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sábado, 11 de agosto de 2012

Prata! CBF poderia doar os R$ 4 milhões

Como em Los Angeles-84 e Seul-88, o futebol do Brasil é medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres.

No Estádio de Wembley, diante de mais de 86 mil pessoas, o Brasil perdeu do México de 2 a 1 e, mais uma vez, o inédito ouro olímpico não passou de um sonho.

Como cada um dos 18 jogadores receberia R$ 180 mil em caso de título, a rica Confederação Brasileira de Futebol acaba de economizar mais de R$ 4 milhões, considerando-se a Comissão Técnica.

Resultado é decepcionante para quem queria a medalha dourada, mas não pode significar imediata caça às bruxas, como se tudo estivesse errado e todos fossem culpados.

A começar pelo técnico Mano Menezes, que não é unanimidade e não tem a confiança irrestrita do presidente da CBF, José Maria Marin. Mas não pode ser o bode expiatório de todos os pecados da Seleção.

Mano é culpado pela contusão que tirou o titular Rafael dos Jogos? Ficamos sem goleiro de confiança. Agora, pós derrota, fica fácil dizer que um dos três jogadores acima dos 23 anos deveria ser um goleiro experiente.

Mano é culpado pela incrível presepada do lateral-direito Rafael, logo aos 28 segundos da decisão? O gol de Peralta foi o mais rápido da história olímpica e abalou drasticamente a postura dos nossos jogadores.

Só nos refizemos do susto depois dos 15 minutos e só passamos a jogar como Brasil depois dos 30, quando, em desvantagem, o treinador, trocou o 4-2-2-2 pelo 4-2-1-3 ao fazer entrar o atacante Hulk no lugar do meia improvisado Alecsandro.

Mais ofensivo e determinado, o Brasil chegou três vezes com perigo. Por que não entrou assim? Aí o treinador errou. Não fez a leitura correta nos jogos anteriores.

Mano é culpado por Neymar ter sido presa fácil da marcação no primeiro tempo? Treinador sempre alertou que o jogador do Santos precisava se reinventar para fugir da marcação forte e dobrada. Muricy também!

Embora falho nas conclusões, Neymar se reinventou no segundo tempo, quando não se restringiu ao setor esquerdo e encontrou algum espaço para fazer o que sabe: jogar futebol como poucos. Mas a bola não entrou.

Mano é culpado exclusivo pelas admissíveis atuações irregulares do jovem quarto-zagueiro Juan? Talvez pudesse escalar Bruno Uvini, mas não mudaria muito.

Mano é culpado pela ansiedade e pelas boas oportunidades perdidas no segundo tempo com Neymar, Hulk e Oscar? Claro que não!

Mano é culpado pelos espaços dados aos mexicanos depois dos 15/20 minutos do segundo tempo? Talvez, mas não sozinho. Era preciso ousar para tentar chegar ao empate. Daí as trocas de volante, meia e lateral por atacantes de ofício.

Talvez um exagero, porque número de atacantes não é sinônimo de espaços, criatividade, inteligência e competência para botar a bola pra dentro. O México era um exemplo de determinação na marcação e jogava no 9-1-0. Havia muita gente naquela metade do campo.

Mano é culpado pela falha da arbitragem ao inventar falta absurda de Marcelo, lá na lateral-esquerda e que originou o segundo gol dos mexicanos? Lógico que não!

Mano é culpado pela falha infantil de marcação nesse mesmo gol? Peralta estava próximo de Hulk, mas se desgarrou para aparecer sozinho à frente dos zagueiros e concluir de cabeça, de forma indefensável para Gabriel, que pouco antes já vira o bom Fabian perder duas oportunidades.

No gol, o ideal seria algum zagueiro interno ter colado no atacante mais alto do México; ou mesmo alguém mas acostumado com tal situação e que não se limitasse a acompanhar a trajetória da bola. Falha foi conjunta e não do treinador.

Mano é o único culpado pela irregularidade, pela oscilação da nossa seleção? Claro que não! Abalada no início, melhor no final do primeiro tempo, no início e no final do segundo, mesmo sem ser brilhante, a Seleção só viu o México encontrar espaços generosos e perigosos entre 15 e 30 minutos da segunda etapa.

Foi o suficiente. Dominamos! Pressionamos mas não tivemos competência para fazer o gol! Ninguém pode dizer que não faltou vontade e que a seleção pipocou. É preciso valorizar a conquista dos mexicanos.

Mano é culpado pela bola de Oscar não ter entrado nos acréscimos, três minutos depois de Hulk ter diminuído o placar e dado esperanças ao torcedor brasileiro? Também não!

Mano não é perfeito, também errou, mas não é único responsável pela derrota. Só que a cultura brasileira só valoriza os vencedores. No caso do futebol, prata é lata. Por isso, infelizmente, Mano Menezes está com os dias contados. Ou seriam horas?

Só pra completar: já que é tão rica, bem que a CBF poderia doar aqueles R$ 4 milhões a entidades assistenciais que tanto necessitam para cuidar de crianças, idosos, indigentes e pessoas com deficiência.

Sei que é pedir demais, mas, já que o espírito olímpico parece passar ao largo quando se oferece dinheiro para ganhar, que se tenha ao menos grandeza de espírito.

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