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terça-feira, 29 de junho de 2010

Deu Espanha! Sem traumas

Em alguns momentos, o jogo entre Espanha e Portugal mais parecia Barcelona x Inter de Milão. Na Copa dos Campeões, prevaleceu o metódico, o aplicado, o defensivismo exacerbado. Hoje, felizmente, venceu o futebol que privilegia a beleza como aliada da sabedoria.

Portugal tentou repetir o mesmo esquema que deu certo no 0 a 0 diante de brasileiros hoje mais operários e cumpridores do que os alemães durões de outrora, quando só corriam feito loucos e davam porrada. Portugal voltou a se fechar, abdicando de atacar ou pelo menos contragolpear com uma pitada de inteligência.

Fechado e sem opção ofensiva, Portugal foi dominado do começo ao fim. Novamente, o fominha Cristiano Ronaldo ficou isolado. E tentando chutes lotéricos, de longe, confiando na terceira curva e segunda descaída da Jabulani.

Convenhamos: muito pouco pra quem queria chegar mais longe. Depender unicamente de quem joga menos do que pensa é demais. Onde está o dedo do treinador português que outro dia pareceu superar Dunga no duelo dos patrícios?

Jogou para não perder. Especulou sem ousadia e quando acordou era tarde. E não me venham com essa de que Cristiano Ronaldo deveria resolver tudo sozinho por ser um dos melhores do mundo.

A Seleção Portuguesa de hoje foi um arremedo tático-técnico. Culpa do treinador e das limitações de um grupo que ousou sonhar sem ter apetrechos para vencer, para conquistar o mundo da bola.

Já os espanhóis ditaram o ritmo e abusaram do direito de rolar a bola de pé em pé. Tudo planejado, à imagem e semelhança do Barcelona. Diferente do time de Dunga, a Espanha toca a bola com sabedoria e, de repente, fica na cara do gol. Não fica o jogo todo à espera do contra-ataque lotérico.

A Espanha sabe defender e atacar, sabe armar e desarmar. Peca nas conclusões -- Villa é exceção --, mas tem um meio-campo excepcional. Chega a irritar ou empolgar quando começa a trocar passes de primeira. Por isso venceu -- 1 a 0 foi pouco -- com méritos. E sem traumas.

Quer saber? Não perde do Paraguai nem matando. Tem muito mais time. Quer dizer, pode até perder. Afinal, existem as armadilhas do futebol. Mas acho mais fácil um Boeing passar pelo buraco de uma agulha.

Respeito ou medo de perder?

Juro que não consegui concluir com clareza o que aconteceu no primeiro jogo de hoje, pela Copa da África do Sul.

Lógico que, em se tratando de Paraguai e Japão, não se poderia esperar muita coisa. Nem tão pouco em termos técnicos, táticos e emocionais.

Estrelas de terceira grandeza, sem possibilidades teóricas de chegar ao título, japoneses e paraguaios poderiam ao menos jogar um pouco mais. Se esforçar e errar menos. Afinal, não tinham nada a perder.

O torcedor comum deve ter ficado irado diante da TV. Em todos os canais, o mesmo joguinho de respeito mútuo, muita marcação e raríssimos momentos de criatividade e emoção.

Tanto respeito que cheirava a medo de perder. Não faltaram erros de passes e finalizações. Até mesmo o jogo rápido, com momentos de leveza, dos nipônicos foi soterrado por limitações de competência técnica e emocional.

Deu no que deu! Um jogo feio, com cara de primeira rodada da primeira fase. E um resultado justo, sem gols em mais de 120 minutos. Nos pênaltis, deu mais um sul-americano. Pena (?) que não vai pagar placê diante da Espanha. A não ser que resolva jogar futebol.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Brasil, um cachorro grande e prudente

Caro amigo-leitor, não se iluda! O Brasil de hoje tem semelhanças, e não é apenas a camisa amarela, mas não é igual ao time tricampeão do mundo no México, com Pelé, Rivellino, Gérson, Tostão, Jairzinho e cia. Tampouco lembra aquele timaço que encantou o mundo como uma obra de arte mas ficou pelo meio do caminho na Copa de 82, na Espanha.

O Brasil de 82 exalava inspiração, o de hoje transborda transpiração. O time de Telê Santana era muito melhor do que o de Dunga. O grupo liderado por Sócrates, Falcão e Zico desfilava um futebol de primeira grandeza. O de Gilberto Silva, Felipe Mello, Lúcio e Elano lembra soldados e operários cumpridores de tarefas recheadas de regras e rigidez tática.

A Seleção de 82 conseguia ser homogênea do gol ao ponta-esquerda. Pois é, havia ponta. Quem brincava com a bola pela esquerda era Éder. A de hoje não tem ponta nem meio-campo com o mínimo poder criativo. Não tem ousadia, mas faz da prudência e do comprometimento do conjunto armas letais para quem se atreve a criticar a falta de futebol arte.

Foi assim agora há pouco na boa vitória de 3 a 0 sobre o Chile. Não empolgou, mas ganhou sem traumas. Como a Holanda! Domou chilenos que no início e no fim ameaçaram atacar, como previsto por todos, e criou apenas o suficiente, na conta do chá. E precisava mais?

Controlou o jogo. Como a Holanda! Defensivamente, foi quase perfeita. Sem frangos, sem furadas e sem expulsões. Ótimo! Melhor assim! Como a Holanda! Sem a bola, mostrou o ortodoxo mas eficiente 4-4-2, com um quadrado no meio-campo. Com a bola, liberou Kaká -- evoluiu --, aproximou três homens de frente e manteve a proteção defensiva. Diferente da Holanda? Que nada!

Por isso o Chile foi uma presa fácil. A ousadia estéril se mostrou incapaz, se transformou numa incompetência amedrontada, diante de uma camisa que ainda pesa. Duro foi ver Lúcio, Juan, Gilberto Silva e Ramirez mostrarem bom futebol e Robinho, um dos piores em campo, apesar do gol e de uma assistência secundária, ser escolhido pela FIFA como melhor em campo.

Por isso, repito, sexta-feira é dia de briga de cachorro grande. De verdade! Não há como fugir da raia, os dois vão jogar pelo resultado. Vão se respeitar, lógico, mas sem deixar de morder, creio. Tomara que não exagerem no respeito e deixem pra decidir na prorrogação ou nos pênaltis.

Holanda, um cachorro grande e inteligente

Caro amigo-leitor, não se iluda! Existem, sim, algumas semelhanças, e não só na camisa laranja, mas a Holanda de hoje não é igual à vice-campeã nas Copas de 74 e 78. Era favorita, principalmente em 74, mas perdeu da Alemanha na final. Em 78, já sem tanto brilhantismo, levou tinta da Argentina.

Aquela Holanda encantadora, apelidada de Laranja Mecânica ou Carrossel Holandês, abusava da técnica, da velocidade, dos deslocamentos sincronizados, da linha de impedimento, da ousadia e da irreverência. Também dava pontapés, mas defensivamente deixava brechas imperdoáveis. Especialmente quando do outro lado está Alemanha ou Argentina. E jogando em casa.

A Holanda 2010 não é espetacular, ma tem mostrado bom futebol e é pragmática. Não é irreverente, mas inteligente. Não sai pro ataque como um bando de loucos, mas ataca na hora certa. Em vez de exagerar na linha de impedimento e deixar verdadeiras avenidas nas beiradas do campo, a Holanda de hoje sabe se proteger e se defender preenchendo os espaços com maestria quando perde a bola.

Parece se fazer de boba, mas dita o ritmo de jogo que lhe interessa. Alterna blitz com toque de bola pacencioso. Sem bola, quase sempre está postada no 4-5-1. Com a bola, sai pro jogo sem medo, liberando meio-campistas de boa técnica e alternando a subida de laterais que viram alas. Quando quer, também sabe contra-atacar com rapidez.

Tem um bom goleiro -- não me lembro o nome -- , um bom meio-campista -- Sneijder -- e um artista perigosíssimo quando chega no ataque, quase sempre traçando uma diagonal da ponta-direita para o meio, de onde conclui com perigo. O nome da fera canhota? Robben!

Por tudo isso a Holanda controlou o jogo diante da Eslováquia e venceu por 2 a 1. Sem traumas, sem sufocos. Por tudo isso, é bom o Brasil botar a barba de molho. Sexta-feira é dia de briga de cachorro grande, como foi Alemanha x Inglaterra e como será Alemanha e Argentina.

domingo, 27 de junho de 2010

Os craques e a Jabulani

Depois de inúmeros testes em túneis de vento, além de alguns jogos do Campeonato Alemão -- será que é por isso que eles parecem mais adaptados? -- e agora na Copa da África do Sul, os homens da FIFA anunciam que vão conversar melhor com o pessoal da empresa fabricante da Jabulani.

Pura balela! Em outros tempos, a Adidas não passaria por tal situação. A bola é mesmo mais rápida, sofre menos resistência, mas não tenho dúvidas de que Domingos e Ademir da Guia, pai e filho, a chamariam, intimamente, de você. No mínimo, carinhosamente, de "minha doce menina".

Sem qualquer cerimônia, Marcelinho Carioca, Éder e Neto com ela andariam sempre de braços dados e pés colados, como eternos namorados. O que dizer, então, de Rivellino, Zico, Falcão, Dirceu Lopes, Djalminha, Júnior, Dener, Nelinho, Ademir Menezes, Didi, Friendenreich, Roberto Dias, Edu, Canhoteiro, Garrincha, Tostão, Luizinho, Gérson, Heleno de Freitas, Pita, Ailton Lira, Sócrates, Careca, Zenon, Alex, Mário Sérgio, Romário, Ronaldinho, Ronaldo, Zizinho e cia?

Por que, ainda entre os brasileiros, não citei Pelé? Queiram me desculpar, não foi esquecimento. Muitos já o disseram, alguns ousaram discordar, mas Pelé foi incomparável. Jabulani, capotão, plástico, meia ou bexiga de boi, qualquer coisa que parecesse com bola grudava nos pés, no peito e na cabeça do rei.

Assim como esses e outros tantos craques brasileiros, muitos estrangeiros talvez se apaixonassem pela menina malvada, "de outro mundo". Ela pode não ser uma sumidade de beleza, mas Di Stefano, Puskas, Beckenbauer, Cruyff, Donadoni, Just Fontaine, Gullit, Van Basten, Reykard, Eusébio, Platini, Zidane, Boniek, Lato, Maradona, Breitner, Pedro Rocha, Rumenigge, Overath, Albert, Geno, Riva, George Best, Boby Moore, Haddy, Stoichikov e tantos outros gringos não recusariam um convite pra dançar colado.

Então, mesmo que a menina tenha algum defeito de fabricação, passou da hora de parar de reclamar que bola é isso, é aquilo. Quem sabe, joga! Quem conhece domina ou dá de taquito, letra ou calcanhar.

Como acontece com Maradona à beira do campo. E aconteceria se ainda hoje Pelé, Rivellino, Ademir da Guia, e cia perto dela passassem. Ela procura quem conhece e a trata com carinho, respeito. Se apaixona, sorri e se excita num piscar de olhos, galanteio ou discreta reverência.

Porém, não é pra qualquer um. Como a Copa da África mostra-se hipereconômica em artistas da bola, é melhor escolhê-la como vilã.

É dia de Brasil! Com ou sem futebol?

É dia de Brasil x Chile! Mas será que é dia da Seleção Brasileira? Será que é dia de Dunga escalar melhor, trocar melhor, escolher o melhor esquema? Será que, finalamente, vamos ver o Brasil jogando futebol? Não sei!

Só sei que o Chile é o melhor adversário que poderia aparecer na vida de quem ainda não mostrou nada que o credencie a ser campeão. Ainda! Um argentino maluco dirige os companheiros de Valdivia. E aí pode estar a vantagem dos amigos de Kaká.

Acho que, se mantiver a ousadia ofensiva e desguarnecer o sistema defensivo, o Chile corre sério risco de levar uma bambuzada daquelas. Historicamente, nunca foi páreo para os brasileiros. Só que nem sempre a história entra em campo.

Se nosso sistema defensivo mantiver a boa performance dos últimos tempos e não fizer nenhuma besteira individual -- um frango de Júlio César, uma furada ou brincadeira em hora errada dos bons zagueiros internos, uma expulsão... -- dificilmente o time de Dunga não vai passar.

Passar e enfrentar provavelmente a Holanda, adversária da Eslováquia a partir das 11h. A Holanda tem alguns momentos de "branco", mas mostra consistência, conjunto e individualidades capazes de decidir. Roben é a principal delas.

Enfim, futebol de verdade

Demorou, mas a Copa do Mundo começou pra valer. Ontem, sem brilhantismo e sem muita técnica, Uruguai e Gana passaram para as quartas-de-final ao vencerem Coreia do Sul e Estados Unidos, respectivamente.

Mesmo sem o sonhado desfilar de talentos, sobrou emoção. O eternamente aplicado Uruguai saiu na frente, deu mole, foi pressionado, cedeu o empate e aí se coçou. Saiu pro ataque novamente, voltou a ter razoável posse de bola, assustou os coreanos e desempatou com méritos.

Lugano foi o guerreiro de sempre. Não é nenhum Figueroa ou Ancheta. Tampouco Gamarra ou Hugo de Leon. Porém, tem garra pra por um pouco mais de sangue numa zaga, como a do meu Corinthians. William não é um mau jogador, mas, além de lento, é muito bonzinho.

No outro jogo de ontem, americanos e africanos foram pra prorrogação. Quem quer que ganhasse não seria surpresa. Deu Gana! Sem brilho, sem gana e sem futebol pra sonhar com no mínimo uma semifinal. Mas... em futebol, tudo pode acontecer.

Hoje, no primeiro jogo do dia, Alemanha e Inglaterra mostraram por que são considerados gigantes do chamado esporte bretão. Um jogão, com tática, técnica e emoção pra dar e vender.
Com estrelas mas sem conjunto, os ingleses esbarraram exatamente no oposto.

Bem armada, a Alemanha dominou o meio-campo e abriu 2 a 0 sem dificuldades. A Inglaterra reagiu, diminuiu e poderia ter empatado se a arbitragem não cometesse o erro incrível de não validar o gol de Lampard. A bola entrou cerca de meio metro e o juizão... "segue o jogo". Lembrou a Copa de 66.

O gol poderia mudar o rumo das coisas. Mas...Na segunda etapa a Alemanha matou o jogo em contragolpes fatais. Comprovou que tem time e individualidades pra chegar longe. Quem sabe ao título.

À tarde, o México ameaçou no início, mas a Argentina contou com a falha da arbitragem ao não assinalar impedimento de Tevez no primeiro gol. Foi o bastante para tomar o segundo e o terceiro antes de voltar a ser ofensivo e diminuir. Bem marcado, Messi pouco fez.

Contra a Alemanha, não há dúvida de que novamente veremos um grande jogo, com todos os temperos do velho futebol. Ouso dizer que cravaria 55% de possibilidades para os alemães, contra 45% dos meninos de Maradona. Por enquanto, ambos têm jogado mais do que o Brasil de Dunga.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Alguém imaginava outra coisa?

Sinceramente, alguém imaginava que o jogo do Brasil diante de Portugal seria muito diferente?Me poupe, ? Pura utopia ter acreditado em grande jogo, como se a Copa já estivesse no mata-mata das oitavas-de-final.

Portugueses inteligentes, bem fechados, como um caracol, a se proteger de brasileiros sem a mínima criatividade. Portugueses na defesa, taticamente quase perfeitos, prestes a dar o bote com o perigoso mas isolado e fominha Cristiano Ronaldo.

E o Brasil tocando bola de um lado pro outro, sem poder de penetração, sem triangulações laterais, a depender de repentes com Luís Fabiano e Nilmar. Muito pouco pra quem ostenta cinco estrelas de primeira grandeza.

No segundo tempo, nem isso aconteceu. Portugal deu as cartas e ainda jogou de mão. Quando trocaram meio-campistas defensivos por meias ofensivos, nossos irmãos elevaram um pouco a porcentagem de posse de bola. Ameaçaram, mas também não tiveram capacidade para superar Lúcio, Juan e Júlio César.

E o Brasil tocando bola. Josué, Gilberto Silva, Lúcio, Daniel Alves, Júlio Batista; 10, 20, 30 toques de intermediária a intermediária. Sem a mínima objetividade. E Dunga ainda vem afirmar queo Brasil sempre jogou pra frente, pra vencer.

Afinal, a quem interessava a igualdade para ficar com o primeiro lugar no grupo? Futebol foi de segunda, sem arte e sem emoção, mas não há como afirmar que Dunga estava totalmente errado.

Está na África para fazer resultado, ser campeão sem jogar futebol bonito, entrar para a história, bater no peito e imitar Zagalo: Vocês vão ter de me engolir! Acrescido de... "seus trouxas". Pode que ainda sobre uma "banana" pra quem não torceu a favor. Como eu.

Será assim também contra o Chile, um time que joga e deixa jogar? Tomara que não, mas tenho dúvidas. Dunga não tem tantas opções porque convocou apenas os comprometidos. Seu time marca, marca e marca. Se der, vai contra-atacar com Kaká, Robinho e os alas. Nada mais!

De grão em grão, o Brasil pode até ser campeão. Mas não dá pra imaginar nada muito diferente de ontem. Um time ortodoxo, programado para matar e ganhar na hora certa. Sem brilhar, sem empolgar, sem ao menos imitar a arte hoje tão rara quanto vergonha em palanque de político.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Kaká, Juca, fé, futebol e púbis

Embora o respeite, não sou admirador incondicional do badalado jornalista Juca Kfouri. No meio, tanto o criticam como o endeusam. Já me cansei de ler coisas suas extremamente discutíveis. Inclusive sobre o nosso Ramalhão, no ano passado.

Não por puro e cômodo corporativismo profissional, agora sou obrigado a ficar do seu lado em relação ao entrevero ridículo provocado pelo momentaneamente destemperado Kaká. Será que o rancor de Dunga e dos meninos do quartel é contagioso?

Pouco me importe se Juca é ateu, católico ou evangélico. Só sei que desta vez não escreveu nada demais na coluna da Folha. Falou do sacrifício de Kaká ao jogar com uma pubalgia que parece crônica. Soa como elogio, não como crítica.

Bastou para que o ex-menino bonzinho virasse uma fera fora de hora e de lugar. Diante de jornalistas do mundo todo, na coletiva de Imprensa, desandou a falar da coluna após uma pergunta de André Kfouri, filho de Juca.

Puro destempero! O quê o André -- bom jornalista, por sinal -- tem a ver com o peixe? Kaká, frequentemente chamado de menino mimado e mariquinhas pelo também jornalista Flávio Prado, da Pan, mostrou-se inconsequente. Misturou alhos com bugalhos. Misturou Jesus Cristo e ateismo com púbis e futebol.

Kaká confundiu tudo. Alegou perseguição pessoal por motivos religiosos (?) e ainda caiu em contradição ao assumir, logo após, que dúvidas se deve ou não passar por cirurgia para sanar o problema no púbis.

Juca inclusive elogiou o bom futebol mostrado pelo meia diante da Costa do Marfim. Por isso acredito que o moço não deve nem mesmo ter lido a coluna. Foi tão incoerente quanto ridículo.

Como se não bastassem Dunga, Jorginho e Felipe Mello, agora até o bom moço parte pro pau. Pelo menos não generalizou, como a maioria. Mandou mal, de qualquer forma. Que ao menos ratifique a evolução mostrada diante dos africanos e leve a Seleção a algum lugar digno.

Quem será a próxima vítima na batalha entre a Seleção e a Imprensa brasileira. Tomara que não sejamos nós, torcedores. Ou melhor, vocês torcedores. Como diria nosso treinador, me tira fora dessa, tche!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dunga não tem postura de campeão

Dunga foi um bom volante. Apesar de colecionar críticos contumazes devido à visível limitação técnica, esse gaúcho bom de briga nunca deixou de se matar na proteção a zagueiros nem sempre dotados de qualidades razoáveis. Também já carregou o piano pra muito armador tocar com categoria.


Pra mim, como zagueiro limitado, sempre foi bom jogar com a proteção de um limpador de para-brisas exemplar. Era o caso de Dunga. Execrado na Copa de 90, na famosa era Dunga, voltou como campeão em 94. Não precisava ser brilhante. Exalava transpiração e garra. Errava muitos passes, mas corria o tempo todo.


Pois é... Hoje Dunga é o escolhido. É o cara! É o ex-capitão que ganhou como presentinho o cargo de técnico da Seleção Brasileira. Diziam que serviria apenas para limpar a área para o zagueiro Felipão. Esquentaria o banco para o xerife campeão de 2002 assumir novamente a cabeça da família Escolari.



Como Dunga colecionou bons resultados, foi ficando. Seus números à frente da Seleção são inquestionáveis. Daí para o moço ganhar ainda mais poder foi um pulinho. Só que Dunga não se cansa de dar mostras de que não sabe lidar com o poder.


Lamento, mas virou um ditadorzinho de merda! Isso mesmo! Parece que é dono do mundo. Pensa que pode tudo! Está para a Seleção assim como Lula está para o governo brasileiro. Lula se julga dono do Brasil e meeiro do mundo. Como Dunga com a nossa Seleção. Ambos se julgam donos da verdade. É o maldito poder!


Agora dá perceber aonde Dunga quer chegar. Rancoroso, vingativo, irônico, debochado, desafiador, nervosão, mal-educado, o guerreiro exemplar virou cavaleiro vingador. Dias atrás, disse ter uma memória de elefante.


Ficou claro que é um cidadão seletivo e vingativo. Que marca as pessoas até chegar o momento de devorar um prato que se come frio. Frio e com rancor, com ódio nos olhos, no tom das palavras. Que pena, todo-poderoso!


Agredir verbalmente Imprensa, trio de arbitragem e jogadores adversários -- E NÃO É DE AGORA - é demonstração sintomática de despreparo emocional para ocupar cargo de tamanha importância. É assim que o mundo tem visto e analisado a postura de um brasileiro chamado Dunga.


Já imaginaram se o bronco ganha uma Copa do Mundo também como técnico? Ninguém vai suportar. Quase 200 milhões de brasileiros terão de reverenciá-lo para o resto da vida. Os súditos serão obrigados a saudá-lo de joelhos. Ave, novo Deus! Assim como Maradona, terá igreja própria: Igreja Universal do Reino de Dunga.


Pela prepotência de Dunga, a partir de hoje assumo de vez a neutralidade em relação à Seleção Brasileira. Paixão futebolística, só mesmo pelo Corinthians. Vou torcer pelo bom futebol. Se o Brasil merecer, até aplaudo. Se perder, que se lasque!Passo a ver jogo da Argentina, da Holanda, da Alemanha, da Espanha...


Quanto a Dunga, não tem postura de campeão. É um profissional com conduta de amador irresponsável. Meus aplausos para um guerreiro humilde serão eternos. Já minha indiferença por um ditadorzinho vingativo... Tomara seja efêmera, passageira, sem a mesquinhez de uma vingança alimentada por gente pequena, comprometida com o próprio umbigo.

domingo, 20 de junho de 2010

A desonestidade do 9 e o mérito dos 11

-- Ei, 9! E aí, mano Fabiano... Malandragem de brasileiro, hein! Você ajeitou a bola com a mão, né? Confessa, vai!

-- Não, caro professor! Nada disso! Dominei no peito. No máximo foi ombro.

Entre sorrisos matreiros e sem graça, foi mais ou menos assim o estranho diálogo de Luís Fabiano com o mau árbitro francês Stephanne Lannoy após o gol irregular do brasileiro na boa vitória de agora há pouco sobre a Costa do Marfim.

Só faltaram as piscadas recíprocas para comprovar a farsa. Não gosto do termo, mas o juizão foi um banana. Falhou técnica e disciplinarmente. Não teve autoridade e merece ser suspenso pela FIFA. Foi como aprovar, compactuar com a farsa. Além de se omitir diante da pancadaria dos marfinenses.

Se, forçando a barra, também pode ser definido como ambidestro -- trabalhar e se servir habilmente com as duas mãos -- por chutar com os dois pés, agora o nosso Fabuloso seria chamado de quê? Sem essa de craque, de o gol ser comparado ao de Pelé contra a Suécia na final de 58.

Se Maradona foi desonesto em 86 diante dos ingleses ao fazer o famoso gol de mão, hoje nada foi
diferente. Ou será que a desonestidade argentina é maior ou menor do que a nossa. O gol não pode ser anulado, mas nosso centroavante deveria ser punido.

Luís Fabiano desencantou. Na base da esperteza, mas desencantou e marcou duas vezes. Kaká também melhorou e deu assistência para dois gols, mas foi expulso injustamente. Os africanos jogam bem menos do que pensam. Bateram pra valer e terminaram com 11. Pra mim, uma decepção.

O jogo teve vários momentos de violência, foi pegado do começo ao fim. O duelo seria ótimo para o Dunga dos velhos tempos. Por sinal, um volante cão-de-guarda que cansei de elogiar.

Em relação à estreia, nosso time não precisou empolgar para ser melhor. O adversário não precisou ser brilhante para exigir um pouco mais. Apesar do gol irregular, a Seleção mostrou força defensiva e consistência tática. Sabe o que quer. Mereceu vencer. E ainda pode evoluir.

Primeira fase é assim mesmo. Muitos jogos ruins e algumas surpresas. A partir de sábado, nas oitavas-de-final, a onça começa a beber água. Aí sim começa a Copa de verdade. Quem pode mais chora menos e as coisas entram nos eixos.

Em briga de cachorro grande tudo pode acontecer. Até mesmo os gigantes podem voltar mais cedo pra casa. Hoje, Itália e Inglaterra são sérios candidatos.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Não vai dar zebra!

Caro amigo leitor, pode tirar o cavalinho da chuva... Embora não existe local melhor, na África do Sul também não vai dar zebra.

Por que também? Porque em 18 edições da Copa do Mundo, jamais deu zebra de verdade, aquele elefantão listrado a desfilar com a cobiçada faixa de campeão.

Em 80 anos, vimos no máximo surpresas diante de favoritos. Em 30 e 34, Uruguai e Itália promoveram e ganharam. Em 38, na França, a Hungria poderia até ganhar, mas deu novamente Itália.

Após o hiato provocado pela Segunda Guerra Mundial, sem Copa em 42 e 46, o Brasil foi avassalador em 50, mas conheceu o Maracanazzo ao perder dos uruguaios de 2 a 1. Zebra? De jeito nenhum. Nada mais que uma surpresa. Uma surpresa, uma ferida sem data para cicatrizar definitivamente.

Em 54, na Suíça, a Hungria de Puskas encantou o mundo e entrou para a final imaginando novo atropelamento. A arte esbarrou na força alemã e entrou pelo cano. Zebra? De jeito nenhum! Nada mais que outra surpresa.

Em 58 e 62, Suécia e Chile viram o Brasil de Pelé, Garrincha, Nilton Santos e cia jogar o fino da bola. Ninguém ousou imaginar outro campeão. Atropelamos e ganhamos o mundo. Pouco me lembro porque tinha apenas sete anos em 62.

Em 66, a Inglaterra promoveu e ganhou a Copa. Nada de plasticidade. Muita transpiração e pouquíssima inspiração artística. Ao contrário do que aconteceria no México, em 70, quando o Brasil voltou a maravilhar o planeta bola. Pelé, Jairzinho, Tostão (hoje médico e um senhor colunista), Rivelino e Gérson foram excepcionais, inesquecíveis.

Alemanha e Argentina promoveram e conquistaram os mundiais de 74 e 78. Favoritismo era de uma Holanda empolgante, encabeçada por Cruyff. Mas os campeões mostraram peso de camisa e aplicação digna de guerreiros invencíveis. Zebras? Nada disso! Nem surpresas.

Em 82, na Espanha, o Brasil voltou a encantar pela beleza futebolística de Zico, Falcão, Sócrates, Éder, Júnior e cia. Encantou e foi eliminado pela limitada mas aplicada Itália, campeã em cima da forte Alemanha. Os italianos do carrasco Paolo Rossi surpreenderam os artistas brasileiros, mas o título não foi zebra.

Em 86, de novo no México, a Argentina superou a Alemanha na final, mas recebeu o troco quatro anos depois na Itália. Maradona se curvou diante de Lothar Matthaus. O Brasil de Lazzaroni e Dunga foi um fiasco. Só apagado na Copa seguinte, nos Estados Unidos. Jogou só pro gasto, mas tinha Romário. Como se vê, nada de zebras.

Em 98 a anfitriã ganhou de forma surpreendente, mas não foi zebra não. A França mereceu derrotar o favorito Brasil de Ronaldo, Roberto Carlos e cia. Mas os amigos de Ronaldo -- hoje motivo de gozações e piadinhas maldosas -- deram a volta por cima. Em 2002, Coréia/Japão, a Alemanha foi a vítima fatal.

Mais quatro anos e nada de zebra. Na Alemanha, deu Itália diante da França de Zidane Agora, em plena África, a menina listrada vai ficar bem escondidinha. A primeira fase vai terminar com o sonho de muitos candidatos a zebra. Da segunda, quando sobram oito, dificilmente algum animal selvagem vai vingar.

Ou o caro amigo leitor acredita em Nova Zelândia, Argélia, Japão, África do Sul, Grécia e Nigéria como fortes candidatos a elefantes listrados? Nem pensar. De novo, vão ficar os grandões. O futebol já começou a aparecer. Felizmente! E nem sempre jogado pelos gigantes.

Hoje, por exemplo, a Alemanha do andreense Cacau foi ridícula diante da Sérvia, que não é boba não. Mas também não será a sonhada zebra da Copa. Quanto ao Brasil, é melhor esperar os três primeiros jogos. Somos gigantes. Jamais zebras. Apesar de Dunga ignorar nossa admiração por uma arte chamada futebol.


Off-side

* Fugindo do futebol e sendo repetitivo e teimoso: até quando o prefeito Aidan Ravin vai se omitir em relação à falta de comprometimento e responsabilidade profissional da maioria dos guardas municipais que deveriam zelar pela segurança do Parque Central. Droga rola solta e boa parte dos GCMs nem sai da toca. À noite, então, nem pensar! Porém, meus impostos pagam seus salários, ?

* Mais um recado para o prefeitão: viaduto em frente ao Diario do Grande ABC, aquele que dá acesso à Perimetral, continua sem sinalização indicando estreitamento/redução de faixas de rolamento. Do gabinete de Aidan é bem provável que não haja dificuldade para checar in loco. E providência, nada! Será que o trânsito não é importante?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Uma Copa sem futebol. Por enquanto.

E a Copa começou...Nos próximos dias, por um mês, o futebol regional vai ficar meio esquecido pela Imprensa do Grande ABC. Todos estarão de olho na distante África do Sul.


As coisas de Santo André e São Caetano ficarão para segundo plano. O Ramalhão esquecido vai fazer um pit stop forçado. Se o reabastecimento for tão rápido quanto eficiente, a equipe de Sérgio Soares pode até se reencontrar com solidez suficiente para não voltar a dormir ameaçada pela cortante espada do rebaixamento.


Time, por enquanto, o Ramalhão não tem. Nem tenho certeza se após a bela campanha no Paulista e o inevitável desmanche o bom Sérgio Soares manteve-se em alta ou foi engolido pela diretoria do Saged -- Santo André Gestão Empresarial e Desportiva. Explicando: será que as novas contratações têm seu aval?


O Azulão também será pouco lembrado. Porém, bem colocado, o time de Sérgio Guedes já mostrou consistência e cara de quem ao menos sabe o que quer. Pode melhorar e seguir firme com o sonho do acesso.


Enquanto isso, na África, o Brasil de Dunga e seus guerreiros sem classe estrearam agora há pouco diante dos limitados coreanos. Um Brasil pragmático, de quem não se pode esperar nada mais que esporádicas pitadas de arte. Nada mais! O Brasil de Dunga vai jogar quase sempre assim: por resultado. Quer entrar na história pelo título. Futebol bonito é um sonho distante.

O que se viu foi um futebol burocrático, sem criatividade, sem técnica, sem ousadia, sem lançamentos, sem passes milimétricos, sem dribles... Um futebol sem graça. Dois a um foi muito para Dunga, mas pode ser pouco lá na frente, se a definição for por saldo de gols. Juro que não consegui ficar de olhos pregados na TV.

Melhor, bem melhor: brinquei de cavalinho e de carrinho com o Victor. Também pude olhar com carinho para a barriga da Maira e imaginar como será minha princesinha. Com certeza, Victor e Júlia serão minhas grandes alegrias, minhas paixões, por muito tempo. Tomara que a recíproca seja verdadeira.

Quanto ao Brasil, repito: é melhor não esperar muito. Pode até ser campeão. Mas seria um campeão sem tempero, incapaz de empolgar. Bem distante do que se poderia imaginar ou sonhar.

E, a depender dos demais jogos iniciais, futebol bonito vai mesmo ser coisa rara na África. Se bem que primeira fase não é parâmetro pra muita coisa. A onça só começa a beber água quando os cruzamentos colocam frente a frente quem realmente tem garrafa velha pra vender.


Por enquanto, ninguém brilhou. África do Sul e México não saíram do 1 a 1. O México é melhor, mas só não perdeu porque o time de Parreira finaliza muito mal, característica de todos os times africanos e asiáticos. No 0 a 0 de Uruguai e França, campeões mundiais, quem levou sufoco no final foi a seleção sul-americana. Com um homem a menos, o time de Lugano e Forlan mostrou a velha garra na arte de se defender.


Já a Coréia do Sul não teve dificuldade para meter 2 a 0 num time limitadíssimo. A Grécia mostrou robôs enferrujados e incapazes de qualquer ato minimamente parecidos com futebol. Com leveza, os coreanos poderiam enfiar três ou quatro. Juntando A e B do Vigoritto (Sênior), meu time no Primeiro de Maio, não faríamos feio diante dos pernas-de-pau. Também não faríamos feio diante de eslovacos e neozelandeses, em mais um 1 a 1. hoje cedo.


Por outro lado, a oscilante e eternamente favorita Argentina começou com tudo, mas abusou de altos e baixos e não passou de um magro 1 a 0. Esbarrou nas defesas do goleiro da Nigéria, mas mostrou falhas defensivas e não preencheu o meio de campo com um mínimo de disposição, sincronia e inteligência. Pouco pra quem sonha com o título.

A igualmente forte canditada a mais um título, Inglaterra, também deu a impressão de que atropelaria os Estados Unidos. Ledo engano. Fez logo de cara com o capitão Gerrard, mas depois o goleirão levou um frango daqueles e o empate prevaleceu.

Não vi a vitória da Eslovênia sobre a Argélia, mas assisti a goleada da Alemanha sobre a Austrália. Uma vitória convincente, com futebol convincente. Vão dizer que a Austrália não faz mal pra ninguém. E a Coréia do Norte, faz? Só que nós ganhamos mas não convencemos ninguém. Quer dizer, Dunga e companhia devem ter adorado. Parece que pra eles tá tudo bem. Até domingo, vão se cansar de explicar sem convencer que vê futebol com um mínimo de clareza.

Voltando aos outros jogos... Gana superou a Sérvia e mostrou que pode ir um pouco além, ao contrário dos outros africanos. O Japão superou Camarões e a Holanda mostrou bom futebol diante da aplicadíssima Dinamarca. A Holanda vai dar trabalho e pode chegar bem longe. Quando Robben puder jogar a equipe vai ganhar mais qualidade.

Em outro jogo de hoje, Portugal e Costa do Marfim não saíram do zero. Jogaram pouco para merecer ao menos um gol de cada lado. Assim como Kaká e Luís Fabiano, Cristiano Ronaldo foi um fiasco. Vamos encontrar os companheiros de Drogba no domingo. Se nosso poder ofensivo se limitar a Robinho, vamos novamente depender de repentes de algum lateral ou meio-campista. De Gilberto Silva e Felipe Mello é bom não esperar muito. Hoje, só fizemos festa porque somos festeiros. Espero muito mais. O Brasil merece muito mais do que um futebolzinho de segunda.