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sábado, 11 de agosto de 2012

Um homem de aço e 12 meninas de ouro

José Roberto Lages Guimarães nasceu a 31 de julho de 1954 em Quintana, interior de São Paulo. Mas se criou mesmo, para o esporte, aqui em Santo André.

Foi aluno do tradicional Américo Brasiliense e enveredou pelo vôlei pelas mãos do saudoso professor Valderbi Romani, técnico da Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Munique, em 72.

Os pais queriam que o menino fizesse Medicina ou Engenharia, mas o gosto pelo esporte, e pela arte de ensinar, o levaram a cursar Educação Física. Na nossa Fefisa.

São-paulino ( não poderia ser perfeito), o estudioso e meticuloso Zé Roberto sempre adorou esportes, especialmente o futebol, mas optou definitivamente pelo vôlei que fez história em Santo André. Ja antevia um futuro de sucesso.

Como levantador, dos bons, passou pelo inesquecível Randi, Aramaçan e Metalúrgica São Justo (ECSA), o time do presidente Acyr de Souza Lopes que acabara de encampar o futebol profissional, agora como Esporte Clube Santo André.

Sem contar a Pirelli de Moreno e William, dois ícones do vôlei mundial. Encerrou carreira na Itália, em 81, não sem antes, em 76, ser um dos levantadores da Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Montreal.

Como treinador, um sem-número de títulos. Destaques para as medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 92, em Barcelona, dirigindo o masculino, e em 2008 (Pequim) comandando as meninas.

Para coroar uma carreira fantástica, agora há pouco, em Londres, Zé Roberto se consagrou como único brasileiro a conquistar três ouros olímpicos.

Seu livro preferido é o Poderoso Chefão. Exatamente o que Zé Roberto não é. É líder por excelência, por isso tantas conquistas. Um líder que comanda como líder; cobrando com conhecimento de causa e mostrando o caminho de vitórias que parecem impossíveis.

Pra ser sincero, na última Liga Mundial não senti a mão firme desse líder amigo. Havia algo de estranho, em certo desânimo. Talvez algum problema particular ou mesmo a percepção do fim de um ciclo invejável.

Na fase classificatória, também não observei uma postura positiva, participativa. O velho Zé, de tantas batalhas, não inspirava nem passava confiança.

As meninas, então bem próximas do precipício, da vala comum reservada a perdedores sem luta, pouco importando se seis delas haviam conquistado a medalha de ouro em Pequim, estavam meio que sem norte.

Hoje, porém, assim como depois do jogo épico contra as russas, foi diferente. Assisti à volta, a presença, a atitude forte, nada contemplativa, do verdadeiro líder, do homem de aço, que acredita no sonho.

O campeão voltou!!! Por isso as campeãs voltaram. Por isso o Brasil enfiou 3 a 1 nos Estados Unidos, devolveu na mesma moeda a derrota da primeira fase e conquistou o bi olímpico.

Primeiro set das meninas de ouro foi ridículo. Levamos incríveis 25 a 11, sem ver a cor da bola. Os demais foram excepcionais ( 25 a 17, 25 a 20 e 25 a 17), com muita vibração, igual determinação em todos os fundamentos.

Sem contar a grande atuação de Jaqueline, que defendeu com o brilhantismo de sempre e atacou como nunca. Tanto que fez 18 pontos e foi a melhor da decisão. Também porque obedeceu o líder e foi pra cima do paredão americano ("Bate no meio do bloqueio", dizia Zé Roberto).

O filme preferido de Zé Roberto? Em algum lugar do passado. Exatamente onde o treinador deve ter buscado inspiração para dar a volta por cima, se superar e conquistar uma medalha ( no caso, a terceira) só reservada a quem não desiste; jamais.

Assim são os líderes de verdade. Assim foi o nosso homem de aço no comando de 12 meninas de ouro.

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