão de uma guerra perdida diante da Holanda.

Ontem, no Mineirão, o imperador defendeu dois pênaltis e saiu de campo como grande herói da batalha diante do Chile, após empate de 1 a l no tempo regulamentar.

Assim é a vida! Mesmo que se passem quatro anos, é possível dar a volta por cima e derramar lágrimas, agora de felicidade. Hoje o herói do momento chorou antes e depois dos pênaltis.

Júlio César, hoje relegado à fragilidade do futebol canadense foi ovacionado pela torcida brasileira antes mesmo de nos classificars, quando fez uma defesa excepcional em conclusão de Aránguiz.

O goleiro foi o destaque de um jogo igual, equilibrado. O Brasil começou melhor, fez 1 a 0 com David Luiz -- na realidade, o último desvio foi de Jara -- aos 18 minutos. Pelo alto. Com méritos.

O Chile empatou aos 32 com Alexis Sanchez, após falha de Hulk no recuo de bola, e a partir daí equilibrou o clássico sul-americano. Taticamente foi até superior. O que não é novidade.

Tanto quanto foi superior, mais organizado, mais consciente e mais perigoso no segundo tempo. Enquanto isso, o Brasil  parecia perdido tática e emocionalmente.

Marcava sem determinação, mostrava nervosismo, errava passes e exagerava nas bolas esticadas da defesa. Sinal claro de que não temos um meio-campo competente e confiável. Troca de Paulinho por Fernandinho não alterou o desempenho.

Além disso, ainda dependemos excessivamente de um Neymar que, bem marcado, além de lesionado,  desta vez não brilhou. Tampouco Fred e depois Jô. Ambos são reféns de uma bola que não chega redonda.

Na prorrogação, os dois times caíram fisicamente. Desgaste natural, pelo horário e pela mudança de rotina. Tecnicamente o Chile também caiu mas quase matou o jogo no final com Pinilla concluindo no travessão.

Mais na base da vontade, da empolgação, do que da organização, o Brasil ainda ameaçou com Neymar e Hulk. Pouco para um time do tamanho, da grandeza do nosso. Por isso Felipão temia tanto o Chile. Não era blefe.

A decisão, dramática,  ficou mesmo para a redenção -- tomara, definitiva -- de um imperador de quem não sou súdito, nem fã. Júlio César brilhou e defendeu as cobranças de Alexis Sanchez e Pinilla.

Próxima batalha -- a quinta das sonhadas sete -- será sexta-feira em Fortaleza contra a Colômbia, que agora há pouco, no Maracanã,  jogou melhor e derrotou o Uruguai por 2 a 0. Dois belos gols do artilheiro isolado da Copa. Agora o jovem James Rodriguez tem cinco.

Luiz Gustavo recebeu o segundo cartão amarelo e não enfrenta os colombianos. Felipão tem Paulinho como principal opção para retornar ao meio-campo, mas também pode optar por Hernane, Ramires ou mesmo deslocar David Luiz e escalar Dante ao lado de Thiago Silva na zaga.   

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Copa: agora é pra valer!

Com destaques, confirmações, surpresas, decepções, muitos gols e  até mordida, chega ao fim a primeira fase da festiva 20ª edição da Copa do Mundo.

Agora é pra valer! Agora vamos ver quem tem, realmente, "garrafa velha" pra vender. Oitavas-de-final começam neste sábado com Brasil x Chile e Colômbia x Uruguai. Vencedores se enfrentam no dia 4 de julho.

Momento chileno é melhor -- o time é bom, eliminou a campeã Espanha e está supermotivado -- , mas o futebol brasileiro ainda tem condições de melhorar desempenho e se impor. Por isso, os porcentuais "acreditam" na tradição: Brasil leva 60%, contra 40% do Chile.

A Colômbia jogou bem e confirmou favoritismo. O  limitado mas voluntarioso Uruguai  do mordedor e punido Suárez se recuperou no grupo da morte. Quem passa? Colômbia fica com 55%, contra 45% do Uruguai.    Descontrolado vai fazer falta!

Jogos de domingo marcam Holanda x México e Costa Rica x Grécia. A Holanda confirmou superioridade com três vitórias. Contra-ataca com sabedoria e aprendeu a bater. México é rápido e tem mostrado bom futebol. Time de Robben fica com  60%. Sobram 40% para os mexicanos.

No outro jogo, empate técnico, meio a meio. Costa Rica surpreendeu e eliminou Inglaterra e Itália no grupo da morte. Grécia se classificou a duras penas. Não vão mais longe porque o vencedor vai trombar com Holanda ou México, pelas quartas-de-final, dia 5 de julho.

Na segunda-feira, França x Nigéria e Alemanha x Argélia, possíveis adversários do Brasil, se o time de Felipão chegar nas semifinais.  França e Alemanha confirmaram previsões. A Argélia surpreendeu e tirou o lugar reservado  aos russos e a Nigéria superou a mais cotada Bósnia na briga direta pela vaga.

Na balança dos porcentuais, teoricamente passam França (70%) e Alemanha (65%).  Sobram 30% para Nigéria e 35% para Argélia. Só no papel!

Completando  a fase oitavas-de-final, dia 1º de julho, terça-feira, os jogos são Argentina x Suíça e Bélgica x Estados Unidos, com as quartas-de-final também no dia 5.

A Argentina (65%) ganhou todas mas ainda não encantou. Tem Messi e bota medo ofensivamente. Mas causa calafrios defensivos. Suíça (35%) tomou de cinco da França, mas não defende tão mal e sabe jogar. Shaqiri pode fazer a diferença.

Leve favoritismo belga (55%) diante de norte-americanos (45%) no outro jogo. Bélgica chegou bem cotada, mas não brilhou. Se passar, pega Argentina ou Suíça. Seleção dos Estados Unidos pode até surpreender. Tendência é uma semifinal, dia 9 de julho,  entre Holanda e Argentina.

Portanto, pelos porcentuais teóricos as quartas-de-final teriam Brasil x Colômbia  e França x Alemanha de um lado da tabela. Do outro, os jogos seriam Holanda x Costa Rica ou Grécia  e Argentina x Bélgica.  

Principais decepções da Copa, até agora,  ficam por conta das  más arbitragens e das eliminações de  campeões mundiais como Espanha, Itália e Inglaterra. Portugal, do melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, também já disse adeus.

Enquanto isso, Neymar, Messi e  Muller, todos artilheiros com quatro gols,  brilham ao lado de Robben, Van Persie e Shaqiri, com três. Belos gols e performances individuais acima da média.     

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Messi faz mais dois e é poupado

Hoje à tarde, na previsível vitória de 3 a 2 sobre a Nigéria, a Argentina mostrou virtudes e defeitos.

Um dos candidatos a destaque da Copa do Mundo, Messi fez mais dois gols, se igualou a Neymar e depois foi poupado.

Argentinos não tiveram vida fácil não. Tanto que os nigerianos igualaram o placar duas vezes e ainda criaram possibilidades de chegar ao empate no final, quando, já sem o craque,  os sul-americanos tiraram o pé do acelerador.

Ainda forte concorrente ao título, a Argentina voltou a apresentar futebol convincente apenas do meio para a frente. Especialmente no momento de atacar.

Destaque para Messi -- lógico -- e Di Maria. Higuain e Aguero ( lesionado e substituído com vantagens por Lavezzi)  são bons jogadores, mas têm decepcionado.

Só que o fato de jogar praticamente no 4-2-2-2, com Messi e Di Maria chegando de trás, faz com que  Mascherano e Gago fiquem sobrecarregados. E é aí que a roda pega!

Masccherano  é um cão-de-guarda excepcional, tem jogado muito, mas não faz milagre. Além disso, quando adianta a marcação para dar o bote ao mesmo tempo que o outro volante, Gago,  o limitado miolo de zaga fica mais exposto.

Por isso os contra-ataques de Bósnia (2 a 1), Irã ( 1 a 0) e Nigéria  quase foram fatais em vários momentos. Laterais argentinos defendem melhor que atacam. Mas não metem medo em ninguém.

Isso quer dizer, sim, que se Messi e Di Maria  não tiverem espaços e forem marcados com eficiência o futebol argentino fica órfão e volta mais cedo para casa. Ser ofensivo é ótimo, mas tem preço.

Isso não quer dizer que a Argentina não seja favorita  diante da Suíça na próxima fase. Hoje a Suíça venceu o Irã por 3 a 0. Três gols do pequenino e perigoso Shaqiri.

FRANÇA POUPA E NÃO BRILHA

Em outro jogo de ontem, a França poupou vários titulares e não foi a mesma das duas primeiras rodadas. Não brilhou. Mesmo assim, e apesar do empate sem gols, os franceses foram superiores aos equatorianos.

Teve mais posse de bola, mas permitiu que os sul-americanos oferecessem perigo nos contra-ataques. Mesmo com um jogador a menos. Antônio Valência foi expulso.

França dominou mas perdeu inúmeras chances de gol. Quando não errou na conclusão, exagerou no preciosismo ou acabou por parar nas defesas do goleiro Domingues.

Empate sem gols não faz com que a França deixe de assustar os principais favoritos. Ninguém ganha de véspera, mas o time de Benzemá é melhor e não deve encontrar dificuldades para vencer a Nigéria e chegar às quartas-de-final.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Brasil fez a primeira lição de casa. Só!

Golear a fraca seleção de Camarões e se classificar como primeiro colocado do Grupo A não foi mais do que obrigação.  Afinal, somos pentacampeões mundiais, jogamos em casa e temos mais time.

Por mais que Comissão Técnica e jogadores ficassem supervalorizando os limitados e conturbados camaroneses, não havia como perder.  Seria preciso muito esforço.

Como no primeiro tempo, quando conseguimos tomar o gol de empate. Depois a Seleção Brasileira fez mais três diante de um sistema defensivo aberto e mal posicionado.

Sem espaço -- como deve acontecer sábado diante de um Chile bem mais forte, agressivo e compactado -- Neymar já apronta. Com marcação frouxa, deitou e rolou! Brincou, fez dois gols e já é o artilheiro da Copa com quatro.

Mesmo sem empolgar, segundo tempo brasileiro foi bem melhor. Conseguimos até subir a marcação e forçar o erro na saída de bola de um time sem técnico de fato.  No primeiro a bola andou queimando nos pés de alguns jogadores. Taticamente, nenhuma sumidade. O joguinho de sempre. Afinal, adversário não é nenhuma Brastemp.

Fred, de quem se espera muito,  fez um gol que até eu faria. Sem goleiro em boa jogada do "ponta-esquerda" David Luiz. Fred ainda não provou nada! Por que não dar uma chace a Jô ou jogar sem um 9? Primeiro gol também saiu da esquerda, em bela descida do bom volante Luiz Gustavo.

Júlio César não foi exigido mas poderia ter cortado o cruzamento que redundou no gol. Thiago Silva e David Luiz foram bem, como sempre, mas também estavam mal posicionados no lance.

Só que, pra variar, tudo começou nas costas de Daniel Alves. Não vai sair do time porque Maicon não está lá estas coisas. Pela esquerda, Marcelo aparece quando o jogo é fácil. Não vale!

Paulinho, como segundo volante com obrigação de chegar mais no ataque, voltou a decepcionar. Felipão é teimoso, muito teimoso, mas não é tão burro. Fernandinho entrou no intervalo e fez de tudo. Até gol! Precisa mais o que? Defender pênalti?

Oscar é outro que deveria jogar mais. Tem futebol para brilhar sem tanta oscilação. Hulk é outro que pode perder a posição mas Felipão o adora. Não faltam opções: William, Ramires e Hernanes dariam mais consistência e dinâmica ao meio-campo. Bernard, só se for para o tudo ou nada quando o time estiver em desvantagem no placar.

Lição de casa inicial, se qualificar em primeiro,  foi cumprida com a mesma dificuldade que meu neto mais velho, o Victor,  encontra com as tarefas  da professora Silmara, do Colégio São José. Ainda é pouco!

Contra o Chile não vai ter moleza. Pior seria se precisássemos encarar a Holanda. A ex-Laranja Mecânica aprendeu a bater e a jogar taticamente fechada, além de atacar com incrível rapidez.

Robben e Van Persie são mais perigosos e imprevisíveis que os chilenos Alexis Sanches e Vargas. Ambos são fominhas. É bom lembrar que a defesa chilena é baixinha. Jogo áereo deve dar resultado

Como o esporte em questão é o futebol, pode acontecer de tudo, mas não há como negar favoritismo brasileiro. Apesar das falhas, se mantivermos a evolução gradativa temos mais possibilidades: 60% contra 40% do Chile.

sábado, 21 de junho de 2014

Argentina no sufoco, com belo gol de Messi. Alemanha na marra, com recorde de Klose

Dois fortes candidatos ao título da Copa do Mundo, Argentina e Alemanha passaram por apuros agora há pouco. A primeira ganhou no sufoco e a segunda empatou na marra com gol e recorde de Klose.

No primeiro jogo da tarde a Argentina venceu o Irã por 1 a 0, com mais um  belo gol de Messi, aos 46 minutos do segundo tempo. Foi um jogo parelho. Bem diferente do que se imaginava.

Mesmo abdicando do 3-5-2 para atuar no mais ofensivo 4-3-3 sugerido por Messi, a seleção argentina teve enormes dificuldades para superar o quase intransponível  bloqueio iraniano.

Argentina alugou meio campo, mas, mesmo sem espaços para penetrar,  quase não finalizou de longe. Também não teve criatividade nem jogadas pelas laterais com profundidade e letargia.

Irã entrou  praticamente no 6-4-0, já que 10 jogadores se posicionavam entre a intermediária e a área. Porém, mesmo jogando totalmente fechado, chegou pelo menos duas vezes com perigo e ainda teve um pênalti não marcado.

Argentina teve mais posse de bola e ameaçou um pouco mais -- quatro reais ocasiões de gol. Só que  não melhorou a contundência nem quando colocou quatro atacantes.

Gol de Messi saiu nos acréscimos em belo chute de fora, naquela jogada característica de um dos melhores do mundo, caindo da direita para a entrada da área.

No outro jogo da tarde,  como sempre a Alemanha voltou a ter muitas dificuldades diante da boa seleção de Gana. Comparando-se com o da Argentina, o jogo foi bem mais aberto, técnico e equilibrado. Só que a Alemanha ficou longe daquele time que goleou Portugal.

Primeiro tempo foi mais travado, com poucas emoções. Segundo foi espetacular, com alternância no domínio, na intensidade e no placar.

Alemães abriram o placar aos  cinco minutos com Mario Goetze de cabelho (cabeça/joelho) após levantamento da direita. Empate aconteceu aos 10, com Ayew, de cabeça, também após cruzamento da direita.

Com espaços, o jogo ganhou mais ousadia e velocidade;  ficou emocionante. Virada africana veio aos 17 minutos, quando o bom zagueiro Hummels falhou no tempo de bola e Gyan  chutou cruzado, no canto direito de Neuer.

Após quase levar o terceiro gol em contra-ataques, a Alemanha colocou Schweinsteiger e o artilheiro Klose nos lugares de Khedira e Goetze.

Foi o suficiente para a equipe se acertar e chegar ao empate aos 26 minutos com Klose. Foi seu 15º gol em Copas do Mundo, igualando o recorde do brasileiro Ronaldo.

Daí até o final o jogo foi eletrizante -- talvez o melhor segundo tempo da Copa até agora --, com  oportunidades de  lado a lado.

A Alemanha retomou o domínio das ações e se impôs,  mas deu muito campo para Gana contragolpear em velocidade e perder várias chances de matar o jogo.

Alemanha chegou ao quarto ponto ganho, contra apenas um de Gana.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Jorram gols e arte na Fonte Nova

A influente Confederação Brasileira de Futebol bem que poderia entrar com recurso junto à toda-poderosa FIFA pleiteando jogar na Arena Fonte Nova. Lá, sobram futebol-arte e competência ofensiva. Tanto quanto jorram gols. 

Por enquanto, na Bahia aconteceram três jogos. Três goleadas. Três exibições de gala de seleções europeias candidatas ao título da Copa. Foram  17 gols, o que dá a excepcional média de 5,66 por partida.

Na primeira rodada, a Holanda massacrou a Espanha campeã do mundo por 5 a 1 com futebol envolvente e belíssimas atuações de Robben e Van Persie, autores de dois gols cada. Abalados, depois os  então favoritos espanhóis perderam do Chile e deram adeus ao sonho do bi.

Já a Alemanha do artilheiro  Muller  atropelou Portugal da estrela solitária Cristiano Ronaldo. Quatro a zero foi pouco na estreia alemã! Por isso a Alemanha continua como fortíssima candidata ao título.

Hoje, de novo um "chuá, chuá". A França surpreendeu muita gente e entrou definitivamente para o grupo de pleiteantes à conquista do Mundial  ao ganhar seis pontos e fazer oito gols em dois jogos.

Depois dos 3 a 0 sobre Honduras, hoje os franceses enfiaram 5 a 2 na Suíça com futebol bonito e eficiente. Benzemá, centroavante do Real Madrid, já tem três gols, assim como Muller, Robben, Van Persie e o equatoriano Valência.

Nos outros jogos de hoje, destaque para a importantíssima vitória de 1 a 0 da Costa Rica sobre a sempre competitiva e tetracampeã Itália no chamado grupo da morte. Como antes vencera o Uruguai por 3 a 1, a Costa Rica já está classificada às oitavas-de-final.

De quebra, os costa-riquenhos zeraram as minguadas possibilidades de classificação de outro campeão do mundo, a Inglaterra que ontem perdeu de 2 a 1 do Uruguai de Luiz Suárez.  Por isso outro campeão vai embora, já que a segunda vaga será de Uruguai ou Itália, adversários de terça-feira.

Completando a rodada de hoje, o Equador jogou o suficiente para derrotar  Honduras por 2 a 1, de virada, e vai disputar a última vaga do Grupo  E com a Suíça.  

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Neymar, a andorinha solitária

Como  único país pentacampeão mundial, o futebol brasileiro quer porque quer o hexa. Diante da torcida, sob pressão, seria o máximo.

Porém,  soa como missão das mais difíceis. Dependemos cada vez mais do desempenho diferenciado de Neymar. Como uma andorinha só não faz verão...

Nas conquistas anteriores, quase sempre a Seleção Brasileira teve pelo menos três/quatro grandes jogadores, craques mesmo, daqueles que chamam a responsabilidade e desequilibram na hora do pega-prá-capar.

Todo mundo enaltece a importância inquestionável de Pelé, o maior jogador de todos os tempos e três vezes campeão do mundo. Porém, o negão nunca jogou sozinho. Tanto no Santos quanto na Seleção, tinha companheiros de primeira linha.

Em 58, na Suécia, o Rei campeão tinha a companhia, entre outros, de Nilton Santos, Zito, Didi e Garrincha. Em 62, no Chile,  Pelé se machucou no início da Copa, mas o Brasil foi bi com os mesmos protagonistas da primeira conquista.

Em 66, mesmo com Pelé e Garrincha, demos vexame na Inglaterra. Em 70, no México, Zagallo comandou um timaço montado pelo marrento João Saldanha. Pelé, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Gérson, Rivellino, Jairzinho e Tostão.

Só fera! Craques aos borbotões! Paulo César Caju e Edu eram reservas de luxo. Na final, o tri, com goleada de  4 a 1 e um show de bola diante de italianos atônitos.

Em 82, na Espanha,  o Brasil  de Telê Santana tinha um timão -- um dos melhores de todos os tempos --, mas perdeu da Itália de Paolo Rossi e chora até hoje.

A geração de Leandro, Oscar, Falcão, Cerezzo, Éder, Sócrates e Zico merecia ser campeã do mundo. Mas futebol é assim mesmo. Tantos craques...tantas lágrimas.

Em 94, quando poucos acreditavam, o time do pragmático Carlos Alberto Parreira ganhou o tetra nos Estados Unidos.  Um futebol sem arte, mas de resultados indiscutíveis.

Romário era a andorinha solitária. Não tinha tantos parceiros protagonistas como aconteceu com Pelé. Mas prevaleceram a disposição e o futebol solidário de Taffarel, Jorginho, Aldair, Dunga, Mauro Silva e Bebeto.

Em 98, na França, o Brasil de Ronaldo Fenômeno, dirigido por Zagallo, perdeu a final para a França do craque Zidane. Abalado clinicamente na decisão, Ronaldo não brilhou e o Brasil dançou.

Sob o comando de Luiz Felipe Scolari, o Brasil ganhou o penta na Copa de 2002, que teve Japão e Coréia do Sul como anfitriões.

Só que na Ásia o Brasil tinha um trio ofensivo espetacular. Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo resolveram a parada com a genialidade de poucos. Daqueles que já foram eleitos melhores do mundo. Ainda tínhamos Marcos, Cafu e outros bons coadjuvantes.

E hoje, sem força tática e sem um coletivo respeitável,  quem vai dividir a responsabilidade com o menino Neymar? Se o craque o Barcelona não brilhar, Fred vai resolver? É mais fácil um burro voar! Mesmo que diante da fragilidade de Camarões o ator faça três/quatro gols e o Brasil goleie.

Diz aí, caro leitor, quem vai  ser o maestro do sonhado hexa se o monstro de canelas finas estiver num dia ruim, se sair lesionado ou expulso ou for marcado com rigidez e competência? Oscar será o cara? Hulk? Jô? Bernard? Willian? Paulinho? Marcelo?

São bons jogadores,  mas todos, sem exceção, estão a anos luz de  Pelé, Garrincha, Didi, Tostão, Rivellino, Jairzinho, Gérson, Sócrates, Zico, Falcão, Romário, Ronaldo, Rivaldo e tantos outros.

Isto posto, se o Brasil sonha de fato com o título -- e tem o direito de sonhar --,  é melhor fazer das tripas coração, dividir todas e  rezar. Sem a ousadia de pedir a interferência do Papa Francisco, por favor.

Torcida é peça importante, mas não resolve sozinha. Cantar o hino a plenos pulmões também faz bem, alavanca o psicológico, mas não ganha título não. E, só pra lembrar,  juiz nem sempre é japonês.

O Brasil de hoje -- goste-se ou não -- não tem time tão forte para se impor em casa, para atacar e pressionar o tempo todo, sem medo. Não tem time nem personalidade pra dizer "aqui mando eu e não tem pra ninguém".

Se o conjunto não ajudar, não se doar mais, não correr, treinar, guerrear e acreditar mais -- já que é limitado tecnicamente e carente de talentos criativos --,  qualquer decepção vai cair nas costas do nosso grande artista. Não seria justo!

A Seleção Brasileira continua entre as favoritas ao título ao lado de Alemanha, Holanda e Argentina, mas se não melhorar muito, do meio pra frente,  é bom o torcedor se preparar para o pior. Vai ser um parto!

Se nem o incomparável Pelé ganhou sozinho, por que antever o  sacrifício de um menino? Ganham ou perdem todos. Individualidade solar de uma andorinha solitária  não tem o dom de fazer verão. Nem milagre!           

terça-feira, 17 de junho de 2014

Jogo duro. Empate justo

Texto de ontem afirmava que  o jogo diante do México seria bom, duro e equilibrado. E foi exatamente assim.

Justo empate de 0 a 0 mais uma vez desmistifica a máxima -- contestável, lógico! -- de que jogo sem gol não é bom. Foi, sim, um bom jogo.

Muitos torcedores e até órgãos de Imprensa nacionais e internacionais fizeram duras críticas ao desempenho dos comandados de Luiz Felipe Scolari. Não concordo com o exagero.

Seleção Brasileira não foi brilhante. Tampouco decepcionante. Para o todo, talvez uma nota entre 5,5 e 6,0. Resultado chega a assustar quem  vê o jogo com paixão e com os olhos voltados apenas para a camisa amarela.  E o adversário?

Porém, não é surpresa. O México tem um time bom, é qualificado. Marca forte, tem mais conjunto e valores individuais respeitáveis. Tática e tecnicamente, não deve nada a esse Brasil de hoje. Só não tem um gênio como Neymar.

Seleção Brasileira, no 4-4-2,  defendeu melhor do que atacou. Não criou o que pode e não se impôs como devia. Teve pelo menos quatro excepcionais momentos de gol, mas esbarrou nas defesas do inspirado goleiro mexicano Ochoa, o melhor em campo.

Reivindiquei a escalação de Ramires para compactar o meio-campo. Ele foi apenas discreto. Ajudou Daniel Alves na marcação, mas pouco apareceu na organização e no momento de atacar com sabedoria.

Por setor: Júlio César não comprometeu, zagueiros internos mostraram a costumeira firmeza e laterais/alas ainda precisam evoluir. Especialmente na marcação. Marcelo foi melhor que Daniel Alves.

No meio-campo, destaque apenas para a exemplar combatividade do volante Luiz Gustavo. Paulinho melhorou um tiquinho ofensivamente,  mas ainda está longe dos tempos do Corinthians. Assim vai perder o lugar para Fernandinho ou Hernane. 

Felipão precisa ler o jogo com sabedoria e mexer com competência. Não basta pôr um atacante pela direita e tornar o time mais ofensivo -- 4-3-3 --  quando o problema está no setor central, na armação.

Mais pela direita, o bom Oscar ficou longe do brilho da estreia. Por isso o meio-campo brasileiro não rendeu o necessário.

Ataque ficou devendo. De novo, Fred se movimentou pouco e virou presa fácil para a boa zaga mexicana. Jô  entrou mas também não fez nada. Bernard entrou no lugar de Ramires, que já tinha cartão amarelo. Time ficou mais rápido, mais ofensivo ...e muito mais vulnerável.

Neymar   poderia ser o fator de desequilíbrio. Não foi.  Bem marcado,  exagerou nas jogadas individuais saindo em diagonal da esquerda para o meio. Facilitou a marcação. Willian entrou tarde no lugar de Oscar.

Pelo menos desta vez a arbitragem não nos beneficiou; nem prejudicou. Felipão até reclamou de um pênalti em Marcelo. Eu não seria tão rigoroso.

Numa Copa de muitos gols, bom índice técnico e bons jogos,  Brasil e México lideram o Grupo A com quatro pontos ganhos, contra nenhum de Croácia e Camarões, que se enfrentam amanhã.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Brasil no 4-4-2 (4-2-2-2). Com Ramires.

Se alguém perguntar para Luiz Felipe Scolari, ele vai garantir que o esquema da Seleção Brasileira é o atualíssimo 4-2-3-1.

Segundo Felipão, então, seriam quatro zagueiros, dois volantes (Luiz Gustavo e Paulinho), uma linha de três  -- ou seria um triângulo? -- com Hulk, Oscar e Neymar,  e apenas Fred lá na frente.

Parece absurdo, mas ouso contestar o aparentemente incontestável.  Afinal,  a definição é do próprio treinador. Não estou a chamar Felipão de burro, mas não jogamos no 4-2-3-1. Tentarei ser convincente. Vamos por partes.

A linha de quatro tem dois ótimos zagueiros internos (Thiago Silva e David Luiz) que se matam para cobrir os espaços deixados por laterais-alas (Daniel Alves e Marcelo) mais afeitos a ações ofensivas, como no Barcelona e no Real Madrid.

Luiz Gustavo e Paulinho ficam com a incumbência de marcar e, vez por outra, até chegar no ataque. Se isso acontecer, não terão pulmão nem pernas para voltar e recompor o posicionamento a tempo de cobrir laterais e zagueiros. Sobrará espaço. Um perigo!

Na concepção de Felipão  -- nenhuma sumidade tática --  Oscar tem a incumbência de marcar, armar, lançar, atacar e finalizar. Sem a bola, então, Neymar e Hulk precisam completar a linha de três marcando a subida dos laterais adversários. É isso?

A não ser que eu não entenda nada de futebol, o esforçado Hulk até que ajuda  bastante no fechamento de avenidas e no combate contínuo, além de atacar.

E Neymar? Nosso craque joga solto, armando, driblando e atacando.  Gênio não nasceu pra fingir que está cercando ou ficar correndo atrás de ninguém normal. A não ser esporadicamente. Mesmo no futebol atual.

Por isso entendo que Fred nem sempre joga tão sozinho à frente. Mas o goleador/ator precisa se mexer mais, dar opções pra quem vem de trás.

Há, sim, um distanciamento quando Hulk, Neymar e Oscar não encostam. Mas o craque de canelas finas é atacante por natureza. Livre, leve, solto...

Então, o Brasil tem jogado num 4-4-2  (4-2-2-2) meio estranho,  disfarçado, já que Oscar e Hulk acabam forçados a marcar pelas beiradas. Somados aos volantes,  formam uma linha de quatro ou um quadrado.

Isto posto, este blogueiro metido a besta não teria a menor dúvida, neste jogo,  em escalar Ramires no lugar do lesionado Hulk. Rápido, combativo e eclético, Ramires completaria tanto a linha de quatro defensiva quanto possível quadrado móvel.

Jogador do Chelsea pode marcar e atacar pela direita, especialmente nos contragolpes em velocidade. Também ajudaria Daniel Alves, já que o México de amanhã é ousado, toca muito a bola e ataca quase sempre com rapidez, pelas extremas.

Ramires também daria mais liberdade de criação para Oscar e povoaria o meio-campo brasileiro o suficiente para equilibrar as ações num setor nevrálgico, onde normalmente o México coloca cinco jogadores de bom nível técnico.

No 4-4-2, com cara de 4-2-2-2, o Brasil terá menos dificuldades e ficará menos exposto defensivamente. Desde que, independentemente de esquemas táticos, não deixe de defender e atacar em bloco, condensando os três setores para que não apareçam espaços com cara de arapucas.

Respeito Felipão -- mais pelo passado do que pelo presente -- mas a possível ausência de Hulk pode arrumar o time. Ramires seria o ideal para amanhã. Mas, dependendo do jogo, William e Hernani não podem ser descartados.  Paulinho e Hulk que se cuidem!

A princípio, jogo desta terça-feira promete ser bom, técnico, duro, equilibrado. Cabe ao Brasil saber se impor e fazê-lo ficar fácil. Um simples detalhe -- físico, técnico, tático ou emocional --  nos primeiros minutos pode mudar tudo.     

domingo, 15 de junho de 2014

Holanda e Costa Rica, os destaques

Por enquanto, foram quatro dias de Copa do Mundo. Ao todo, 11 jogos, nenhum empate e 37 gols, com a boa média de 3,36 por partida.

Destaque e maior surpresa, até agora -- lógico que tudo pode mudar -- , ficam por conta da goleada humilhante da Holanda sobre a Espanha campeã do mundo e da vitória da Costa Rica sobre o favorito Uruguai.

Dos candidatos a jogador da Copa os melhores foram os vencedores Robben e Neymar. Messi fez gol e ganhou mas não brilhou. Iniesta perdeu mas não decepcionou. Cristiano Ronaldo estreia amanhã.

Dia 12, na abertura, com direito a vaias e xingamentos à presidente Dilma Rousseff, um  Brasil  sem brilho passou pela Croácia com a ajuda da arbitragem.

Sexta-feira, pelo mesmo Grupo A do Brasil, o México precisou fazer três gols legítimos para derrotar Camarões por 1 a 0. Arbitragem voltou a falhar.

Pelo Grupo B, a Espanha até que fez um bom primeiro tempo, foi melhor, mas cedeu o empate no final e depois acabou atropelada pela Holanda de Robben e Van Persie. Cinco foi pouco.

Pela mesma série, o Chile de Valdívia mereceu vencer a Austrália por 3 a 1. Mas deu mole quando poderia ter goleado. Pode até ser o adversário do Brasil na próxima fase.

No sábado, destaque para a convincente vitória da Colômbia sobre  a limitada Grécia por 3 a 0. Ainda pelo Grupo C, com méritos, a Costa do Marfim de Drogba virou pra cima do Japão.

Pelo chamado grupo da morte, o D, a Itália mereceu derrotar a Inglaterra por 2 a 1. Bom jogo. Equilíbrio e bom futebol. Entre campeões do mundo, uma briga de cachorro grande.

Já o Uruguai de Cavani, Lugano e Forlan foi decepcionante. Começou vencendo mas perdeu de 3 a 1 da Costa Rica do bom centroavante Campbell, um crioulo endiabrado.

Hoje, mais três jogos. Suíça e Equador fizeram um jogo equilibrado. Europeus ganharam de 2 a 1, de virada, com um gol nos acréscimos.

Pelo mesmo Grupo E, a França não encontrou dificuldades para superar Honduras por 3 a 0. Destaque para o centroavante do Real Madrid, Benzemá, autor de três gols, embora um tenha sido creditado ao goleiro hondurenho. Bola bateu no poste esquerdo e depois no goleiro, antes de entrar por inteiro. A tecnologia ( line goal) foi usada pela primeira vez no Mundial.

No último jogo do dia, no Maracanã, pelo Grupo F, a Argentina de Messi, Aguero e Di Maria superou a Bósnia por 2 a 1 na estreia. Argentinos oscilaram e não brilharam. Foram bem só no segundo tempo

Rodada de amanhã tem como atração principal o encontro entre Alemanha e Portugal. A Alemanha é uma das favoritas ao título, mas Portugal tem Cristiano Ronaldo, hoje considerado o melhor jogador do mundo.

Nos outros jogos do dia, Irã x Nigéria e Gana  x Estados Unidos     



sexta-feira, 13 de junho de 2014

Vaia justa, saia justa e vitória injusta

Na abertura da Copa do Mundo, a Seleção Brasileira derrotou o bom time da Croácia por 3 a 1.

Arena Corinthians estava lotada por 60% de convidados e 40% de torcedores normais, simples  pagantes. Poucos, diga-se,  representando o povão que vai mesmo aos estádios.

Ansiedade e nervosismo atrapalharam bastante os brasileiros. Normal,  em se tratando de estreia diante da torcida. Camisa pesa! E a obrigação de ganhar vira um Salkantay.

Time melhorou após sofrer o gol, mas a vitória não foi justa. Juizão -- ou juizinho? --  japonês inventou pênalti sobre Fred -- nota oito como ator e quatro como goleador oculto -- e ainda não validou gol croata legítimo.

Como quase sempre, Júlio César saiu mal, foi mole pra bola. Não desviou nem socou. Também não foi tocado. Mas o japa viu falta. No pênalti mal marcado,  juro que torci para o goleiro pegar. Quase!

É bom lembrar que o juizinho, tão rápido quanto incompetente, também poderia ter dado cartão vermelho para Neymar naquela deixada de cotovelo no excelente Modric, volante do Real Madrid. Olhou, marcou e deu, com maldade.

Felipão demorou pra enxergar o óbvio. Neymar e Oscar estavam bem, mas Hulk e Fred não jogavam nada.  Paulinho também está longe dos tempos de Corinthians. Se não evoluir, perde a posição.

Gaúcho paizão poderia ter colocado William, liberando Oscar mais pela direita.  Hernanes ou Ramires no lugar de Paulinho também cairia bem. Antes!

Gol da Croácia nasceu em mais uma das muitas investidas nos espaços às costas dos nossos laterais, forçando zagueiros internos ( os bons Thiago Silva e David Luiz) e Luiz Gustavo a saírem na cobertura camicase.

O mundo da bola está caduco de saber que Daniel Alves e Marcelo têm virtudes ofensivas mas defendem com restrições. Isso não quer dizer que Marcelo tenha tido culpa ao fazer o gol contra. Bola desviou, matou David Luiz  e bateu nele. Puro azar!

Se nossa vitória foi importante mas injusta -- um 2 a 2 estaria de bom tamanho -- a vaia à presidente da República, Dilma Rousseff,  foi justa. Para alguns, xingamentos ( vai tomar no ...) extrapolaram.

Será? Questão de educação?  Discutível! Será que a espada do palavrão pesado ofende e corta mais fundo do que todos os absurdos que a maioria dos governantes impõe diariamente ao cidadão comum?

Manifestação dos não-dependentes do Bolsa Família e de outros programas  governamentais sócio-eleitorais foi para grande parte dos políticos brasileiros. Foi para uma classe política sem moral, desonesta e corrompida na sua essência.

A meu ver, o direcionamento da hostilidade foi para a imagem rasurada dessas autoridades com atitudes quase sempre absurdas. Independentemente de coloração partidária. Todos são muito semelhantes.

Repito: a bronca, o xingamento ofensivo,  não se restringiu à mulher Dilma. Nem exclusivamente ao PT do seu mentor. Aquele que nunca sabe de nada que não lhe interesse,  que não lhe agrade .

Ou alguém acha que a vaia se transformaria em aplausos se o personagem central da Arena Corinthians fosse Lula, Sarney, Fernando Henrique, Collor,  Maluf, Renan Calheiros, Zé Dirceu, Kassab e tantos outros?

O que será que eles têm em comum? O que será que eles fazem para ser reprovados até em exame de sangue? Ninguém é santinho e todos dão nó em pingo d'água quando a mina é o poder.

Hoje, provavelmente, apenas Joaquim Barbosa seria aplaudido pela maioria amarela. Isso não quer dizer que  "o cara" seja unanimidade e acerte sempre. Também já andou passando dos limites.

Bem que a presidente tentou fugir da raia ao abrir mão do discurso protocolar de abertura. Caiu do cavalo. Ou melhor: do camarote repleto de autoridades sem moral.

Depois, visivelmente chateada, lamentou a "falta de educação"  dos revoltados e garantiu que não vai se abater com nada, nem abrir mão de suas convicções".  Aí reside o perigo. Mas respeita-se. 

Se Felipão e Fred tiveram a cara-de-pau de achar que o mero contato de mão no ombro, claramente sem intensidade,  foi pênalti, por que a presidente e seus súditos não teriam o direito de entender que está tudo bem, que o governo é o suprassumo da honestidade e da competência administrativa e não deve ser contestado com veemência?

A Seleção Brasileira precisa melhorar se quiser chegar ao hexa. O governo brasileiro precisa acordar e deixar de querer fazer crer que o ser Brasil oficial vale mais do que o nosso,  o real,  se quiser ser respeitado por todas as camadas sociais.

Ainda acredito mais em Neymar e cia, na dedicação e nas limitações técnicas e táticas  de Felipão e Parreira, do que na prepotência, no mandonismo e cinismo lulista  dos que se julgam donos de um país de  nós todos.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

O prefeito e a ilha sindical

A famosa Ilha Fiscal, na baía da Guanabara, serviu como posto da Guarda Fiscal do porto quando o Rio de Janeiro era a capital do império, no século XIX.

Ali, no ainda charmoso castelinho, aconteceu o histórico e inesquecível Último Baile do Império, dias antes da proclamação da República, pra quem não sabe, a 15 de novembro de 1889.

O prefeito mencionado no título acima é Carlos Grana, político e sindicalista apadrinhado por Lula. Sem a exigida competência administrativa e gerencial, o petista comanda a colcha de retalhos partidária responsável pelos destinos de uma Santo André cada vez mais judiada.

A ilha sindical citada no título refere-se à  anunciada Zona Azul e está localizada entre as ruas Abílio Soares e Coronel Ortiz, aqui na "divisa" do centro com a vila Assunção.

Além do prefeito boa gente, os responsáveis pela "ilha sindical" são o secretário de Mobilidade Urbana e Obras e Serviços Públicos (Paulinho Serra) e o diretor do Departamento de Engenharia de Tráfego (Epeus Pinto Monteiro).

Fontes  confiáveis, inteligentes e imantadas no poder maior,  garantem que a  "ilha sindical" foi preservada -- ou criada? -- pelo Poder Público para atender solicitação do presidente do Sindicato dos Rodoviários, contra quem não tenho absolutamente nada.  Quem não chora, não mama!

Por telefone, há mais de um mês, o próprio Paulinho Serra não descartou que a suspensão da implantação da Zona Azul apenas neste quarteirão foi para atender aos caprichos sindicais. Afinal, por que não facilitar a vida de alguns em detrimento da coerência e dos direitos da maioria?

Secretário  afirmou, na época,  que estava reavaliando. Acomodou ou deve estar reavaliando até hoje. E vai fazê-lo por bom tempo porque não tem coragem para bater de frente com o prefeito e com as pretensões dos sindicalistas.

Paulinho também disse, com todas as letras, que, se fosse escrito no blog, meu texto até iria ajudá-lo. Então... Está na cara que o próprio secretário queria manter a sensatez mas foi barrado por determinações superiores.

Embora as vagas estejam demarcadas e os postinhos colocados, ainda faltam as placas e o parquímetro, aquela maquinha devoradora de moedas. Lógico que também falta coerência e sobra corporativismo. Emparedado pelos dois lados, o secretário afinou, pipocou.

Se é que o senhor não sabe, prefeito, todas as ruas próximas estão  com as vagas de estacionamento à disposição. Detalhe é que muitas estão vazias, quase às moscas,  porque todos  correm para o quarteirão dos privilegiados. Afinal, ninguém é trouxa por inteiro.

Nesta semana, por exemplo, percebi que vários carros ocupam as vagas gratuitas da "ilha sindical" das oito da manhã até a cinco da tarde. Onde está a propalada rotatividade? Nem 20% das vagas criadas são ocupadas.

Quem madruga ou dá sorte é premiado diante do "castelinho". Quando não, o guardador de carros, o "apiteiro" do pedaço, que trabalha e não tem culpa de nada, dá um jeito de cavar uma vaguinha  para os amigos dos companheiros.

São 18h35min. Desde as 15h o trânsito por aqui beira o caótico. Especialmente na extensão da bela, cobiçada e carregada "ilha fiscal" endossada por um prefeito que faz de tudo para ser pior que seu antecessor.

Só não se esqueça, senhor Grana, que Santo André não é só sua ou de seu partido. Por que não permitir que secretário e  diretor façam o que antes foi  estudado e definido como correto para a população?

Aqui não é seu quintal, caro prefeito! Nem seu curral eleitoral. A casa andreense é nossa. De todos nós, cidadãos trabalhadores e com impostos em dia. Daí nosso inabalável direito de exercer cidadania.

Então, por que privilegiar? Por que acomodar? Por que, na cara-dura, a política de compadrio? Por que, de forma desrespeitosa, forçar o secretário a afinar, a arrepiar carreira?  Não é a atitude que se espera de um prefeito.

Ou será que aqui, no quarteirão da "ilha sindical", vai acontecer o último baile do império petista? Salões do sindicato são amplos. Nós, vizinhos, não fazemos questão da imponência de um "castelinho". Só cobramos coerência.

 

terça-feira, 3 de junho de 2014

O alegre Marcelo é craque?

Há alguns dias, ao ser questionado pelo repórter André Galvão, da Band, o alegre lateral-esquerdo da Seleção Brasileira foi extremamente infeliz, debochado; mal-educado, até.

Ambiente fica bem mais leve com figuras como Marcelo, David Luiz, Neymar e Fred. São brincalhões, alto-astrais, e isso é importante quando se trata de Seleção Brasileira ou esporte coletivo como o futebol. Isso é indiscutível.

Não quer dizer, no entanto, que Marcelo pode, com ou sem um sorriso contagiante, sair por aí como rei da cocada-preta. Só por que  outro dia foi campeão europeu com o Real Madrid?

Campeão, diga-se, como reserva do competente português Fábio Coentrão, bem mais eficiente como defensor e ainda com sabedoria para atacar, cobrir os zagueiros internos e jogar coletivamente.

Repórter simplesmente perguntou ao pavio-curto por que o Brasil não revela mais craques capazes de concorrer a melhor do mundo, como antes. "Ce tá de sacanagem! Essa pergunta é sua mesmo? Na Europa está cheio de craques brasileiros brilhando nos clubes"-- respondeu com ar de superioridade e incômodo indiscutíveis.

Pergunta foi boa, pertinente,  e resposta foi tão precipitada quanto ridícula. Puro corporativismo de quem não entendeu ou deu uma de Migué. Se fez de desentendido para fugir da reta. Quais as nossas revelações, nossas promessas nas divisões de base? Afinal, cara-pálida, além de Neymar, quem é craque na Seleção  Brasileira?

A exemplo de Ronaldo, Romário, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e até Kaká, quem, hoje, já foi melhor do mundo? Até mesmo o craque do Barcelona ainda não chegou ao patamar de Messi, Cristiano Ronaldo e tantos outros?

Por isso, caro Marcelo, jogue mais e fale menos. Não se limite a atacar e deixar avenidas aproveitadas por qualquer técnico minimamente capaz.

Por isso, caro Marcelo, aprenda a marcar, a defender e cobrir. Suas deficiências principais  -- bola nas costas e lentidão -- prejudicam o coletivo, o grupo. Quarto-zagueiro (David Luiz) e volante pela esquerda (Luiz Gustavo) vão sofrer para você brilhar.

Bom jogador, como você, não é sinônimo de craque não. Está longe do ideal. Só no Brasil cansei de ver laterais brilhantes. Craques pela esquerda, apenas Nilton Santos e Júnior, ambos da Seleção.

Melhores que Marcelo, vi uma infinidade: Roberto Carlos, Branco, Wladimir,  Serginho, Júnior (Palmeiras), Marinho Chagas ( recém-falecido), Felipe, Athirson, Ferrari, Rildo, Kléber, Roger e mais uns 15.

É possível que Marcelo se julgue um craque. Paciência! Direito inegável! Na minha opinião, em outra época, nem seria convocado. Não serviria para engraxar as  chuteiras de Nilton Santos, Júnior, Roberto Carlos, Branco e Wladimir. E fim de papo!

Agora há pouco, em Goiânia, o Brasil de Marcelo não precisou ser brilhante para golear o limitado Panamá -- comparado mas bem distante da seleção mexicana -- por 4 a 0. Se perdesse seria um vexame. Como ganhou, não fez nada mais que a obrigação pra quem é muito superior e candidato ao título da Copa.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Salkantay, inesquecível (dicas e sugestões)

No começo de maio, estive no Peru, onde fiz a Trilha Salkantay, alternativa à Trilha Inca para se chegar a Machupicchu, a sétima maravilha do mundo moderno.  O Nevado Salkantay é uma montanha selvagem que vou carregar na alma. Para sempre! Ainda escreverei um poema sobre aquela imagem inesquecível.

Ao lado da esposa (Angela) e do casal de amigos (Milton e Marilene), foram cinco dias e quatro noites no percurso. Cerca de 60 quilômetros de  rios, vales, nevados e outras montanhas; altos e baixos com o testemunho de uma natureza pródiga. Um ambiente mágico!

Não sou expert no assunto. Mas, como engano e dou conta nas minhas andanças por aí,  gostaria de deixar algumas sugestões aos aventureiros de plantão. Opiniões muito pessoais, diga-se. Sujeitas a discordâncias.

MELHOR PERÍODO

Especialistas sempre indicam de maio a outubro. Fora disso as trilhas não são suspensas, como dizem,  mas o risco de chuva forte, avalanche e deslizamento de terra é bem maior. E os grupos são escolhidos a dedo. Então, cuidado com a escolha. Chuva e neve podem ser tão belos quanto perigosos.

AGENCIAS - BRASIL

Existem importantes e conhecidas agências de viagem brasileiras que oferecem o pacote completo ( aéreo, hotéis, transporte, trilha, ingressos em sítios arqueológicos, trem etc). Nada contra, até nos pareceram bem idôneas, sérias, mas gastaríamos quase o dobro se fechássemos o pacotão aqui. Fique atento ao custo benefício. Fizemos tudo, sem qualquer problema mais grave, por metade do preço.

AGENCIAS - CUSCO

Pelo Booking,  compramos apenas as passagens aéreas e  reservamos três diárias de hotel em Cusco. Depois, tivemos de pesquisar algumas agências que faziam a  difícil trilha Salkantay, cinco dias e quatro noites, até Machupicchu.

São mais de 170 agências credenciadas pelo governo peruano em Cusco. Em cada buraco uma agência. Em cada porta um preço. Em cada cômodo apertado uma oferta e um poder de convencimento. Com a ajuda do TripAdvisor   --  tem  boa credibilidade, ajuda muito mas não é perfeito --, escolhemos seis prestadoras de serviços entre as 20 mais bem classificadas e fomos conversar.

Ambientes simplórios não definem nada, no caso. A primeira classificada do TripAdvisor era também a mais barata. Metade do preço médio. Mas  o conteúdo das informações, a explanação e o local não passaram firmeza. Optamos pela Alpaca Expeditions, bem perto das mais caras mas capaz de oferecer vantagens diferenciais e negociar preços com clareza e sabedoria.

Fomos premiados por uma equipe sensacional -- la máquina verde -- comandada pelo guia Amoroso. Tudo  bem perto da perfeição, do primeiro ao último momento: informações verdadeiras,  segurança, comprometimento, profissionalismo, competência, dedicação, infraestrutura e simpatia. Alimentação nota 10.

MARKETING AGRESSIVO

Cuidado! Abordagem agressiva pode começar com taxistas e agentes de turismo ainda no aeroporto. Na cidade, um "mercado" só. Lojas de roupas, agências, cafés, restaurantes, camelôs e até crianças espertíssimas. Se vacilar, você  compra uma caneta sem carga como se fosse relíquia de ouro esquecida  pelos conquistadores espanhóis.  Até no tradicional Mercado São Pedro o vendedor não faz rodeios. Lá se conversa sobre tudo. Em alguns casos,  higiene é tão duvidosa quanto conversa de político. Respeitem-se os costumes. Mesmo que estranhos.

Sugestão é usar a consciência e negociar em quase tudo. Desde a contratação do hotel adequado e da agência que te levará à cidade perdida até a melhor peça de lã de alpaca. Mercado-feira de Pisac é uma boa opção para quem tem tempo.

Na hora de dialogar sem vergonha e acertar ponteiros incluem-se: porta-níqueis, pisco, copinhos, chaveiros, castanha, sticks, pulôveres, gorros, camisetas, bonés, calças para chuva, blusas de frio...

ADAPTAÇÃO À ALTITUDE

Chegamos no domingo(3) de manhã. Por volta das 11h (duas horas a menos de fuso para São Paulo) já estávamos em Cusco. Foram cinco horas até Lima e uma até a capital histórica do Império Inca.

Já chegamos aos cerca de 3.400 metros de altitude tomando o famoso chá de coca, que ajuda a evitar o soroche. O temido mal da altitude, que pode causar cansaço, palpitações, febre, dor de cabeça, tonturas e até diarreia.

Foram dois dias e meio a cerca de 3.400 metros em Cusco para depois enfrentar altos e baixos e o limite de 4.600 de altitude, junto ao belíssimo e enigmático Nevado de Salkantay, com 6.271  metros. Ali o bicho pega!

Portanto, a adaptação é fundamental para quem quer encarar aventura tão desgastante quanto gratificante. Isso nem sempre quer dizer que não vai acontecer nada. Se fraquejar momentaneamente, não tenha vergonha de parar e até subir na mula. Faz parte! Olhe pra frente e pro alto! A ordem é não desistir, jamais.

VESTUÁRIO

Lógico que o ideal é se vestir como se sente bem, mas não dê sopa pro azar. Faz frio e o ideal, além de muito chá de coca,  é uma camiseta segunda pele, bem colada, que não congela o suor. Depois vem o fleece, a segunda camada, o isolamento térmico. Para completar, a terceira camada: um blusão corta-vento, que bloqueia frio e chuva,  de preferência com capuz.

Calça impermeável salva a lavoura em caso de chuva. Capa de chuva pra você também significa prudência. Emprestamos duas de amigos bondosos. Também  é bom levar um gorro para proteger a cabeça. Orelhas, principalmente. Além de luvas.

Durante o dia,  o boné é quase indispensável. Se tiver abas é melhor. Só o protetor solar não segura as pontas. Sol costuma ser traiçoeiro. Não abuse da sorte. Óculos escuros são  igualmente úteis.

CALÇADOS E CIA

No caso de Salkantay, nem pense em fazer de tênis. Muito arriscado e inseguro. Bota impermeável, de cano alto, cai bem porque é antiderrapante. Descida e chuva são verdadeiras arapucas. Bunda no chão e roupa ainda mais suja. Não precisa ser a mais cara. Nada que uma Timberland ou Bull Terrier não  resolva com sobras. Meias apropriadas, mais grossas,  para o frio,  e sempre secas, também não podem ser desprezadas.

Não é por isso que você vai dispensar o tênis para o último dia e o chinelo para todos os finais dos dias. Depois da caminhada extenuante, um chinelinho pós-banho é indispensável para aliviar a barra dos pés cansados e inchados.

Caminhada quase sempre é sinônimo de  dores em várias partes do corpo e bolhas nos pés. Então, além do kit primeiros-socorros com relaxantes, não se esqueça de agulha e linha. Também fica a sugestão de protetores de ouvidos em caso de você acampar junto a rios com turbulência com origem no alto da montanha.

EQUIPAMENTOS

Antes eu achava que stick era besteira. Pra o caso, não é não. Bastões ( um par é melhor) passam segurança na descida e  ajudam muito na subida, naquela hora em que qualquer apoio funciona como empurrão salvador. Acerte a regulagem de acordo com sua altura e com o terreno.  Deve ser alugado -- de 20 a 30 soles o par -- ou comprado -- de 20 a 35 soles cada -- lá em Cusco. Eu comprei dois; o Milton alugou.

Se optar por um cajado de madeira natura, ali da mata, como fiz no final da trilha, não há por que não se dar bem. Pelo menos não vai cair  tão fácil e ainda voltará como o músculo tríceps, do braço, fortalecido. Alterne o braço para ficar "fortão" por igual.

Já a mochila tem de ser escolhida e usada com sabedoria. Uma de 35 litros é mais do que suficiente, se bem montada, com peças segmentadas colocadas em sacolinhas específicas. Precisa ser forte e com encaixes de cintos perfeitos, junto ao corpo. Coluna deve ser protegida com prioridade. Nada de excesso de peso. Entre cinco e sete quilos, no máximo. Não se esqueça da capinha para a  mochila em caso de chuva. Quebra um galhão e não custa caro.

Saco de dormir e travesseiro inflável podem ser comprados -- ou emprestados -- aqui ou lá em Cusco. Os nossos sacos de dormir foram emprestados pelo Zé Luiz (companheiro do Caminho da Fé e de todas as horas) e pela Tereza ( triatleta e amiga da Angela). Compramos aqui os travesseirinhos. Os sacos de dormir do Milton e da Marilene foram alugados lá, por 25 soles cada, por três noites.

Também é bom não esquecer: canivete, fósforo, cortador de unha, isqueiro, papel  higiênico e aquela lanterninha de cabeça. Já pensou ir ao banheiro -- químico ou não -- à noite, a mais de 30m de distância, com chuva e o risco de pisar na bosta de vaca?

Confesso que, mesmo com duas lanterninhas eficientes, não saí da barraca não. Na cara dura, discretamente, usei uma garrafinha de inka-cola descartável e escondi na área de lazer da barraca até o dia amanhecer. Bem prático!

ÁGUA E ALIMENTOS

É fundamental que não se tome qualquer água natural da trilha. Evite para não ganhar uma diarreia. Pessoal da retaguarda ( la máquina verde é show de bola )sempre leva e ferve aquela aguinha especial antes de cada caminhada.

Para a trilha é bom que, além de água e repelente, se levem ainda lanches, frutas  frescas e secas, chocolates e barrinhas de cereais. Com um tempero de disposição e bom humor. Deixe a preguiça e a cara feia no Brasil.

A TRILHA SALKANTAY

Optamos pela alternativa Salkantay  também por indicação de um sobrinho carioca, o Júnior, e porque a Clássica exige reserva com muita antecedência. Não dava tempo ao considerarmos as quatro agendas.

Conforme combinado com o guia na noite anterior, pegamos uma van na famosa e bela Praça de Armas às 4h30min. Foram quatro horas de subidas, descidas, asfalto e terra até o povoado de Soraypampa,  marco inicial da grande aventura. Algumas agências iniciam essa trilha em Mollepata, um pouco antes, o que muda muito em termos de avaliação.

Se você não se preparou física, clínica e psicologicamente  por alguns meses, no Brasil, vai abrir o bico. Por isso, na realidade,  o desafio começa muito antes de se arrearem e se carregarem aquelas mulas salvadoras.

Por tudo -- novidade, altitude, terreno, altimetria e distância -- o primeiro dia dessa opção, dessa trilha específica, é o mais difícil de todo o percurso. Também é o mais belo!

Salkantay, a montanha selvagem no idioma quechua , é pura magia! Emoção sem limites! Salkantay é invencível. Ninguém escala! Salkantay não se leva no celular, nem no tablete. Tampouco na máquina fotográfica. Se leva na alma. Se leva no coração. Um retrato inesquecível.

Segundo dia mais desce do que sobe, sem tanto sol, à beira do rio. Terceiro é mais subida, a maioria dentro da mata, na sombra. Quarto tem descida e depois acompanha o rio e a linha do trem, em terreno plaino até Águas Calientes.

Depois de três noites de barracas, sem ou com banho frio, com o sem banheiro químico, finalmente uma noite com direito a cama e chuveiro quentinho. Uma delícia!

MACHUPICCHU

Visita à cidade perdida dos incas acontece no quinto dia. Segredo, além do bom guia, é pegar o ônibus -- também pode ir a pé -- por 25 minutos e chegar cedo para conhecer tudo. Aprenda, sem pressa.

Atenção para o detalhe: só entram 2.500 pessoas por dia. E só 400, com ingresso comprados com antecedência descomunal, pode subir  Huaynapicchu, a bela montanha das famosas fotos de cartões postais que correm o mundo.

HOTEL, TERMAS  E TREM

Hotel três estrelas, em Águas Calientes, aos pés de Machupicchu, é mais do que suficiente. Não há necessidade de ostentação. Atenção, limpeza, cama boa, chuveiro quente e um belo café da manhã. Está ótimo!

Fique atento à atração Águas Termais. Não sei se demos azar, mas não gostamos. Eu olhei pra Angela, o Milton olhou pra Marilene e quase desistimos. A água quente, mas suja, e provavelmente batizada com xixi, era um convite a cair fora. Ficamos apenas 10 minutos e corremos para o chuveiro do hotel. Pagamos  apenas 10 soles, mas eu não voltaria nem de graça.

Quanto ao trem, também não há necessidade de primeira classe. Respeitam-se as opções, mas o conhecido Expeditions, da Peru Rail, foi bem legal.  Gaste menos! Custo-benefício vale a pena. Confortável, seguro e proporcionando visuais inesquecíveis até o povoado de Ollantaytambo.

Da estação até Cusco a viagem de mais de duras horas é feita de van. Chegamos por volta das 20h, com cada um entregue no seu hotel, com segurança e sem sustos. Cansados mas felizes! E loucos por um belo vinho, num bom restaurante, e um chocolate quente. O que não falta em Cusco.