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domingo, 29 de abril de 2012

O esporte de batateiros e ceboleiros

Reza a história que no início do século XX nossa região era farta em fazendas de batatas pelas bandas do Município de São Bernardo. No então distrito, Santo André, sedento por emancipação, prevaleciam propriedades que priorizavam as plantações de cebola.

Ainda segundo historiadores locais(como meu amigo corintianíssimo Ademir Medici), por volta de 1920/1930, já havia rivalidade no futebol regional, entre os batateiros da AA São Bernardo e os ceboleiros do Corinthians. O mesmo Corintinha onde Pelé fez seu primeiro gol como profissional e agora está prestes a comemorar centenário.

Dizem que após um dos clássicos em São Bernardo, já no "bondinho" (ou trem? ou caminhão?) de volta pra casa, o Corintinha foi premiado com uma chuva de batatas podres. No jogo seguinte, aqui, a vingança, com um temporal de cebolas nas costas dos batateiros.

Começava aí a bronca que já passou por Santo André, Irmãos Romano, Primeiro de Maio, Palestra, Aliança, EC São Bernardo e cia. Nos dias atuais, infelizmente, a rivalidade saudável e motivadora está cada vez mais em baixa.

(O São Caetano, que já foi campeão estadual, e vice do Brasileiro e da Libertadores, não tem tanta torcida pra rivalizar e não entra na conta como nos tempos de Saad).

Hoje, o ascendente São Bernardo Futebol Clube está bem à frente do decadente Esporte Clube Santo André, um caminhão sem freio que em 2004 ganhou o título da Copa do Brasil em cima do Flamengo em pleno Maracanã e em 2010 fez a final do Paulistão contra o Santos.

Considerando-se o segmento esportivo como um todo, os batateiros também levam de roldão. Enquanto respiram a pura brisa do esporte vencedor, os ceboleiros exalam derrotas poluentes, além do nojento odor de propina. Quer saber por quê?

Porque em São Bernardo o Poder Público investe com coerência e respeita o esporte como instrumento de saúde, lazer, auto-estima, cidadania, ação, inserção e ascensão social, educação, segurança e empregabilidade.

Em contraposição, aqui na vizinha Santo André a Prefeitura praticamente ignora, pouco faz, desrespeita e esnoba coisa tão séria. Faz um investimento ridículo e menospreza a importância do esporte.

Por isso a primeira escala montanha do sucesso, promove grandes eventos e é campeã dos Jogos Abertos e Regionais, enquanto que a outra desce a ladeira dos perdedores, coleciona decepções (basquete feminino patrocinado pelo "Semasa" é exceção)e disputa a Segunda Divisão. No caso do futebol nacional, a Terceira. Até a próxima queda.

Porque, enquanto em São Bernardo a Prefeitura é parceira inseparável do Tigre na cessão e reforma significativa do Estádio Primeiro de Maio prestes a ser ampliado, em Santo André o Poder Público promete grandes intervenções mas transforma o Bruno Daniel em terra arrasada.

Porque, enquanto lá, independente do notório interesse político-partidário, o prefeito Luiz Marinho anda de mãos dadas com o presidente Luiz Fernando Teixeira e com o presidente de honra Edinho Montemor, aqui o prefeitão Aidan Ravin só falta sair no braço com Ronan Maria Pinto, o dono do DGABC e do Saged, que administra |I(mal) o futebol do Ramalhão.

Porque, enquanto 10 mil batateiros pintam, bordam, dançam e lotam o Vila Euclides, meia-dúzia de heroicos e fanáticos ceboleiros choram a dura realidade de quem se vê impedido de entrar no estádio para ver seu time do coração.

Porque, enquanto o quase cinquentão Ramalhão (18 de setembro de 1967) termina o Paulista da A-2 em 14º lugar e se salva do rebaixamento na última rodada, o jovem Tigre (20 de dezembro de 2004) garante acesso e vai disputar o título com o União Barbarense.

Portanto, em 2013, na elite estadual, não vai rolar o clássico. Enquanto os felizes batateiros vão ver o Santos de Neymar e o São Paulo de Lucas, cabisbaixos ceboleiros vão ter de engolir os pobres mas não menos respeitáveis Velo, Rio Claro, Catanduvense, Guaratinguetá, Comercial e cia.

Porque, enquanto o São Bernardo dá um jeito de arrumar dinheiro, administra as finanças com controle razoável e chega à decisão, o incompetente Santo André (Saged) está atolado em dívidas e ainda perde verbas significativas de patrocinadores e dos direitos de transmissão da TV devido aos seguidos rebaixamentos.

Porque, enquanto o vizinho tem planejamento profissional dentro e fora do campo, aqui prevalecem o improviso amador, as lambanças diretivas ( exceção a poucos, como o diretor de Futebol Sergio do Prado) e as contratações de baciadas, com reduzidas possibilidades de sucesso a curto ou médio prazo. Tomara que agora seja diferente!

Por esses e outros motivos, hoje o cidadão-torcedor de São Bernardo está com a auto-estima lá em cima e estampa um sorriso de orelha a orelha. Enquanto isso, Santo André vira manchete pelas derrotas no esporte e pelos escândalos que escorrem pelos esgotos do Poder.

Aplausos aos batateiros, que colheram o que plantaram. Vaias de alerta a nós ceboleiros, que, infelizmente, também colhemos o que plantamos. Como o tempo é o senhor da razão, Santo André precisa entender e responder, já que vitórias e derrotas não são definitivas, eternas.

Então, reaja Santo André! Hoje, Santos, Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Fluminense, São Paulo, Corinthians e cia fazem parte do seu passado histórico e glorioso. Nada mais!Nos últimos tempos, o ceboleiro, cidadão e esportista andreense, que tanto já se orgulhou, está cansado de passar vergonha.

Para sair do fundo do poço, a sugestão imediata é trabalhar muito e mirar-se no belo exemplo do São Bernardo, um tigre criticado e humilhado quando jogou como gatinho mas exaltado quando se portou como verdadeiro vencedor e deu a volta por cima ao conquistar o acesso.

Se os nobres donos dos poderes na terra de João Ramalho e Bartira não assimilarem críticas construtivas, pertinentes, e preferirem o cinismo característico dos incompetentes, que se dignem a ir plantar batatas!

Saem os finalistas da elite e da A-2

Santos x Guarani e São Bernardo x União Barbarense são os grandes finalistas das duas principais divisões do Campeonato Paulista, dias 6 e 13 de maio.

Na decisão inédita da A-1, a primeira partida acontece em Campinas. Para chegar, com três gols do endiabrado Neymar, o Santos ganhou de 3 a 1 do São Paulo, enquanto que o Guarani virou e eliminou a Ponte Preta ao fazer iguais 3 a 1 no Brinco de Ouro, diante de 15 mil torcedores.

O teoricamente favorito Santos tenta o terceiro tricampeonato paulista da sua história ( os dois foram na do incomparável Pelé), enquanto que o Guarani campeão brasileiro de 78 volta a estar numa final paulista depois de 24 anos (perdeu do Corinthians de Viola em 88).

Na A-2, o São Bernardo garantiu o primeiro lugar do Grupo 3 e o acesso ontem. Agora faz o jogo de ida em Santa Bárbara do Oeste e o segundo em casa. Hoje cedo, em Sorocaba, o União Barbarense empatou de 2 a 2 com o Atlético e ficou com o título do Grupo 2.

SANTOS VENCE E PEGA O GUARANI

Santos e São Paulo fizeram uma semifinal excepcional, com emoção do primeiro ao último minuto. Se posse de bola, pressão e chances de gol ganhassem jogo, o São Paulo seria finalista com sobra. Mas faltou ser eficiente tanto na defesa quanto no ataque.

Como o Santos tem o artilheiro (16 gols) do Paulistão em fase brilhante e praticamente imarcável, ganhou ao encontrar espaços latifundiários para contragolpear com objetividade e aproveitar as falhas individuais de um adversário ousado. Neymar fez três gols, além de perder uma oportunidade clara ao concluir na trave.

Tudo isso principalmente porque o Santos abriu o marcador logo aos 3 minutos após bola roubada no meio do campo por Adriano, condução de Arouca e pênalti de Paulo Miranda sobre Alan Kardec.

Com o São Paulo obrigatoriamente mais aberto e espaçado no momento de defender, por ter de atacar em busca da igualdade, o jogo ficou bonito e eletrizante. Foi um jogo verticalizado, muito melhor do que os jogos semifinais da Liga dos Campeões da Europa, entre Barcelona e Chelsea.

O São Paulo teve quatro momentos para empatar (Paulo Miranda no poste, Denilson, Casemiro e William José), mas Neymar voltou a aparecer para decidir aos 32 minutos ao receber de Ganso após saída errada de Rodolfo.

Com mais volume de jogo, mas perdendo de 2 a 0, o São Paulo voltou para o segundo tempo com Rodrigo Caio no lugar de Piris ( levou um baile de Neymar, com direito a cinco dribles seguidos, e recebeu cartão amarelo) e o mais ofensivo Fernandinho no lugar do apagado Jadson.

Contra um Santos no 4-3-1-2 (um volante fixo, dois mais flexíveis e um meia-armador), o time de Leão cresceu (Lucas apareceu mais) foi pra cima e abusou do direito limitado de falhar nas conclusões. Chegou extravagantes nove vezes com real perigo, mas só marcou um gol, com William José (impedido) aos 18 minutos.

Limitado a contragolpes quase sempre fatais, o Santos teve o terceiro gol aos 32 minutos, justamente quando o São Paulo estava bem melhor e dominava, mas o goleiro Dênis falhou no chute de Neymar de fora da área.

Aos 43, quando São Paulo do reclamão Leão já não tinha Cícero (expulso), Neymar esteve por fazer o quarto. Bem antes, o mais compacto time de Muricy Ramalho ainda teve um gol de Alan Kardec mal anulado, sob alegação de falta de Edu Dracena em Paulo Miranda.

Na outra semifinal da A-1, no Brinco de Ouro, em Campinas, o Guarani virou pra cima da Ponte Preta, que fez 1 a 0 no primeiro tempo e voltou para o segundo achando que o jogo estava ganho.

O bom time de Gilson Kleina, que eliminou o forte Corinthians com méritos indiscutíveis, pecou defensivamente e levou três gols. Equipe do técnico Vadão se desdobrou na marcação, pressionou e virou com dois gols de Medina, o substituto do destacado e lesionado Fumagalli, e um de Fábio Bahia.

SÃO BERNARDO X UNIÃO BARBARENSE

O São Bernardo vai decidir o título da A-2 em casa. Primeiro jogo com o União Barbarense, campeão do Grupo 2, vai ser no Interior.

Tigre ficou com o primeiro lugar ao vencer o Noroeste por 2 a 0 ontem no Primeiro de Maio, enquanto que o União Barbarense se credenciou hoje, ao empatar de 2 a 2 com o Atlético Sorocaba e terminar como líder do Grupo 2.

As outras duas vagas do acesso ficaram com Penapolense (ontem, após 1 a 1 com o Red Bull) e Atlético Sorocaba, hoje de manhã, em resultado muito contestado pelo Audax.

Árbitro Luciano Lima teria beneficiado flagrantemente o time da casa ao expulsar três jogadores do União Barbarense e inventar pênalti aos 52 minutos do segundo tempo.

Até mesmo derrota de 2 a 1 (estava 2 a 0 até os 40 minutos do segundo tempo) daria a vaga ao time de Antonio Carlos Zago, o Audax, pelo saldo de gols. Ambos empataram no número de pontos ganhos (10), no de vitórias (três) e no saldo de gols ( também três), mas o Atlético Sorocaba ganhou de 12 a 11 nos gols a favor.

sábado, 28 de abril de 2012

Acesso, festa, vitória e agora o título

O clima de agora há pouco no lotado Estádio Primeiro de Maio foi de festa. Antes, durante e depois da vitória de 2 a 0 sobre o Noroeste. Dentro e fora de campo.

Resultado não só aponta o Tigre como campeão do Grupo 3 ( Penapolense também garantiu acesso ao empatar de 1 a 1 com o Red Bull), como o qualifica para disputar o título da A-2 com o campeão do Grupo 2, que será definido amanhã com Atlético Sorocaba x União Barbarense e Audax x Ferroviária.

Com acesso garantido, mas não de ressaca, o São Bernardo passou pelo time de Bauru sem atropelos. Diferente do que se imaginava, pela necessidade de vencer para ainda sonhar com a vaga, o tradicional Noroeste não foi ousado nem jogou bem.

Nas raras vezes em que ousou atacar com rapidez e personalidade, o Noroeste parou num sistema defensivo mais uma vez bem postado ou no goleiro Wilson Júnior, um dos destaques do São Bernardo no campeonato.

Com o lateral-direito Regis deslocado para marcar e atacar por um corredor imaginário pela direita, o meio-campo foi complementado pelos volantes Zé Forte e Escobar e pelo bom volante/armador de chegada Leo Costa.

Bem superior, mesmo sem se esforçar tanto, aos 26 minutos o Tigre já vencia por 2 a 0(Regis de falta e Danielzinho após grande jogada de Ricardinho pela esquerda), enquanto que o Noroeste pouco chegava.

Além dos dois gols, no primeiro tempo o time de Luciano Dias ainda mandou duas bolas na trave, com Danielzinho e Ricardinho) e teve um gol de Danielzinho não validado sob alegação de impedimento.

É bom frisar que, apesar do excesso de individualismo, o artilheiro Danielzinho subiu muito de produção nos últimos jogos. Assim como o capitão Renato Peixe, que recuperou o bom futebol e se tornou peça-chave de um time marcado pela incrível capacidade de se superar.

Na segunda etapa o jogo caiu. Normal para um time que já conquistara o acesso e para outro que não tinha forças para virar. O São Bernardo administrou o resultado sem se expor. O Noroeste não teve competência nem ambição ofensiva. Só ameaçou no final, quando Wilson Júnior precisou intervir, enquanto que o Tigre chegou duas vezes com Leo.

No final, mais de 10 mil torcedores aplaudiram os protagonistas da bela conquista e continuaram a festa iniciada com o acesso de quarta-feira em Penápolis. E que pode ser ainda maior com um título inédito e merecido.

Liga dos Campeões ou Liga Europa?

Se você tivesse de escolher apenas uma opção, assistiria à final da Liga dos Campeões, dia 19 de maio em Munique, ou à da Liga Europa, dia 9 próximo em Bucareste?

Sem medo de errar, garanto que eu estaria na capital da Romênia para ver o duelo dos Atléticos espanhois, entre Madri e Bilbao, donos de um futebol mais moleque e alegre.

Mesmo rotulada de espécie de Segundona da Liga dos Campeões, a às vezes desprezada Liga Europa tem apresentado jogos interessantíssimos, que não ficam a dever em absolutamente nada aos bambambãs da elite.

Pelo contrário! Lógico que respeito o contraditório, mas, na minha opinião, as semifinais da Liga Europa superaram em técnica e em emoção as da Liga dos Campeões.

Assisti a muitos jogos e fiquei mais impressionado com os belos duelos entre Atlético de Bilbao x Sporting e Atlético de Madrid x Valência.

Foram quatro jogos francos, com muitos gols, aplicação, ousadia e emoção do começo ao fim. Tudo com o tempero de uma certa irresponsabilidade defensiva, privilegiando-se a busca incessante pelo gol.

Analisando-se os oito jogos, a pomposa e endeusada Liga dos Campeões ficaria para segundo plano. E, por mais paradoxal que possa parecer, entendo que o futebol do melhor time do mundo foi um dos culpados devido à momentânea incompetência no ato de criar, penetrar e finalizar.

O aplicadíssimo Chelsea da Inglaterra chegou à decisão com méritos, mas, pra quem gosta de arte, ofensividade e emoção, seria mais bonito e interessante o Barcelona de Messi, Iniesta, Fabregas, Xavi e cia.

O outro finalista é o Bayern, um time que não foge do pau, gosta de atacar e vai ser empurrado pela torcida. Lógico que o time inglês de novo vai priorizar a defesa e especular em contragolpes lotéricos.

O Bayern de estrelas como Ribery, Robben, Mario Gomez, Neuer e Schweinsteiger é ligeiramente favorito após superar o forte Real Madrid de Cristiano Ronaldo, Ozil e kaká. O Chelsea vai depender muito do goleiro Petr Cech, do volante Lampard e do atacante Drogba.

No jogo de Bucareste não há favorito; prevalece o equilíbrio. Não tenha dúvida de que os espanhois vão pro pau desde o primeiro minuto. Ninguém vai ter medo de perder.

O Bilbao do argentino Marcelo Loco Bielsa é uma máquina mortífera na hora de atacar. E uma peneira suicida quando sofre de amnésia pontual e negligencia o sistema defensivo.

Já o Atlético de Madrid não é nenhum exemplar raro de ferrolho à italiana, mas seu exercício defensivo dá pro gasto. Ofensivamente, chega com desenvoltura, rapidez e periculosidade quase sempre fatal.

Se, de um lado, o time de Madri tem o brasileiro Diego e o artilheiro colombiano Falcão Garcia, do outro, o de Bilbao tem Muniain na armação e Llorente letal no pivô e nas conclusões, tanto aéreas quanto "terrestres".

Quer saber? Sem descartar o imponderável que cerca e mantém viva a graça do futebol, aposto que a final do dia 9 vai ser melhor, mais emocionante e com mais gols.

Como aposentado e apaixonado por esporte, vou assistir às duas decisões. Mas não estarei na Alemanha para ver Bayern x Chelsea quando preferia Barcelona x Real Madrid. Tampouco na Romênia.

TV aqui de casa pega bem, a imagem é boa e ninguém me tira da frente dela nos dias 9 e 19 de maio. Meu cantinho é sagrado! Nele, mesmo sem os semideuses Messi e Cristiano Ronaldo, vou analisar lance a lance e postar minha opinião.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Tigre guerreiro volta à elite

Rebaixado em 2011, o São Bernardo acaba de vencer o Penapolense por 1 a 0, em Penápolis, e está de volta à elite do futebol paulista.

Além da vitória, acesso foi confirmado com a vitória de 2 a 1 do Red Bull em Bauru. O Tigre chega à liderança do Grupo 3 com nove pontos ganhos, contra oito do Penapolense, e cinco de Noroeste e Red Bull.

Rodada de sábado define a segunda vaga da chave; marca São Bernardo x Noroeste no festivo e lotado Primeiro de Maio e Red Bull e Penapolense no vazio Moisés Lucarelli, em Campinas.

Pelo Grupo 2, o União Barbarense perdeu em casa do Audax ( 2 a 0 ) e em Araraquara a Ferroviária venceu o Atletico Sorocaba por 1 a 0.

A classificação mostra o Barbarense com 10 pontos ganhos, o Atlético com nove, o Audax com sete e a Ferroviária com três. Só a Ferroviária não briga por uma das duas vagas de acesso.

Pela última rodada do quadrangular, domingo, o Audax recebe a Ferroviária e o Atlético Sorocaba recebe o União Barbarense.

UM TIME CONSCIENTE E COMPACTO

O São Bernardo que ganhou em Penápolis deve muito ao técnico Luciano Dias. Sem o quase sempre sem brilho Luciano Mandi, lesionado, o treinador montou um time muito mais compacto, combativo, dinâmico, consciente e aplicado taticamente.

Leo Costa foi muito mais participativo do que o titular Luciano Mandi. No momento de defender e preencher espaços, Leo Costa apareceu como terceiro volante pela esquerda, ao lado de Dudu mais centralizado e Escobar mais pela direita.

Isso não significou, em momento algum, um time limitado a bloquear com covardia. Com a bola, Leo Costa era muito útil também na assessoria a Bady, teoricamente o único armador, para municiar os velozes Danielzinho e Ricardinho.

Como Luciano Dias optou por Tiago Gasparino na lateral-direita, a defesa ficou mais forte, sem permitir constantes espaços às costas. Em contraposição, Renato Peixe ficou ainda mais à vontade para subir ao ataque.

O gol de Danielzinho aconteceu aos 17 minutos, quando o atacante desviou escanteio da direita cobrado por Leo Costa no primeiro pau. Antes, o sempre ofensivo São Bernardo ameaçou três vezes em jogadas de velocidade, contra apenas uma do Penapolense.

Em compensação, o Tigre levou um susto danado aos 19 minutos, quando a zaga falhou e Fio exigiu grande defesa de Wilson Júnior, que só voltou a ser exigido aos 41, em cabeçada de Biro.

Já o São Bernardo, além de se posicionar bem defensivamente, administrou o resultado com inteligência e contra-atacou com desenvoltura. A principal chance foi com Danielzinho, aos 38 minutos, em bela triangulação com Ricardinho e Bady.

Nem bem começou o segundo tempo e o São Bernardo já chegou com perigo por meio dele, novamente Danielzinho. Melhor, consciente e consistente na hora de defender, o Tigre pouco permitiu a um adversário bem armado e que tem como característica principal jogar no contragolpe. Sem espaço, ficou difícil!

Aos 22 minutos Wilson Júnior voltou a aparecer bem em conclusão de Renan. Mas o Tigre não se abalou e por pouco não aumentou dois minutos depois, outra vez com Danielzinho em jogada individual pela esquerda.

O jogo poderia ter ficado complicado para o São Bernardo depois dos 26 minutos, quando Bady recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso. Imediatamente, Luciano Dias abdicou do atacante Ricardinho, fez entrar Max Lelis e passou a jogar com três zagueiros.

Como manteve compacto bloqueio à frente da zaga com três volantes, agora com Zé Forte no lugar de Escobar, o Tigre permitiu raríssimas penetrações e finalizações do time da casa. Deu algum espaço pela direita com Tiago Gasparino sobrecarregado, mas manteve o ritmo de jogo, se aplicou do começo ao fim e não se abalou.

Tanto que chegou em contragolpe pela direita aos 32 minutos com Tiago Gasparino e poderia até ampliar dois minutos depois, se o empavonado árbitro Leonardo Ferreira Lima marcasse pênalti de Renan sobre Danielzinho, um dos melhores em campo.

Sem organização, mais à base da pressão exercida pela torcida, o time de Edison Só
voltou a chegar aos 42 minutos. Pouco para quem era líder e queria garantir a vaga.

Ao São Bernardo exemplo de superação e vencedor restava aguardar pelos 30 minutos restantes do jogo em Bauru, onde o Noroeste perdeu de 2 a 1 do Red Bull, para festejar de vez. Mesmo se o Noroeste empatasse, o Tigre ficaria com a vaga.

Ao São Bernardo sobram méritos. Afinal, se recuperou de um início claudicante ( e pífio), quando sofreu cinco derrotas seguidas, ficou na zona de rebaixamento e terminou a fase classificatória em segundo lugar.

A segunda volta por cima de um time guerreiro nas situações adversas aconteceu quando começou o quadrangular com duas derrotas quase fatais e hoje assegurou a primeira das quatro vagas de acesso ao vencer três jogos seguidos.

Méritos para todos. Dos jogadores ao técnico e do presidente Luís Fernando ao eterno presidente e grande precursor Edinho Montemor. O São Bernardo investiu alto para obter o acesso e cumpriu sua missão com valentia e dedicação incomuns.

Sempre precisou provar que era capaz sair do fundo do poço. E provou! Que as lições de 2011 tenham sido assimiladas e que 2013 seja o ano da afirmação. O torcedor do Tigre merece.

A Espanha chora; Bayern e Chelsea na final

A Liga dos Campeões da Europa já conhece quem vai decidir o título, dia 19 de maio em Munique. O adversário do Chelsea será o Bayern de Munique, que hoje perdeu do Real Madrid de 2 a 1 no tempo normal mas ganhou de 3 a 1 nos pênaltis.

E nada melhor do que um dia após o outro. Se ontem a Espanha teve de engolir a queda do favorito Barcelona, hoje foi a vez de chorar a eliminação do igualmente cotadíssimo Real.

Se ontem o torcedor merengue deixou a hipocrisia de lado, ficou feliz com a derrota do arquirrival e vibrou com o pênalti perdido por Messi, hoje o castigo veio no cockpit de uma Ferrari nas mãos de Schumacher quando Neuer defendeu a cobrança de Cristiano Ronaldo.

O primeiro tempo do jogo de Madri foi muito mais interessante do que o de Barcelona. Real Madrid e Bayern fizeram um duelo franco, carregado de emoção e com inúmeras oportunidades reais de gol de lado a lado.

O Real fez 1 a 0 aos 6 minutos com Cristiano Ronaldo de pênalti (toque de braço de Alaba) e ampliou aos 14 com o mesmo português ao aproveitar bela enfiada de Ozil e falha de marcação de Lahm.

Depois de muito martelar, perder chances claras e correr sérios riscos ao dar campo para o contragolpe espanhol, o time alemão reuniu méritos para diminuir aos 26 minutos, com Robben cobrando pênalti de Pepe em Mario Gomez após cruzamento de Lahm.

Com ambos os times abertos e sem marcação tão pegajosa (ambos jogavam no 4-3-3), Real e Bayern ainda alternaram quatro bons momentos até o final do primeiro tempo. Dinâmico, ousado e sem acompanhamento especial, Ozil foi o destaque dos primeiros 45 minutos.

Resultado igual ao de Munique levava o jogo para a prorrogação. E quem voltou melhor para o segundo tempo foi o Bayern, que adiantou a marcação e reduziu os espaços, principalmente de Ozil. O Real passou a errar passes em demasia e teve menos posse de bola.

Sem campo para armar contra-ataques em velocidade, o time de José Mourinho só equilibrou a partir dos 25 minutos, quando Cristiano Ronaldo voltou a aparecer de forma pontual e o Bayern caiu de rendimento físico, afrouxando um pouco a marcação adiantada.

Nesta etapa, já sem tantas situações de gol, o jogo caiu e as principais oportunidades ficaram com Benzema e Mário Gomez (duas cada), mas Robben também poderia ter decidido.

Na prorrogação, já com Kaká no lugar do cansado Di Maria, o Real Madrid veio mais ousado, disposto a pressionar, mas pouco criou. Talvez tenha ficado com medo do contra-ataque alemão. Nem mesmo Cristiano Ronaldo ressuscitou.

Já o Bayern fez entrar Miller no lugar de Ribery (Robben foi para a esquerda). Não abdicou totalmente de agredir, mas passou a tocar a bola de forma mais cadenciada, sem tanta pressa para atacar.

Nos 15 minutos iniciais da prorrogação, Kaká e Miller não mudaram nada nas feições do encontro, agora pautado pelo respeito mútuo. Afinal, um gol de qualquer lado poderia ser fatal.

Na segunda etapa o Real retornou com o argentino Higuain no lugar de Benzema, isolado e já sem tanta mobilidade. O Bayern manteve a postura e o torcedor espanhol tentou ajudar. Em vão!

Aos cinco minutos, Mourinho colocou Granero no lugar de Ozil, mas aberto pela direita. Dois minutos depois, Kaká demorou para concluir e não fez justiça à ligeria superioridade do Real.

Aos 10 minutos, a torcida espanhola pediu pênalti do goleiro Neuer em Granero após boa jogada de Kaká pela esquerda. Mas o juiz não entendeu assim.

Nos pênaltis (antônimo de loteria), apenas Xabi Alonso marcou para o Real. Cristiano Ronaldo e Kaká pararam em Neuer; Sérgio Ramos isolou. Alaba, Mário Gomez e Schweinsteiger marcaram para o Bayern; Toni Kross e Lahm pararam em Casillas.

terça-feira, 24 de abril de 2012

E o Barça melhor do mundo dançou!

Se futebol fosse uma ciência exata, neste momento o mundo do futebol estaria a enaltecer as infindáveis e indiscutíveis qualidades de um Barcelona "imbatível". Mas não é!

Por isso, todos estão a procurar o porquê de o dono do melhor jogador e do melhor futebol do mundo estar, surpreendentemente, fora das finais da Liga dos Campeões da Europa.

Com méritos -- gostemos ou não, nós, fãs do futebol-arte --, o Chelsea empatou de 2 a 2 agora há pouco em Barcelona e vai decidir o título com o vencedor da outra semifinal, nesta quarta, em Madri, entre Real e Bayern de Munique.

Mais uma vez, um Chelsea à italiana -- seu técnico, Roberto Di Matteo, privilegia a defesa -- reconheceu a superioridade técnica do adversário e entrou apostando tudo e mais um pouco na marcação ostensiva e num possível erro defensivo do time de Pepe Guardiola.

Durante mais de 90 minutos, o time inglês utilizou quatro esquemas táticos: 4-5-1 e 4-6-0 antes da justa expulsão do zagueiro Terry, aos 36 minutos; 4-4-1 e 4-5-0 quando passou a jogar com 10, sem a zaga titular, e teve de deslocar Ramires para a lateral-direita. Por apenas três minutos Juan Mata jogou mais adiantado. Gol feito, tudo voltou a ser como antes.

O 3-4-3 do Barcelona deixou de existir no segundo tempo. Virou um inacreditável mas aceitável 2-4-4, pois o Chelsea, que tomara dois gols (aos 35 minutos com Busquets e aos 43 com Iniesta, ambos em roubadas de bola) diminuiu aos 46 em golaço de Ramires às costas de Puyol.

Além dos gols, o Barcelona desperdiçou apenas duas boas oportunidades com Messi, enquanto que o Chelsea só chegou mais uma vez, sem tanta contundência, com o solitário e solidário Drogba.

A segunda etapa e a história da semifinal poderiam ser diferentes se, aos três minutos, Messi não desperdiçasse pênalti do agora "lateral-esquerdo" Drogba sobre Fabregas. A bola do argentino bateu no travessão.

Com posse de bola superior a 75% e Daniel Alves -- entrou ainda aos 25 minutos no lugar do contundido Pique -- agora definitivamente como ponta-direita, o Barcelona sentiu a perda mas manteve o domínio e voltou a assustar aos 8 e aos 15 minutos, com Alexis Sanches e Cuenca, enquanto que o Chelsea quase aprontou aos nove em chute de Drogba do meio-campo.

A partir daí, o jogo foi um discurso monocórdio. Chegou a ser monótono, irritante e até chato, de tanto que o Barcelona, totalmente à frente, costurava e tocava a bola inutilmente, sem conseguir penetrar no bloqueio quase perfeito do time inglês à frente da área.

Prova do domínio estéril? Por 23 minutos -- isso mesmo, acredite! --, o Barcelona esbarrou num ferrenho 4-5-0 e, mesmo com um jogador a mais, só voltou a estar perto da vitória aos 38 minutos, em arremate de Messi, de fora; desviada por Petr Cech, a bola bateu no poste esquerdo.

Aos 46 minutos, o quarto gol de contra-ataque do jogo e o golpe final da arapuca inglesa: o chutão de Bosingwa encontrou Fernando Torres sozinho para conduzir desde o meio do campo, driblar o goleiro Victor Valdes e empatar.

Diante de mais de 90 mil espectadores, o time mais talentoso do mundo dançou; voltou a ficar de quatro porque não teve competência para criar, finalizar e vencer.

Diante de milhões de telespectadores, o operário-padrão mais uma vez usou a força, a tática e a eficiência defensiva para se igualar à arte e se credenciar ao título em Munique.

domingo, 22 de abril de 2012

Tigre mais perto da elite

A goleada de 4 a 1 sobre o Red Bull, ontem à noite no Primeiro de Maio, não só ratifica a volta por cima como deixa o São Bernardo bem perto de retornar à elite do futebol paulista.

Com seis pontos ganhos, dois a menos que o líder Penapolense, um a mais que o Noroeste e quatro a mais que o lanterna Red Bull, o Tigre tem tudo para ficar com uma das duas vagas de acesso do Grupo 3.

Rodadas decisivas marcam inicialmente Penapolense x São Bernardo e Noroeste x Red Bull e depois São Bernardo x Noroeste e Red Bull x Penapolense.

Se vencer em Penápolis, o Tigre sobe para nove pontos, assume a liderança e antecipa o acesso se o Noroeste não vencer em Bauru. Se empatar, o time do Grande ABC chega a sete pontos e decide no último jogo.

Mesmo se perder e o Noroeste vencer o Red Bull, e assumir o segundo lugar na quarta-feira, o Tigre volta à Primeira Divisão se vencer o Noroeste na última rodada, em casa. Ficaria com nove pontos, contra oito do time de Bauru.

No outro grupo, o 2, União Barbarense (10 pontos ganhos) e o Atlético Sorocaba (9) estão com as mãos nas vagas e os pés na elite. Audax (4) depende de milagre e a Ferroviária (0) está eliminada.

A GOLEADA

Goleada de ontem pode sugerir jogo fácil para o São Bernardo. Mas não foi! Ficou! Só se apresentou à mercê do Tigre quando, aos 15 minutos do segundo tempo, o goleiro Gilvan foi expulso após falta de Danielzinho, na entrada da área.

Antes disso, o bicho pegou e o time de Ruy Scarpino, emparedado pela necessidade de vencer, não foi presa fácil. Em casa, o São Bernardo começou pressionando e abriu o marcador aos oito minutos em cabeçada de Danielzinho.

Melhor postado e bem protegido por dois volantes (Dudu e Escobar), o Tigre usou mais as laterais, às costas dos alas adversários, já que o Red Bull jogava no 3-5-2.

Principalmente pela esquerda ofensiva, com Renato Peixe, o time de Luciano Dias criava as melhores situações de perigo. Como aos 14 minutos com Luciano Mandi, que, mais uma vez, não aparecia pro jogo.

Mesmo abusando do individualismo, principalmente com Danielzinho, o São Bernardo foi melhor no início; depois, cedeu campo para o Red Bull crescer e ameaçar com perigo.

Tanto que Dedê cobrou falta com perigo aos 20 minutos e Wilson Júnior fez boa defesa aos 24. Aos 27, Danielzinho quase ampliou de cabeça. Mas o Red Bull voltou a chegar com perigo aos 32 e aos 34, com Marinho Donizete, e aos 40 com Valber. De novo apareceu para salvar o goleiro Wilson Júnior.

Assustado com o crescimento do adversário, que já merecia o empate, o São Bernardo reagiu e esteve por ampliar aos 44 (o juiz inventou falta de Ricardinho no goleiro e não validou o gol) e aos 46 com Bady, que, a exemplo de Danielzinho, em alguns lances abusa do individualismo desnecessário.

No segundo tempo o Tigre voltou taticamente diferente e ainda mais ofensivo, disposto a matar o jogo. Luciano Dias deslocou o meia Bady mais pela direita e Ricardinho pela esquerda do ataque.

Mais centralizados, Danielzinho e Fernando Gaúcho -- entrou no lugar do lesionado Luciano Mandi -- passaram a ser referências para as chegadas dos laterais, ainda com ênfase para Renato Peixe.

Só que aos 11 minutos o Red Bull aproveitou bola parada em cobrança de falta e empatou com Valber, depois de outra grande defesa de Wilson Júnior.

O São Bernardo só não se abalou porque achou o segundo gol três minutos depois: em falta pela direita, Renato Peixe levantou fechado e pegou o goleiro Gilvan adiantado.

Depois dos 15 minutos, quando da expulsão de Gilvan, o São Bernardo manteve a aplicação e encontrou espaços de sobra para mandar no jogo. Tanto que chegou ao terceiro gol aos 21 novamente com Danielzinho, em outra jogada de Renato Peixe.

O quarto gol veio aos 26 minutos, quando Ricardinho roubou a bola no meio do campo e conduziu para bater quase da entrada da pequena área, no canto esquerdo baixo de Eduardo.

No final, já com a torcida gritando "olé" e depois de sacramentar a troca do 4-2-4 temporário pelo 4-3-3, agora com Leo Costa no lugar de Bady, o Tigre ainda perdeu chances de ampliar com Raul e Danielzinho sozinhos diante do goleiro.

No final, o torcedor vibrou e aplaudiu uma goleada merecida de um time que mais uma vez dá mostras de superação e fica a um passo do acesso.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

As praças, o idoso e a madeira nobre

Sem nariz-de-cera, vou direto ao assunto. Juro que tentei seguir o conselho do Zagallo, mas ainda não consegui engolir o custo para a implantação da Praça do Exercício do Idoso, no outrora Jardim Tamoyo/Ipiranguinha, hoje Praça Antonio Fláquer.

Placas da parceria entre o Governo Estadual e a Prefeitura de Santo André (Secretaria de Obras e Serviços Públicos e Construtora Consladel), afixadas até ontem no espaço a ser inaugurado oficialmente somente amanhã, com sete meses de atraso, indicavam que o valor da obra é de abusivos R$ 187 mil.

Favor não confundir! Estou a falar daquela feita exclusivamente de madeira, junto ao lago e à antiga fonte, e já em pleno uso. Por enquanto, não me refiro à academia ao ar livre, inaugurada há pouco tempo.

Não é possível! Salvo qualquer engano da minha parte ou dos números divulgados, é coisa para o Ministério Público se manifestar e exigir explicações dos parceiros.

As cinco estações de exercícios são bonitas, bem feitas. Idéia não é nova; veio de Madrid. A madeira é trabalhada e o espaço ainda pode ser muito útil ao idoso. Por enquanto, antes mesmo da inauguração -- uso liberado há algum tempo é mais um deslize da Prefeitura -- usuários são mais jovens, adolescentes e crianças.

Considerando que "revitalização e adequação da área" cabem à PMSA, o valor de R$ 187 mil, apresentado na placa do Governo do Estado, é uma exorbitância, como já escrevi. Eu gostaria de entender! Cheira enganação ou desvio de verba para os chamados subterrâneos de campanha, individual ou coletiva.

A não ser que toda aquela madeira seja nobre e importada! Eucalipto tratado com fios de ouro? Talvez mogno africano? Ou seria a famosa teca, considerada a madeira mais cara do mundo?

Originária do Sudeste Asiático, a teca já entrou no Brasil. Pessoal de Santo André, do Mato Grosso e da Amazônia já está dando pulos de alegria com o valor de mercado mundo afora.

Metro cúbico da tora chega a valer R$ 2 mil, enquanto que a madeira serrada chega a R$ 1.3 mil o metro cúbico. É grana pra ninguém botar defeito!

Será que o pessoal do governo estadual foi buscar a madeira na Indonésia ou no Sirilanka? Myanmar, Tailânia, Vietnã, Filipinas, Índia, Laos e Camboja também são boas opções pra quem tem dinheiro de sobra ou gasta sem responsabilidade.

Com tal valor, o idoso deveria ser premiado com pelo menos 10 praças do exercício. De novo, há algo de estranho, e podre, no reino da Dinamarca. Sobra para o bolso do contribuinte, já que não podemos nos esquecer da infra-estrutura, da segurança, da orientação e da manutenção.

Valores exorbitantes à parte, fica a sugestão para que o Poder Público também deixe claro aonde quer chegar. Duas áreas de atividades físicas específicas, num mesmo local, soa como falta de planejamento.

Será que o espaço vai ser mesmo do idoso? Será respeitado? Outro dia, num sábado, às três da tarde -- portanto, antes da inauguração festiva e eleitoral --, lá estavam 12pessoas: quatro crianças, quatro adolescentes e quatro adultos jovens.

Duas destas pessoas eram funcionárias da Prefeitura e estavam a pedalar discretamente. Desde que seja na hora do merecido descanso, não há problema.

Moral da história: sem orientação ( lógico que é impossível disponibilizar professores de Educação Física) e fiscalização presencial permanente, cada um faz o que quer. Depende de conhecimento e de educação.

As crianças, por exemplo, estavam literalmente montadas no local reservado para os idosos fazerem exercícios de mãos, braços e ombros. Culpa não é delas, lógico! Tampouco será responsabilidade de professores!

No mesmo dia, mais pra cima, na frente do Corintinha, havia 25 pessoas na academia ao ar livre. Eram 12 crianças e 13 adultos. Portanto, é preciso observar se a academia e a praça não estão fadadas a virar play-ground, além de oferecerem riscos para crianças e pré-adolescentes. É bom lembrar que o parquinho fica ao lado.

Também passei por outras academias ao ar livre durante a semana. Na Praça Kennedy, às 11h, havia quatro adultos se exercitando com correção e cuidado. Na Praça Angelo Ricci, na Vila Alzira, por volta das 11h30min, eram 14 alunos pré-adolescentes em festa. Tudo virou trepa-trepa depois da aula!

No Parque Central, observei oito pessoas no espaço academia. Lógico que um dos equipamentos inadequados -- simulador de escada -- estava com o cabo estourado, como já aconteceu em outros locais. Havia três crianças alternando atividades com o parquinho.

Na avenida Atlântica, ali no Valparaíso, numa segunda-feira, por volta das 14h30min, havia apenas dois senhores de meia idade; um olhando e o outro fazendo exercício. Não sem lembrar que o cabo do simulador de escada já havia sido trocado e que o abdominal foi reforçado depois de quebra e queda de uma senhora.

No dia seguinte, passei ali pela praça Áurea, na Vila Palmares/Sacadura Cabral(?) e observei quatro aborrecentes com instinto selvagem, maligno. Mal-encarados, os garotos malvados -- não vestiam vermelho nem faziam parte da orquestra do mal -- detonavam os aparelhos com o claro lema do vamu-quebrá-tudo.

Também passei rapidamente pelo Parque Celso Daniel e vi bastante gente a se exercitar. Como estava de carro e não parei, não posso dizer se havia orientação ou equipamento sem a devida manutenção.

Minha última visita da semana passada foi ao Parque Regional da Criança, ali no Parque Jaçatuba, pertinho da Jocker Audio Car, a loja de som e acessórios automotivos do meu filho mais velho, o Fábio Vinícius (Oratório 646 a seu dispor).

Como nos outros, adivinhe que equipamento estava quebrado? Isso mesmo, não há como errar. O do cabo! Mas lá, naquela manhã de quinta-feira, pelo menos havia a orientação de uma professora de Educação Física da Prefeitura e o espaço não era dominado por crianças ou bandidinhos. Pelo contrário: 11 pessoas conscientes se exercitavam sem problemas aparentes.

Com o objetivo claro de ajudar fiscalizando, novas visitas serão agendadas para a próxima semana. Se as secretarias envolvidas não se ofenderem com as observações, posso ser mais útil do que se imagina. Assim como qualquer munícipe consciente de seus direitos e deveres. Nosso exercício primordial é de cidadania. Nada mais!


P.S.: devido à retirada das placas publicitárias que revelavam datas e valores da obra teoricamente voltada para o idoso e às faixas a anunciar a inauguração do já inaugurado, atualizei o texto hoje às 19h, mas vou voltar a tocar no assunto. Departamento de Esporte, além de sobrecarregado por clara e compreensível falta de contingente, pode estar levando bola nas costas. Cuidado!

Bilbao: uma no cravo, outra na ferradura

Sei que o título é repetitivo. Mas não deu pra evitar. Não há definição melhor e mais objetiva para a gritante instabilidade do Atlético de Bilbao. Um acerto no cravo, um erro na ferradura.

Depois de exibições primorosas na Liga da Europa, ao eliminar Manchester City e Schalke-04, alternadas com apresentações comprometedoras no Campeonato Espanhol, hoje em Portugal o time do argentino Marcelo Bielsa esteve bem perto de ser irreconhecível.

Na derrota de 2 a 1 para o Sporting, um verdadeiro leão quando joga em casa, o Atlético deve ter esquecido o futebol em Bilbao. Levou a virada e poderia sair goleado.

Em 92/93 minutos, aquele time ousado, veloz, insinuante, criativo e até combativo, quando necessário, se limitou a jogar bem durante 20 minutos do segundo tempo.

No primeiro tempo, o que se viu foi uma partida de poucas emoções, muitos erros de passes e finalizações, e marcação incessante, principalmente pelo lado do Sporting. Equilíbrio só deixou de prevalecer quando o time de Bielsa ameaçou querer jogo.

No segundo, o Sporting voltou bem melhor, mais agressivo, mais contundente. Já o Atlético só foi aquele Atlético depois do seu gol (Aurtenexte, aos 10 minutos) e antes de tomar o empate (Insua, aos 30).

Com espaços benevolentes para atacar ou pelo menos contra-atacar, já que o time português saiu sem medo em busca do empate, o Atlético poderia ter matado o jogo.

Como não o fez, acabou tomando o empate e acusou o golpe. A virada se concretizou aos 35 (Capel, o melhor em campo) e daí até o final o Sporting teve três oportunidades para ampliar.

Como não marcou, vai encontrar muitas dificuldades quinta-feira em Bilbao. Diferença de um gol não é significativa quando se trata de 2 a 1 contra adversário forte e que joga em casa.

Principalmente se o brilhante Muniain, que hoje, com problemas clínicos, deveria ser substituído ou nem entrado, jogar o que sabe. Assim como Llorent e De Marcos.

A se confirmar a tendência de instabilidade, hoje foi na ferradura, mas quinta, diante de uma torcida fanática, será no cravo. Assim é o ainda favorito Atlético de Bilbao.

No outro jogo desta tarde, o Atlético de Madri enfiou 4 a 2 no Valência e ficou bem perto da vaga à final. O Valência, hoje dominado por completo, só respira porque achou em gol nos acréscimos.

Empurrado pela torcida, o Atlético dos brasileiros Diego e Miranda (fez um dos gols)atropelou um Valência sem força. Especialmente no segundo tempo, quando o colombiano Falcão Garcia fez dois gols. Jonas fez um dos gols do Valência, cujo goleiro é o também brasileiro Diego Alves.

Como o Sporting não costuma jogar bem fora de casa, deve perder do Atlético em Bilbao. Como o Valência pega um adversário que costuma fazer gol em todos os jogos, a tendência é que os Atléticos façam a final da Liga Europa.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O dia em que a arte perdeu da força

Agora há pouco, em Londres, pela Liga dos Campeões da Europa, a arte do Barcelona teve de se curvar diante da força e da aplicação tática do Chelsea. O favoritismo do melhor do mundo ruiu diante de um operário-padrão em pleno exercício defensivo.

No primeiro tempo o Chelsea se limitou a marcar com duas linhas de quatro zagueiros e uma de cinco meio-campistas, com três volantes, Juan Mata aberto pela direita e Ramires pela esquerda, contendo as possíveis subidas de Daniel Alves.

Um 4-5-1 em bloco, bem definido. Ofensivamente, o time inglês foi limitadíssimo. Apostou no erro do adversário e nas esticadas lotéricas para o isolado Drogbá. Retranca clara, discutível para alguns, mas postura legítima diante de adversário de tamanha envergadura.

Por ironia do destino, mesmo dominado, o Chelsea fez o gol da vitória aos 46 minutos, quando Lampard roubou de Messi no meio do campo e armou o contra-ataque pela esquerda com Ramires. O brasileiro dominou no peito, chegou quase ao fundo e cruzou para Drogbá aparecer às costas da zaga, agora sem impedimento, e fazer 1 a 0.

Antes disso, nos outros 45 minutos, o sempre envolvente Barcelona teve mais posse de bola e foi bem superior. Com quatro zagueiros -- Daniel Alves subia, mas Adriano ficava atrás --, quatro ou cinco meio-campistas -- Busquets ficava um pouco mais -- e um ou dois atacantes de fato, o time de Pep Guardiola só falhou nas conclusões.

Embora dono do jogo, como sempre, desta vez o time espanhol abusou do direito de perder gols. Como aos nove minutos com Alexis Sanches, que fechou em diagonal da direita para o meio, sem impedimento, encobriu o goleiro Petr Cech e acertou o travessão.

Aos 18 minutos foi a vez de Fábregas, sempre aparecendo de trás para se transformar em verdadeiro atacante. Em mais uma jogada trabalhada pela esquerda, com Iniesta e Messi, Fábregas desperdiçou o rebote do goleiro.

Com o Barcelona costurando, tocando bola e mantendo o domínio, tanto defensivo quanto no meio-campo, o mesmo Fábregas chegou de novo com perigo aos 26 minutos, em outra jogada pela esquerda. Dois minutos depois foi a vez de Messi ameaçar, de cabeça.

Aos 42 minutos, o Barcelona roubou a bola no meio-campo; Messi conduziu e serviu Fábregas pela esquerda. Na saída de Petr Cech, ele tocou de leve, por cobertura, mas Ashley Cole salvou quase sobre a linha.

O segundo tempo começou com muita chuva e a mesma postura tática dos dois times. O Barcelona todo no ataque, agora facilitando um pouco na marcação, e o Chelsea se limitando a apostar em mais um erro para chegar ao gol.

A marcação do Chelsea também continuou forte e compacta -- o que não quer dizer perfeita --, com Lampard e Raul Meirelles acompanhando Xavi e Iniesta. Em alguns momentos, as marcações também eram invertidas, com o objetivo claro de dificultar ainda mais a chegada da bola em Messi, que, mesmo recuando, continuava sem encontrar tanto espaço, já que Mikel o acompanhava.

No Barcelona, Guardiola liberou um pouco mais Adriano, que exigiu boa defesa do goleiro aos cinco minutos. Aos 11 foi a vez de Fábregas dar uma cavadinha para Alexis Sanches perder o gol de empate.

Aos 25 minutos, ainda com o domínio das ações, Guardiola tirou Alexis Sanches e colocou Pedro pelas beiradas do campo. O jogo não mudou. O Chelsea continuou fechado e apostando em mais um erro para contragolpear.

Aos 27 minutos, Roberto di Matteo trocou Juan Mata por Kalou. O Barcelona ainda alugava meio-campo quando, aos 33, Thiago Alcântara entrou no lugar de Fábregas.

A esta altura, o bloqueio defensivo do Chelsea já estava montado no 4-6-0, já que até Drogbá recuava para ajudar na marcação. Portanto, para suportar a pressão, eram 11 jogadores atrás da linha da bola, mostrando eficiência pra quem se propôs a marcar. Outro dia, o Milan marcou melhor e deu menos chances ao Barça.

Quase sem espaço para penetrar, o Barcelona começou a se enervar e em alguns momentos trocou o toque de bola envolvente por lançamentos longos ou cruzamentos inócuos, que terminavam nas cabeças dos zagueiros Terry e Cahill.

Aos 40 minutos, o jovem atacante Cuenca entrou no lugar do meio-campista Xavi. Um minuto depois, a defesa vacilou e Puyol, de cabeça, mas se abaixando, exigiu grande defesa de Cech.

As chances derradeiras do Barcelona vieram aos 47 minutos, quando Pedro concluiu da esquerda, no pé do poste esquerdo do Chelsea. No rebote, Busquets chutou por cima.

Caía assim o último invicto da Liga dos Campeões da Europa. Vitória da eficiência de quem foi humilde para marcar do começo ao fim. Derrota da incompetência momentânea de quem, pelo menos hoje, abusou do direito de errar nas finalizações.

Confronto para ver quem chega à decisão está aberto. Em Madri, empate ou derrota do Chelsea por diferença de um gol -- menos 1 a 0, o que levaria a decisão para os pênaltis -- dá a vaga para o time inglês. Vitória por mais de um gol de diferença classifica o melhor time do mundo. Melhor do mundo, porém não invencível.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Bayern vence Real; hoje tem Chelsea x Barcelona

Finalistas da Liga dos Campeões da Europa começam a ser definidos hoje e amanhã. No Allianz Arena, agora há pouco, com méritos, o Bayern de Munique enfiou 2 a 1 no Real Madrid.

Time alemão deu passo importante para chegar à finalíssima, mas no jogo de volta, em Madri, o ligeiro favoritismo fica com os espanhóis dirigidos pelo marrento José Mourinho.

Vitória e empate dão a vaga para o Bayern, assim como derrota por 3 a 2, 4 a 3 e por aí vai. Resultado igual ao de hoje leva a decisão para os pênaltis. Se ganhar por 1 a 0, o Real se classifica.

Se jogar o que não jogou hoje, pode tirar o cavalo da chuva. O Real Madrid vai penar para superar um adversário aplicadíssimo na redução de espaços e sem medo de atacar quando retoma a bola.

No 4-3-3, o Bayer começou mais ousado, principalmente com Ribéry, pela esquerda, e exerceu domínio estéril. Em seguida, permitiu que o Real crescesse e tivesse mais posse de bola.

Quando encaixou a marcação sobre Ozil, o Bayern voltou a mandar no jogo e fez 1 a 0aos 17 minutos com Ribéry aproveitando rebote da zaga após escanteio da esquerda.

Bem marcado e sem criatividade, o Real saiu para o ataque, mas não teve sentido de penetração. Só chegou em chutes longos ou nas bolas "paradas".

Se arriscou, fez faltas duras e ainda deu espaços para que o Bayern oferecesse perigo em contra-ataques em velocidade pelas beiradas do campo.

No segundo tempo, o Real manteve a linha de quatro zagueiros, além dos dois volantes e dois meias de aproximação. No ataque, Benzema e o apagado Cristiano Ronaldo pouco conseguiam.

Apagado, mas não morto! Tanto que ao oito minutos, após perder gol certo, o ídolo português serviu para Ozil fazer o gol de empate. Sistema defensivo alemão vacilou feio. Ficou assistindo.

A partir daí, o Bayern foi melhor. No 4-3-3, manteve a solidez defensiva -- com raríssimas exceções --, dominou o meio-campo e saiu para o ataque com rapidez, tanto com os laterais quanto com volante (o brasileiro Luiz Gustavo) e os meias.

Aos 15 minutos, Miller entrou no lugar de Schwensteiger e foi jogar aberto na esquerda. Ribéry veio para mais perto de Robben, pela direita, sobrecarregando o lateral português Fábio Coentrão.

Com o apoio da torcida, o Bayern manteve a marcação pegajosa -- às vezes dobrada -- e melhorou muito ofensivamente. Mourinho tentou acertar a armação e a marcação do meio-campo com Marcelo no lugar de Ozil e depois Granero no do cansado argentino Di Maria. Não deu certo!

Melhor assessorado, por aproximação, e mais acionado, Mario Gomez teve outras três oportunidades -- uma delas, aos 25 minutos, imperdível -- até fazer o gol da vitória, aos 44 minutos.

Lawm fez grande jogada pela direita, passou por Coentrão e cruzou rasteiro, do fundo; o artilheiro apareceu às costas de Pepe e marcou. Foi premiado pela persistência.

Assim como o brasileiro Marcelo deveria ser "premiado" com o cartão vermelho depois de entrada maldosa em Miller. Era caso de B.O. e pena de 171 cestas básicas a idosos necessitados.

Vitória merecida de quem, empurrado por 66 mil torcedores, se aplicou do começo ao fim e não teve medo de ser surpreendido nos contragolpes ou por uma jogada individual de Cristiano Ronaldo.

Amanhã, em Londres, o duelo da outra semifinal será entre Chelsea e Barcelona. Mesmo sem o brasileiro David Luiz, lesionado, o time inglês é forte e não deve ser presa fácil.

Mesmo com o Barça contando com o excepcional Messi e sendo considerado o melhor time do planeta, a tendência é de jogo equilibrado.

A constelação de estrelas do técnico Guardiola faz brilhar o conjunto e é favorita por desfilar talentos, plasticidade técnica, ofensividade permanente e toque de bola envolvente.

Porém, prega respeito porque sabe que vai encontrar um Chelsea disposto a marcar em cada centímetro do campo, além de não abdicar de contragolpes fatais.

Na quinta-feira, pela Liga da Uefa, as semifinais começam com Sporting x Atlético de Bilbao e Valência x Atlético de Madrid. O time de Bilbao, dirigido pelo argentino Marcelo Bielsa, tem sido brilhante. Dá gosto de ver! Desde que não seja no Campeonato Espanhol.

sábado, 14 de abril de 2012

Talento brilha na bacia das almas

Com certeza, quase todo mundo já ouviu a expressão "na bacia das almas". Pra quem não sabe ou não se lembra, quer dizer último momento, derradeira oportunidade, na hora da morte.

Explicação dos entendidos de religião: para os cristãos, a frase retrata os preparativos para o sacramento da extrema unção, quando a bacia em que se colocavam os óleos, unguentos e paramentos do sacerdote ficava ao lado do moribundo.

Se ainda fosse vivo, com certeza meu saudoso pai diria simplesmente que o São Bernardo já estava no bico do corvo, quando o talento de um genuíno prata-da-casa renasceu das cinzas.

Exagero? Nada disso! Criado no Tigre,o ultimamente apagado atacante Raul entrou aos 19 minutos do segundo tempo, no lugar do meia-armador Luciano Mandi.

Até os 45 minutos, o ídolo da torcida tinha jogado pouco; bem pouco; quase nada. Era praticamente um retrato fiel da equipe que empatava de 1 a 1 com o Red Bull.

De repente, um estalo de quem nasceu com talento. Aos 46 minutos, Raul recebe a bola na intermediária, quase na ponta direita, e a conduz com rapidez, na diagonal, rumo à meia-lua. Deixa Murilo para trás e com um leve toque dá o chamado drible-da-vaca no outro zagueiro, Rogélio.

Diante de Gilvan, Raul não titubeia; com calma e categoria, dribla o goleiro, mas a bola escapa um pouco para a direita, dando a impressão que ele perderia o ângulo. O chute rasteiro passa rente aos pés de mais um adversário e a bola entra colada no poste esquerdo.

Assim foi o São Bernardo de agora há pouco no Moisés Lucarelli, em Campinas. Ganhou de 2 a 1, de virada, porque naqueles segundos mirabolantes, já na bacia das almas, contou com o brilho do talento.

Ou alguém duvida de que a igualdade deixaria o Tigre em situação complicadíssima, pela hora da morte, pra quem sonha voltar à elite do futebol paulista?

Assim como quando perdeu em casa do Penapolense, o São Bernardo voltou a jogar mal. Só não desperdiçou tantas oportunidades quanto na quarta-feira porque não as criou.

No primeiro tempo, embora começasse com disposição e agressividade, especialmente com a liberação de laterais/alas, o Tigre só chegou com contundência uma vez. Aos 45 minutos, Luciano Mandi empatou depois de triangular com Zé Forte e Bady, penetrar entre os zagueiros internos e bater no canto direito do goleiro.

Embora menos desorganizado, o Red Bull também não foi lá essas coisas. Marcou aos 17minutos com Henan, o mesmo que desperdiçaria duas outras chances aos 22 e aos 26 minutos, quando o São Bernardo estava ainda mais perdido e errava até mesmo na saída de bola.

Além de falhar na marcação pelas laterais -- principalmente Renato Peixe, pela esquerda -- e na cobertura, o time de Luciano Dias (expulso com rigor espartano por reclamação) abusava do individualismo (de novo) e da apatia. Parecia anestesiado depois do gol.

O São Bernardo voltou para o segundo tempo sem distribuir tantas facilidades defensivas, apesar de manter a liberação dos laterais, enquanto que o Red Bull já não tinha ousadia ofensiva.

Aos 13 minutos, Danielzinho, que, mais vez, jogou bem menos do que pode ou acha que sabe, perdeu gol incrível depois de driblar o goleiro e permitir a chegada do zagueiro Rogélio para salvar.

Aos 16 minutos, o técnico Luciano Dias trocou o 4-4-2 tradicional e inoperante pelo 3-5-2 meteórico ao colocar o zagueiro Max Lelis no lugar do segundo volante Zé Forte e transformar os laterais definitivamente em alas.

Porém, três minutos depois o treinador voltou a fazer alteração questionável ao tirar o meia Luciano Mandi, que até parecia mais motivado depois do gol, e colocar o atacante Raul.

Talvez o objetivo com o teoricamente ousado 3-4-3 ( três zagaueiros, dois alas, um volante, um meia e três atacantes)fosse agredir mais e virar o jogo. Sem armação eficiente, nada disso aconteceu.

Aos 30 minutos, provavelmente reconhecendo o erro ou abdicando de tentar a vitória, Luciano Dias desfez o 3-4-3 e voltou ao 3-5-2 ao trocar o atacante Ricardinho pelo meio-campista Leo Costa.

Apesar da tentativa, o Tigre perdeu o meio-campo, não agrediu com consistência, insistiu em ignorar o jogo coletivo e por duas oportunidades esteve por tomar o gol de um time momentaneamente limitado e já sem tanta intensidade ofensiva.

Não fosse a jogada maravilhosa e o golaço do heroi Raul, a estas horas o São Bernardo estaria mesmo novamente no bico do corvo ou na bacia das almas.

Com a virada, assume o terceiro lugar no grupo, torce por empate entre Penapolense e Noroeste -- amanhã em Penápolis -- e ainda sonha com o acesso, já que tem mais nove pontos a disputar.

Porém, se quiser uma das duas vagas da chave, precisa manter a fé e jogar muito mais do que o fez nas três rodadas desta fase. Afinal, talento individual, atos de heroismo e sorte não dão plantão nem andam de mãos dadas em todos os jogos.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Para o idoso viver melhor

Recebi de um primo-amigo, que recebeu de alguém mais velho e inteligente.

Tudo a ver. Por isso publico e vou seguir alguns conselhos.Obrigado!

PARA ENVELHECER MELHOR

Poupe um pouco para sempre ser independente financeiramente.
Não precisa ser muito. Não comprometa o prazer que o dinheiro pode lhe
dar em razão de um tempo maior de velhice, que pode até não acontecer,
se você morrer breve.

Além disso, um idoso não consome muito além do plano de saúde e dos
remédios. Provavelmente, você já tem tudo e mais coisas só lhe darão
trabalho.

Pare também de se preocupar com a situação financeira de filhos e netos.
Não se sinta culpado em gastar consigo mesmo o que é seu de direito.

Provavelmente, você já lhes ofereceu o que foi possível na infância e
juventude, assim como uma boa educação.

Portanto, a responsabilidade agora é deles.

Não seja arrimo de família; seja um pouco egoísta, mas não usurário.

Tenha uma vida saudável, sem grandes esforços físicos. Faça ginástica
moderada, alimente-se bem, mas sem exagero.

Tenha a sua própria condução, até quando não houver perigo.

Nada de estresse por pouca coisa. Na vida tudo passa, sejam os bons
momentos que devem ser curtidos, sejam os ruins que devem ser
rapidamente esquecidos.

Namore sempre, independente da idade, com sua "velha" companheira de
caminhada. O amor verdadeiro rejuvenesce.


Esteja sempre limpo. Um banho diário, pelo menos. Seja vaidoso,
frequente barbeiro, pedicure, manicure, dermatologista, dentista, use
perfumes e cremes com moderação e por que não uma plástica?

Já que você não é mais bonito, seja pelo menos bem cuidado.
Nada de ser muito moderno, tente ser eterno.

Leia livros e jornais, ouça rádio, veja bons programas na TV, acesse a
internet, mande e responda e-mails, ligue para os amigos.
Mantenha-se sempre atualizado sobre tudo.

Respeite a opinião dos jovens, eles podem até estar errados, mas devem
ser respeitados.

Não use jamais a expressão "no meu tempo", pois o seu tempo é hoje.

Seja o dono da sua casa por mais simples que ela possa ser. Pelo menos
lá você é quem manda. Não caia na besteira de morar com filhos, netos,
ou seja lá o que for.

Não seja hóspede, só tome esta decisão quando não der mais e o fim
estiver bem próximo.

Você está no período do ronco e da flatulência.

Um bom asilo também não deve ser descartado e pode até ser bem
divertido. E você irá conviver com a turma da sua geração e não dará
trabalho a ninguém.

Cultive um "hobby". Seja correr, caminhar, cozinhar, pescar, dançar, criar
gato, cachorro, cuidar de plantas, jogar baralho, golfe, futebol, velejar ou
colecionar algo. Faça o que gosta e os seus recursos permitam.

Viaje sempre que possível. De preferência, vá de excursão, pois além
de mais acessível, pode ser financiada e é uma ótima oportunidade para
conhecer novas pessoas.

Aceite todos os convites de batizado, formatura, casamento, missa de
sétimo dia. O importante é sair de casa.

Fale pouco e ouça mais. A sua vida e o seu passado só interessam a
você mesmo. Se alguém lhe perguntar sobre esses assuntos, seja breve
e procure falar coisas boas e engraçadas. Jamais se lamente de algo.

Fale baixo. Seja gentil e educado, não critique nada, aceite a
situação como ela é. As dores e as doenças estarão sempre presentes;
não as torne mais problemáticas do que são falando sobre elas. Tente
sublimá-las, afinal, elas afetam somente a você e são problemas seus e
dos seus médicos.

Não fique se apegando em religião, depois de velho, rezando e
implorando o tempo todo como um fanático. O bom é que, em breve, seus
pedidos poderão ser feitos pessoalmente a ele.

Ria, ria muito, ria de tudo, você é um felizardo, você teve uma vida,
uma vida longa, e a morte será somente uma nova etapa incerta, assim
como foi incerta toda a sua vida.

Se alguém disser que você nunca fez nada de importante, não ligue..
O mais importante já foi feito: Você.



E não esqueça: A vida é um presente.

O Tigre, a onça e a água

É uma pena, mas, pra quem vinha em franca evolução, o São Bernardo surpreendeu negativamente e deu dois vacilos justo quando não poderia.

As derrotas para Noroeste (1 a 0) e Penapolense (3 a 1) nos dois primeiros jogos dos quadrangulares decisivos da A-2 podem significar mais um ano longe da elite do futebol paulista.

Após excepcional reação na fase classificatória, o Tigre errou dois botes que poderiam ser fatais para suas presas exatamente agora, na hora de a onça beber água.

Sábado, em Bauru, perdeu depois de um primeiro tempo em que foi muito superior. Ontem, diante de oito mil torcedores, voltou a perder ao jogar mal e mostrar incompetência nos três setores.

Lanterna do Grupo 3 (Penapolense e Noroeste têm quatro pontos ganhos e o Red-Bull, dois), agora o time de Luciano Dias precisa ganhar pelo menos oito/nove dos 12 pontos que ainda vai disputar se quiser ficar com uma das duas vagas do acesso.

E ontem a equipe da região não foi incompetente apenas no momento da conclusão -- criou 11 e aproveitou apenas uma, enquanto que o adversário criou oito e acertou três.

Pode soar como afirmação conflitante, mas o São Bernardo (4-4-2) conseguiu chegar mesmo sem jogar bem, sem ser brilhante. Oportunidade não é sinônimo ou consequência única de criatividade.

Defensivamente, o Tigre também foi decepcionante. A começar pelo posicionamento capenga do meio-campo no momento de marcar e pela postura comprometedora de zagueiros internos e laterais.

Bem montado, consciente e aplicado taticamente, o Penapolense (3-5-2 ou 3-4-3) suportou a blitz inicial estéril, soube se defender, e depois criou asas para ir ao ataque com sabedoria. Sempre em velocidade e pelas pontas, às costas dos laterais.

Estrategiamente, o bom armador Guaru se posicionava às costas dos volantes Dudu e Leo ou dos laterais, que já tinham de se preocupar com a subida dos alas adversários, principalmente Niander.

Com vontade inconsequente e maior posse de bola, mas sem criatividade e sem força ofensiva -- Ney Mineiro e Danielzinho não jogaram nada --, o Tigre só chegou pela primeira vez com real perigo com Bady, aos 24 minutos, quando as ações já estavam equilibradas.

Um minuto depois, o sistema defensivo do São Bernardo falhou e permitiu que o pequenino Luciano Gigante aparecesse livre pela esquerda, sem a marcação de Regis, e abrisse o marcador.

Mesmo sem brilhantismo, o Tigre chegou com certo perigo aos 33 minutos com Renato Peixe e poderia ter empatado aos 38, quando Ney Mineiro perdeu gol-feito após rebote do goleiro.

Sem recuar para não depender exclusivamente de contragolpes, o Penapolense quase ampliou aos 40 minutos com Guaru. Wilson Júnior apareceu para salvar.

Com o mais rápido e flutuante Ricardinho no lugar de Ney Mineiro, o São Bernardo voltou para o segundo tempo com a disposição clara de atacar sem dar tréguas e virar o placar.

Esteve perto da igualdade logo aos 30 segundos com Leo Costa. Mas tomou o segundo gol aos cinco minutos. Pela esquerda do ataque, no setor de Regis e Márcio Garcia, Guaru e Luciano Gigante fizeram a jogada para o ala oposto Niander (ex-São Bernardo) concluir da entrada da área.

Daí até o final o jogo simulou um contrato de risco. E não poderia ser diferente. O time do Grande ABC desperdiçava oportunidades e o sistema defensivo não conseguia conter as chegadas perigosas do time de Edson Só.

Aos 10 minutos, Luciano Mandi perdeu boa chance. Um minuto depois, de falta, o sempre dinâmico Bady diminuiu. O gol funcionou como estopim para que a torcida se empolgasse e empurrasse o time em busca do empate.

No entanto, o Penapolense não se acovardou e soube explorar espaços benevolentes no meio-campo e nas laterais, com a bomba desembocando nos zagueiros internos. Tanto que o time do Interior voltou a ameaçar aos 17 e aos 18 minutos, mas parou em Wilson Júnior.

Dos 20 aos 27 minutos, já com Bady a demonstrar cansaço (ninguém é de ferro!), o Tigre se travestiu de kamikaze e perdeu quatro oportunidades de empatar. Na principal delas, Ricardinho chutou por cima após boa jogada de Renato Peixe e rebote do goleiro Ricardo.

Aos 38 minutos, o contra-ataque do Penapolense terminaria em gol, não fosse a boa cobertura do volante Dudu. Um minuto depois, ninguém salvou: em jogada às costas de Renato Peixe, o cruzamento encontrou Beto, que marcou de letra, no contrapé de um Wilson Júnior desesperado.

E poderia ser pior, já que aos 43 minutos o mesmo Beto acertou o travessão em nova enfiada de bola entre a quarta-zaga e a lateral-esquerda.

Ricardinho voltou a perder gol aos 46, quando a torcida já vaiava um time que, para quem quer o acesso, acertou pouco no conjunto e errou demais nas individualidades.

Se perder o Red Bull, sábado em Campinas, o Tigre pode enfiar a viola no saco e procurar os culpados por tamanha instabilidade tática, técnica e emocional.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Zorro, o basquete e a propina

O encontro casual aconteceu ali entre o Correio e o Primeiro de Maio, onde jogo futebol e, principalmente, encontro meus amigos.

-- Cara... não acredito! Você está cada vez mais careca. Olha aí... Sem bigode! E os ralos cabelos já estão branquinhos. Se é que você não usa algum produto pra disfarçar, né, Italiano?

-- Calma aí, Zorro! Não te vejo há um tempão e você já chega cutucando! Pergunte pelo menos como seu amigo está, como estão filhos, netos...

-- Cara... é mesmo! Até me esqueci que você já é cinquentão, quase sessentão, e não gosta que tem chamem de velho.

-- Como você! Sou um 5.6 feliz!

-- Sim! Acho que agora é melhor perguntar dos netos. Os filhos já nem ligam como antes, não dão tanta bola pra gente.

-- Pior é quando você fica doente e os filhos, quando se comunicam, o fazem por email!

-- Aí doi, né? Já pensou ter de ler: "E aí, meu velho, melhorou? Ainda não pude passar daí porque estou trabalhando muito".

-- Doi mesmo, mas é preciso entender. Ter paciência. Todos têm seus compromissos. Deixa pra lá! Agora é mais fácil lidar com os netos, minhas paixões. Eles estão ótimos, com saúde e espertíssimos!

-- Os meus também. Só o Rafael, que, além de palmeirense, insiste em só comer hamburguer e barata frita.

-- Barata frita?

-- Não, batata frita! o Rafa joga futsal mas tá gordinho! Vai ficar gordão! A Lu e a Daniela estão lindas! Vão fazer três anos. Não preciso lembrar que são gêmeas, né? Mas... e o nosso Santo André, hein? Que draga, hein?

-- Pois é,Zorro, o Ramalhão quase caiu. De novo! Pura incompetência! Além de irresponsabilidade!

-- De quem?

-- De muita gente graúda! Culpa de muitos que se adonaram do nosso Ramalhão e de outros que dele se esqueceram. Faltou planejamento, faltou comprometimento, faltou competência diretiva. Também faltou respeito do Poder Público. A Prefeitura tem olhado o esporte da cidade com descaso acintoso, com cinismo, com certo deboche, com ar de menosprezo ao cidadão andreense.

-- Tudo isso?

-- Muito mais! Juntos, a direção do Saged (gestão empresarial que comanda o futebol do ECSA) e o alto escalão da Prefeitura fizeram de tudo para o Santo André cair novamente.

-- E agora?

-- Agora? É hora de juntar os cacos, avaliar erros, repensar a gestão e recomeçar tudo outra vez. Que pelo menos os incompetentes sejam obrigados a apear do poder. Desde que as dívidas trabalhistas não sobrem pro pessoal do poliesportivo!

-- Italiano, mudando um pouco a linha do assunto. Você dá a entender, pelo que eu leio no blogdoraddi, que o prefeito está pouco se lixando com o Santo André e com o esporte em geral. Você não gosta do prefeitão?

-- Quer saber? Eu conheço o Aidan há muito tempo, mas de forma superficial. Não posso ser injusto. Até gosto do seu jeitão. Além do mais, é corintiano, como eu. Mas ser corintiano, bom filho, cara legal, boa praça, não o credenciam a ser definido como santinho, perfeito ou ao menos bom gestor público.

-- Como assim?

-- Para o esporte, não melhorou nada em relação a administrações anteriores. Pelo contrário! Só prometeu! Não investiu a contento, nem olhou com o carinho que o esporte merece. Não se clama por prioridade. Apenas respeito!

-- Peraí, Italiano de uma figa! Pelo menos você tem de reconhecer que o nosso basquete feminino foi campeão da Liga Nacional com a ajuda da Prefeitura! Não foi?

-- Foi sim, em 2011. Uma bela conquista sob o eterno e dedicadíssimo comando da Laís e da Arilza. Só que agora não passou das semifinais. Acho que faltou elenco. Talvez chegássemos se o investimento do Semasa (?)fosse maior. Estaríamos disputando o título.

-- Peraí! Tô aqui, pensando com meus botões. O patrocínio não era do Semasa?

-- Era sim! Acabei de dizer! Não muito, mas era. Por quê?

-- Cara, sou mascarado mas enxergo longe. E penso. Portanto, sei juntar dois mais dois antes de falar na lata ou de insinuar.

-- Insinuar o quê?

-- Cara, acorda! Deixa de ser lerdo...

-- Ei, não precisa dar esse cutucão com o cotovelo! Por que lerdo?

-- Vou resumir! Não vou desenhar! Vejo, todo dia, no Diario, lá onde você trabalhou por muito tempo, que o pessoal da cúpula do Semasa recebia propina pra assinar licenças ambientais. Haja água pra limpar tanta sujeira. Que esgoto, hein?

-- E daí? Aonde o mascarado quer chegar?

-- Mascarado, porém, não cego, nem bobo, nem omisso. Dizem que todo mundo levava grana há muito tempo. Pro próprio bolso ou para o caixa de campanha. É ano de eleição, né? Prefeito, superintendente, adjunto. Só tubarão! Só peixe grande! Se é que entendi direito, parece que até aquele advogado meio falastrão, mas corajoso, recebia R$ 100 mil por mês de honorários. Ele acusa o Aidan! E ninguém se explica!O prefeitão se cala, se omite. Por quê? Rabo preso?

-- Pois é... se os denunciantes provarem, sem margem pra dúvida, a coisa vai ficar preta. Se não empurrarem com a barriga, vai arder no rabo e no bolso de meio-mundo. Não sei se sobra alguém pra apagar a luz!

-- Então...

-- Então o quê?

-- Cá entre nós, peixes pequenos, quem vai bancar o basquete? Ou você acha que o patrocínio vinha da verba do Semasa que consta no Portal da Transparência (?) da Prefeitura?

-- O orçamento anual do Semasa é de R$ 554 milhões.

-- Eu sei! Mas se tinha tanta grana por fora, como o advogado falou, acho que o dinheiro do basquete também vinha de empresários em troca da tal licença ambiental. Não dá pra descartar tal possibilidade. Dava pra contratar a Seleção Brasileira inteira e ainda trazer uma pivô americana!

-- Sim! Mas fala baixo! Alguns puxa-sacos da Prefeitura podem ouvir e se magoar. Não precisa ficar nervoso!

-- Fico indignado porque nunca pensei mal do dr. Aidan. Minha filha até votou nele. Torço pra que ele prove o contrário. Mas é nada mais do que uma troca de favores. Toma-lá-dá-cá! Tá na cara! Mais ou menos assim: você ajuda o basquete com uma parte, a outra é pra minha campanha; e eu libero a assinatura da licença pra você construir em cima do rio ou no terreno contaminado.

-- Será? Acho que você viaja, está delirando. Foi longe demais! É melhor meter o pé no estribo, montar no seu velho Silver e galopar sem olhar pra trás. Quer saber? Suma na poeira da indecência!

-- Tá me chamando de mentiroso, de louco?

-- Lógico que não! Somos muito parecidos.

-- Ainda bem! A diferença está na minha inteligência privilegiada!

-- Nada disso, Zorro! Está na máscara! Ou na velocidade do belo cavalo branco!

-- Tchau, Italiano! Dá um abraço no Victor e um beijo na Júlia!

-- Obrigado! Dá um abração naquele seu amigão do peito.

-- No Tonto?

-- Não, no Aidan!

-- Tchau!

domingo, 8 de abril de 2012

A vitória salvadora do São Caetano

O São Caetano afastou definitivamente a ameaça de rebaixamento à Segunda Divisão. E foi em grande estilo, ao ganhar de virada do Santos, fortíssimo candidato ao título estadual.

No jogo de agora há pouco no Anacleto Campanella, embora o time de Muricy Ramalho fosse favorito e tenha tido várias oportunidades de gol, além de ter sido prejudicado pela arbitragem, não se pode dizer que o 2 a 1 do Azulão foi injusto.

Inicialmente, jogar de igual para igual contra o Santos soou como ousadia suicida. No primeiro tempo, o meio-campo não encaixou uma marcação, que, por respeito mas sem submissão, deveria ser ostensiva do começo ao fim.

Como sempre, o Santos entrou com o tradicional 4-4-2, liberando Ganso para armar e encostar em Neymar e Borges.

Já o São Caetano veio no 4-3-2-1, com variação para o 4-3-3 sem armador: quatro zagueiros, três volantes (Augusto Recife saía para combater exageradamente à frente, na saída de bola do adversário), dois meias (Marcelo Costa e Kleber marcavam a subida dos laterais e quando possível encostavam em Geovane à frente).

Mesmo sem se acovardar, o Azulão dava espaços generosos e cometia erro fatal ao permitir que Ganso jogasse tão solto, muitas vezes às costas do trio de volantes, e criasse várias jogadas para Neymar.

Além disso, Juan também aparecia para triangular pela esquerda, sobrecarregando o lateral Marcone. Mesmo assim, o São Caetano chegou duas vezes com relativo perigo, assim como o Santos.

A primeira oportunidade contundente do jogo foi do Azulão, com arremate longo de Geovane para bela defesa de Rafael. Em seguida o time de Márcio Araújo voltou a ameaçar discretamente com Marcone, e poderia ter aberto o placar aos 28 minutos com Augusto Recife, sozinho.

Como se posicionou mal e aceitou o jogo mais franco, o São Caetano falhou na marcação e tomou o gol aos 30 minutos. Com participação inicial de Juan, Ganso deu belo passe de pé direito para Neymar às costas de Marcone e Gabriel; o craque dominou no peito e bateu de pé esquerdo, na saída de Luiz.

Aos 38 minutos, novamente pela esquerda, Neymar concluiu no travessão após superar Moradei, e no rebote Ibson se enrolou com a bola.

Em desvantagem, o Azulão voltou para o segundo tempo com Ailton pela direita no lugar de Kleber e Marcelo Costa mais pelo meio e com liberdade para chegar. Mas a principal mudança de Márcio Araújo foi no todo do sistema defensivo.

Mais plantados, quase em linha e sem dar trégua, os três volantes bloquearam a frente da zaga e o Santos passou a não ter tanta facilidade de trocar passes e penetrar. Marcone também ficou mais na marcação pela direita.

Talvez a opção fosse marcar Ganso individualmente para que a bola não chegasse em Neymar, mas o posicionamento dos volantes e do lateral-direito foi tão efetivo que não precisou. Tanto que Ganso foi obrigado a se deslocar mais para a direita do ataque santista e perdeu a referência, Neymar.

O merecido empate veio aos 13 minutos. O Santos falhou na saída de bola no meio-campo, Moradei atacou pela esquerda, ganhou de Edu Dracena e cruzou para Geovane cabecear no contra pé de Rafael.

O Santos quase desempatou aos 18 minutos, quando Neymar tocou para Juan mas o lateral/ala desperdiçou diante de Luiz. Quatro minutos depois, o São Caetano fez 2 a 1 em mais uma falha do Santos.

Henrique e Ibson se complicaram em cobrança de lateral pela esquerda, Geovane recuperou e lançou Ailton, que apareceu pela direita, na costas de Juan, dominou no peito e tocou; Rafael defendeu duas vezes, mas Marcelo Costa pegou o rebote e fez o gol.

Com Elano no lugar de Fucile (Henrique foi para a direita) e Reinteria no de Ibson, a partir do gol o Santos foi ainda mais ofensivo. Quase empatou aos 25 novamente com Juan e aos 26 com Neymar.

Aos 30 minutos, chegou a empatar com Ganso após chute de Elano desviado por Luiz para o travessão; no rebote, em posição legal, Ganso fez o gol mas o assistente falhou feio ao assinalar impedimento de quem veio de trás.

Acuado, o São Caetano não teve como não recuar e se defender. Não conseguiu contra-atacar, mas se fechou e defendeu com aplicação incomum. Deu apenas uma oportunidade para Ganso e manteve resultado importantíssimo, que o mantém na elite do futebol paulista.

Com outros resultados de hoje à noite, Comercial ( 2 a 1 no Guaratinguetá) e Catanduvense ( 2 a 4 diante do Botafogo) estão rebaixados. O Guaratinguetá, 18º com 14 pontos ganhos e enorme deficit de gols, recebe o São Caetano e só se livra por um milagre.

Botafogo (17º com 16), XV de Piracicaba (16º com 17)e Portuguesa (15º com 18) decidem a sorte na última rodada. A Portuguesa joga em Mirassol, o XV em Mogi Mirim e o Botafogo recebe o Guarani.

sábado, 7 de abril de 2012

Londres foi só um sonho

Não tem mais jeito! Tudo está consumado! O handebol masculino do Brasil está mesmo fora dos jogos Olímpicos de Londres, em julho.

Hoje de manhã, em Gotemburgo, a Seleção Brasileira voltou a jogar bem, como na estréia, e perder no Pré-Olímpico da Suécia. Enfrentou a forte Hungria de igual para igual, mas foi derrotada por 29 a 27.

Com a vitória, os húngaros se qualificam ao lado dos anfitriões, que derrotaram a Macedônia por 27 a 23. Amanhã cedo, brasileiros e macedônios se encontram só pra cumprir tabela.

No jogo de hoje, quem esperava um domínio ostensivo da Hungria acabou por assistir um duelo equilibrado do começo ao fim, decidido nos segundos finais.

Assim como perdeu de dois gols, o Brasil poderia ter perdido de quatro ou mesmo empatado ou vencido de dois.

O início da seleção nacional não foi bom. A ansiedade e os descuidos protocolares na marcação fizeram com que novamente se desperdiçassem contra-ataques por erro de passes.

Ao contrário da Hungria, postada numa defesa 6-0 bem sólida, quase sobre a linha de área, o Brasil dava espaços e permitia penetrações frontais.

Mesmo assim, soube contragolpear com rapidez por meio de Borges, pela esquerda, e levou o jogo sem deixar os húngaros desgarrarem. Mesmo lesionado, Zeba também jogou bem.

Quando a Seleção Brasileira melhorou o sistema defensivo (5-1 ou 4-2), endureceu o jogo e terminou a primeira etapa perdendo de apenas um gol: 15 a 16.

No entanto, os seis minutos iniciais do segundo tempo também foram preocupantes. Marcando mal, o time do espanhol Javier Garcia Cuesta deu a impressão de que permitiria a ampliação da vantagem.

Chegou a estar perdendo de 19 a 15, mas reagiu ao elevar o aproveitamento ofensivo. Defensivamente, preferiu correr riscos antes da hora ao adiantar a marcação.

Jogo ficou equilibrado, com bom aproveitamento dos dois lados, mas o Brasil não conseguia tirar a vantagem adversária.

Aos 13 minutos, perdia de 22 a 19; aos 20, de 22 a 25. No entanto, a Hungria desperdiçou quatro ataques seguidos e aos 26 minutos o jogo ficou 25 a 24.

Foi quando o nervosismo predominou e os dois selecionados começaram a precipitar passes e arremessos que até então fluíam com certa naturalidade.

Porém, o jogo continuava indefinido e os húngaros preocupadíssimos: 25x26, 25x27, 26x27, 26x28 e 27x28 faltando menos de um minuto para o final.

Quando restavam menos de 30 segundos, a Hungria, sétima colocada no último Mundial, fez 29 a 27 e o Brasil não teve mais tempo de reagir.

Apesar da bela atuação, para o nosso handebol masculino a vaga para as Olimpíadas de Londres foi só um sonho. Resta, agora, com muito bom senso, avaliar as razões do insucesso e sonhar com a medalha olímpica almejada pelas meninas. Bem difícil, mas possível!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Handebol mais distante de Londres

O handebol masculino do Brasil está ainda mais longe dos Jogos Olímpicos de Londres, em julho.

Hoje cedo, no Pré-Olímpico de Gotemburgo, na Suécia, a Seleção Brasileira perdeu dos anfitriões de 25 a 20.

Agora, para ficar com uma das duas vagas, precisa vencer amanhã cedo a forte seleção da Hungria, que hoje derrotou a Macedônia por 28 a 26.

Se a Seleção Brasileira voltar a perder e a Suécia ratificar a lógica e derrotar a Macedônia, as duas vagas serão definidas antes mesmo da rodada de domingo.

No jogo de hoje, a Seleção Brasileira mostrou bom handebol e chegou a equilibrar as ações diante de uma escola tradicional, que, na década de 90, já ganhou os títulos europeu, mundial e olímpico, e foi quarta colocada no último Mundial.

No entanto, o Brasil, com quatro jogadores da Metodista/São Bernardo, encontrou dificuldades para encaixar o esquema ideal -- 4-2 ou 5-1, com a defesa mais adiantada -- e bloquear os arremessos de fora, de 9/10/11 metros.

Também vacilou ao errar passes antes mesmo das conclusões e proporcionar contra-ataques sustentados e rápidos que quase sempre terminavam em gols porque pegaam a defesa aberta.

Na maioria do jogo o Brasil esteve igual ou apenas um ou dois gols atrás. Somente no final os suecos ampliaram a vantagem para cinco gols, exatamente o que pode fazer a diferença na hora da decisão.

BASQUETE ANDREENSE JÁ NÃO SONHA COM O BI

Quarta-feira à noite, no Interior, Santo André perdeu as esperanças de ser bicampeã da Liga Nacional de Basquete ao ser derrotada por Americana.

Antes, perdeu a primeira semifinal em casa e ganhou a segunda, em Americana. Na terceira e decisiva partida para ver quem enfrentaria Ourinhos na final, Santo André
decepcionou.

Segundo palavras da própria técnica, Laís Elena Aranha, a equipe andreense entrou excessivamente confiante, o que provocou desconcentração e desobediência tática fatais.

Mesmo com grande diferença de investimento e de qualidade do elenco, Santo André jogou a fase de igual para igual e esteve muito próxima da classificação.

Agora, a expectativa é pela decisão de Laís. Como já manifestou desejo de se aposentar da função e ser dirigente, é provável que a assistente Arilza assuma.

Pelo conjunto de qualidades e pela experiência de Arilza, a troca de comando não afetará o desempenho da equipe. O problema de Santo André não está no comando do basquete ou de outras modalidades.

Há muito tempo o esporte da cidade é tratado com descaso e contínuo desrespeito pelo comando maior, o Poder Público. E não adianta culpar exclusivamente o diretor de Esportes.

Aversão ao esporte, em todos os seus segmentos -- da ação social e da formação ao alto rendimento --, está incrustada nos altos escalões do Paço. E não é de hoje!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Barça: a arte da tática

A vitória de 3 a 1 sobre o Milan, agora há pouco no Camp Nou, foi muito mais consequência de respeito, visão e aplicação tática do que mais uma obra de arte do dono do melhor futebol do mundo.

O Barcelona passou à semifinal da Liga dos Campeões sem dar show, sem investir na plasticidade técnica, uma de suas principais virtudes. Não fez uma exibição. Jogou para ganhar; por isso ganhou.

Ganhou porque tem um treinador, Pepe Guardiola, que sabe muito; enxerga muito. A leitura de Guardiola, antes e durante jogo de tamanha grandeza, está anos-luz à frente de treinadores passivos, limitados, ortodoxos, conservadores.

Conhecedor e respeitador do compacto sistema de marcação e da força do time italiano, Guardiola investiu em esquemas letais. Do pouco comum 3-4-3 ( com variação para o 3-1-3-3) e depois no 4-3-3 ( com variação para o 4-3-1-2).

No 3-4-3, o Barça tinha três zagueiros (Mascherano, Pique e Puyol)e quatro meio-campistas (um deles, Busquets, se transformava em espécie de quarto zagueiro quando o time era atacado, enquanto Xavi, Fábregas e Iniesta armavam, tocavam bola e chegavam ao ataque com constância).

Na frente, por uma fração de segundos o Barça fez lembrar o São Caetano do fracassado 4-3-3-0 apresentado em Bragança. Calma! Não é o que você, caro leitor, está a pensar.

Sem centroavante fixo, Guardiola fez Messi flutuar e penetrar no espaço sempre vazio, já que Daniel Alves -- sim, o lateral-direito brasileiro -- e Cuenca jogavam bem abertos, como pontas à moda antiga, mas sem poder de drible para o fundo.

Surpreso, creio, Maximiliano Alegro, técnico do Milan, ficou momentaneamente sem saída. O tradicional 4-4-2, com duas linhas rígidas de quatro e dois atacantes (Robinho e Ibrahimovic), não fluía.

Assim, não foi difícil ao melhor time do mundo chegar três vezes com real perigo até o nono minuto. Todas com Messi, que na terceira oportunidade perdeu gol feito. Como nasceu com a bunda virada pra lua, não deu outra; a bola voltou pra ele; em posição duvidosa, o argentino sofreu pênalti e converteu.

Superior, mesmo sem brilhar e sem exercer a costumeira e eficiente marcação sob pressão na saída de bola do adversário, o Barcelona recuou um pouco o meio-campo, respeitou o Milan, armou o contra-ataque e só voltou a ameaçar aos 26 minutos com Daniel Alves fechando em diagonal.

No entanto, aos 32, Robinho fez grande jogada individual e tocou para Ibrahimovic; o passe para Nocerino, entre Puyol e Cuenca, foi perfeito e a conclusão também. Para muitos, surpresa. Menos para Guardiola. Ele antecipou que o Barça tomaria gol.

Por isso seu time não se abalou. Manteve a posse de bola ( 60% x 40%) e voltou a ameaçar aos 35 minutos em conclusão de Xavi, de fora da área, já que o Milan se fechava bem. Aos 40, Nesta puxou discretamente (?) Busquets em cobrança de escanteio. Outro pênalti contestado e outro gol do melhor jogador do mundo.

Gol feito, a surpreendente ( para nós) mudança tática de Guardiola foi automática. Precavido, inteligente, ousado, nem esperou o intervalo; passou a jogar no 4-3-3. A linha de quatro zagueiros ficou com Daniel Alves, Mascherano, Pique e Pyuol.

No meio-campo, um triângulo que se transformava em linha de três quando Busquets saía discretamente da frente da zaga. Xavi armava de um lado e Fábregas do outro.

E o pensador Iniesta? Pois é, o pensador foi jogar de ponta-esquerda e Cuenca deslocado para a direita. Centroavante de fato, referência, não havia. A não ser quando um tal de Messi, agora um pouco mais atrás (4-3-1-2), se aventurava entre os zagueiros internos. Como aos 43 minutos, em mais uma ocasião de gol.

Em desvantagem, o Milan voltou para o segundo tempo mais aceso, com mais disposição ofensiva. Com mais espaços, o aplicado Barcelona não se abalou e voltou a marcar aos oito minutos. Jogada Dele, Messi; gol de Iniesta.

Aos 16 minutos o líder do Campeonato Italiano ameaçou com Robinho -- juiz errou ao assinalar toque de mão involuntário -- e em seguida tentou ficar mais ofensivo (4-3-3) com a entrada de Alexandre Pato, que, fora de forma e lesionado, sairia 15 minutos depois. Alguém errou feio!

Enquanto isso, Guardiola acertou novamente: trocou o contundido Xavi pelo quase brasileiro Thiago Alcântara. O filho de Mazinho perdeu gol-feito aos 23 minutos ao desperdiçar passe Dele.

Aos 32, Guardiola fez entrar o mais defensivo Keitá no lugar do articulador Fábregas, já meio cansado. Foi o suficiente para o jogo ficar mais embolado, mais truncado (o Milan bateu mais e chegou ainda menos)e sem emoções de gol.

Exceção aconteceu aos 42 minutos, quando, sozinho, o lateral brasileiro Adriano, que entrara no lugar de outro machucado, Pique, falhou na conclusão diante do goleiro.

Aos que esperavam um passeio de quem joga por música, com incomparável beleza plástica, o encontro não agradou tanto. Pra quem olhou e se fixou na desenvoltura e na aplicação tática do time e na exemplar leitura de jogo de Guardiola, foi um prato-cheio.

Com ou sem arte, se exibindo ou jogando simplesmente pra ganhar, o Barcelona espera o vencedor de Chelsea e Benfica, amanhã na Inglaterra. No primeiro jogo, em Lisboa, o time inglês fez 1 a 0. Por isso está com a mão na vaga.

No outro duelo de hoje, o Bayern de Munique voltou a marcar 2 a 0 -- gols de Olic -- no Olimpique, da França, e faz uma das semifinais provavelmente contra o Real Madrid, que no jogo de ida ganhou do Apoel por 3 a 0. Amanhã, deve ser mamão-com-açúcar.

Prováveis semifinais devem ser sensacionais. Já pensou? Barcelona x Chelsea e Real Madrid x Bayern. Só jogão! Briga de cachorro grande! Sem favoritos! Nem mesmo o Barcelona de Guardiola.

O prefeitão, o chifre e o cavalo

Dias atrás, recebi release da Prefeitura de Santo André alertando para ações orquestradas com o objetivo de depredar e inutilizar os aparelhos de musculação implantados em diversas praças e parques da cidade.

Secretaria de Comunicação não está totalmente errada. Pode mesmo, conforme se insinua, haver alguma interferência político-partidária de quem "quer o mal de Santo André", como diz o prefeito Aidan Ravin ao se referir também aos constantes apagões.

Vamos por partes! E com o mínimo de coerência, sem fantasmas e partidarismo exacerbado. Prefeitão e assessores parecem estar desviar o foco ao se limitar a procurar chifre em cabeça de cavalo.

Agora, a culpa é de quem não reza pela mesma cartilha -- ou pelo mesmo livrinho de catecismo? O PT, que também não tem nada de santinho, é a bola da vez em tudo que acontece de ruim para a imagem do chefe do Executivo?

Independente de primeiras e segundas intenções, não obrigatoriamente nesta ordem, as inúmeras academias ao ar livre são, sim, úteis ao cidadão comum ligado à atividade física, ao lazer e ao saudável convívio social.

Também não há como negar a discutível mas legítima pretensão de se dar visibilidade ao Poder Público em ano eleitoral. Especialmente quando o prefeitão é candidato em potencial à reeleição. É a tal agenda positiva!

Fica, então, a sugestão para que Aidan e cia nobre se preocupem mais com a gestão pública como um todo. Que tirem o tapa dos olhos do cavalo e deixem de transferir responsabilidades e execrar administrações anteriores!

Que tal, dentro do possível, incluir a importantíssima orientação do professor de Educação Física em horários de pico? Que tal fiscalizar os espaços escolhidos para servir o munícipe -- e se servir do munícipe, claro.

Aparelhos em praças centrais ainda têm certa proteção. Quando funcionários e guardas municipais são orientados para isso. Mas na ante-sala da periferia fica mais difícil. Esperar que os usuários sejam, todos, fiscais e educados, é acreditar no coelhinho da Páscoa.

Também é bom lembrar que muitos aparelhos são frágeis, inadequados, oferecem riscos e foram instalados de afogadilho, precipitando inaugurações tão festivas quanto perigosas.

Exemplo está aqui, bem pertinho de casa, no Ipiranguinha. Ninguém me contou!Testemunhei a instalação de equipamentos na sexta-feira à tarde para inauguração no domingo.

Moral da história: foram chumbados mas não tiveram tempo para consolidação. Uma semana depois, lá estive e dois dos aparelhos programados já não estavam no local.

Além disso, um terceiro, o que simula surf, estava prestes a se soltar do tal piso intertravado. Conforme me exercitava, tremia tudo aos meus pés. Será que vou ser acusado de dilapidação do bem público? Ou elogiado como fiscal do Aidan?

No mesmo Jardim Tamoyo, o simulador do step -- tipo de escada -- já estava com o cabo de aço arrebentado. Normal! É o tipo de equipamento que não serve quando não se têm fiscalização e manutenções preventiva e corretiva constantes.

Aí vem algum sabidão do Poder Público e acha que os rivais políticos --aqueles homenzinhos vermelhos da grande orquestra do mal -- são os únicos culpados!

É melhor que o prefeitão cuide com carinho do filho que gerou (ou adotou), exercite o bom-senso e não insista em procurar chifre na cabeça de cavalo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O 4-3-3-0, o cravo e a ferradura

Posso até estar errado, mas o ditado popular "uma no cravo, outra na ferradura" nada mais é do que acertar 50% e errar os outros 50%; uma bola dentro, outra fora.

No caso de cavalos e cia, cansei de ver o velho ferrador da Grama (com o perdão da brincadeira, São Sebastião da Grama é cidade-satélite da Grande Rio Pardo) dar uma no cravo ( espécie de prego para fixar a ferradura no casco) e outra na própria ferradura.

Detalhe é que, no casco do cavalo ou no futebol, não dá pra confiar. No caso do São Caetano, menos ainda. Depois de ganhar do Botafogo e quebrar jejum de oito jogos, noite inspirada de Geovane, ontem o Azulão foi a Bragança Paulista e errou o cravo.

Perdeu de 2 a 0 sem mostrar bom futebol e, pior, ainda corre risco de rebaixamento. Também... ganhar de quem? Correndo pouco, no setor errado ( aglomerado de intermediária a intermediária) e pro lado errado ( praticamente em círculos, como barata tonta, sem verticalização), não há como fazer gol.

Sem centroavante de ofício e sem quem ao mesnos ocupasse o espaço e executasse a função com alguma destreza, ficou quase impossível vencer um time aplicado, que marca bem e sai para o contragolpe com rapidez e eficiência.

O Bragantino de Marcelo Veiga é vibrante e sabe o que quer; o São Caetano de Márcio Araújo é acomodado e raramente sabe o que quer. Quando sabe, não executa.

Pra se ter uma ideia, na prática, o São Caetano jogou num assustador 4-3-3-0. Isso mesmo! O 0 (zero) não está a mais no esquema não! É zero de sem atacante, mesmo que de forma alternada.

Foram quatro zagueiros -- até mesmo os alas pouco subiram -- três volantes de contenção e três meias que deveriam armar e chegar. Mas... armar pra quem? Chegar perto de quem? Talvez o jovem e especialista Fernando fosse a melhor opção.

Sem consistência defensiva, principalmente pela direita, onde Romarinho deitava e rolava, e sem contundência ofensiva, o Azulão foi presa fácil. Tomou um gol em cada tempo, ambos originários de faltas pelas beiradas, e não teve poder de reação.

Nem mesmo o pênalti sofrido por Ailton e não assinalado pela arbitragem, aos 27 minutos do segundo tempo, seria capaz de mudar o destino de quem vai ter de rebolar se não quiser cair para a Segundona.

Por incrível que pareça, faltando apenas duas rodadas, 11 times tentam fugir das quatro vagas que levam para o inferno. Até mesmo o lanterna Comercial, com apenas oito pontos e duas vitórias, ainda pode se salvar. Só que milagre e incompetência não combinam.

O São Caetano está em 13º lugar com 19 pontos ganhos, quatro vitórias, deficit de dois gols e decepcionante aproveitamento de 37,3%. O pior é que pega o forte Santos em casa (?) e depois joga em Guaratinguetá.

Time do Vale do Paraíba está em 17º com 14 pontos ganhos, quatro vitórias e deficit de 20 gols. Neste domingo o Guará joga em Ribeirão Preto contra o Comercial, que na última rodada enfrenta o Palmeiras fora.

Em 19º lugar aparece o Catanduvense, que tem 13 pontos, duas vitórias e deficit de 10gols. Catanduvense recebe o ameaçadíssimo Botafogo e depois pega o Santos na Vila Belmiro. Botafogo tem os mesmos 13 pontos, mas quatro vitórias. Encerra participação em casa, contra o Guarani.

O XV de Piracicaba está em 16º lugar com 14 pontos ganhos, quatro vitórias e deficit de sete gols. Recebe a classificada Ponte Preta e depois vai a Mogi-Mirim. Tarefa de se safar não é nenhum bicho-de-sete-cabeças.

A Portuguesa -- quem diria, depois da bela campanha no Brasileiro? -- está em 15º com 17 pontos ganhos, quatro vitórias e deficit de cinco gols. Recebe o Linense (19 pontos e cinco vitórias) e depois vai a Mirassol.

O Oeste( 14º com 19 pontos ganhos, quatro vitórias e deficit de três gols) vai a Bragança e depois recebe o Ituano em Itápolis. Ituano (11º com os mesmos 19 pontos e cinco vitorias) está em 11º, à frente do Linense, que perde no saldo de gols.

Com iguais 19 pontos e seis vitórias, o Paulista vem em 10º e não está matematicamente livre. Mas, cá entre nós, precisa se esforçar muito para cair.

Isto posto, voltando às coisas regionais, se XV de Piracicaba e Guaratinguetá ganharem no final de semana e o São Caetano empatar ou perder do Santos, o que não é nenhum absurdo, vai decidir em Guaratinguetá correndo risco mortal.

domingo, 1 de abril de 2012

Ramalhão se salva e Tigre derruba Verdinho

Foi na bacia das almas, mas agora há pouco o Santo André se salvou de mais um rebaixamento, à Terceira Divisão, ao vencer o União Agrícola Barbarense por 1 a 0.

Enquanto isso, no Primeiro de Maio, também de manhã, o São Bernardo reserva atropelou, fez 4 a 0 e jogou o Palmeiras B para a A-3.

Graças à incompetência e/ou à retaliação irresponsável e inconcebível do Poder Público, os portões do Bruno Daniel continuaram fechados ao público. Mesmo assim, o Ramalhão ganhou com gol do volante Batata.

Na vizinha São Bernardo, ao contrário, o torcedor não só entrou em bom número como apoiou o time e viu o Tigre B golear o frágil Palmeiras B.

Como já era de se esperar, equipe escalada por Luciano Dias não encontrou qualquer dificuldade diante do chamado Verdinho. Titulares, poupados, talvez fizessem cinco ou seis.

Enquanto o Santo André junta os cacos, reconhece a falta de planejamento adequado e divide a culpa com a administração municipal, o São Bernardo se prepara para tentar o acesso.

No comparativo direto, envolvendo os rivais do Grande ABC, o Tigre nada de braçadas. Terminou a fase classificatória em segundo lugar com 35 pontos ganhos, 11 vitórias, 33 gols a favor, 24 contra, saldo de nove e aproveitamento de 61,4%.

Decepcionante e bem próximo do rótulo de vergonhoso, o Ramalhão terminou com 14º lugar com apenas 22 pontos ganhos, cinco vitórias, 18 gols a favor, 22 contra, deficit de quatro e aproveitamento pífio de 38,6%.

Oitavo e último classificado com 29 pontos ganhos, o União Barbarense teve aproveitamento de 50,9%. Último colocado com 17 pontos ganhos,o América teve 29,8% de aproveitamento.

Na próxima fase, Red Bull em discreta ascensão, Penapolense arrumado mas em declínio e o tradicional mas limitado Noroeste compõem o grupo de um São Bernardo que começou mal mas ganhou corpo e terminou a fase classificatória em excelente segundo lugar.

A outra chave tem Atlético Sorocaba (1º), Audax (4º), Ferroviária (5º) e União Barbarense (8º).

Definição da tabela de jogos -- turno e returno no próprio grupo -- vai ser definida amanhã na sede da Federação Paulista de Futebol.

Os dois primeiros de cada chave disputam a elite estadual em 2013. Os campeões de cada grupo decidem o título em dois jogos.

Rodada de hoje cedo também definiu os quatro rebaixados. Surpresa ficou por conta da Santacruzense, que se salvou ao vencer o Audax por 2 a 1 na Capital.

Palmeiras B (17º com 20 pontos ganhos), Rio Preto (18º com 18), União São João (19º com 17) e América (20º, também com 17), vão para a A-3.