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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Encaramos o bicho-papão. Mas não deu!

Acordei pouco antes das 6h. Ainda estava escuro. Nos fundos do quintal, o sabiá madrugador entoava seus últimos e atrapalhados cantos de aprendiz.

Era um dia especial. Afinal, nosso handebol feminino tinha grande oportunidade de vencer a Noruega e entrar para a história olímpica.

Diante do bicho-papão ( campeã europeia, mundial e olímpica), as brasileiras fizeram um primeiro tempo quase irrepreensível e enfiaram 13 a 9 em norueguesas visivelmente abaladas.

Na segunda etapa, no entanto, tudo mudou. Abrimos seis (15 a 9), mas fizemos apenas seis gols e tomamos 12. No final, derrota por 21 a 19, frustração, lágrimas e o fim do sonho. Encaramos o bicho-papão sem medo, de peito aberto, mas não deu.

O primeiro tempo do Brasil foi muito bom: 4 a 2, 6 a 3, 8 a 5... Concentração, confiança, intensidade e diversidade ofensiva; postura, força e determinação na marcação.

Após cinco/seis minutos de certo marasmo e muitos erros dos ataques, o Brasil fez 9 a 5, 9 a 6, 11 a 7, sempre atacando com rapidez e em seguida forçando o erro ofensivo das multicampeãs.

Aos 24 minutos o time do dinamarquês/brasileiro Morten Soubak fez 13 a 8, mostrando reais condições de chegar pela primeira vez às semifinais dos Jogos Olímpicos.

Mesmo com uma jogadora a menos, perdendo três ataques seguidos e ficando seis minutos sem marcar, o Brasil manteve a pegada defensiva e fechou a primeira etapa com convincentes 13 a 9, frutos de um handebol de gente grande.

O começo do segundo tempo deu a impressão de que o ritmo não cairia e de que desta vez a vaga não escaparia. Aos três minutos, o Brasil ganhava de seis gols (15 a 9). A Noruega só diminuiu para 15 a 10 aos seis minutos.

Porém, daí até o final o jogo foi totalmente diferente: 15 a 11, 15 a 12, 15 a 13 e a Noruega subindo, subindo. Muita força na marcação e contragolpes rápidos e mortais.

E o Brasil caindo, caindo. Técnica e psicologicamente. Tanto que só foi fazer o 16º gol aos 10, sete minutos depois de abrir 15 a 9. Aos 13, as brasileiras fizeram 18 a 15 com Dara, dando a impressão de que o intenso ritmo de bela reação das campeãs seria quebrado.

No entanto, mesmo com as boas defesas da goleira Chana, as norueguesas chegaram à igualdade aos 22 minutos ( 18 a 18) e passaram à frente antes dos 19.

O Brasil só voltou a marcar 11 minutos depois ( aos 24) com Daniela fazendo 19 a 19. Pouco, diante de um time forte e agora confiante, exatamente o oposto do momento brasileiro, que não conseguia superar a defesa e a goleira norueguesa.

Aos 26 minutos, em mais um contra-ataque rapidíssimo, a Noruega fez 21 a 19 e não deu mais chances às brasileiras, que, agora dominadas pela ansiedade, viam escapar pelos vãos dos dedos a maior oportunidade de ir além.

No final, frustradas e visivelmente decepcionadas, nossas meninas, desoladas, choravam e lamentavam ter desperdiçado tantos ataques. As lágrimas da goleira Chana eram o retrato mais fiel de quem sabia que, apesar da boa campanha, era possível manter o sonho da medalha inédita.

Agora, são exatamente 8h. O dia já está claro e o sabiá aprendiz já se calou. Talvez à espera do meu pedaço de mamão diário. Se ainda cantasse, seria a melodia triste de quem acaba de se perder no caminho dos vencedores. Mesmo assim, valeu, meninas do Brasil!

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