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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Sem futebol convincente e sem IPTU extorsivo

-- E aí, grande irmão, tudo bem? Tá ocupado?

-- Não. Pode falar.

-- Você viu que suspenderam o aumento abusivo do IPTU?

-- Ainda bem. Uma extorsão!

-- Concordo! Mas não liguei pra isso.

-- Se for pra ir andar em Paranapiacaba, eu não vou não. Só depois de me vacinar contra a febre amarela. Lá tem aquele macaquinho, hospedeiro do mosquito maldito.

-- Não, nada disso. Quero falar do Santo André.

-- Então fala...

-- Cal, ainda bem que a gente não foi no Bruno Daniel hein!

-- Por quê?

-- Porque o  nosso Santo André não jogou nada. E ainda nos livramos da chuva.

-- Verdade meu amigo. Vi o jogo pelo SporTV. Que sorte hein!  O empate de 1 a 1 até que ficou de bom tamanho.

-- Brincadeira! Também assisti.  Um joguinho né?

-- Também não gostei não. Muito fraco. Pra falar verdade, uma bosta!

-- Matou a pau. Uma bosta! O primeiro tempo foi ridículo. O Mirassol foi muito mais organizado, mais eficiente na marcação adiantada e na armação. Toca bem a bola. Se tivesse mais sede e poder de fogo ofensivo faria pelo menos dois gols.

-- Vem cá! Como o Santo André marca mal hein!

-- Concordo Cal.  Foi indolente, preguiçoso, benevolente. Deu muito espaço. O futebol atual não permite tamanha benesse ao adversário. O Mirassol passeou como quis na avenida, num sambódromo chamado Brunão.

-- Vem cá! Se jogar só isso vai cair. A defesa é muito ruim e o ataque não rende.

-- Sim. O sistema defensivo como um todo não foi bem. O miolo de zaga é pesado.

-- Nossa!  Você viu no gol do Mirassol? O zagueiro deles subiu com a mesma facilidade do Balbuena contra o São Paulo. O Domingos e aquele outro não saíram do chão. Pareciam nós  dois no Primeiro de Maio. Só que somos sessentões, não profissionais da bola. No tempo de Birigui eu jogava mais que esses caras.

-- Cal, o  nosso ataque também não foi lá essas coisas né?

-- Não vi  quase nada de bom. Por isso ainda não ganhamos de ninguém. Criou pouco pra quem jogava em casa. Só o gol.

-- Diante de 4 mil torcedores o time poderia ter sido ao menos mais intenso, mais vibrante né? Melhorou um pouco no segundo tempo,  quando acelerou e errou menos passes, mas com certeza o Sérgio Soares não ficou feliz não. Seu time fez o gol mas depois voltou a ser dominado.

-- Nem ele, nem eu, nem você e muito menos o torcedor que tomou chuva né?

-- Cal, na próxima a gente vai lá. Quem sabe damos sorte?

-- Sorte só não resolve. Só se o nosso time correr e  jogar bem mais.

-- Pelo andar da carruagem, é melhor você ir ver o seu Palmeiras milionário e eu me contentar com o meu Corínthians campeão.

-- Tá bom!

-- Tchau! Dê um abraço no Bruno.

-- Tchau. Ah, agora tô vendo a entrevista do nosso prefeito na GloboNews. Pelo menos  o Paulinho Serra teve humildade e revogou o abuso do IPTU.

--  Não fez nada mais do que a obrigação.  Teve humildade(?) e inteligência. Estava sendo prepotente,  metido e burro.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O prefeito neófito, a casa antiga e o IPTU abusivo

Infelizmente, preciso vender minha humilde residência.

Fica na Rua Santo André, pertinho da Brasileira, do Botequim Carioca, do Sindicato dos Rodoviários, da Igreja Matriz, de bancos, parques e supermercados.

Casa geminada,  antiga, da década de 1950. Comprida, sem tanta privacidade. São 148 metros quadrados de terreno e igual área construída.

Três quartos, sala, cozinha, três banheiros minúsculos, garagem pra dois carros pequenos, corredor, laje, lavanderia, dispensa-escritório e um barracão-salão.

Ah, meu barracão! Difícil não se apegar. Meus netos vão sentir muito. Lá eles pintam e bordam. Também lá, faço meus exercícios físicos e mentais;  recebo meus amigos de verdade.

Muita conversa, muita risada, muita saudade, muita cumplicidade entre uma pinguinha, um bom vinho ou uma cervejinha. E aquela caipirinha de jabuticaba, lichia, uvaia...

Como disse, casa bem antiga; não posso omitir do futuro comprador. O telhado sessentão  não se garante. Se chover forte a calha não dá conta. Goteiras também aparecem aqui e ali quando o aguaceiro vem pesado.

O forro, ah, o forro, feito com carinho por um carpinteiro de mão cheia, meu falecido tio/sogro, seu Waldomiro. Tem cupim a dar com pau e furos de dar inveja a qualquer peneira ou goleiro frangueiro.

Caro comprador,  preciso ser honesto, não posso deixar  de citar as infiltrações nas paredes e no piso. Tô com medo de qualquer hora o forro cair ou o piso afundar.

Já a parte elétrica é mais nova, foi revisada há pouco tempo. Acho que em 1977, há 40 anos. O chuveiro  dos fundos queima toda hora.

Por falar em chuveiro, os canos de ferro dominam o cenário, com ferrugens e constantes entupimentos ou limitações de vazão em momentos impróprios. Além de estourarem as paredes dos banheiros.

Resumo da ópera -- ou da obra: minha casa está uma draga. Nem compensa reformar. Por isso está à venda há dois anos, justamente ao mesmo tempo em que o mercado imobiliário da província também naufragou. Mas foi enquadrada como palácio da modernidade.

Avaliada  em 2015 por quatro imobiliárias pela média de mercado, nada mais justo, então,  do que fixar o preço em cerca R$ 440 mil. Pra vender por R$ 400 mil.

Mas eis que chega o carnê do IPTU! Conforme avaliação da Prefeitura, o valor venal do meu "palacete", com tantos problemas estruturais,  chega a exorbitantes R$ 646 mil, sendo R$ 191 do prédio. Valorização estupenda de 170% se considerarmos o carnê do exercício de 2016.

Cá entre nós, pra ser justo, o valor venal estava mesmo defasado. Mas não era o caso de ir com tanta sede ao pote. Bastava ser menos guloso e mais sensato. Simples assim!

Quanto à correção abusiva do imposto predial, se não houvesse o tal limitador da facada, o aumento relativo ao meu imóvel chegaria a escorchantes 304% em dois anos.

Isto posto,  decidi que  não posso vender meu cafofo pra qualquer um. Que tal, então, ir direto a um comprador em potencial? Alguém que queira montar uma clínica? Talvez escritórios de arquitetura/advocacia ou um belo bar?

Caramba! Por que não o meu candidato (?) nas eleições passadas? O próprio prefeito,  boa gente, boa família,  mas a se portar como um neófito,  iniciante, sem coerência e comedimento na gestão da coisa pública. No caso, a famigerada revisão da  Planta Genérica, com IPTU de boi gordo em tempos de vacas magras.

Sim, quero vender meu "palacete" para um calouro incapaz de mensurar o tamanho de seus atos. Tudo em detrimento do cidadão comum; da população. Com o perdão da redundância, mais um político que agora usa escudos com conversa fiada e joga a culpa da insolvência financeira do município  só nas administrações anteriores.

Meia verdade! Não nos esqueçamos de que  o atual prefeito sabia de tudo. Participava de quase tudo -- possivelmente até de acertos partidários antes das eleições --,  pois foi vereador e secretário do  desastroso governo petista. 

Que pena, Paulinho! Gol contra! Atitude prepotente e sem limites. Característica de juvenil! Você prometeu muito mas parece não saber lidar com o poder que lhe caiu no colo por absoluta falta de concorrência. E que se mantém nele por absoluta conivência de outros poderes.

Compre meu "palacete" ou ofereça para secretários ou vereadores cordeirinhos que endossaram tamanha afronta e agora estão num mato sem cachorro! Só R$ 400 pilas! Oportunidade imperdível!  R$ 246 mil de lucro. Pechincha! Galinha morta!

Ah, pode deixar que eu pago o IPTU! Em parcela única. Uma merreca!