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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Azulão troca líder amigo por chefe mandão

Pego de surpresa, ainda não consegui entender nem engolir a demissão de técnico do São Caetano. Está mal explicada. Talvez tenha faltado transparência diretiva para dizer a verdade.

Sob o comando de Sérgio Guedes, o Azulão ganhou 34 dos 54 pontos disputados e ocupa o quinto lugar na equilibradíssima Série B do Campeonato Brasileiro.

Bom índice de aproveitamento de 63% é consequência de nove vitórias, sete empates e duas derrotas, exatamente nos dois últimos jogos, para Guarani e ASA.

Poder ofensivo, com 26 gols a favor, decepciona ao ocupar a 10ª colocação. Sistema defensivo, no entanto, foi o melhor do campeonato até levar a bambuzada do ASA. Agora está em quarto com 19 gols sofridos.

Mais do que isso: nas mãos de SG o São Caetano ganhou cara, personalidade, esquema de time de futebol e certa regularidade. Muito superior àquelas boas individualidades que jamais formaram um conjunto homogêneo sob o comando de Márcio Araújo, com quem a diretoria, estranhamente, teve paciência de Jó.

Difícil acreditar que um treinador que fica 16 jogos sem perder seja demitido devido "aos maus resultados". Está certo que o número de empates é alto e nas duas derrotas o time não foi bem. Será que já não existia algo de podre no reino da Dinamarca?

Só que, mesmo sem ser unanimidade, Sérgio Guedes deve ser avaliado pelo conjunto de suas atitudes e pelo desempenho do time. Cansei de ver o dedo do técnico ganhar jogo ao fazer a leitura e as alterações corretas.

Matéria do DGABC de hoje não é clara, mas informa que a diretoria demitiu o treinador por causa dos maus resultados. Mas há quem garanta que o pomo da discórdia foi a escalação do armador Pedro Carmona, que teria sido imposta por dirigentes e empresários, o que mexeu como emocional do grupo e do treinador.

É bom lembrar que o ex-atacante Magrão é empresário de vários jogadores e genro do presidente do São Caetano. Também é bom lembrar que Pedro Carmona é bom jogador e pode, sim, ser um dos meias ao lado de Marcelo Costa.

Cabe a Sérgio Guedes decidir. Quer dizer, cabia, pois o São Caetano já anunciou a volta de Emerson Leão como substituto. Particularmente, respeito, mas discordo do jornalista Daniel Lima.

Na revista digital CapitalSocial, meu amigo-irmão concorda com a diretoria do Azulão, aposta todas as fichas em Leão e revela que Sérgio Guedes foi demitido por ser muito amigo dos jogadores, principalmente o grupo de titulares.

Não acho isso não! Entendo, inclusive, que Leão só foi melhor que Sérgio Guedes como goleiro. Os dois eram bons. Como técnico, tem mais nome, mais currículo e alguns títulos, mas não é top.

Como treinador, Leão já passou, entre outros clubes, pelos quatro grandes do futebol paulista. Na Seleção Brasileira, foi sacaneado! Mesmo assim, não o considero um grande treinador e, diferente do que acha Daniel, muito menos o vejo como "liderança pessoal inquestionável".

Pelo contrário! Leão nunca foi líder e nunca será. Não tem perfil de líder verdadeiro. Sempre teve personalidade forte e foi chefe, o que é muito diferente. Mandão, prepotente e individualista!

Leão brilhou no Santos de Robinho e Diego, mas não manja tanto de bola.Decepcionou no Corinthians, no Palmeiras, no São Paulo e no Atlético Mineiro. No São Caetano, em 2006, não titubeou quando foi convidado pelo grande Corinthians. Pegou o boné e picou a mula para a Marginal sem número.

Nunca vi em Leão um bom estrategista. Mas o vi fazendo alterações absurdas e arrumando encrenca. De preferência com algum ídolo com quem tenha de dividir as atenções. Na última passagem pelo São Paulo, pipocou feio para diretoria (Juvenal Juvêncio) no episódio Paulo Miranda.

Quanto a Sérgio Guedes, tem muito mais características de líder servidor do que de chefete de plantão, ditador. O fato de ser amigo dos jogadores não implica, necessariamente, em perda de comando. Basta ser profissional e justo!

E Guedes conhece de futebol e tem mostrado coerência nas escalações. Não quer dizer que acerte sempre, mas faz boa leitura de jogo. Além disso, tem muito mais acertos do que erros nas alterações, embora nem sempre isso signifique resultado positivo.

Também não parece lhe faltar personalidade para agir com firmeza, sem precisar gritar, e tomar as atitudes que julgar necessárias.

Não vivo o dia a dia do São Caetano, mas sei que Sérgio Guedes não é treinador só de papo furado e vamo-que-vamo. Pega no batente e exige bastante na parte tática e no aprimoramento de fundamentos.

Pois é... Talvez o competente Guedes seja amigo, estilo paizão, educado e democrático demais. Aí os dirigentes do São Caetano concluíram que a solução está na arrogância, no mandonismo, na força e no currículo de quem ainda age como o poderoso chefão.

Com ligeiras correções, o demitido poderia significar o tiro longo da consistência, da regularidade e do acesso. Já o contratado é tiro curto e tem prazo de validade de três meses, mas também pode levar o Azulão de volta à elite nacional.

Isso se, de novo, Leão não abandonar o barco em caso de convite que lhe dê maior audiência e visibilidade. Quem sabe um transatlântico!

O São Caetano troca um líder capaz mas sujeito a erros ( como na choradeira ridícula contra a arbitragem diante do ASA) por um disciplinador com méritos, mas chefe de capacidade duvidosa e por quem o boleiro não vai jogar. Leão não assume, mas adora decidir sozinho,abusar do poder e da caneta.

Leão se acha perfeito e conhecedor mor. É irônico e até deseducado quando questionado com firmeza e não encontra resposta. Garante que mudou, mas é um falso líder, que vem para assumir as rédeas de um time arrumado e mandar com mão-de-ferro, no grito.

É bom ficar atento a quem anda na contramão e ao que rola nos subterrâneos do futebol! Alguma coisa está errada no feudo do São Caetano. Talvez em quem se julga dono do clube (Nairo e cia empresarial) e não em quem comanda o time.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Azulão joga mal, chora sem razão e leva de quatro

"Não sou de reclamar, mas assim não dá. Ele está fabricando o resultado. Estão querendo tirar o São Caetano da briga. Isso é covardia. Mas temos time para ganhar aqui dentro...".

Desabafo do técnico Sérgio Guedes no intervalo do jogo contra o ASA, ontem em Arapiraca, pode ser definido como um dos mais incoerentes e patéticos dos últimos tempos. Choro de mau perdedor quando o placar ainda estava igual. Terminou 4 a 1.

Gosto do trabalho, da postura, da personalidade, da ousadia e até das entrevistas do ex-goleiro da Ponte, do Santos e da Seleção Brasileira, mas desta vez ele mandou mal, muito mal. Foi um dos culpados pela goleada.

Estava 1 a 1, e se algum time tinha motivo para reclamar era o ASA, que teve um pênalti claro de Wagner sobre Lucio Maranhão não assinalado por Gilberto Rodrigues de Castro.

Deitar falação exacerbada, totalmente sanguínea, figadal, por causa de duas ou três faltinhas no primeiro tempo, um cartão e uma distância regulamentar não respeitada numa cobrança de falta é demais.

Deu a impressão de que Sérgio Guedes estava uma arara com o futebol de várzea mostrado pelo seu time e resolveu descontar na arbitragem. Botou pilha quando o problema não era a lanterna.

O primeiro tempo do São Caetano beirou o ridículo nos três setores e no conjunto. Presa fácil de uma marcação (3-5-2) forte, o Azulão pouco criou, pouco se movimentou e pouco chegou com perigo.

Achou o gol de empate aos 16 minutos ( Wagner), um depois de ver Didira abrir o marcador após mais uma boa jogada de Lúcio Maranhão pela direita. Defesa falhou!

Destaque no campeonato, até o sistema defensivo do Azulão mostrou deficiências. A começar pela inoperância dos meias e até dos bons volantes, Moradei e Augusto Recife. Marcação não encaixou!

Contundido, Marcelo Costa fez falta na armação e na chegada. Suspenso, Gabriel fez falta na zaga. Sem contar que, do outro lado, o ASA foi ousado e abusou da rapidez e das jogadas incisivas pelas laterais do campo.

Imagino que nos vestiários o treinador tenha soltado os cachorros na arbitragem e se esquecido de orientar seu time a jogar o que sabe, com mais determinação e menos passividade.

Foi o suficiente para o Azulão voltar na segunda etapa com os nervos à flor da pele e sem conseguir fazer o jogo fluir com naturalidade. Sem futebol e sem controle emocional -- por culpa de Sérgio Guedes -- o São Caetano não poderia sonhar com desfecho diferente.

Levou uma bambuzada surpreendente mas merecida; deixou a zona de acesso e ligou o sinal de alerta após passar 16 jogos sem perder. Bambuzada começou a ser desenhada logo aos 12 minutos, quando Lucas cruzou da direita e Samuel Xavier marcou contra ao tentar salvar.

Entendo, até, que, na origem, o juizão poderia ter marcado falta sobre Augusto Recife. Nesse caso, Sérgio Guedes teria razão para reclamar. Assim como nos dois impedimentos de Danielzinho inventados pelo assistente Wilson Lima.

Vendo que a coisa estava preta, aos 18 minutos do treinador trocou o 4-4-2 estático e improdutivo pelo 4-3-3 na expectativa de ganhar movimentação, ousadia e ofensividade.

Não aconteceu nada porque o ASA manteve a eficácia na marcação e na agressividade. Além disso, Geovane e Vandinho, substitutos de Éder e Leandrão, acompanharam o descompasso de um time nervoso e improdutivo.

Por isso o ASA chegou ao terceiro gol aos 23 minutos, novamente com Didira. Marcação do São Caetano foi contemplativa no setor esquerdo e o meia acertou o ângulo esquerdo de Luiz.

Aos 30 minutos, o goleiro Gilson soltou cruzamento da direita e foi obrigado a fazer pênalti em Danielzinho. Pedro Carmona bateu aos 33, no canto esquerdo baixo, mas o goleirão pegou.

Não era mesmo o dia! E piorou aos 46 minutos, quando Lúcio Maranhão ganhou dividida com Moradei na lateral-esquerda, conduziu livre e driblou o goleiro Luiz antes de fechar a goleada.

Se em outros jogos o Azulão ganhou porque contou com a leitura precisa e o dedo do técnico na alterações, ontem o Azulão perdeu principalmente porque jogou mal e seu treinador mostrou total descontrole.

Sábado, no Anacleto Campanella, contra o Avaí, o Azulão precisa deixar de reclamar, voltar a jogar o que sabe e vencer para não se distanciar do G-4, agora cada vez na alça de mira de outros grandes clubes como Goiás, Atlético Paranaense e o próprio Avaí.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Político pode; a Jocker, não

Há cerca de 45 dias, em conversa com uma fiscal da Prefeitura de Santo André, fiz uma pergunta e recebi a resposta com absoluta clareza.

-- Mesmo sem atrapalhar ou colocar em risco a segurança do pedestre e a visibilidade dos motoristas, posso colocar um cavalete de propaganda de 0,60cm x 0,30cm. Aqui, no cantinho, só para divulgar a loja?

Educadamente, a moça foi enfática e clara:

-- Não! De forma alguma. Qualquer propaganda da loja, da farmácia, da mecânica ou da imobiliária, qualquer que seja, aí no chão, não pode. Esbarra na lei municipal e o senhor vai ser multado.

-- Mas, minha senhora, moça, não vai atrapalhar ninguém. Lá na rua Carijós eu vejo um monte de propaganda, com o dobro do tamanho...

-- É irregular; cabe multa. Se o senhor quiser correr o risco...

Com a resposta, agradeci com educação e informei meu filho Fábio, que tem uma loja de som e acessórios automotivos, a Jocker Audio Car, ali no começo da Oratório, perto do Carrefour e do posto BR.

Ontem, no entanto, o Fábio me questionou. E carregado de razão:

-- Pai, por que a gente não pode colocar uma simples placa divulgando a loja e os políticos podem fazer tudo isso aí. Olha ali na frente. Tem propaganda política de todo mundo.

-- Filhão, é mesmo! Que absurdo! Ali na ilhinha parece aquele jardim suspenso da Perimetral sobre o qual eu já escrevi. Minha nossa! Aidan, Salles, Bonome, Grana, Bahia, Marcelo, Chaves...

-- Então, Raddão, candidato pode tudo e nós não podemos nada. Para nós, a rigidez da lei e a ameaça de multa. Para estes caras, a lei abre as pernas, vale tudo. Inclusive atrapalhando quem poderia olhar a loja e até a visibilidade dos motoristas que vão entrar na Oratório. Isso é palhaçada! Dá vontade de mandar fazer uma propaganda e colocar lá no meio.

-- Pois, Filhão, para o cidadão comum, prevalece a lei; para quem tem ou procura o poder, todas as facilidades. Ninguém será punido. Tanto esses aí quanto todos que estão distribuídos nos cartazes espalhados pela cidade toda.

-- Por que você não escreve no seu blog?

-- Boa idéia! Vou escrever. Não devo nada pra ninguém. Tampouco pra político. Não tenho rabo preso. Vou dar minha opinião e fim de papo. Afinal, como sempre digo e escrevo, com raríssimas exceções, eles são muito semelhantes nas atitudes, nas omissões, nas promessas não cumpridas, no blá-blá-blá e nas incompetências.

-- Quero ver! Vai escrever mesmo? Melhor eu ir trabalhar. Afinal, nenhum político vai pagar as minhas contas.

-- Isso mesmo, ao trabalho. Mas, repito, você está certo. Tem mesmo de ficar indignado e não se omitir. Vou escrever sim!

Simples assim! Está escrito. E daí?

domingo, 26 de agosto de 2012

Show no parque-da-mãe-Joana

Hoje de manhã, por volta das 10h15min, o Parque Central estava mais para casa-da-mãe-Joana do que para um espaço público reservado ao lazer e manifestações esportivas e culturais.

Nada contra o Festival de Cultura Industrial, as bandas, o NXZero e o RPM. Portanto, absolutamente nada contra o pessoal do rock. Acho legal, interessante. O parque comporta todas as manifestações, com cadeira cativa para as musicais de alto nível.

O que não pode é, por absoluta falta de organização, comunicação, orientação, fiscalização e educação (EDUCAÇÃO!!!), os veículos ocuparem o espaço de pedestres e ciclistas.

Eventos eram encabeçados pela Prefeitura de Santo André, pelo Shopping ABC e pela Rádio Metropolitana. Portanto, todos são responsáveis pela zona, pela baderna automotiva antes dos shows. Principalmente o Poder Público, a quem cabe zelar pelo bordel.

Além dos admissíveis caminhões estacionados ao lado do palco como estrutura do evento, cheguei a contar outros 16 veículos no local. Um abuso! Como se o parque de todos nós, munícipes, fosse estacionamento particular.

Como se não bastasse, foi possível flagrar -- e cheguei a ligar para o DGABC denunciando -- cinco veículos em plena ciclovia. Um deles, uma Kombi velha, deu a volta quase completa. Motorista parecia perdido. Ou é irresponsável!

Outro carro, azul, da Rádio Metropolitana, desfilou mais de uma vez pela ciclovia, colocando a segurança das pessoas em risco. Um carro branco da Prefeitura também passou por onde não devia.

E a fiscalização, onde estava? Não vi ninguém tomar atitude, embora, por volta das 11h30min, o número de folgados no "estacionamento" já fosse menor. Talvez os carros tenham sido escondidos na parte de cima, ali perto do Sabina.

Não é a primeira vez que isso acontece. Por isso, não custa repetir a sugestão para que os acessos sejam mais regrados, liberados com extrema rigidez e apenas em caso de necessidade comprovada.

Até mesmo os "artistas" e organizadores devem respeitar as regras da boa conduta e da segurança do usuário. Caso contrário, vira zona. Sem orientação e fiscalização, vira casa-da-mãe-Joana ao ar livre. Ou parque-da-mãe-Joana?

Nós, usuários do parque, temos o direito de exigir respeito e atitude firme da administração municipal. Talvez seja pedir muito para quem se omite em casos bem mais graves.

A flecha, o estilingue e o fim da invencibilidade

Não sei se foi flechada. Afinal, o Guarani tem um índio, bugre, como símbolo. Não sei se foi uma estilingada certeira em pleno voo sem turbulência. Só sei que a invencibilidade de 16 jogos do Azulão cantador já era.

Performance do São Caetano de ontem bem diferente das partidas anteriores. Apesar da ausência do meio-campista Marcelo Costa, não era para o time cair tanto. Afinal, diretamente, não se mexeu na estrutura defensiva.

Detalhe é que o Azulão não jogou contra o vento. O Guarani ganhou de 2 a 1, de virada, porque é um time arrumado, que sabe o que quer. Por isso deu tanto trabalho.

Esquema imposto pelo técnico Vadão encurtaram o espaço do São Caetano, que, mesmo um pouco superior, só chegou duas vezes com real perigo no primeiro tempo, assim como o Guarani. Fez 1 a 0 aos 18 minutos com Éder, incumbido da armação ao lado de Pedro Carmona.

No segundo tempo, o Guarani manteve a marcação forte, liberou os laterais e enfatizou a saída rápida para o contragolpe. Como caiu de produção e não encontrou espaços, o Azulão sofreu o empate aos 18 minutos. Pênalti duvidoso de Leandrão em Ademir Sopa que Fumagalli converteu com categoria.

Após a igualdade, o São Caetano tentou acelerar o jogo. Foi mais ofensivo, mas deu espaços para um time arrumado e com personalidade. Criou e concluiu pouco, além de exagerar nas bolas esticadas ou levantadas da intermediária.

Desta vez, nem as alterações de Sérgio Guedes deram resultado: Leandrão x Somália, Pedro Carmona x Geovane e Danielzinho x Vandinho. Tanto que o Guarani teve a expulsão de Rafael Oliveira aos 33 minutos mas mesmo assim chegou ao segundo gol, aos 39: Fumagalli bateu falta da esquerda e Rodrigo Arroz desviou para o gol.

Resultado ainda mantém o São Caetano no G-4 do acesso, mas agora no perigoso quarto lugar, com 34 pontos ganhos, dois a menos que o Joinville, apenas um a mais que o Goiás e dois a mais que o Atlético Mineiro. Dois adversários diretos e fortes pela vaga.

Terça-feira o São Caetano vai a Arapiraca enfrentar o ASA.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Romário: sobrava gol; falta berço

Artilheiro de mais de mil gols, o hoje deputado federal Romário se acha acima do bem e do mal. Sempre polêmico e sem papas na língua, agora o baixinho descarrega sua metralhadora giratória no peito de Mano Menezes.

Sempre achei Romário um grande matador, mas não o colocaria entre os 10 maiores jogadores do futebol brasileiro. Muito menos mundial.

É inegável, porém, que "o cara" foi importantíssimo para o Vasco e na conquista do tetra, na Copa do Mundo de 94, nos Estados Unidos. Tinha cheiro de gol. Estava sempre no lugar certo, na hora certa. Quanta frieza para concluir!

Também é inegável que agora, como político inexperiente -- portanto, ainda sem vícios e falcatruas tão deploráveis -- tem provocado alguns transtornos aos macacos-velhos. Tem personalidade e costuma soltar o verbo. Ao contrário da maioria, ainda não é corporativista.

Também já fez isso contra o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira. E estava carregado de razão. Sem argumentos sólidos, ainda entrou em atrito e fez críticas a técnicos como Zagallo e Felipão, entre outros.

Rota de colizão chegou ainda a companheiros (ou ex) de profissão como Zico e Andrey, a quem agrediu quando seu colega no Fluminense, onde também foi pra cima de torcedores.

Na vida particular, está carregado de problemas ( e quem não tem?) envolvendo filhos, pensão alimentícia e outros quetais. Portanto, não é exemplo pleno pra ninguém.

Agora, cresce e se mete a querer derrubar Mano Menezes, a quem, como comentarista da Record, fez duras críticas antes e durante os Jogos Olímpicos de Londres.

Logo após a derrota para o México e a conquista da medalha de prata, Romário enfatizou ainda mais sua opinião pró-queda do treinador.

Como cidadão, sua opinião deve ser respeitada, lógico. Como ex-jogador, também. Discordo da opinião sobre resultado e não desempenho, mas ele tem todo direito de achar que Mano é o pior entre os piores.

Só que não faz o mínimo sentido ficar chamando o treinador de imbecil e idiota, além de "pior técnico da história da Seleção". Melhor seria ficar calado ou se limitar a críticas coerentes e respeitosas. Por isso perde a possível razão.

Imbecil? Idiota? Quem o nobre deputado pensa que é? Será que se julga com moral para adjetivar qualquer pessoa dessa forma? Ele se acha o "cara", foi "escolhido a dedo por Deus", mas não é nada disso.

O que lhe sobrava de capacidade para fazer gol é exatamente o que lhe falta como ser humano capaz de ser minimamente educado. Autenticidade e personalidade não são sinônimos de falta de respeito. Não são palavras nem características excludentes!

Mano Menezes não é unanimidade. Tem cometido alguns erros pontuais, mas, além de educado, é um bom treinador e merece ser respeitado. Discordar, faz parte. Até mesmo para alguns imbecis virtuais.

Talvez falte à seleção de Mano Menezes um artilheiro experiente, frio e implacável como Romário.

Talvez falte à vida de Romário ao menos um décimo do berço em que Mano Menezes foi criado.


Sto. André: vôlei de 11 varadas e o fundo do poço

Vítima de incompetência político-diretiva, o vôlei de Santo André está no fundo do poço. Nosso vôlei de tantas glórias está órfão de pai e mãe.

A figura do pai pode ser representada pelo gestor público capaz, líder e responsável. Infelizmente, não temos!

A mãe, talvez pudesse aparecer resumidamente no significado de três palavrinhas de peso: atenção, carinho e respeito. Infelizmente, não temos! O vôlei está órfão, assim como o esporte andreense como um todo.

Hoje, enquanto as vizinhas São Bernardo e São Caetano disputam Superliga, Liga e campeonatos paulistas na categoria Principal, Santo André é mera figurante no Sub-21

Isso mesmo, o vôlei masculino de tantas conquistas, de tanto orgulho, é simples coadjuvante da Sub-21. O vôlei octacampeão paulista com a Pirelli (de 81 a 88) e campeão ainda com o Esporte Clube Santo André (Metalúrgica São Justo) em 76, é passado.

Hoje, quem quiser ver o vôlei andreense pode ir ao mesmo Complexo Esportivo Pedro Dell'Antonia. O ginásio, que já foi pequeno, hoje é enorme. Uma imensidão!

Às moscas, com meia-dúzia de gatos pingados, o "velho" Dell'Antonia é palco de uma varada em cima da outra. Agora comandados por Madeira e Celsinho, os meninos são um verdadeiro saco de pancadas.

Em 11 jogos, o time ganhou... apenas experiência. Vitória, nada! Só derrota! Culpa dos jogadores? Lógico que não! Dos técnicos? Também não! Mais uma vez, culpa da falta de uma política esportiva decente, consistente, séria e responsável.

Pura falta de investimento e de planejamento. Portanto, também falta competência, de zelo da Prefeitura. Nos últimos anos, tanto no público quanto no privado, pouco se investiu no vôlei. Apenas na sobrevivência do Adulto, com competitividade limitada.

Agora, sem prevenção, chegamos ao limite. Exatamente porque não se planejou. Sem verba, sem patrocínio suficiente e sem visão, pela primeira vez, desde 94, o Adulto deixa de participar do Paulista.

É bom lembrar que o vôlei é caro. Principalmente ao se considerarem as taxas abusivas cobradas pela Federação Paulista de Renato Pera e pela Confederação Brasileira de Ari Graça.

Paradoxalmente, as duas entidades, comandadas há décadas pelos donos do poder eternizados no trono, são ricas. Enquanto isso, clubes como Santo André, vivem com o pires na mão.

Peneiras aqui realizadas no final de 2011 ( e início de 2012?) não deixam de ser interessantes, mas não significam crescimento consistente se não houver comprometimento e dedicação a médio e longo prazo, com os olhos no futuro.

Bolsa de estudos, alimentação e "dormitório" sob as arquibancadas, apenas para alguns, não garantem a permanência nem a evolução de ninguém. Os melhores são pinçados pelos vizinhos ou pegam o caminho da roça à procura de condições mais adequadas para quem sonha com a glória.

E Santo André fica a ver navios. A exemplo do que acontece em outras modalidades -- nem todas, lógico --, o vôlei fica sem força, sem competitividade, sem time. Por isso só leva pau.

Sem parceria privada, sem o carinho do gestor público e sem a base sólida da pirâmide, nosso vôlei fica bem próximo da insolvência. Se não legal, ao menos moral.

Lamentavelmente, parece que chegamos ao fundo do poço. Da Pirelli imbatível ao pobre Sub-21 das 11 varadas. Ninguém merece!

Sonho de voltar a sentir orgulho dos nossos campeões está cada vez mais distante. E o poço, cada vez mais fundo.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Escolares, 1º passo para alavancar o esporte

Sei que o assunto é recorrente. Também entendo que nem todo mundo tem saco para perder tempo com textos repetitivos. Por isso, antecipo pedido de desculpas e tento ser breve.

Porém, vou voltar a escrever sobre a importância dos Jogos Escolares como primeiro passo para quem sonhar brilhar no esporte. Não importa se em Santo André (em andamento), São Bernardo (por começar), São Caetano ( acho até que já terminaram) ou em qualquer cidade do Brasil.

Em ano de Jogos Olímpicos e de cobranças, de leigos e especialistas, para que se conquiste número cada vez maior de medalhas ( uma utopia palistiva), Santo André acaba de dar início à 43ª edição dos Escolares.

Em números, aqui, são 55 escolas públicas e particulares e mais de 6 mil alunos de nove a 17 anos a disputar 12 modalidades em três categorias.

Os três municípios do ABC devem investir alto e valorizar o evento em todas as suas valências, da sociabilização à competição propriamente dita. Principalmente Santo André, que parou no tempo.

Pior, nosso esporte andou pra trás. Enquanto São Bernardo e São Caetano fazem e acontecem; investem alto ( inclusive na base), colhem frutos e, no topo da pirâmide, no alto rendimento, dividem honrarias e conquistas de vulto.

Enquanto isso, a Santo André, então "capital do esporte amador", vive das glórias do passado, do desrespeito do presente e das incertezas do futuro.

Por isso, sem pressa para não atropelar o que pode ser bom, deve recuperar o tempo perdido, insistir em investimentos de valores e de competências para tirar o maior proveito de Jogos Escolares, que já revelaram tantos ídolos/heróis Brasil afora.

Então, que nossos dirigentes, técnicos, assistentes, coordenadores e professores de Educação Física estejam atentos a todos os movimentos das peças sobre esse imenso e inesgotável tabuleiro de talentos aparentemente ocultos.

Como primeiro passo pós-valorização da base, não é possível que, entre seis mil estudantes, Santo André não consiga prestar atenção nas revelações. Que tal um olheiro competente e comprometido em cada ginásio, em cada piscina, em cada tatame, em cada pista?

Com um pouco de boa vontade, com todos remando para o mesmo lado, sem fazer de conta nem escolhendo partidos e padrinhos políticos em ano eleitoral, dá pra descobrir quem leva jeito e merece oportunidade para, quem sabe, um dia representar a cidade e dela se orgulhar.

Mesmo que seja em parceria (séria e transparente) do Poder Público com empresas e escolas privadas. Por que não? O que impede, por exemplo, de o Departamento de Esportes formatar parcerias em várias modalidades com atletas infantis e juvenis?

Será que o Colégio Singular de tanta tradição educacional e esportiva não poderia patrocinar e se responsabilizar pelo vôlei competitivo nas categorias de base? E o campeoníssimo Etip, não poderia assumir o basquete?

Se a Prefeitura propuser uma parceria boa para todos os lados comprometidos, por que o Educandário Santo Antonio não pode dar bolsas de estudo e comandar o tênis de mesa? Por que o Arbos não teria condições de encampar o handebol dos adolescentes de todo o Município?

E o sonho pretensioso não para por aí: o Pueri Domus poderia apoiar a natação, o antigo Cidade dos Meninos daria uma força ao atletismo, o Pentágono patrocinaria o futsal, o Bosque ficaria com o skate e o ESI/Colégio São José abriria os braços para o judô.

Você pode estar aí pensando " é mesmo muita pretensão". Verdade! Mas, com boa vontade e conversa direta é possível pelo menos tentar recolocar, passo a passo, o esporte de Santo André no lugar que ele merece.

O evento Jogos Escolares deixou de ser atrativo ao público, mas pode, repito, ser o primeiro de muitos passos importantes para alavancar o esporte. É possível! Mesmo na terra do Prefeito Inimigo do Esporte.

sábado, 18 de agosto de 2012

Azulão sem brilho. Mas ainda invicto e 3º no G-4

Desta vez o São Caetano não brilhou nem apresentou futebol convincente no empate-vitória de hoje à tarde no Estádio Serra Dourada, em Goiânia.

Igualdade sem gols com o Goiás, adversário direto pelas quatro vagas do acesso, eleva a invencibilidade do técnico Sérgio Guedes para 16 jogos e coloca o Azulão como terceiro colocado da Série B do Campeonato Brasileiro.

Com nove vitórias, sete empates ( é muito, hein! ) e apenas duas derrotas, o São Caetano soma 34 pontos ganhos e tem aproveitamento de 63%, contra 75,9% do líder Vitória e 72,2% do Criciuma, segundo colocado.

Ataque do Azulão está no bloco intermediário, mas o sistema defensivo sofreu apenas 13 gols e ainda é o melhor do campeonato.

E hoje, mais uma vez, a defesa do São Caetano deu conta do recado. No primeiro tempo, o Goiás foi melhor e ameaçou em quatro ocasiões. O goleiro Luiz foi brilhante.

São Caetano chegou nos contragolpes, mas Danielzinho continua a falhar em fundamento decisivo no futebol. Como nos tempos de São Bernardo, o jovem atacante peca demais nas conclusões, além de abusar da individualidade.

Azulão melhorou no segundo tempo, mas não o suficiente para se impor. Administrou uma igualdade interessante e tentou ditar o ritmo, mas quase não chegou com perigo ao gol de Harley.

Já o Goiás ameaçou três vezes. Na principal delas, aos sete minutos, Yarley desperdiçou pênalti do lateral-esquerdo Fabinho sobre o lateral-direito Peter. Yarley cobrou mal e Luiz acertou o canto.

Pela última rodada do primeiro turno, o São Caetano recebe o Guarani sábado no Estádio Anacleto Campanella. Guarani está em 14º lugar. Tem um bom time e um bom técnico -- Vadão.

Só que, para quem sonha com o acesso, o Azulão precisa vencer. Não pode se dar ao luxo de aumentar a invencibilidade com novo empate. Aí a série invicta pode ser perigosa e virar enganosa.

RAMALHÃO PERDE INVENCIBILIDADE

Se o São Caetano ampliou, o Santo André perdeu a série invicta. Depois de duas vitórias e cinco empates, hoje o Ramalhão foi derrotado por 3 a 2 em Duque de Caxias.

Derrota no Rio coloca o time de Claudinei Peixoto na sétima colocação, com 11 pontos ganhos e aproveitamento de 45,8%.

Próximo adversário do Santo André será o Macaé, sábado, no Estádio Bruno Daniel. Mais uma vez, com portões fechados. Portanto, sem apoio da torcida.

Hoje, os quatro classificados do Grupo B à próxima fase da Série C do Brasileiro seriam Madureira, Caxias, Oeste de Itápolis e Chapecoense.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O torcedor, o voto e o Prefeito Inimigo do Esporte

E não é que o futebol do Esporte Clube Santo André passou a ser sinônimo de sujeito oculto? Existe, mas ninguém sabe, ninguém vê. Joga sem calor, sem vaias, sem aplausos.

Para o Poder Público, que se dane o torcedor! Há muito tempo o Estádio Bruno José Daniel vive às moscas. Quando não, serve para treinamentos do Ramalhão de tantas glórias e decepções ao longo de 45 anos de história.

Quando recebe jogos ( sem as numeradas demolidas cuja cobertura estava condenada há mais de 10 anos), os portões são fechados ao público, ao povão, por absoluta falta de vontade e competência da Prefeitura de Santo André. Incompetência e desprezo!

Irresponsabilidade pontual e tremenda negligência de Aidan Ravin, aquele que vai receber o prêmio de Prefeito Inimigo do Esporte. Sim, o prefeitão não é inimigo apenas do Santo André e do seu torcedor. Amigo da criança e inimigo do Esporte.

Tanto quanto o professor de Educação Física que comanda o Departamento de Esportes. O senhor Almir Padalino esbanja arrogância e autossuficiência. Se acha do dono da cocada preta!

O professor deveria dar exemplo como educador, mas arrota incompetência. Vomita vaidade e egoismo até mesmo no trato com os subordinados. Tudo sob o manto protetor do prefeitão, amigo do amigo da primeira-e-única-dama.

Independente dos compromissos assumidos e não cumpridos sobre a "primeira grande reforma do Estádio Bruno Daniel" e de uma bíblia de conversa mole pra boi dormir como justificativa, o prefeitão poderia pelo menos respeitar o clube e o torcedor.

Termo de Ajuste de Conduta assumido em 2010 até hoje não foi completamente cumprido pelo digníssimo diretor de Esportes. Se o prefeitão o escolheu, que responda pelas suas mazelas como gestor público.

Por isso o já sofrido torcedor do Ramalhão ainda não pode ver, de fato, a quantas anda o time comandado por Claudemir Peixoto na Série C do Brasileiro.

Torcedor-esportista não precisa cobrar prioridade, mas tem o direito de intensificar ainda mais suas reclamações com o chefe do Executivo. Assim como tem o direito de exigir atitude digna e dar uma resposta nas urnas.

Se confiar nas promessas e nas meias-verdades do homão do PTB, que reeleja o Prefeito Inimigo do Esporte. Caso contrário, cuidado! Que o torcedor também não acredite piamente nas intenções de outros candidatos não menos falastrões quando a meta é o poder.

Falar em arena multiuso e em esporte como marca de governo é a coisa mais fácil do mundo. Palavras ao vento! Grana (PT) e Bonome (PMDB) sabem disso! Mas o peixe morre pela boca!

Quero ver quem vai conquistar a sonhada parceria público privada para reerguer o que não deve ser bancado e sustentado pelo Tesouro e pelos impostos do contribuinte.

Arena multiuso, com privilégios para o futebol profissional, não é prioridade. E nisso Aidan Ravin está carregado de razão. Pena que não saiba distinguir a diferença entre prioridade e simples respeito.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

São Caetano vencedor e maduro

Ficar invicto por 15 jogos, com nove vitórias e seis empates (+ duas derrotas no início) em 17 rodadas, não é tarefa para qualquer time. Só um time de verdade apresenta performance tão invejável num campeonato tão difícil e nivelado por cima.

Um time como o São Caetano, agora liderado por um conhecedor da matéria como Sérgio Guedes. Um time sem excesso de vaidades, que privilegia o coletivo sem desprezar a individualidade; que hoje exercita a combatividade contínua e cuidadosa, mas já não abre mão da ofensividade.

Um time agora mais equilibrado nos três setores e com o melhor sistema defensivo do campeonato. Mesmo ainda longe do ideal, até o ataque melhorou um pouco. Quando laterais e meias encostam, referência e velocidade brilham e mostram competência pontual.

Vitória de 3 a 1, ontem à noite na mineira Varginha, apresentou, acima de tudo, um grupo maduro. Levou susto no início do primeiro tempo e tomou o gol no início do segundo, mas não se abalou. Também foi favorecido pela expulsão de Serginho.

Os dois gols de Leandrão no primeiro tempo e o de Geovane no finalzinho do segundo aconteceram, como se diz, na hora certa. Se bem que, gol a favor é sempre bom, independente da hora.

O primeiro ( aos 16 minutos) numa lambança em atrasada de bola longa e suicida; o segundo (aos 33) num vacilo infantil do lateral improvisado e esperteza de Marcelo Costa para olhar, cruzar e encontrar Leandrão livre. O terceiro também contou com a inteligência do meia, ontem mais dinâmico e participativo do começo ao fim.

Vitória merecida e pontos recuperados após o empate-derrota diante do Criciúma. Vitória da personalidade, da maturidade, de quem se impõe. Resultado que recoloca o Azulão entre os quatro clubes que sobem para a elite nacional em 2013.

Adversário deste sábado, fora de casa, é o tradicional Goiás, que está apenas um ponto atrás. Jogo é tão difícil quanto o de ontem na segunda etapa. Só que o time goiano não só luta pela mesma vaga como é mais forte.

Briga de cachorro grande! Grande, vencedor e maduro. Mas sujeito a recaídas por não ser perfeito. Todo cuidado é pouco!


SEM POLITICAGEM COM O REI ARTHUR

Arthur Zanetti, o rei de ouro sem espada, acaba de conquistar medalha olímpica inédita em Londres e ganhar todos os holofotes do mundo esportivo.

É bom, é prudente, que, agora, políticos de hoje e de amanhã, todos como hienas de plantão, não queiram se locupletar às custas da glória do campeão.

Que prefeito e candidatos à disputadíssima cadeira de honra do Executivo de São Caetano se limitem a homenagens mais do que merecidas. E que se olhe a ginástica artística com tanto respeito quanto as demais valências do esporte.

Quem não se lembra de que, há pouco tempo, várias modalidades foram vítimas de corte de verba discutível, e o esporte foi prejudicado pela troca do competente secretário Mauro Chekin, apeado do cargo para, naquele momento, dar lugar a um político de muitos votos.

Que novidade! Quando interessa ao poder, política e esporte também sabem andar de mãos dadas. Políticos adoram fazer política em cima do esporte. Pelo menos a maioria. Tanto quanto ignoram a necessidade de uma política esportiva de verdade.

Que a São Caetano esportiva não caia na arapuca do desrespeito! Que a coroa do Rei Arthur não seja vilipendiada por abutres bem visíveis aos olhos dos Cavaleiros da Távola Redonda.

Que a medalha de ouro de Arthur Zanetti sirva como partícula de resposta a todos que teimam em menosprezar, a ignorar o esporte. Como na Santo André de Aidan Ravin, o "prefeito inimigo do esporte".

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Time de ouro; medalha de prata

Medalha de prata, principalmente em Jogos Olímpicos, é motivo de orgulho, mas para muitos tem o amargo sabor de derrota. Diferente da de bronze, normalmente conquistada com vitória.

O vôlei do Brasil disputou as três últimas finais olímpicas. Ganhou ouro em Atenas, prata em Pequim e... e ficou bem perto da medalha de ouro agora, em Londres.

Um time de ouro; uma medalha de prata. Uma geração de ouro, que ganhou todos os títulos possíveis no voleibol mundial. Uma geração que não pode ser execrada apenas porque ganhava de 2 a 0 e levou a virada dos russos.

Não jogamos para não ganhar, mas precisamos aprender a perder. Precisamos assimilar as derrotas, aprender com as derrotas. Precisamos entender que não jogamos contra o vento. Respeito é bom, e os russos mereceram, souberam ganhar.

Assim como jamais deixarão de merecer admiração e respeito Giba, Rodrigão, Serginho, Ricardinho e Dante, que devem ter dado adeus à Seleção Brasileira. Adeus, mas não sem antes nos encherem de orgulho com vitórias e títulos inesquecíveis ( incluindo três mundiais) sob o comando de Bernardinho.

Bernardinho que volta a ser questionado porque "só" ganhou a medalha de prata. Que absurdo! Parem com isso! Passionalismo exacerbado, no futebol, já é inadmissível. No vôlei, então, nem pensar.

O técnico da Seleção Brasileira não precisa provar mais nada, pra ninguém. Não precisa ganhar nada; já ganhou tudo que podia. Vítima de imbecis virtuais, que não sabem nada de esporte, Bernardinho merece, isto sim, uma estátua.

Será que esses escribas mal-educados e desinformados se lembram que Bernardinho ganhou medalha de prata como levantador da Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Los Angeles, em 84? Era reserva do nosso eterno capitão William.

Será que esses dependentes químicos do ouro sabem que o cara foi medalha de bronze dirigindo as meninas em Atlanta-96 e Sidney-2000? Sim, as nossas meninas.

Será que esses babacas de plantão têm memória tão curta que não se lembram do ouro em Atenas-2004 e da prata em Pequim-2008, em jornadas memoráveis?

Deu pra contar? São seis medalhas olímpicas. Seis!!! Assim como o tricampeão olímpico Zé Roberto Guimarães, técnico das meninas (bi) de ouro, Bernardinho merece sem respeitado e lembrado eternamente pelo torcedor brasileiro. E ninguém é melhor que ninguém.

Nosso vôlei tem um time de ouro, que deve se orgulhar da medalha de prata. Bernardinho (e Vera Mossa) tem um filho de ouro. Bruninho deve se orgulhar de um pai/treinador como poucos, de ouro, muitos ouros.

Como pai e avô, tenho certeza de que Bernardinho sofreu em dobro quando viu seu filho, no pódio, com os olhos marejados. As lágrimas de Bruninho são café pequeno se comparadas à dor de um pai.

Alguém dúvida de que Bernardinho trocaria todas as suas conquistas olímpicas pelo prazer de ver uma medalha de ouro no peito do filho? Se você duvida, me desculpe, mas você não sabe o que é ser pai.

Um time de ouro, um técnico de ouro, uma geração de ouro, um vôlei de ouro. Simples assim! Por isso, mais respeito com os nossos ídolos!

Ramalhão e Azulão, o sobe-e-desce dos invictos

O Santo André está invicto há sete jogos; empatou muito, mas ainda não perdeu no Campeonato Brasileiro da Série C.

O São Caetano está invicto há 14 jogos; sob o comando de Sérgio Guedes, ainda não perdeu na Série B do Brasileiro.

O Santo André tem a melhor defesa e o pior ataque do Grupo B; tomou e marcou apenas seis gols, menos de um, em média, por jogo.

O São Caetano tem a melhor defesa e o décimo ataque da difícil Série B; tomou apenas 12 gols e fez apenas 21. Pouco para quem sonha com o acesso.

No final de semana o Ramalhão ganhou do Caxias de 2 a 1 no Bruno Daniel, ainda sem a presença do torcedor, e assumiu o quinto lugar no Grupo B.

Agora, com duas vitórias e cinco empates, time de Claudemir Peixoto e Sérgio do Prado está bem perto do G-4 que leva à próxima fase.

No final de semana, também em casa, mas com apoio da limitada torcida, o forte e regular Azulão foi bem, mas deu sopa para o azar; perdeu inúmeras ocasiões para matar o jogo, mas, em falha de marcação, tomou o empate ( 1 a 1 com o líder Criciúma) nos acréscimos.

Com oito vitórias, seis empates e apenas duas derrotas, o São Caetano ampliou a invencibilidade para 14 jogos, mas caiu o quinto lugar; ficaria fora dos quatro clubes que voltam à elite do futebol nacional.

No sobe-e-desce dos invictos, os dois jogam fora na próxima rodada: amanhã, o Azulão vai até Varginha, no Sul de Minas, para pegar o Boa Esporte; neste final de semana o Ramalhão joga em Duque de Caxias.

Adversários não são fortes, mas isso não significa que o Grande ABC não corra riscos. É bom não facilitar. Jogos assim são perigosos. Mesmo para quem ostenta invencibilidades.

sábado, 11 de agosto de 2012

Um homem de aço e 12 meninas de ouro

José Roberto Lages Guimarães nasceu a 31 de julho de 1954 em Quintana, interior de São Paulo. Mas se criou mesmo, para o esporte, aqui em Santo André.

Foi aluno do tradicional Américo Brasiliense e enveredou pelo vôlei pelas mãos do saudoso professor Valderbi Romani, técnico da Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Munique, em 72.

Os pais queriam que o menino fizesse Medicina ou Engenharia, mas o gosto pelo esporte, e pela arte de ensinar, o levaram a cursar Educação Física. Na nossa Fefisa.

São-paulino ( não poderia ser perfeito), o estudioso e meticuloso Zé Roberto sempre adorou esportes, especialmente o futebol, mas optou definitivamente pelo vôlei que fez história em Santo André. Ja antevia um futuro de sucesso.

Como levantador, dos bons, passou pelo inesquecível Randi, Aramaçan e Metalúrgica São Justo (ECSA), o time do presidente Acyr de Souza Lopes que acabara de encampar o futebol profissional, agora como Esporte Clube Santo André.

Sem contar a Pirelli de Moreno e William, dois ícones do vôlei mundial. Encerrou carreira na Itália, em 81, não sem antes, em 76, ser um dos levantadores da Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Montreal.

Como treinador, um sem-número de títulos. Destaques para as medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 92, em Barcelona, dirigindo o masculino, e em 2008 (Pequim) comandando as meninas.

Para coroar uma carreira fantástica, agora há pouco, em Londres, Zé Roberto se consagrou como único brasileiro a conquistar três ouros olímpicos.

Seu livro preferido é o Poderoso Chefão. Exatamente o que Zé Roberto não é. É líder por excelência, por isso tantas conquistas. Um líder que comanda como líder; cobrando com conhecimento de causa e mostrando o caminho de vitórias que parecem impossíveis.

Pra ser sincero, na última Liga Mundial não senti a mão firme desse líder amigo. Havia algo de estranho, em certo desânimo. Talvez algum problema particular ou mesmo a percepção do fim de um ciclo invejável.

Na fase classificatória, também não observei uma postura positiva, participativa. O velho Zé, de tantas batalhas, não inspirava nem passava confiança.

As meninas, então bem próximas do precipício, da vala comum reservada a perdedores sem luta, pouco importando se seis delas haviam conquistado a medalha de ouro em Pequim, estavam meio que sem norte.

Hoje, porém, assim como depois do jogo épico contra as russas, foi diferente. Assisti à volta, a presença, a atitude forte, nada contemplativa, do verdadeiro líder, do homem de aço, que acredita no sonho.

O campeão voltou!!! Por isso as campeãs voltaram. Por isso o Brasil enfiou 3 a 1 nos Estados Unidos, devolveu na mesma moeda a derrota da primeira fase e conquistou o bi olímpico.

Primeiro set das meninas de ouro foi ridículo. Levamos incríveis 25 a 11, sem ver a cor da bola. Os demais foram excepcionais ( 25 a 17, 25 a 20 e 25 a 17), com muita vibração, igual determinação em todos os fundamentos.

Sem contar a grande atuação de Jaqueline, que defendeu com o brilhantismo de sempre e atacou como nunca. Tanto que fez 18 pontos e foi a melhor da decisão. Também porque obedeceu o líder e foi pra cima do paredão americano ("Bate no meio do bloqueio", dizia Zé Roberto).

O filme preferido de Zé Roberto? Em algum lugar do passado. Exatamente onde o treinador deve ter buscado inspiração para dar a volta por cima, se superar e conquistar uma medalha ( no caso, a terceira) só reservada a quem não desiste; jamais.

Assim são os líderes de verdade. Assim foi o nosso homem de aço no comando de 12 meninas de ouro.

Prata! CBF poderia doar os R$ 4 milhões

Como em Los Angeles-84 e Seul-88, o futebol do Brasil é medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres.

No Estádio de Wembley, diante de mais de 86 mil pessoas, o Brasil perdeu do México de 2 a 1 e, mais uma vez, o inédito ouro olímpico não passou de um sonho.

Como cada um dos 18 jogadores receberia R$ 180 mil em caso de título, a rica Confederação Brasileira de Futebol acaba de economizar mais de R$ 4 milhões, considerando-se a Comissão Técnica.

Resultado é decepcionante para quem queria a medalha dourada, mas não pode significar imediata caça às bruxas, como se tudo estivesse errado e todos fossem culpados.

A começar pelo técnico Mano Menezes, que não é unanimidade e não tem a confiança irrestrita do presidente da CBF, José Maria Marin. Mas não pode ser o bode expiatório de todos os pecados da Seleção.

Mano é culpado pela contusão que tirou o titular Rafael dos Jogos? Ficamos sem goleiro de confiança. Agora, pós derrota, fica fácil dizer que um dos três jogadores acima dos 23 anos deveria ser um goleiro experiente.

Mano é culpado pela incrível presepada do lateral-direito Rafael, logo aos 28 segundos da decisão? O gol de Peralta foi o mais rápido da história olímpica e abalou drasticamente a postura dos nossos jogadores.

Só nos refizemos do susto depois dos 15 minutos e só passamos a jogar como Brasil depois dos 30, quando, em desvantagem, o treinador, trocou o 4-2-2-2 pelo 4-2-1-3 ao fazer entrar o atacante Hulk no lugar do meia improvisado Alecsandro.

Mais ofensivo e determinado, o Brasil chegou três vezes com perigo. Por que não entrou assim? Aí o treinador errou. Não fez a leitura correta nos jogos anteriores.

Mano é culpado por Neymar ter sido presa fácil da marcação no primeiro tempo? Treinador sempre alertou que o jogador do Santos precisava se reinventar para fugir da marcação forte e dobrada. Muricy também!

Embora falho nas conclusões, Neymar se reinventou no segundo tempo, quando não se restringiu ao setor esquerdo e encontrou algum espaço para fazer o que sabe: jogar futebol como poucos. Mas a bola não entrou.

Mano é culpado exclusivo pelas admissíveis atuações irregulares do jovem quarto-zagueiro Juan? Talvez pudesse escalar Bruno Uvini, mas não mudaria muito.

Mano é culpado pela ansiedade e pelas boas oportunidades perdidas no segundo tempo com Neymar, Hulk e Oscar? Claro que não!

Mano é culpado pelos espaços dados aos mexicanos depois dos 15/20 minutos do segundo tempo? Talvez, mas não sozinho. Era preciso ousar para tentar chegar ao empate. Daí as trocas de volante, meia e lateral por atacantes de ofício.

Talvez um exagero, porque número de atacantes não é sinônimo de espaços, criatividade, inteligência e competência para botar a bola pra dentro. O México era um exemplo de determinação na marcação e jogava no 9-1-0. Havia muita gente naquela metade do campo.

Mano é culpado pela falha da arbitragem ao inventar falta absurda de Marcelo, lá na lateral-esquerda e que originou o segundo gol dos mexicanos? Lógico que não!

Mano é culpado pela falha infantil de marcação nesse mesmo gol? Peralta estava próximo de Hulk, mas se desgarrou para aparecer sozinho à frente dos zagueiros e concluir de cabeça, de forma indefensável para Gabriel, que pouco antes já vira o bom Fabian perder duas oportunidades.

No gol, o ideal seria algum zagueiro interno ter colado no atacante mais alto do México; ou mesmo alguém mas acostumado com tal situação e que não se limitasse a acompanhar a trajetória da bola. Falha foi conjunta e não do treinador.

Mano é o único culpado pela irregularidade, pela oscilação da nossa seleção? Claro que não! Abalada no início, melhor no final do primeiro tempo, no início e no final do segundo, mesmo sem ser brilhante, a Seleção só viu o México encontrar espaços generosos e perigosos entre 15 e 30 minutos da segunda etapa.

Foi o suficiente. Dominamos! Pressionamos mas não tivemos competência para fazer o gol! Ninguém pode dizer que não faltou vontade e que a seleção pipocou. É preciso valorizar a conquista dos mexicanos.

Mano é culpado pela bola de Oscar não ter entrado nos acréscimos, três minutos depois de Hulk ter diminuído o placar e dado esperanças ao torcedor brasileiro? Também não!

Mano não é perfeito, também errou, mas não é único responsável pela derrota. Só que a cultura brasileira só valoriza os vencedores. No caso do futebol, prata é lata. Por isso, infelizmente, Mano Menezes está com os dias contados. Ou seriam horas?

Só pra completar: já que é tão rica, bem que a CBF poderia doar aqueles R$ 4 milhões a entidades assistenciais que tanto necessitam para cuidar de crianças, idosos, indigentes e pessoas com deficiência.

Sei que é pedir demais, mas, já que o espírito olímpico parece passar ao largo quando se oferece dinheiro para ganhar, que se tenha ao menos grandeza de espírito.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Placas BRA-2521. Como campeões!

Mais uma vez, o vôlei brasileiro encantou. Mais uma vez, a torcida cantou. Não sei se o campeão voltou; só sei que o campeão voltou... a jogar como campeão.

Os meninos do Brasil simplesmente atropelaram a Itália. Os meninos do Brasil me fizeram voltar no tempo e lembrar da nossa Pirelli imbatível e das nossas seleções douradas.

Ainda bem que um dia tivemos os exemplos de Moreno, Mané, Negrelli, Décio, Emerson, Zé Roberto, Cica, Flavio, Ronaldo e William, nosso eterno capitão e um dos melhores levantadores do mundo.

Que bom ter visto jogarem Montanaro, Xandó, Amaury, Renan, Bernard, Pampa, Bernardinho, Marcelo Negrão, Geovanni, Carlão, Paulão, Xande, Douglas, Giba, Maurício, Gustavo, Nalbert e tantos outros campeões.

Hoje, no encontro dos melhores e maiores campeões das últimas décadas, nosso vôlei parecia enfrentar a Tanzânia, e não a Itália que acabara de eliminar os Estados Unidos, os campeões de Pequim.

Para uma semifinal olímpica, a Itália foi um fiasco. Insegura, perdida taticamente, eivada de erros técnicos e sem poder de reação, a melhor escola do vôlei mundial nos anos 90 foi humilhada, atropelada.

Talvez nenhum italiano tenha conseguido anotar as placas da carreta que despencou ladeira a baixo. As placas começavam com as letras BRA. Os dois primeiros números eram 25, com certeza.

Quanto ao complemento, melhor ajudar nossos respeitáveis irmãos atordoados: 21. Sim, melhor ficarmos com o 21 do primeiro e do terceiro set. Pra quê lembrar o vexatório 25 a 12 (isso mesmo, doze) do segundo set.

Então, ficamos assim: pilotada com segurança e maestria pelo jovem levantador Bruninho, a carreta verde e amarela, de Santo André, placas BRA-2521, passou por cima de um time limitado a bons saques, mas sem forças para encarar o desafio.

O valoroso conteúdo da carroceria carregada de tática, confiança, personalidade, vibração (e respeito à história) tinha um complemento insuperável: competência para aliar força, determinação e inteligência em todos os fundamentos técnicos.

Decisão da medalha de ouro vai ser domingo, contra os russos. Só que não são os mesmos russos da primeira fase. Aqueles, derrotados por nós por 3 a 0, já deram a volta por cima. Agora, o momento já é outro.

É a mesma história das nossas meninas, que decepcionaram na classificatória e amanhã defendem o título olímpico diante das americanas, para quem perdemos por 3 a 1 e ainda fomos ajudados.

Afinal, elas venceram a Turquia e nos deram a oportunidade de chegar às quartas-de-final, quando fizemos um jogo histórico, emocionante,quase perfeito, na vitória diante das favoritas russas. Se as americanas perdessem (entregassem o jogo pensando no futuro), estaríamos eliminados.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cutucado, o vôlei dá a volta por cima

Pra ser sincero, eu não botava muita fé no vôlei olímpico do Brasil. Por motivos diferentes, e justificáveis, tanto no masculino quanto no feminino, o desempenho nos últimos tempos não era de campeões.

Pois é, mas a fila anda, o vento muda e o sonho de medalhas está mais vivo do que nunca. No feminino, sem passar pelo sufoco das quartas-de-final contra a Rússia, o Brasil eliminou o Japão em apenas 83 minutos.

Um 3 a 0 tranquilo até demais. Técnica e taticamente perfeito, o time de José Roberto Guimarães nem se incomodou com a fama de defesa quase impenetrável das japonesas.

Defendemos e sacamos com eficiência incomum; e atacamos e contra-atacamos com a mesma alta produtividade dos últimos jogos. Especialmente com Sheilla e Thaísa, sempre municiadas com precisão pela levantadora Dani Lins.

Surpreendentemente, o Brasil da superação teve paciência para administrar cada ponto. Ao contrário, o Japão se perdeu em todos os fundamentos. Até mesmo no controle emocional, que não é fundamento técnico mas é fundamental para quem quer vencer um advrsário em evolução.

Decisão diante dos Estados Unidos ( 3 a 0 na Coréia do Sul) será sábado e vai repetir a final olímpica de Pequim, quando ganhamos de 3 a 1. Aparentemente, o momento americano é melhor. Mas momento não é sinônimo de ouro na véspera.

No masculino, que também retomou a confiança, a volta por cima está prestes a se concretizar. Semifinal de amanhã diante dos italianos está com cheiro de novo passeio. Como foi contra nossos irmãos argentinos.

No vôlei de praia masculino, juro que não dava nada para a dupla alemã. Mas perdemos e ficamos com a medalha de prata. Como franco-atiradores, diante dos teoricamente favoritos Emanuel e Alisson, os alemães venceram por 2 a 1.

No feminino, ontem, Juliana e Larissa, que também sonharam como o ouro, ficaram com a também importante medalha de bronze ao superar a dupla da Coréia do Sul.

Na praia ou na quadra, o nosso vôlei está onde merece. Não deu ouro na areia, mas fora dela parece mesmo que o campeão voltou, como cantou a torcida após o atropelamento das nossas meninas sobre as japonesas.

Quem mandou cutucar a onça com vara curta?

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Basquete sem medalha, mas de gente grande

O basquete masculino do Brasil acaba de ser eliminado dos Jogos Olímpicos. Não traz medalha, mas volta de cabeça erguida, de novo jogando como gente grande, sem ficar a dever para as potências mundiais.

A derrota de 82 a 77 para a fortíssima seleção argentina não desmerece um trabalho sério, que deve ser mantido e, se possível, melhorado, para se colham frutos na Copa América de 2011 e nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Foi um jogo de elevada performance técnica e tática, em que prevaleceu o equilíbrio. Decidido nos detalhes, como o baixo aproveitamento (50%) nos nem sempre valorizados lances livres. Perdemos de cinco pontos, mas desperdiçamos 12 lances livres. Basquete de alto nível não permite tamanho desperdício.

Apesar de não conseguir evitar os arremessos de fora da Argentina, o primeiro quarto do Brasil foi muito bom. Ganhamos de 26 a 23 com belo desempenho do armador Marcelino Huertas, o cestinha do jogo com 22 pontos.

No segundo e no terceiro quartos, no entanto, o Brasil não só deixou de pontuar com desenvoltura como não melhorou a marcação. Deu espaços em demasia para os arremessos certeiros de Scola, Ginobili e Delfino. Perdemos de 23 a 14 e de 18 a 14.

No terceiro quarto, o Brasil passou pelo seu pior momento defensivo -- estranhamente, não utilizou o pivô Anderson Varejão -- e chegou a estar 15 pontos atrás.

No último quarto, com a Argentina demonstrando certo desgaste físico, o Brasil foi mais agressivo na defesa e não deu tanto espaço para a conclusão em pleno equilíbrio, sem pressão.

Ofensivamente, mesmo sem brilho nas infiltrações, o Brasil reduziu a diferença para apenas dois pontos quanto faltavam cinco minutos. E nos deu esperanças de vitória.

Quando faltava um minuto e meio, a diferença era de três pontos, mas o Brasil desperdiçou dois ataques e a Argentina aproveitou.

Em final tenso e emocionante, os argentinos fecharam o clássico sul-americano com cinco pontos de vantagem e estão na semifinal das Olimpíadas. O Brasil ganhou o quarto de 23 a 18 mas não adiantou.

Ao Brasil, ficam o consolo do quinto (ou sexto?) lugar e a certeza de que estamos no caminho certo. Voltamos a disputar os Jogos Olímpicos como gente grande. Não ganhamos, mas não somos perdedores.

As semifinais estão definidas: Estados Unidos x Argentina e Espanha x Russia.

NO VÔLEI, DEU BRASIL

Se no basquete da tarde deu Argentina, no vôlei da manhã deu Brasil, com sobras. Sem dificuldade, a equipe de Bernardinho foi bem superior tecnicamente, confirmou evolução na competição e fez 3 a 0 sem dificuldades.

Na semifinal, sexta-feira, Serginho, Murilo, Wallace e cia vão pegar a experiente Itália, que derrotou os campeões de Pequim, os Estados Unidos, também por 3 a 0. Italianos foram os melhores do mundo na década de 90. Ultimamente, tem dado Brasil.

Na outra classificatória de hoje, a Rússia enfiou 3 a 0 na forte Polônia e na semifinal vai pegar a Bulgária, que superou a Alemanha, também por 3 a 0.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Medalhas, sonhos e a dura realidade olímpica

César Cielo sonhou com a medalha de ouro e ganhou a de bronze nos 50m livres. Como campeão olímpico, não se contentou. Está certo! Mas nós, brasileiros, ficamos felizes e orgulhosos do nadador de Santa Bárbara do Oeste.

Thiago Pereira não sonhou com medalha nos 400m medley mas vibrou com a prata ao chegar na frente do fenômeno Michael Phelps. Projetou medalha nos 200 medley e deu com os burros n'água. Agora, certa decepção. Mas nós, brasileiros, de novo ficamos orgulhosos. "Vai Thiago".

A piauiense Sarah Menezes entrou no tatame para ganhar medalha e ganhou. Sonhou com o ouro e ganhou ouro. Judoca foi recebida no Piauí como heroina e transbordou de felicidade. Nós também. Muito!

A gaúcha Mayra Aguiar projetou medalha de ouro mas parece que não se decepcionou com a de bronze. Outro motivo de orgulho para o judô e para o esporte nacional. Porto Alegre é só alegria.

Outro gaúcho, Felipe Kitadai talvez nem tenha sonhado com medalha, mas conquistou um bronze com sabor de ouro. Méritos para quem treina feito louco e supera obstáculos aparentemente intransponíveis. Desfile em carro aberto, Corpo de Bombeiros, é o mínimo.

O "pequenino" Baby, com quase 150 quilos de simpatia e dedicação, também ganhou bronze no judô. Nem sei se sonhou, mas ganhou com méritos e merece nossos aplausos.

Ainda no judô de tantas medalhas, os campeões Leandro Guilheiro e Thiago Camilo sonharam com medalha de ouro e voltaram com o peito vazio. Nem por isso precisam abaixar a cabeça, nem deixam de nos orgulhar.

Assim como Rafaela Silva. Sonhou com o ouro, aplicou golpe irregular e, desclassificada, acabou em prantos. Decepção de uma campeã que ralou para chegar ao topo e agora é humilhada e discriminada por cretinos virtuais, que a fizeram perder a paciência na Internet. Criticar é admissível; ofender, jamais. Nossa judoca vale ouro. E esses imbecis de plantão não valem nada.

No iatismo, o fabuloso Robert Scheidt com certeza sonhou com a medalha de ouro. Como campeão olímpico e mundial, ficou frustrado com o bronze. Nós, não! Só temos motivos para enaltecer as conquistas de Scheidt.

Quanto ao seu parceiro, Bruno Prada, deveria dar a medalha de bronze de presente aos "melhores dirigentes políticos esportivos do mundo", elogiados pelo medalhista em entrevista como capazes de convencer o COB a não excluir a classe Star em 2016, no Rio. Jeitinho?

Na ginástica artística, o andreense Diego Hipólito e a gaúcha Daiane dos Santos sonharam com um ouro inédito e deram com a cara no chão. Acontece! Não é por isso que vão deixar de merecer nosso respeito eterno. São ícones, são heróis solitários no país do futebol.

Outro ginasta, Sérgio Sasaki, de São Bernardo, não voltou com medalha, mas ficou entre os 10 melhores do mundo e por isso também nos faz sentir orgulho e reconhecimento. Um campeão sem medalha.

Arthur Zanetti, de São Caetano, foi medalha de prata no Mundial de Tóquio e agora ganhou ouro nas argolas. Com certeza, sonhou com o ouro e acordou com a medalha no peito. Orgulho é pleonasmo, redundância. O menino Arthur é o nosso rei de ouro sem espada.

No atletismo, nossa saltadora campeã mundial Fabiana Murer, da BM&F-Bovespa/São Caetano, sonhou alto demais e ficou no alto sarrafo da realidade. Queria ouro e voltou com a vara na mão.

Culpa do "vento", mais conhecido como incompetência emocional. É magnífica, mas amarelou! Nem por isso deixa de merecer nosso respeito eterno. Ofendê-la pelas redes sociais é um pecado. Imperdoável!

Maurren Maggi, campeã olímpica e uma das favoritas no salto em distância, não passou da fase classificatória. Com 36 anos e recém-recuperada de lesão muscular,a filha de São Carlos não quer encerrar carreira, mas parece ter chegado ao limiteda superação.

É outra vítima do Facebook e dos desbocados ocultos, protegidos pelo anonimato virtual. Maurren jamais deixará de ser nossa grande campeã. Obrigado, meninona!

No vôlei masculino e no feminino, sonhamos com medalha e ainda estamos no páreo. Independente de conquistas, somos dourados. Ninguém tira!

No vôlei de praia, sonhamos com medalhas de ouro tanto no masculino quanto no feminino. O masculino vai disputar ouro e o feminino a medalha de bronze, com Juliana e Larissa. Parece pouco pra elas, mas muito pra nós.

No futebol masculino, ainda não convecemos mas vamos fazer a final contra os mexicanos. É preciso jogar mais para ganhar a inédita medalha de ouro e a grana da CBF.

Sinceramente, para a maioria do pessoal do futebol, ganhar ou não a medalha de ouro não vai fazer tanta diferença. Eles não ralam um décimo dos outros atletas olímpicos.

A imensurável honra de defender o País numa Olimpíada não combina com premiação de R$ 180 mil prometida pela CBF. Soa como ofensa a tantos outros atletas mais guerreiros, mais dedicados e menos endinheirados.

No feminino, Marta, Cristiane e cia sonhavam com a inédita medalha de ouro mas abusaram da individualidade e da falta de organização tática. Dançaram diante do Japão e a medalha virou pesadelo.

As meninas são as menos culpadas. CBF nada em dinheiro mas não consegue nem promover um campeonato brasileiro decente. Se fôssem campeãs, o oba-oba seria geral. E agora?

Nosso basquete masculino viajou pensando em medalha e não está fora da luta. Tem tido desempenho exemplar e agora pega a Argentina. Parada indigesta. Se passar, vai encarar provavelmente os favoritos americanos. Aconteça ou que acontecer, merecem aplausos.

Já o feminino falava em medalha da boca pra fora. Não deu outra. Voltamos cabisbaixos, sem passar da primeira fase. Culpa das meninas? Também não! Nosso campeonato nacional é pobre; as excepcionais Hortência e Paula são doce passado. Que tal trabalhar mais e valorizar o conjunto, a base e os jovens talentos?

No boxe, já temos dois bronzes garantidos e podemos chegar ao ouro. Guerreiros desde crianças, no entorno da periferia da periferia sem ao menos saneamento básico, no fundo dos grotões, nossos heróis lutam primeiro pelo próprio direito de viver. Merecem respeito, acima de tudo.

Enfim, independente da modalidade e das condições oferecidas, os atletas quase sempre sonham com medalha. Mesmo que seja pura utopia, sonham um sonho impossível. E nós cobramos. Às vezes sem base, sem argumentos. E falamos besteiras.

Humilhamos, até, aquele ser humano que treina feito um cavalo, luta com todas as suas forças, mas está sujeito a falhas. Como todos nós. Pode até ficar com medo de perder, mas merece ser perdoado. Suas conquistas não podem cair no esquecimento.

Nossa realidade olímpica é bem diferente dos nossos sonhos. No país do futebol, ser ídolo em outra modalidade já é um ato de heroísmo. Ser atleta olímpico é uma proeza de poucos.

Por isso, todos, todos os nossos representantes esportivos devem ser respeitados. Com ou sem vitória; com ou sem medalha.

Que sejam cobrados os dirigentes descompromissados. Aqueles normalmente eternizados no poder. Aqueles nobres senhores, arrogantes e cínicos, que se adonam do esporte como se fosse sua propriedade.

Que sejam emparedados todos homens públicos responsáveis pela insuficiência de investimentos e pela inexistência de uma política de Educação Física e esporte (educacional, social, formativo e de alto rendimento) de longo prazo; consistente, abrangente e digna.

Medalha não deve ser prioridade, senhor ministro do Esporte!. Apenas consequência de um trabalho sério, que vise inicialmente à formação de cidadãos de bem, a serem inseridos na sociedade. Simples assim! Basta ter vontade e vergonha na cara!

Show de superação das meninas do vôlei

As meninas do vôlei acabam de derrotar a Rússia por 3 a 2 e se classificar para as semifinais dos Jogos Olímpicos de Londres. Adversário será o Japão, que superou a China, também por 3 a 2.

Foram dois grandes jogos. O show do Brasil não significa um atropelamento ou uma primazia técnica e uma perfeição tática. Foi um show de determinação para defender o que parecia indefensável.

Um exemplo de perseverança, de superação, de quem jamais desiste. Espírito olímpico foi o verdadeiro uniforme de nossas meninas.

Ao contrário do que a seleção mostrou na primeira fase, quando por pouco não ficou de fora ao perder dos Estados Unidos e da Coréia do Sul, e vencer Turquia, China e Sérvia. Um sufoco!

O quarto lugar do Grupo B levou nossa seleção a cruzar com a primeira colocada do A. Era o reencontro com as então favoritas russas, que nos venceram no Mundial de 2010, no Japão. Era duelo com o adversário que batemos na final da Olimpíada de Pequim.

Jogo de hoje mostrou que nossas meninas estão recuperadas psicologicamente dos deslizes da primeira etapa e voltam a ser sérias candidatas ao título. Clássico mundial de agora há pouco mostrou o contagiante poder de reação das brasileiras.

Perdemos o primeiro set, ganhamos o segundo; perdemos o terceiro, ganhamos o quarto e fomos para o tie-break. As russas tiveram seis match-points e contaram com erros da arbitragem, mas não fecharam porque o Brasil defendeu muito. Não desistiu jamais!

E Sheilla, que já foi considerada a melhor do mundo, voltou a brilhar ao chamar a responsabilidade de decidir. Não deu outra! Sob a batuta da levantadora Dani Lins e com ataques potentes e certeiros de Sheilla, o Brasil não se entregou e fechou em 21 a 19, com Fabiana.

Se de manhã, no handebol, o choro foi de tristeza e frustração, à tarde, no vôlei, as lágrimas foram de alegria e superação.

Contra as japonesas, expectativa é de nova partida de alto nível técnico e tático, com forte conteúdo emocional. Afinal, é uma semifinal olímpica. Japão defende mais que a Rússia.

Além de manter a vibração e o baixo índice de erros, Brasil vai precisar defender como hoje, bloquear um pouco mais e sacar no limite para dificultar a boa recepção japonesa.

Encaramos o bicho-papão. Mas não deu!

Acordei pouco antes das 6h. Ainda estava escuro. Nos fundos do quintal, o sabiá madrugador entoava seus últimos e atrapalhados cantos de aprendiz.

Era um dia especial. Afinal, nosso handebol feminino tinha grande oportunidade de vencer a Noruega e entrar para a história olímpica.

Diante do bicho-papão ( campeã europeia, mundial e olímpica), as brasileiras fizeram um primeiro tempo quase irrepreensível e enfiaram 13 a 9 em norueguesas visivelmente abaladas.

Na segunda etapa, no entanto, tudo mudou. Abrimos seis (15 a 9), mas fizemos apenas seis gols e tomamos 12. No final, derrota por 21 a 19, frustração, lágrimas e o fim do sonho. Encaramos o bicho-papão sem medo, de peito aberto, mas não deu.

O primeiro tempo do Brasil foi muito bom: 4 a 2, 6 a 3, 8 a 5... Concentração, confiança, intensidade e diversidade ofensiva; postura, força e determinação na marcação.

Após cinco/seis minutos de certo marasmo e muitos erros dos ataques, o Brasil fez 9 a 5, 9 a 6, 11 a 7, sempre atacando com rapidez e em seguida forçando o erro ofensivo das multicampeãs.

Aos 24 minutos o time do dinamarquês/brasileiro Morten Soubak fez 13 a 8, mostrando reais condições de chegar pela primeira vez às semifinais dos Jogos Olímpicos.

Mesmo com uma jogadora a menos, perdendo três ataques seguidos e ficando seis minutos sem marcar, o Brasil manteve a pegada defensiva e fechou a primeira etapa com convincentes 13 a 9, frutos de um handebol de gente grande.

O começo do segundo tempo deu a impressão de que o ritmo não cairia e de que desta vez a vaga não escaparia. Aos três minutos, o Brasil ganhava de seis gols (15 a 9). A Noruega só diminuiu para 15 a 10 aos seis minutos.

Porém, daí até o final o jogo foi totalmente diferente: 15 a 11, 15 a 12, 15 a 13 e a Noruega subindo, subindo. Muita força na marcação e contragolpes rápidos e mortais.

E o Brasil caindo, caindo. Técnica e psicologicamente. Tanto que só foi fazer o 16º gol aos 10, sete minutos depois de abrir 15 a 9. Aos 13, as brasileiras fizeram 18 a 15 com Dara, dando a impressão de que o intenso ritmo de bela reação das campeãs seria quebrado.

No entanto, mesmo com as boas defesas da goleira Chana, as norueguesas chegaram à igualdade aos 22 minutos ( 18 a 18) e passaram à frente antes dos 19.

O Brasil só voltou a marcar 11 minutos depois ( aos 24) com Daniela fazendo 19 a 19. Pouco, diante de um time forte e agora confiante, exatamente o oposto do momento brasileiro, que não conseguia superar a defesa e a goleira norueguesa.

Aos 26 minutos, em mais um contra-ataque rapidíssimo, a Noruega fez 21 a 19 e não deu mais chances às brasileiras, que, agora dominadas pela ansiedade, viam escapar pelos vãos dos dedos a maior oportunidade de ir além.

No final, frustradas e visivelmente decepcionadas, nossas meninas, desoladas, choravam e lamentavam ter desperdiçado tantos ataques. As lágrimas da goleira Chana eram o retrato mais fiel de quem sabia que, apesar da boa campanha, era possível manter o sonho da medalha inédita.

Agora, são exatamente 8h. O dia já está claro e o sabiá aprendiz já se calou. Talvez à espera do meu pedaço de mamão diário. Se ainda cantasse, seria a melodia triste de quem acaba de se perder no caminho dos vencedores. Mesmo assim, valeu, meninas do Brasil!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Arthur, um rei de ouro sem espada.

Tinha de ser nas ilhas britânicas! Tinha de ser exatamente nos Jogos Olímpicos de Londres!

Afinal, de acordo com a história medieval e até mesmo os romances, por lá brilhou a lendária figura do Rei Arthur.

Foi lá que, diz a lenda, o menino Arthur realizou a proeza que desafiava adultos ao arrancar a espada da pedra e virar rei.

Foi lá que, no século VI, o rei Arthur criou os Cavaleiros da Távola Redonda, impediu a invasão dos saxões e comandou o império do bem, da justiça.

E foi exatamente lá que, hoje cedo, 15 séculos depois, brilhou outro Arthur. O nosso Arthur! Um guerreiro genuinamente brasileiro!

Com apenas 22 anos, o também menino de 1,56m, da nossa São Caetano (SERC Santa Maria), acaba de fazer história ao ganhar a primeira medalha olímpica do Brasil na ginástica artística.

O menino descoberto aos 7 anos por um professor de Educação Física ( desculpem a modéstia, mas só podia ser) e hoje dirigido por Marcos Goto não vai virar lenda.

Arthur também não vai virar rei nem comandar um império. Mas já é o novo herói solitário da ginástica artística brasileira.

Não arrancou a espada mágica da pedra, mas viveu um dia de magia ao somar 15.900 pontos e conquistar a medalha de ouro ao superar o chinês Chen Yibinf, campeão mundial e olímpico.

Arthur Nabarrete Zanetti entra para o livro de ouro do esporte. Não precisou de exércitos. Não precisou de cavalos, armaduras, nem espadas.

Apenas de argolas. Simples argolas e muita dedicação. O guerreiro de mãos limpas nos enche de orgulho. Arthur é o nosso rei de ouro sem espada. Os deuses do Olimpo o reverenciam.

domingo, 5 de agosto de 2012

Quem tem medo de bicho-papão?

Ninguém assumia, mas ninguém queria! Ninguém esperava! Não adiantou torcer para que não acontecesse. Já que aconteceu, não adianta lamentar. Se correr o bicho pega; se ficar o bicho come.

Então, vamos pra cima do bicho-papão, que também atende pelo nome de Noruega. Sim, o handebol das norueguesas acaba de perder da Espanha de 25 a 20 e vai ser o adversário do Brasil na terça-feira olímpica.

Tudo porque os deuses do Olimpo resolveram conspirar; contestaram um destino que parecia traçado. O normal seria a Noruega, campeã olímpica e mundial, ficar com o primeiro lugar do Grupo B; ficou em quarto, atrás de França, Espanha e Coréia do Sul.

No Grupo A, a tendência era o Brasil ficar em segundo, terceiro ou quarto, pelo menos atrás de Rússia e Croácia. Mas nossas meninas brilharam e ficaram em primeiro.

Moral da história: o cruzamento olímpico nos coloca diante do considerado bicho-papão. Pelo menos na teoria, as norueguesas eram e são favoritas. Mas na prática, no momento, agosto de 2012, não é bem assim.

Se não, vejamos: quinto colocado no Mundial de 2011 em São Paulo, o Brasil encerra a primeira fase em primeiro com uma derrota (diante da Rússia) e quatro vitórias (Croácia, Montenegro, Grã-Bretanha e Angola).

A última delas ocorreu hoje cedo, com 29 a 26 sobre as angolanas depois de 14 a 9 na primeira etapa. Brasileiras foram sempre superiores, chegaram a abrir nove gols, mas deram sopa pro azar nos sete minutos finais, relaxaram, perderam a concentração e por pouco não foram surpreendidas.

Já a Noruega terminou com a última vaga do Grupo B após perder da França e da Espanha, empatar com a Coréia do Sul e vencer apenas Suécia e Dinamarca. Por sinal, um grupo com jeitão de zoológico. Cheio de fera!

Quer dizer que a campanha das brasileiras é bem superior. Quer dizer que nosso momento técnico e psicológico é mais consistente. Quer dizer que o bicho-papão pode ter perdido os dentes e estar tontinho; talvez ferido de morte.

Quer dizer que não podemos apenas reverenciar e respeitar em excesso. Outro detalhe: últimos amistosos foram parelhos, decididos nos detalhes. Estamos confiantes e em ascensão; elas, aparentemente, abaladas e descendo do topo da pirâmide.

Quer saber? Quem tem medo de bicho-papão?

sábado, 4 de agosto de 2012

Azulão volta ao G-4. Com o dedo do técnico

O São Caetano está de volta ao G-4 do acesso à elite do futebol brasileiro. Agora há pouco, em Paranaguá, derrotou o Atlético Paranaense por 1 a 0.

O gol de Geovane, no segundo tempo, faz o Azulão chegar a 29 pontos ganhos e amplia para 13 jogos a invencibilidade do técnico Sérgio Guedes.

E essa é mais uma vitória com o dedo do técnico. Antes das entradas de Pedro Carmona e Geovane nos lugares dos burocráticos Marcelo Costa e Éder, o São Caetano se posicionou num 4-4-2 com a eficiência defensiva de sempre, mas a falta de criatividade e ofensividade de quase sempre.

Depois das alterações, no início do segundo tempo, o Azulão adotou um 4-2-1-3 com dois volantes, um armador e três atacantes. Foi o suficiente para manter a competência na marcação ( melhor sistema defensivo do campeonato), acelerar as movimentações ofensivas e chegar ao gol.

O escanteio da esquerda encontrou a cabeça de Somália, depois a de Eli Sabiá e em seguida a de Geovane e o gol. Abalado, desentrosado e sem força, o Atlético só chegou uma vez com real perigo de empatar, enquanto que o São Caetano ainda teve mais duas oportunidades.

Importante vitória é suficiente para recolocar o Azulão no grupo dos quatro melhores (Criciuma, Vitória e Goiás são os outros integrantes do G-4) e manter regularidade imprescindível para quem sonha com o acesso.

RAMALHÃO: INVENCIBILIDADE ENGANOSA

Mas invencibilidade não é privilégio do São Caetano. Na Série C do Campeonato Brasileiro, o Santo André também está invicto. Hoje, não saiu do zero em Juiz de Fora, diante do lanterna Tupi.

No entanto, a invencibilidade do Ramalhão é, paradoxalmente, perigosa e enganosa. Por que? Por que o time de Claudemir Peixoto só ganhou um dos seis jogos que disputou.

São cinco empates e apenas oito pontos ganhos em 18 disputados, o que o coloca na sétima colocação do Grupo B. Mesmo também com a melhor defesa do campeonato (sofreu apenas três gols), o Ramalhão não passaria à próxima fase.

Os melhores sistemas defensivos das séries B e C são dos invictos do Grande ABC. Mas invencibilidades distintas: uma real, outra enganosa. Cuidado!

O vento, a pipoca e o medo de não ganhar

No momento em que vi a cena, fiquei triste; chocado, até. O estádio lotado, a pista e as áreas de salto recheadas de atletas olímpicos.

Desolada, desorientada, perdida, com olhar vago, a quilômetros de distância, ali estava mais uma vítima da derrota surpreendente. A grande saltadora brasileira Fabiana Murer, atleta de São Caetano patrocinada pela BM&F, acabara de ser eliminada pelo vento.

Sim, isso mesmo, pelo vento, segundo justificativa da própria campeã mundial do salto com vara. Favorita à medalha de prata e com possibilidades de desbancar a russa Yelena Ysinbaieva, recordista mundial, Fabiana Murer sonhou com o ouro e perdeu do vento.

Sim, depois de duas tentativas frustradas de passar o sarrafo a 4,55m, a brasileira abortou a terceira incursão por causa do vento. Ao se preparar outra vez e dar as primeiras passadas, parou novamente e estourou o minuto regulamentar.

Alegou que o vento estava ainda mais forte e que não saltou porque poderia se machucar. Era prioritário preservar a integridade física, segundo a atleta.

Aquela mesma que em Pequim, quatro anos atrás, ficou em décimo lugar porque sumiram com sua vara predileta, específica para o salto daquele momento. Fabiana também decepcionou em 2011, quando era favorita e foi derrotada no Pan de Guadalajara.

E agora, além do vento, justifica que alterou a forma de saltar há pouco tempo e ainda não está totalmente adaptada. Daí a oscilação. Argumentos não colam! Vento é para todas e alteração de forma de saltar não é do dia pra noite.

Respeito muito o atleta brasileiro, quase sempre um herói solitário, um exemplo de vida normalmente de origem humilde. Um guerreiro, sem tanto apoio, que treina feito um cavalo e realiza, no peito, sonhos quase impossíveis.

Porém, lamento sinceramente, mas não posso concordar com a atitude (ou falta de?) da nossa excepcional Fabiana. O que vi hoje de manhã me deixou decepcionado. Primeiro, pela frustração de quem treina e se prepara tanto para a conquista e, na hora H, dá tudo errado.

Segundo, porque foi chocante, intrigante, a falta de espírito olímpico, de determinação. Independente do vento, tinha de saltar. Mesmo que se arrebentasse em nome da "pátria" ou do orgulho próprio. Fiquei triste com a falta de gana com que tantas vezes nossos olhos já foram premiados em competições olímpicas.

Antes do primeiro salto para 4,55m Fabiana já demonstrava tensão. No segundo, então, a musculatura facial retesada indicava que algo estava errado. Na terceira, não me contive. Avisei minha esposa, Angela, que a brasileira estava com medo de saltar, com medo de errar. Não deu outra!

Dizem que o medo de perder tira a vontade de ganhar. Se não tira, é meio caminho andado para perder. O segredo é saber administrar. Parece que com Fabiana acontece outro "fenômeno", além do medo de perder e do próprio vento.

Dá a impressão, pelas últimas decepções, que Fabiana não pode aparecer com favorita a medalha em competições com alto índice de importância e idêntica carga de adrenalina, ansiedade e estresse.

Parece que ela sentiu o peso da responsabilidade e ficou com medo de (não) ganhar. Afinal, representa o sonho de milhões de brasileiros. Lamentavelmente, fiquei com a impressão de que Fabiana pipocou.

Sei que o verbo é pesado, mas não tira todos os méritos das conquistas da campeã brasileira. A brisa virou vento, o vento virou furacão, o furacão virou pesadelo, o pesadelo virou medo e o medo virou fiasco.

Puro complexo de inferioridade. Mais uma vez, ficamos na metade do caminho por falta de competência emocional. Nada que um bom psicólogo não pudesse ajudar a resolver. Se é que Fabiana não tem tal assessor.

Tomara que Maurren Maggi, outra grande campeã (no salto em extensão) que às vezes também costuma tremer e até ficar mais perto de lesões musculares em duelos da elite internacional, não seja vítima dos mesmos ventos.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Handebol nas semifinais olímpicas? Não duvide!

Já classificado às quartas-de-final dos Jogos Olímpicos, o handebol feminino do Brasil perdeu de quatro gols ( 31 a 27) da Rússia.

Motivo suficiente para que alguns comentaristas de ocasião deitassem falação sem argumentação minimamente convincente. Sem conhecimento de causa, é melhor ficar calado.

A Seleção Brasileira, bem dirigida pelo dinamarquês Morten Soubak, não foi brilhante, mas pouco se lembram de enaltecer as virtudes de um adversário vice-campeão olímpico em Pequim e sexto colocado no Mundial do Brasil, perdendo exatamente para as nossas meninas.

Com jogo agressivo, tanto na defesa quanto no ataque, e muita precisão e rapidez na transição, as russas se impuseram. Mas o jogo foi equilibrado. Decidido nos detalhes.

Se as brasileiras não desperdiçassem três tiros de sete metros (pênaltis) e não errassem tantos passes, propiciando contragolpes mortais, o resultado seria mais apertado. Poderíamos inclusive vencer.

Quanto a derrotar Angola e ainda almejar o primeiro lugar no grupo, não vai mudar muita coisa. As potências mundiais ( exceção à Rússia) estão na outra chave, a da morte.

Noruega (campeã olímpica e mundial), Espanha, Coréia do Sul, França, Suécia e Dinamarca ( já eliminada) têm tradição e estão no topo do ranking mundial.

Nos últimos anos, quem merece respeito ao quadrado é mesmo a Noruega, que hoje fez um grande jogo e superou a Dinamarca por um gol. Como o cruzamento do mata-mata é olímpico, estamos praticamente livres do teórico bicho-papão e da forte França.

Por isso, qualquer que seja o adversário da próxima fase, o Brasil, motivado e com os nervos no lugar, tem condições de passar para a semifinal e manter o sonho da medalha olímpica. A histórica primeira meta, ficar entre os oito melhores, já foi atingida. Com méritos!

Meninas, é hora de reavaliar para voltar a vencer!

As meninas do futebol e do basquete estão fora dos Jogos Olímpicos de Londres. Surpresa para alguns; lógica para outros tantos. Resta, a ambas as modalidades, reavaliar trabalho, conjunto de procedimentos e de investimentos se quiser voltar a vencer.

Eternas sonhadoras e favoritas à medalha de ouro, as feras do futebol perderam das japonesas campeãs mundiais por 2 a 0, enquanto que o basquete foi superado pelo Canadá por 79 a 73.

Hoje, assim como nas últimas competições mais importantes, nosso futebol feminino fez lembrar o Santos de Neymar e Ganso eliminado pelo (time do) Corinthians na Libertadores.

O coletivismo organizado e tático superou o individualismo artístico -- bonitinho mas ordinário --, nem sempre objetivo e vencedor.

Como se não bastasse a falta de apoio integral à modalidade e de campeonatos motivadores, nosso futebol feminino é assim. Depende de estrelas que nem sempre brilham. Principalmente em situações estressantes, de altíssima competitividade.

Além de não brilharem, Marta e Cristiane parecem querer resolver tudo sozinhas. Dão a impressão de não se bicar. Fica a sensação de que há algo de estranho nas relações das jogadoras brasileiras.

Enquanto o Japão foi exemplar como equipe, marcando muito e jogando com competência tática, física e emocional, e muita inteligência, tanto defensiva quanto ofensivamente,o Brasil foi o oposto.

Lento, apático, burocrático, mal posicionado defensivamente, errando passes e prendendo a bola em demasia do meio pra frente, permitindo o reposicionamento das japonesas, o Brasil mereceu perder.

Que a derrota de hoje sirva de lição não só às jogadoras, mas, principalmente, ao comando diretivo do futebol brasileiro. Não basta cobrar medalhas; é preciso apoiar e respeitar.

Assim como o futebol, nosso basquete feminino (que perdeu todas até agora) também precisa ser repensado. Sem revelações e com campeonatos sofríveis, de baixo nível técnico e competitivo, o Brasil não tem saída a curto prazo.

Não se preparou para a repor peças de porte como Hortência e Paula ( e Janeth em menor escala) ou se impor pela força do conjunto, que vem desde a base, e agora vai necessitar de trabalho a longo prazo -- pelo menos um ou dois ciclos olímpicos - se quiser voltar a sonhar com conquistas internacionais de relevância.

A realidade de nossas meninas do futebol e do basquete está bem longe do ideal para quem ousa sonhar com medalha olímpica. Que a resposta dos nossos dirigentes seja convincente e que o trabalho para o futuro já comece amanhã. Sem desculpas esfarrapadas.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Treino de luxo do futebol contra o rugby

No encontro entre o país do futebol e o do rugby, deu futebol. E nem poderia ser diferente. Os neozelandeses não têm qualquer intimidade com a bola de futebol tão idolatrada pelos brasileiros desde criança.

Foi um treino de luxo em plenas Olimpíadas de Londres. Os 3 a 0, com gols de Danilo, Leandro Damião e Sandro foram consequência de uma superioridade quilométrica.

Mesmo com vários reservas, o time de Mano Menezes não encontrou qualquer dificuldade para chegar ao gol da Nova Zelândia em várias oportunidades. Goleiro Gabriel, um dos reservas aproveitados, foi espectador privilegiado.

Adversário do Brasil nas quartas-de-final será Honduras, que agora há pouco empatou de 0 a 0 com o Japão. Ambos fizeram com que a favorita Espanha voltasse pra casa mais cedo.

Já o futebol feminino, também classificado e em busca do inédito ouro olímpico, foi decepcionante ontem, diante da Grã-Bretanha.

Não jogou bem, perdeu de 1 a 0 e ainda viu as britânicas desperdiçarem pênalti defendido por Andréia. Além do nervosismo e da correria, as meninas do Brasil voltaram a abusar a individualidade sem objetividade.

Se não melhorar a performance coletiva na próxima fase, já diante das fortes japonesas, nossa seleção vai continuar sonhando com a medalha de ouro. Nada mais!

Um passeio das meninas do handebol

Conforme previsto, a Seleção Brasileira de Handebol Feminino não teve qualquer dificuldade para superar a Grã-Bretanha e se classificar para as quartas-de-final dos Jogos Olímpicos.

Foi um passeio em ritmo de treino, com 17 a 8 no primeiro tempo e 30 a 17 no final. Sem tradição na modalidade, a Grã-Bretanha foi presa fácil para as comandadas do dinamarquês Morten Soubak.

Diferença de qualificação é tão grande que as brasileiras se deram ao luxo de, por displicência, cometer muitas erros de passes e de posicionamento defensivo. Transição para o ataque, sem permitir o contragolpe, também foi falha.

Tudo perdoável para quem já está pensando nos próximos adversários -- Rússia e Angola -- e nas quartas-de-final, quando, se passar por adversário tradicional e muito forte (talvez Dinamarca, Suécia ou Noruega) chegará ao seu melhor resultado na história olímpica.

Vôlei de encher os olhos

O vôlei apresentado pela Seleção Brasileira diante da Rússia, nos Jogos Olímpicos de Londres, foi de gente grande, de encher os olhos.

O placar de 3 a 0 sobre adversário tão credenciado à medalha de ouro quanto Polônia, Estados Unidos e Sérvia foi até menos importante do que a grandeza e a consistência com a qual o Brasil o construiu.

Do primeiro ao último ponto os meninos-homens de Bernardinho deixaram claro que estão recuperados da má fase, também provocada por lesões em peças essenciais.

Ontem o Brasil foi homogêneo. Teve força e personalidade. Teve técnica e tática ( especialmente no saque) de fazer inveja e botar medo nos candidatos à douradinha tão cobiçada.

Nossa seleção também esteve concentrada, foi vibrante e briguenta nos três sets. Se mantiver o ritmo, ratificando a recuperação, volta a ser favorito ao ouro olímpico. Coisas (boas) do esporte!

Azulão pega pedreira, cria pouco e deixa G-4

O empate de 0 a 0 com o bem armado Vitória, ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella, aumenta a invencibilidade do São Caetano para 12 jogos, mas tira momenaneamente o Azulão do G-4 do acesso à elite do futebol nacional.

Além disso, serve para provar que a equipe de Sérgio Guedes atingiu a regularidade de resultados mas não a homogeneidade e o equilíbrio setoriais. Tem um sistema defensivo sólido -- o melhor da Série B com apenas 11 gols sofridos --, mas ainda fica a dever no setor ofensivo. Também porque pouco cria.

Diante de um time com esquema (e variantes) parecido, o Azulão encontrou uma pedreira que deve servir de lição. Ambos defenderam bem, mas o time baiano teve mais posse de bola e foi mais contundente quando saiu em bloco para o ataque.

O São Caetano só chegou com perigo real em bolas paradas (Éder de falta e Gabriel em cabeçada pós-escanteio) ou quando, raramente, soltou os laterais. Como no último lance do jogo, quando Pedro Carmona acertou o travessão e Samuel Santos (que iniciou a jogada pela direita em diagonal) desperdiçou o rebote ao cabecear desequilibrado. Se fosse mais alto, talvez fizesse o gol.

No todo, meio-campo e ataque do Azulão pouco produziram. Desta vez Sérgio Guedes poderia ter trocado Éder ou Marcelo Costa por Pedro Carmona antes. Somália também poderia ter entrado antes no lugar de Leandrão.

Talvez a expulsão de Wagner, aos 15 minutos do segundo tempo, tenha pesado. O detalhe é que com um a menos e com o Vitória mais ofensivo o Azulão foi melhor. Também porque encontrou espaços.

Com o resultado, o São Caetano deixa o G-4 (Criciuma, Vitória, América de Natal e América Mineiro) e ocupa o quinto lugar com 26 pontos, sete vitórias, cinco empates, duas derrotas e 61,9% de aproveitamento, assim como América de Natal, América Mineiro e Goiás.

Após 14 rodadas, ASA, Guaratinguétá, Barueri e Ipatinga seriam os rebaixados à Série C. Próximo jogo do Azulão será sábado, em Curitiba, contra o Atlético Paranaense.