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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Danielzinho no Azulão! É oito ou oitenta!

Finalmente, o São Bernardo decidiu emprestar o atacante Danielzinho. Cotado para jogar no Marítimo de Portugal, o artilheiro do Tigre na campanha do acesso à elite estadual vai ficar no São Caetano até o final do ano.

Daniel Tiago Duarte nasceu em São Bernardo, a 21 de fevereiro de 1988. Foi revelado pelo próprio São Bernardo, tem 1,79m e pesa 70kg. Característica principal: individualismo; para o bem e para o mal.

Danielzinho é o tipo do jogador útil, mas ainda joga menos do que pensa. Ou seus empresários pensam! Apesar de um dos maiores artilheiros da curta história do clube fundado em dezembro de 2004, o jovem exercita bem mais o individualismo do que o coletivismo.

Veloz mas sem visão periférica porque teima em jogar de cabeça baixa, ele costuma oscilar muito. É oito ou oitenta! Faz jogos brilhantes quando decide por meio da fome de gols e partidas bizonhas quando exagera no egoismo, mata ataques promissores ou perde gols imperdíveis no profissionalismo.

Danielzinho gosta de jogar mais ou menos ao estilo de Neymar, partindo da direita ou da esquerda em diagonal. Ad vezes, pensa ser Neymar, mas está muito longe do craque santista. Falha excessivamente na conclusão, talvez em função de não se ter esmerado nos treinos de fundamentos ainda nas categorias de base.

Se vai dar certo no Azulão? Posso até queimar a língua, mas não apostaria nem metade das minhas fichas. Já decepcionou no Sport e no Avaí (?). Chega no São Caetano como segundo atacante, provavelmente como opção para substituir o titular Geovane.

Se tiver humildade e se aplicar nos treinamentos técnicos, táticos e físicos, Danielzinho pode aprender muito sob o comando do exigente Sérgio Guedes. Treinador não é de atitudes excessivamente paternalistas.

E os dirigentes do São Caetano também não podem tratar o jogador como xodozinho, o bom menino que virou ídolo na cidade natal. Paparico é coisa de torcedor e fim de papo.

Eterna promessa? Por enquanto, só promessa! Tem bela oportunidade de mostrar que seus críticos estão equivocados. Na maioria das entrevistas, mesmo com certa ingenuidade, procura dar indiretas para jornalistas, dirigentes e alguns torcedores que o criticam.

Porém, no campeonato da Segundona (A-2), só acordou e voltou a jogar bem quando exigido com maior intensidade. Mesmo assim, apesar de aparecer bem e sempre livre para finalizar, perde gols em demasia e ignora companheiros com maiores possibilidades de concluir com sucesso. É fominha!

Se for mesmo exigido, monitorado com rigor e incentivado, talvez possa responder de forma positiva e seguir carreira até em clubes maiores. Só que ali, onde a visibilidade é proporcional à cobrança, pode virar vilão num piscar de olhos e levar um pé na bunda.

Se o jovem achar que é o bom, vai dar com os burros n'água, voltar ao Tigre e ser emprestado a clubes secundários. Não é craque, mas pode ser útil. O tempo dirá se o Azulão fez bom negócio ou entrou numa roubada.

Camisas 1, 10 e 11 da Seleção

Na bela goleada sobre os Estados Unidos, a Seleção Brasileira teve méritos e foi convincente. Além dos 4 a 1, o grupo de Mano Menezes desfilou virtudes individuais e coletivas nos três setores.

A começar pelo camisa 12, que tem condições indiscutíveis de ser camisa 1 nos Jogos Olímpicos de Londres. Pode parecer precipitação de um jogo só, mas não é! O jovem Rafael matou a pau!

Estreia do goleiro do Santos foi de encher os olhos. Não se assustou! Não tremeu! Isso é ótimo! Rafael teve personalidade de jogador maduro. Foram pelo menos quatro defesas de vulto. Passou firmeza de veterano, de gente grande!

Na zaga, o lateral Danilo, mais preso, talvez para liberar Marcelo, ainda não convenceu. O capitão Thiago Silva mostrou por que é o sonho de 10 entre 10 maiores clubes do mundo.

Seu companheiro, o jovem Juan ainda alterna altos e baixos, mas joga firme. David Luiz ainda é superior. Quando não exagera no preciosismo e entrega o ouro! Jogo aéreo da zaga interna deve melhorar quando o treinador acertar o posicionamento.

Na esquerda, Marcelo foi muito bem tanto na defesa quanto no ataque. Se dá bem com Neymar. Marrento, só precisa controlar o pavio curto para não acabar expulso como um mero juvenil.

Os volantes, Sandro e Rômulo, apareceram pouco, mas marcam com desenvoltura. Falham pouco por falta de entrosamento. Normal! Não sacrificam o trabalho dos zagueiros e facilitam a performance do armador, como no caso de ontem.

Armador de aproximação, vertical, cortante, que me fez repensar no que escrevi em março do ano passado (Neymar, Ganso, Lucas + 8). Oscar, revelado no São Paulo e hoje no Inter, foi brilhante e garantiu vaga para Londres.

Dinâmico, combativo, inteligente e ousado, Oscar deve ter deixado Ganso com a pulga atrás da orelha e Mano Menezes com um sorriso de orelha a orelha. Se quiser, treinador pode até escalar um mais pela direita e outro pela esquerda, saindo um atacante.

O armador do Santos é diferenciado, mas, constantemente lesionado, corre o risco de não estar inteiro até julho. Mesmo que se recupere da artroscopia, vai ter de jogar muito mais para recuperar a posição.

Se ficar limitado a uma faixa do campo, duas enfiadas de bola e uma conclusão por jogo, vai dançar. Pouco pra quem é definido como craque. O camisa 10 de Londres será o menino de personalidade que ontem encheu os olhos de quem gosta de futebol.

Como o Brasil jogou no 4-2-1-3, Hulk abriu pela direita, Neymar pela esquerda e Leandro Damião ficou como referência. Hulk extrapola a idade e pode ser preterido na titularidade por mais um armador.

Ou mesmo o mais ofensivo Lucas, que, estranha e erroneamente, brilha na direita sãopaulina mas na Seleção tem entrado na esquerda. Ali, a luz se apanha.

A camisa 9 parece mesmo entre Leandro Damião e Alexandre Pato. Se Pato se concentrar mais no futebol e não continuar refém de lesões sequenciais, terá alguma chance.

Leandro Damião alterna jogadas de craque e de cabeça-de-bagre, mas agrada como referencial e ainda se aplica para ajudar a marcar a saída de bola, sistemática incorporada com louvor pela Seleção.

Já a camisa 11 tem dono há algum tempo. O infernal Neymar nem precisou fazer diabruras. Como craque global, agora ficou ainda mais visado e tem cada vez menos espaço. É o preço da fama! Sobra buraco para os companheiros.

Embora sujeito a discordâncias dos mais exigentes, entendo que, pela produtividade, Neymar foi um dos melhores em campo ao lado de Rafael, Thiago Silva, Marcelo e Oscar.

Marcou de pênalti, bateu o escanteio que originou o gol de cabeça de Thiago Silva e -- após enfiada milimétrica de Oscar -- foi ao fundo para servir Marcelo de bandeja no terceiro. Precisa mais? Seleção não é Santos, não!

Quanto à seleção americana, não é uma Espanha,uma Alemanha, mas está longe de ser rotulada como o saco de pancadas de outrora. Falha muito defensivamente, mas sabe jogar do meio pra frente. Tanto que fez o nome de Rafael.

Meninas do handebol vão para o G-8 em Londres

Senhoras e senhores, fãs do handebol,façam suas apostas! Desta vez, sem medo!

Handebol feminino do Brasil oscilou muito e não foi bem nos Jogos Olímpicos de Pequim, quatro anos atrás. Mas em Londres as meninas vão ficar entre as quatro melhores do grupo na primeira fase e passar para o G-8 do bem. Pode apostar!

Se o lado psicológico não estiver tão fragilizado quanto em 2008, quando a maionese desandou principalmente por falta de competência emocional, e não técnica, nossas feras vão, sim, garantir vaga para as quartas-de-final. Dobro qualquer aposta!

Grupos anunciados ontem não significam obstáculos intransponíveis para as belas do dinamarquês Morten Soubak. Sem essa de bicho-papão! Dá pra passar! Vai passar! Veja por que a possibilidade beira os 80%.

O Grupo A tem Brasil, Rússia, Croácia, Montenegro, Grã-Bretanha e Angola. Em Pequim, o Brasil venceu a Coréia do Sul (medalha de bronze), empatou com a forte Hungria e perdeu de Alemanha, Rússia e Suécia.

Embora não tenha passado das oitavas-de-final em Pequim, as brasileiras evoluíram. Tanto que mostraram handebol convincente e chegaram em quinto no Mundial de 2011 em São Paulo, ao vencer exatamente a Rússia, vice-campeã olímpica.

No Mundial a Croácia ficou em sétimo ao superar as angolanas. Montenegro não deve pagar placê e a Grã-Bretanha é a seleção mais fraca do primeiro páreo. Favoritismo da Rússia.Outras vagas devem ficar com Brasil, Croácia e Angola.

No Grupo B estão Noruega, Espanha, Dinamarca, França, Suécia e Coréia do Sul. Campeã olímpica e mundial, a Noruega é pule de 10 para passar. Isso se ninguém atropelar por fora. Outras três vagas devem ser disputadíssimas, decididas cabeça a cabeça.

A França é vice mundial e quinta nas Olimpíadas; a Espanha foi bronze no Mundial; a Coréia do Sul foi bronze e a Suécia oitava em Pequim, enquanto que a Dinamarca ficou em quarto no Mundial. Definição, só mesmo no cruzar do disco final.

Das 17 brasileiras convocadas, apenas a central Débora Hannak (Metodista) e a ponta Jéssica (Blumenau) jogam aqui, onde o time de São Bernardo ganha quase tudo há muito tempo.

As demais integram importantes equipes na Europa. O intercâmbio tem sido fundamental para as meninas amadurecerem e aprenderem a competir contra potências do handebol mundial. Só não vale pipocar e ficar com medo de perder.

Com os nervos no lugar, e no embalo de vitórias motivadoras, podemos até chegar ao podium pela primeira vez. Quanto a quebrar a hegemonia das europeias, está mais para utopia. Um sonho distante.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Azulão convence. Que não seja fogo de palha!

A se julgar pelo jogo encerrado agora há pouco no Anacleto Campanella, o São Caetano de Sérgio Guedes será bem diferente do comandado pelo recém-demitido Márcio Araújo.

Não apenas pela boa vitória de 2 a 0 sobre o Bragantino, depois de perder de 1 a 0 para ASA e Avaí nas duas primeiras rodadas do Brasileiro da Série B.

Pelo menos hoje, o time do ex-goleiro do Santos venceu e convenceu. Que não seja apenas fogo de palha! Foi menos burocrático, mais determinado, dinâmico, organizado e agressivo.

Defensivamente, o Azulão deu pouquíssimas oportunidades ao time de Marcelo Veiga, ex-lateral do Santos e do Santo André. Especialmente pelo posicionamento e pela combatividade incessante de Moradei e Augusto Recife, que apareceu até no ataque.

Está certo que sem o bom ala Vitor Ferraz e o rápido atacante Romarinho, negociado com o Corinthians, o Bragantino ficou capenga e disperso. Seu 3-5-2 estava desfigurado. Por isso defendeu mal e contra-atacou sem a contundência de outros tempos.

O 4-4-2 o São Caetano foi bem mais produtivo e consistente. Até mesmo quando variou para o 4-3-1-2, com Éder ajudando pela esquerda e Marcelo Costa chegando no ataque. Ou para o 4-2-1-3, com o mesmo Éder ficando mais aberto na esquerda.

No primeiro tempo o São Caetano fez dois gols (Geovane aos 28 e Éder aos 36 minutos) com a participação do produtivo pivô Leandrão, que também provocou a expulsão do zagueiro Cris no final do primeiro tempo.

Na segunda etapa, com um homem a mais e preferindo não correr riscos desnecessários, o Azulão puxou o freio, procurou administrar o resultado sem sofrer tantos sobressaltos (apenas numa conclusão ridícula do isolado centroavante Lincom). Mesmo assim, ainda chegou com perigo em dois contragolpes e duas jogadas mais trabalhadas.

O então titular Pedro Carmona, ex-Palmeiras, entrou no lugar do cansado Éder e no final Luciano Mandi, de volta do São Bernardo, substituiu Geovane. Com pouco tempo, quase nada conseguiram de prático. Não precisou. Apesar de aplicado, o Bragantino já estava morto.

Reestréia de Sérgio Guedes com vitória serve de alento. Se não foi perfeito, pelo menos o São Caetano trocou a passividade de uma falsa e ameaçadora zona de conforto por um conjunto de atitudes dignas de quem tem responsabilidades e ganha pra jogar.

Contra o ABC, sábado, em Natal, o Azulão tem mais uma oportunidade de mostrar que a vontade de hoje não é fogo de palha. Que não é enganação passageira de quem se apresenta disposto ao novo treinador mas logo depois se acomoda.

Sem mídia a cobrar com mais rigor e grande torcida a fungar no cangote dos folgados, o jogador do São Caetano precisa, antes de tudo, independente de cobrança e visibilidade, se dar ao respeito como profissional da bola. Simples assim!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Santos, antes e depois de Léo, o incendiário

O Santos não eliminou o Velez Sarsfield por causa das diabruras do craque Neymar. Tampouco fez 1 a 0 no tempo normal e 4 a 2 nos pênaltis porque os toques mágicos de Ganso desequilibraram.

O Santos só vai enfrentar o Corinthians nas semifinais da Libertadores porque Muricy Ramalho colocou em campo, aos 30 minutos do segundo tempo, um lateral-esquerdo de 37 anos de idade.

Sim, o grande e favorito Santos só chegou à vitória dramática porque o veterano mas sempre utilíssimo Léo colocou fogo num jogo que até então era sinônimo de nervosismo, tensão e angústia, dentro e fora do campo.

Um duelo em que preponderavam a incrível dedicação defensiva do bom Velez (com um jogador a menos) e a paciência barcelonesa do Santos, que tocava e tocava bola de um lado para o outro, mas não conseguia penetrar e/ou concluir com a contundência de quem só sobreviveria se vencesse.

Mas tudo mudou no gramado e nas arquibancadas quando o pequenino Léo entrou ligadíssimo, tocando nas mãos dos companheiros, falando forte e incentivando seus companheiros a acreditar na vitória. Literalmente, pôs fogo no jogo. Um incendiário do bem!

Rápido, confiante e agressivo, não demorou para o "menino" brilhar. Aos 33 minutos, Léo tocou da esquerda para o lesionado Ganso e partiu em diagonal, pra dentro dos zagueiros; recebeu enfiada perfeita já na área, e, mesmo dividindo, tocou para Alan Kardec, que acabara de perder gol feito, concluir de pé esquerdo, no canto esquerdo.

Gol feito, Léo festejado e o Santos totalmente motivado para tentar a vitória. A Vila Belmiro foi à loucura, virou um caldeirão de emoções. O Santos tentou o segundo gol, mas não deu no tempo regulamentar; ficou para os pênaltis.

Estava 3 a 2 para o Santos quando Léo, que não é de bater pênalti mas não fugiu da raia ao ser consultado por Muricy, partiu para fazer o gol da classificação. Goleiro saiu para a direita e o menino de 37 anos bateu de pé esquerdo, com extrema categoria, no canto esquerdo. Indefensável!

Outra festa para Léo. Estava escolhido o homem do jogo, o herói da suada mas merecida vitória santista. Um prêmio para alguém que pode estar próximo de encerrar carreira mas superou inúmeros problemas particulares e colocou muitos jovens prepotentes e preguiçosos no chinelo.

Mais uma vez o torcedor santista se curvou à identificação e à dedicação exemplar de um operário sem a arte e a plasticidade técnica de Neymar e Ganso. Simplesmente, um guerreiro com brilho nos olhos e coração valente a pulsar na frequência máxima.

Assim se fazem um homem e um time campeão! Assim foi o Santos, antes e depois de Léo, o Grande. Que venha o Corinthians! Briga de cachorro grande! Lógico que sem favorito.

Deu a lógica e o rio-pardense dançou!

Conforme previsto, meu conterrâneo, Márcio Araújo, dançou! Não dirige mais um São Caetano que há muito tempo tem pautado por oscilações dignas de rebaixamento.

O moço de São José do Rio Pardo não suportou o início claudicante na Série B do Campeonato Brasileiro e já foi substituído por Sérgio Guedes. Derrotas para ASA e Avaí foram a gota d'água que fez transbordar a paciência de quem comanda o Azulão.

Admiro a pessoa do Márcio, gente boníssima, mas seu trabalho não atingiu a consistência que se exige para quem quer voltar à elite nacional e não dar vexame no Estadual.

Nos últimos meses, nas mãos de Márcio Araújo, em pouquíssimos momentos o vôo do Azulão não passou por turbulências de assustar até pilotos experientes.

Embora respeite o currículo do rio-pardense como ex-meio-campista do São Paulo ( o menino que barrou o ídolo Falcão nos tempos do técnico Cilinho) e como treinador, jamais deixei de discordar e até criticar algumas de suas atitudes. Ou a falta de.

Não sei se ele tinha ou não o time na mão. E se a educação exemplar era sinônimo de paternalismo excessivo. Só sei que, apesar dos constantes desfalques, havia opções individuais capazes de formar um conjunto mais homogêneo, com cara de time.

O Azulão só voou tão baixo, sem ganhar altura de acesso, porque abusou do direito de ser burocrático na hora de atacar e pouco competitivo na hora de se defender com mais dedicação. Não teve equilíbrio nas ações defensivas, criativas e ofensivas.

Márcio também teve condutas discutíveis -- porém legítimas e respeitáveis -- no momento de escolher e/ou mudar jogadores e esquemas. Com ou sem matador? Três ou quatro zagueiros? Três ou dois volantes? 3-5-2, 4-3-1-2, 4-4-2 ou 4-2-3-1?

Embora tenha ajudado a salvar o Azulão do descenso, aqui Márcio Araújo não deu certo. Mas é um bom treinador. Pode dar a volta por cima.

Tomara que o retorno de Sérgio Guedes signifique um São Caetano diferente, capaz de trocar a passividade irritante por uma competitividade envolvente. Como o fez diante dos grandes e, por extensão, dos holofotes da mídia.

Ex-goleiro do Santos, Sérgio Guedes é competente mas vai precisar da mesma paciência -- talvez até demais -- que os dirigentes do Azulão tiveram antes de demitir Márcio Araújo, que não é o único culpado.

SANTO ANDRÉ NA C, MAS SEM JOGO

A pedido da CBF, a FIFA resolveu punir o Brasil de Pelotas e o Treze de Campina Grande por terem entrado na Justiça Comum. E a CBF optou por acatar o pedido do Santo André para só iniciar os Brasileiros das Séries C e D quando as pendências judiciais estiverem solucionadas.

Por isso, até segunda ordem, o Santo André continua na Série C, mas o início dos campeonatos está adiado. Em vez de enfrentar a Chapecoense, em Araras, amanhã de manhã, no Bruno Daniel, o Ramalhão faz jogo treino contra o Mogi-Mirim, campeão do Interior.

O técnico Claudemir Peixoto vai ter mais tempo para montar uma equipe capaz de evitar a repetição dos últimos vexames, que quase sempre redundaram em rebaixamentos.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um cachorro no meio do caminho

Se você estiver pensando em se dirigir ao 1º Distrito Policial de Santo André, ali na Xavier de Toledo, centro, para fazer um simples Boletim de Ocorrência, pense bem. Pode dar com os burros n'água! Como eu, você pode perder tempo e sair indignado.

Ontem à tarde, fiquei lá por cerca de duas horas e meia e não consegui passar nem pela estranha "triagem de ocorrências". Um rio de perguntas repetitivas e um córrego de respostas evasivas, inconsistentes.

Expliquei pelo menos seis vezes por que queria fazer um BO. No guichê, pelos buraquinhos do vidro, o distinto "investigador" Luiz, educado mas aparentemente meio enrolado, parecia não entender.

Contei o que acontece há pelo menos um ano e ele me pediu pra desenhar e emprestar as fotos. Sou péssimo em desenho (e matemática), mas fiz um esboço da minha rua e das três casas envolvidas numa maldita passagem de servidão à qual também tenho direito, por escritura datada de, pasmem, 1947.

Pelo menos seis vezes, o "investigador" foi lá dentro e voltou sem que alguém, delegado ou escrivão -- talvez um detento? --, conseguisse classificar meu assunto como merecedor de uma simples ocorrência a ser investigada.

Mesmo sendo meu direito legal solicitar um BO, possivelmente de "esbulho possessório", o nobre "delegado" Vagner Bordon, ou alguém que falava em seu nome, entendeu que não era o caso. Convenhamos, pura falta de vontade!

Simplesmente, ninguém me recebeu, lá dentro, com o mínimo de educação. Só recados alternados: "O senhor já falou com o inquilino? O cachorro dele é grande? É bravo?". "O senhor já chamou a Zoonose?" "É melhor procurar o pessoal do Forum e entrar com ação".

No último recado, depois de muito insistir para ser recebido pela autoridade policial, alguém mandou a pérola: "Não cabe ocorrência. Seria mais fácil se tivesse lesão corporal, se o cachorro tivesse mordido o senhor" -- disse o moço enrolado que, acho, já estava me enrolando. Mas com educação ímpar! Só essa que me faltava!

Você deve estar curioso. Então, tento explicar sem entrar em detalhes nem desenhar. Desde que você não seja mais um investigador recadista ou um delegado oculto. Afinal, nem sei se o dr. é gordo, magro, alto, baixo, preto ou branco.

Amparado pelo "advogado-procurador" da proprietária do imóvel, o pouco sensato inquilino de uma casas laterais, a 3, plantou um cachorro no corredor de um metro de largura e fez da passagem de servidão comunitária seu quintal. Pode? É muita pretensão!

Um absurdo! Uma insensatez que já dura um ano e não foi resolvida na conversa franca, de quem se julga decente. Depois de mais de meio século sem problemas, de repente, por capricho de quem quer exclusividade, não tenho mais o direito de ir, vir e até alugar, como todos?

Se quiser reclamar do abuso, tenho de pagar para entrar na Justiça ou, conforme sugestão da autoridade, dar mole para o cachorro me morder. Tá de brincadeira, né, "delegado". Me recuso a acreditar!

Pensei que a falta de bom senso, de atitude sensata, fosse só do meu novo vizinho e de quem alugou o imóvel sem as devidas informações e, estranhamente, lhe dá respaldo, possivelmente de olho na área do corredor que deveria ser utilizado de forma igualitária.

Após o último recado/desrespeito, imaginei: pelo jeito, as autoridades competentes --ao menos para intimar os envolvidos a prestarem esclarecimentos -- estão muito ocupadas ou não parecem tão dispostas a trabalhar em caso, para eles, imagino, tão mesquinho. Detalhe: em duas horas e meia, foi feita apenas uma ocorrência.

Se, conforme orientação de especialista, a lei me faculta o direito ao BO -- afinal, não sei o que pode acontecer amanhã -- por que tantos empecilhos sem sequer se dignar a me ouvir sem intermediários? Me indignei, sim! Por isso o desabafo particular.

Fiquei chateado mesmo! Até cogitei procurar a Ouvidoria da Polícia, mas descartei ao concluir que poderia passar por mais um desconforto. Vim embora pra casa nervoso, com a sensação de que aquilo ali, pelo menos a julgar pelas atitudes de ontem, foi feito para dar canseira e não funcionar.

Lamento por não ter tomado uma atitude menos educada assim que o cara enfiou aquele cachorro no meu caminho, no corredor de todos. Perdi o momento e agora sou obrigado a pagar mico na Delegacia por tentar resolver com bom senso, com a mediação de quem ganha para orientar e fazer valer a autoridade; não para se omitir.

É triste, viu delegado! É duro ter como argumento um esbulho possessório (perda do direito de posse ou de uso) e sair se sentindo vítima de esbulho "paciensório" ( invenção minha, para a inevitável perda de paciência).

Se coloque no meu lugar (e de outro vizinho prejudicado) como cidadão comum. O cachorro não tem culpa, claro, mas late, morde, cheira mal, faz sujeira e impede a passagem opcional de duas famílias. Afinal, está no meio do caminho.

Se fosse vivo, talvez Carlos Drummond de Andrade pudesse trocar a famosa pedra pelo cachorro. "No meio do caminho tem um cachorro. Tem um cachorro no meio do caminho".

Dois heróis, um candidato e um vilão. Deu Timão!

Se outro dia Drogba e Petr Cech foram os heróis do Chelsea campeão, ontem os protagonistas de atos não menos heróicos na vitória do Corinthians foram Paulinho e Cássio.

Se na decisão da Liga dos Campeões da Europa os vilões do Bayern de Munique foram Schweinsteiger e Robben, ontem, diante de um exército de loucos, o papel de vilão vascaíno ficou com Diego Souza.

Assim é o futebol! Recheado de heróis e vilões. Heróis como o eficientíssimo meio-campista Paulinho, capaz de burlar uma marcação quase perfeita durante mais de 180 minutos (os dois jogos, lógico!) e fazer um gol histórico, que leva o Timão para as semifinais da Libertadores.

Tudo começou com uma falta sobre Fábio Santos, lá na esquerda. Alex não esperou a formação de barreira -- tudo dentro da legalidade --, apressou o lateral e tocou com rapidez. O cruzamento de Fábio Santos foi desviado para a linha de fundo. Novamente Alex bateu; Paulinho subiu bonito, agora com extrema elegância, no meio da zaga, e cabeceou para o chão. Goooooooolll! O velho Pacaembu virou um mar de emoções.

O detalhe é que não existiria o herói do gol da vitória sofrida, proibida pra cardíacos, se antes não brilhasse a figura grandiosa do goleiro Cássio. Pouco mais de 17 minutos do segundo tempo; falha grotesca na intermediária do Vasco dá o contra-ataque para Diego Souza conduzir até a área.

A partir do erro de Alessandro, então candidato em potencial ao rótulo de vilão, foram exatos sete segundos de desespero, tensão e expectativa na arquibancada preta e branca.

O desfecho mostrou um herói capaz de crescer, saltar para a esquerda e desviar com a ponta dos dedos a batida de um novo vilão, Diego Souza. Alessandro seria execrado! Alguém duvida?

Mesmo sendo um grande jogador, o candidato a herói virou vilão. Mesmo com jeitão meio maluco, desengonçado, sujeito a instabilidades de quem ainda precisa provar que é um bom goleiro, à altura da grandeza do Corinthians, Cássio virou o primeiro herói.

Num jogo de dois heróis, um candidato e um vilão, onde mais uma vez prevaleceram os sistemas defensivos, a determinação e o coração, deu Coríntians. Se a bola de Diego Souza entrasse, ele seria o herói e o Vasco estaria na semifinal da Libertadores. E Cássio e Paulinho estariam sendo questionados sobre a razão de mais uma eliminação corintiana.

Com menos intensidade, mas tão valente quanto o time de Tite Fala Muito -- ontem ele foi expulso e teve de falar da arquibancada --, o Vasco de Cristóvão Borges foi superior tecnicamente e mais consciente e técnico no toque de bola. Se vencesse, também seria por méritos.

No outro jogo de ontem, o Fluminense deu sopa pro azar. Foi razoável e administrou bem o primeiro tempo, quando fez 1 a 0 com Thiago Carletto cobrando falta. Mas o Boca foi melhor no segundo, quando o Flu mostrou excesso de passividade. Aos 45 minutos, como prêmio pela ousadia e a mudança de postura, achou o empate com Santiago Silva e se classificou.

Daqui a pouco, na Vila Belmiro, o Santos decide a vaga com o Velez. Se passar, pega o Corinthians. Se der Velez, o time de Paulinho e Cássio -- e dos meus filhos -- vai medir forças com Libertad ou Universidad de Chile, outro jogo de hoje. Corintiano pode até despistar ou desmentir, mas vai torcer para os argentinos. E daí?

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ramalhão continua na C. E Bady é uma boa

Ao menos por enquanto, o Santo André está mantido na Série C do Campeonato Brasileiro. Portanto, se tudo não mudar amanhã, a estreia está confirmada para sábado, em Araras, diante da Chapecoense.

Punido com a retirada do mando de três jogos devido à invasão do vestiário por alguns torcedores diante do Joinville, ainda no ano passado, o Ramalhão continua longe do Bruno Daniel.

Audiência no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, determina que a CBF pague multa por perdas e danos e reconduza o Brasil de Pelotas à Série C em 2013, além de não punir o clube gaúcho por ter entrado na Justiça Comum.

No campo, na bola mesmo, quem cairia para a Série D seria o Santo André, mas o Brasil perdeu seis pontos por escalar um jogador (Cláudio) que deveria cumprir suspensão. Por isso foi rebaixado.

Contrariando regulamento da entidade máxima do futebol brasileiro, o clube de Pelotas ousou recorrer à Justiça Comum do Rio Grande do Sul e teve o mérito julgado como procedente. Se o acordo proposto na audiência não fosse efetivado, o rei dos descensos nos últimos anos poderia cair de novo.

O diretor de Futebol Sérgio do Prado garantia que o Ramalhão iria "até o inferno e poderia até melar o campeonato, mas não disputaria a Série D". Tomara que agora o time de Claudemir Peixoto faça jus à primeira conquista em 2012.

Início do campeonato (agora com maior respaldo financeiro da CBF) pode ser determinante para se projetar aonde o Santo André pode chegar. Desde que não faça como no Paulista, quando começou com tudo e só se salvou de mais um rebaixamento na última rodada.

Contratação por empréstimo do bom meio-campista Bady, junto ao São Bernardo, é uma boa pedida. O baixinho é um meia rápido, dinâmico e combativo, além de especialista em bola parada e arremates certeiros de fora da área. Às vezes, oscila muito num mesmo jogo. Brilha e se apaga num piscar de olhos.

Se o esquema a ser adotado por Claudemir Peixoto -- se não me engano, ele prefere o 4-4-2 -- for adequado e facilitador pra quem sabe jogar, o Muniain do Tigre pode fazer sucesso e ajudar o Ramalhão a não dar outro vexame.

Azulão não passa firmeza na estreia

Sinceramente, não senti firmeza! Não gostei do que vi sábado no Anacleto Campanella.

Derrota de 1 a 0 do São Caetano para o ASA de Arapiraca deixa perspectivas sombrias para a disputa da Sére B do Brasileiro.

Sei que era estréia e que se deve dar tempo ao tempo. Mas o time de Márcio Araújo não foi diferente do quase rebaixado no estadual deste ano e no nacional de 2011.

Prudência recomenda esperar mais algumas rodadas para saber se o treinador e o time vão mudar de atitude. Vide o início catastrófico do São Bernardo campeão da Segundona paulista.

Porém, sem intensidade, sem ritmo e, principalmente, sem entusiasmo e competitividade, como sábado, o Azulão corre sério risco de ser abatido em pleno vôo.
E olha que desta vez pode não ser salvo pelo gongo, nas últimas rodadas.

O clube alagoano merece respeito, mas não tem nada de excepcional, é limitado. Só que foi mais time; um conjunto determinado. O São Caetano contratou e tem individualidades, mas insiste em não se impor, nem se portar como equipe capaz de correr do começo ao fim.

Pior, parece ter sangue de barata! Não luta o suficiente para criar empatia com os poucos torcedores! Se até o incomparável Barcelona de Messi também se aplica na marcação desde a saída de bola, por que o São Caetano não?

Se o Borússia Dortmund, grande campeão alemão, é uma avalanche de emoções ofensivas mas se dedica a marcar e dividir como poucos, por que não se indignar com a frouxidão azul? Ausência do torcedor não é justificativa consistente!

Se não soube se impor em casa, contra o ASA, o que se esperar na sequência do campeonato? Insisto na tecla dos últimos 365 dias: na prática, 4-2-4 e 4-3-3 não são obrigatoriamente sinônimos de ofensividade letal.

Assim como 4-4-2 e 4-3-2-1 não significam mera defensividade covarde, incapaz de chegar ao gol com determinação e inteligência. Desde quando escalar um trio de volantes, com pelo menos dois que também saibam atacar, é a mesma coisa que subir uma muralha à la Chelsea?

O técnico Márcio Araújo já teve tempo para montar a equipe, fazer a leitura correta do elenco e, se preciso, alterar o caminho se quiser voltar à elite nacional. Assim como os dirigentes do São Caetano já tiveram tempo para conhecer o trabalho, aa filosofia e os limites do treinador.

Conclusão: se nas próximas rodadas Márcio Araújo não convencer o time a mudar de postura, a diretoria tem de mudar o comando técnico. Se nada disso acontecer, a terceira opção é questionar o comando diretivo, mais conhecido como presidente Nairo. Por que não?

sábado, 19 de maio de 2012

Drogba e Cech, os heróis do Chelsea campeão

De um lado, um Bayern histórico, tradicional, quatro vezes campeão europeu e ligeiramente favorito. Do outro, o milionário Chelsea a apostar na surpresa e no primeiro título.

Na decisão da Liga dos Campeões, agora há pouco no Allianz Arena, em Munique, mais uma vez prevaleceu a escola defensiva do Chelsea, nos pênaltis ( 4 a 3), depois de 1 a 1 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação.

O goleirão Peter Cech e o artilheiro Drogba foram os heróis da grande final. Em contraposição, Schweinsteiger, um dos melhores em campo, foi um dos vilões ao lado de Robben. Ambos desperdiçaram pênaltis.

No primeiro tempo, tudo conforme o script. Alemães no ataque à procura do gol e ingleses na defesa, outra vez sonhando e apostando com um contra-ataque fatal.

Taticamente, o Bayern optou pelo 4-3-3, com variação para o ainda mais ofensivo 4-2-4quando Muller se tornava atacante.

O Chelsea manteve a escola italiana do técnico Roberto di Matteo. Mesmo sem repetir o monobloco que eliminou o Barcelona. Preferiu o 4-4-2, com esporádicas variações para o 4-5-1, quando Kalou voltava para ajudar na marcação pela direita.

O Bayern teve mais posse de bola ( 60% contra 40%), mais finalizações (9 x 2), mais escanteios (8 x 0) e uma conclusão de Robben na trave após defesa de Cech. Tudo dentro das previsões de um esporte que não é ciência exata.

No segundo tempo o domínio alemão não foi tão ostensivo, mas também não diminuiu. Com mais movimentação, o Bayern emparedou o Chelsea, que não aproveitou a ampliação dos espaços para contragolpear.

Depois de chegar pelo menos três vezes com perigo, contra uma dos ingleses em contra-ataque, o Bayern só abriu o marcador aos 37 minutos com Muller, de cabeça, aproveitando levantamento de Schweinsteiger da esquerda.

Gol feito, o Chelsea, que já trocara o marcador Bertrand pelo ofensivo Malouda, foi ainda mais à frente com a entrada do centroavante Fernando Torres. E não poderia ser diferente!

Em vantagem, o Bayern tentou garantir o título ao colocar o zagueiro Van Buiter no lugar de Muller. Não conseguiu: aos 42 minutos,em escanteio da direita, aconteceu o gol de empate de Drogba, sempre ele, concluindo de cabeça, com força.

Na prorrogação, a tônica da decisão não mudou. Aos 2 minutos, o bom árbitro português Pedro Proença marcou pênalti claro de Drogba em Ribery. Contra o Barcelona, também em pênalti de Drogba, Messi perdeu. Hoje, não foi diferente; outro craque, Robben, bateu mal e parou no goleiro Cech.

Aos seis minutos, com o Bayern ainda abalado pela perda, Olich substituiu o contundido Ribery. Mesmo assim, quando voltou a ser empurrado pela torcida, retomou o domínio.

Como o Bayern não conseguiu marcar, principalmente porque já não tinha Muller e Ribery, e o Chelsea se defendeu com eficácia, a decisão foi para os pênaltis.

Nada de loteria! Como sempre, prevaleceram as competências (ou incompetências) técnica, física e emocional. O Bayern começou batendo. Lahm marcou, Mata parou em Neuer; Mario Gomez converteu, David Luiz também; o goleiro Neuer marcou, Lampard também; Olich parou em Cech, Ashley Cole empatou.

Nas cobranças decisivas, Schweinsteiger mandou no poste esquerdo e Drogba bateu com categoria para fazer 4 a 3. Virou herói ao lado de Cech, enquanto que, para muita gente, Schweinsteiger e Robben serão escolhidos como bodes expiatórios.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Pais, filhos e bodes (expiatórios)

"A arte de culpar os outros". Este é o título de uma das matérias da última edição da revista Veja. Por isso, pensei um pouco e tomei a liberdade de escrever o que aqui vai.

Talvez se mesclem partículas sentimentais de uma familiaridade tão invasiva quanto sincera. Quem quiser, que transfira para o seu universo. Se servir, que vista a carapuça. Ao menos pare pra pensar! E pare de culpar ou se culpar! Pura perda de tempo!

"A tentativa de encontrar bode expiatório para tudo é uma prática que acompanha a humanidade há milhares de anos" -- diz parte do texto de Veja. E, infelizmente, não vai mudar nunca!

A triste mania de jogar a culpa por uma situação indesejada, desconfortável, nas costas de um fato, um único indivíduo ou grupo, quase sempre inocente, é conduta disseminada em todas as épocas e em todos os segmentos.

Da igreja ao prostíbulo, da multinacional à lojinha de R$ 1,99, da grande rede de supermercados ao boteco da esquina, do ensino fundamental à universidade, sempre haverá alguém com o dedo em riste, a denunciar o "agente do mal" a ser execrado.

Na escola, na família, na empresa privada, na entidade pública, no esporte... É só prestar atenção na bola da vez! No futebol, a culpa é sempre do goleiro ou do último zagueiro. Também pode sobrar para o técnico inventor. Olha aí a imputação de culpa!

Pronto! Está escolhido o primeiro bode, o que vai para o altar do sacrifício. E depois o segundo, aquele que, de fato, é o expiatório e vai para o deserto levando pra bem longe todos os pecados da comunidade. E do time todo.

Se fosse um político profissional, carreirista, e sacana (pleonasmo com raríssimas exceções), diria que não conhece, que não viu nada ou que não sabia, mas "Adão culpou Eva, Eva culpou a serpente, e assim continuamos assiduamente desde então".

Verdade! Parece que nascemos predispostos a transferir a responsabilidade para a faxineira, para o mordomo, para o gerente, para o fornecedor, para o motoboy e até para a concorrência. Depende dos interesses pessoais de quem não assume os próprios erros e quase sempre se defende acusando.

No Poder Público municipal, arde quase sempre no do prefeito, mas antes disso a transferência de culpabilidade pode passar pelo motorista, pelo assessor de Gabinete, pelo diretor financeiro, pelo adjunto e até pelo superintendente da autarquia. Né, prefeitão?

Na família, de todos nós, não é muito diferente. O bode pode ser o avô superprotetor (seria um ruminante velho, de barba branca)ou o pai ausente e excessivamente autoritário, que não deu exemplo e não educou.

Também pode ser a mãe permissiva, eterna vítima, que não estabeleceu limites equilibrados nem deu carinho à altura dos rebentos. Ou até os dois! Principalmente se o casal se separou! É fácil acusar! Tudo aconteceu porque os "bodes" se separaram.

Também pode ser do irmão mais velho, quase sempre individualista, mandão e metido a valente. Ou o mais novo; via de regra, o coitadinho, o carente, o protegido."Pai, foi o Felipe que começou!" -- bradava, de forma legítima e inocente, o caçula Fernando.

Como o ser humano tende a se considerar "zica", o bom ( o perigo fatal é o artigo que antecede o adjetivo), melhor do que realmente é, acaba por revelar fraqueza, insegurança.

Aí, vai encontrar sérias dificuldades para admitir os próprios erros. Por mais simples e compreensíveis que sejam, opta pela cômoda omissão ou injusta transferência de responsabilidade.

Pegando como referência meu filho mais velho, o Fábio Vinícius -- de quem, não por vontade própria, fiquei por bom tempo menos próximo do que se espera de um bom pai --pensei no maldito bode da expia.

Por alguns anos, fico com a impressão de que fui mesmo usado como bode. Talvez tenha merecido a cruz. Sinceramente, não sei! Meus filhos são justos e podem me julgar com maturidade, isenção e sabedoria.

Não afirmo como dono da verdade, mas acho que muitos pais, filhos e irmãos perdem tempo precioso curtindo ciume desproporcional, dúvidas, mágoas, culpas, raivas e orgulhos bobos.

Perdemos primaveras floridas não tendo a humildade de agilizar a inadiável conversa do esclarecimento e do perdão. Perdemos outonos de ventos cortantes sem enaltecer a paz, a família, a amizade e o amor verdadeiro. Entre pais, irmãos, filhos e amigos, como deveria ser, sempre.

Também desperdiçamos muitos finais de tardes de verão dando ouvidos a fofocas, empresariais ou familiares, inconsequentes e inconcebíveis, em vez de admirar o espetáculo do pôr do sol ou o brotar da primeira estrela.

Cada um do seu lado, quando distantes, pais e filhos perdem invernos e mais invernos de aprendizado, de belas lições de vida. Por vezes, à procura do maldito bode expiatório, encarregado de assumir o ônus dos verdadeiros culpados. Nós, os protagonistas.

Sugestão: é mais prudente assumi-la! Seria mais justo resolver tudo na conversa mineira, fraternal; no tete-a-tete. Talvez, para alguns pais e filhos, faltem um dedo de comprometimento, um cálice de humildade e uma taça de coragem para dizer poucas mas sinceras palavras.

Verdades duras, mas mais saudáveis do que informações fantasiosas, impressões distorcidas e mentiras perigosas quando buzinadas nos ouvidos de crianças inocentes, adolescentes inseguros e jovens imaturos e compreensivelmente desafiadores e aventureiros.

A capacidade de assumir, entender, assimilar e perdoar deve prevalecer quando a grandeza da alma não dá lugar à pequenez do espírito, à covardia dos fracos de caráter. Não significa esquecer e apagar totalmente os erros do passado. São sábias lições! Basta se dignar a aprender a perdoar!

Então, pais, filhos, irmãos e amigos de verdade, vamos nos abraçar mais, nos beijar mais e abolir qualquer desavença. Que tal privilegiar a comunhão de confiança e sinceridade? Isso tem muito a ver com pais e filhos que não deixam de pensar na importância da família, da doação mútua e da educação plena.

Vamos deixar de nos julgar vítimas e continuar nossa relação verdadeira, sadia; nosso trabalho incessante e honesto. Não precisamos transferir responsabilidades. Por favor. Os bodes de nossas culpas estão cada vez mais fora de moda. Não combina com pessoas decentes e que respeitam escolhas divergentes. Nada de preconceitos!

Pais e filhos, vamos sorrir mais e chorar menos; orientar mais e gritar menos, brincar mais e trabalhar menos. Vamos comprar menos brinquedos e dar mais atenção, carinho. Vamos acreditar mais e desconfiar menos; elogiar mais e criticar menos. Vamos ter mais paciência e menos rompantes de agressividade.

Que tal viver mais e reclamar menos? Vitimização zero! Individualismo e egoismo zero! Negativismo e incompreensão também zero! Vamos construir mais e destruir menos. Vamos encontrar tempo para admirar mais o lado bom em vez de crucificar a face ruim das pessoas e da vida.

Que tal maximizar virtudes e minimizar defeitos alheios? Não importa se em casa, na escola, no futebol do clube ou no trabalho. Que tal não supervalorizar virtudes próprias, não se autoproclamar o bambambã. Mesmo que de vez em quando, sugere-se enaltecer as atitudes e virtudes dos outros.

Por mais que as decepções nos acompanhem, que a dor nos aflija, bom seria exercitar o dom da gratidão e tocar em frente com o sorriso contagiante dos otimistas. Com a cumplicidade dos amantes, a dignidade dos vencedores e a lealdade dos perdedores.

Sem medos, sem traumas e sem bodes, a sociedade como um todo precisa entender que devemos tratar o próximo como gostaríamos de ser tratados ou de ver tratados os nossos filhos. No mínimo com respeito, educação e honestidade.

Aceitar o contraditório, sem responder instantânea e precipitadamente, no automático, também é uma conduta louvável. Nos faz aprender a avaliar, pensar, respeitar opiniões distintas e crescer. Não aceitar críticas construtivas também é um pecado capital, característico de arrogantes.

Personalidade forte é um fator positivo. Mas brincar de "não tô nem aí para o que os outros pensam ou dizem" é se julgar acima do bem e do mal e assumir um risco desnecessário. O orgulho infundado tem gosto de pimenta. A humildade real é doce como o mel. Aquele especial, branquinho, da abelha rainha.

Se você ainda for um filho distante e inimigo da gratidão, pare pra pensar. Jogue fora o boné da indiferença e o brinco da contestação injustificada! Rasgue a máscara da amargura! Abrace seus pais com força e volte a sonhar e a sorrir para o mundo.

Se você é um pai distante e omisso, livre-se do peso da armadura! Sem receio de ser tachado de trouxa, calce a sandália franciscana, deixe de procurar bodes e fique definitivamente mais perto de quem te ama de verdade!

Com propriedade, alguém já escreveu que o dinheiro faz homens ricos e o conhecimento faz homens sábios, mas só a humildade faz homens grandes de verdade.

Dito (tudo) isso, meu momento sugere juntar partículas do bem, perdoar erros do passado, ignorar possíveis culpados ou bodes expiatórios imaginários. Afinal, somos responsáveis pelas nossas escolhas.

É hora de declarar, mais uma vez, pra que ninguém tenha dúvida, o tamanho do amor que sinto pelos meus filhos (Fábio, Maira, Felipe e Fernando) e pelos meus netos (Victor e Júlia).

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dá ataque ou defesa na grande final?

O Bayern de Munique joga empurrado pela torcida e vai atacar do começo ao fim. Tem time, força ofensiva e jogadores diferenciados para ganhar o título da Liga dos Campeões da Europa.

O Chelsea joga fora de casa, com apoio de um número bem menor de torcedores, e tem antecedentes que o credenciam a se defender do começo ao fim. Se chegou na grande final é porque teve méritos.

O time inglês é muito aplicado taticamente e joga no erro do adversário, para ganhar no contra-ataque. Por isso, e por ter eliminado o favorito Barcelona, também pode ser campeão.

Dos brasileiros, Ramirez fica de fora por estar suspenso. Vai fazer falta! David Luiz, o menino grande que saiu de Diadema, deve jogar. É um zagueiro com técnica, mas sinônimo de perigo quando enfeita demais. Também aparece na frente com desenvoltura.

Atacar com arte e técnica é uma beleza. Assim é o Bayern. Defender com sabedoria, consistência e aplicação também é bonito de se ver. Assim é o Chelsea. Final sem o Barça de Messi e o Real de Cristiano Ronaldo não é sinônimo de sonolência.

Pode faltar plasticidade técnica, mas vai ser um pega-pra-capar. Por mais que os dois times tenham vários desfalques e que prevaleçam os sistemas defensivos, em decisão de tamanha envergadura não tem como não ter emoção.

Se estivesse numa casa de apostas, cravaria vitória alemã na proporção de dois por um. Admiro bons ataques e boas defesas, mas Ribéry, Robben, Schweinsteiger e Miller devem fazer a diferença para o Bayern. Mas os experientes Drogba e Lampard podem contrariar a lógica e dar o primeiro título europeu ao Chelsea.

Dá defesa ou ataque? Ganha quem aliar os dois fatores com competência. O Bayern está mais próximo do ideal.

Santos não foi o Santos; Corinthians foi Corinthians

Rodada da Libertadores não foi boa para o futebol brasileiro. Na Argentina, Santos e Fluminense perderam de 1 a 0, respectivamente, do Velez Sarsfield e do Boca Júniors.

Dominados, os campeões paulista e carioca não mereciam melhor sorte! O Santos não foi o Santos que encanta a maioria. O Flu sentiu as ausências de Deco e Fred.

Agora há pouco, no Estádio José Amalfitani, em Buenos Aires, prevaleceram os argentinos. O Santos jogou pouco, demonstrou cansaço e encontrou um adversário que atacou e defendeu com desenvoltura.

Armado no 4-3-1-2, o time de Muricy jogou mal, foi omisso, presa fácil, e não manteve o esquema ofensivo de costume. Foi mais cuidadoso, sem conseguir impor ações verticalizadas baseadas na velocidade e na técnica de Neymar, que, bem marcado, pouco pegou na bola.

Sem a bola, o Velez voltava inteiro e formava um bloco defensivo consistente. Com ela, atacava sem medo e com rapidez. A marcação santista começava pelos três volantes (Elano pela direita, Adriano centralizado e Arouca pela esquerda), mas nem sempre se mostrava eficiente.

Óbolo, de cabeça, aos 36 minutos do primeiro tempo, fez o gol de quem jogava melhor, dominava e já fazia por merecer. Enquanto isso, o Santos se movimentava com limitações e pouco fazia para escapar da pressão.

O time de Muricy voltou para a segunda etapa mais disposto, mais dinâmico e mais ofensivo, sem se limitar a assistir o adversário jogar.

Tanto que a primeira grande chance do campeão paulista no jogo foi aos cinco minutos, em cobrança de escanteio de Elano. O Velez sentiu o domínio santista e, sem conseguir jogar, começou a apelar.

Só que, depois dos 15 minutos o time argentino reencaixou a marcação, voltou a equilibrar as ações no meio-campo e a chegar com perigo, inclusive com várias finalizações perigosas de dentro e de fora da área.

Cansado, o Santos voltou a cair, errou muitos passes, pouco finalizou e se curvou à aplicação e à ligeira e momentânea superioridade do Velez.

No Brasil, o Santos vai ter de voltar a ser o Santos se não quiser ser eliminado em casa. É favorito, mas não terá facilidades. O Velez não é o Bolívar.

No outro jogo em Buenos Aires, em La Bombonera, o Boca Júniors também foi melhor e mereceu vencer. Mas hoje é um time muito mais de camisa e nome do que de bola. Deve ser respeitado, é ousado quando joga em casa, mas tem lá suas limitações, especialmente no sistema defensivo.

Fluminense só mostrou competência organizacional ofensiva nos 15 minutos iniciais, quando esteve perto de abrir o marcador. Depois, só deu Boca. Principalmente após a expulsão do lateral Carlinhos pelo segundo cartão amarelo.

Time de Abel Braga se defendeu com galhardia no segundo tempo e o goleiro Diego Cavalieri fez pelo menos três defesas de vulto quando o Boca intensificou a pressão. Encurralado, o Fluminense se limitou a bloquear mas nos minutos finais quase chegou em dois contragolpes.

No Engenhão, o Flu precisa jogar mais para não ser surpreendido pela escola argentina. Se Riquelme brilhar e Diego Cavaalieri não brilhar, time carioca vai ter dificuldades para vencer sem Deco e Fred. Classificação está ameaçada, mas reverter não é missão impossível!

Ontem, mais uma vez, nesse jogo o juizinho foi caseiro no campo disciplinar e nas interpretações técnicas. Na Libertadores, não é novidade. Não vai acontecer nada! Já o árbitro de Santos e Velez foi bem.

Quarta-feira, em São Januário, com campo pesado devido às chuvas intensas, o Corinthians foi o Corinthians de quase sempre. Jogou pro gasto, na conta do chá, pra empatar sem gols.

Duelo com o Vasco se limitou à supremacia dos sistemas defensivos. A começar pela intensa marcação no meio-campo. Peças chaves de ambos os lados (Paulinho, Alex, Diego Souza e Juninho) não tiveram tanto espaço para criar, chegar e municiar os atacantes.

Por isso as oportunidades de gol foram tão raras. Embora o Vasco tivesse mais presença e ousadia no segundo tempo, faltou-lhe o essencial: bola.

Jogo da próxima semana, no Pacaembu lotado, vai ser diferente. Com certeza, o time de Tite Fala Muito vai tomar cuidados defensivos, mas não vai abrir mão da ofensividade do primeiro ao último minuto.

Mesmo em má fase, Liédson poderia ser escalado como referência ofensiva. Alex também tem muito mais futebol do que mostrou no Rio. Vasco é limitado, mas tem boleiros de sobra e não está morto.

Está mais para o Corinthians! Sem excesso de favoritismo. Por respeito e pela rivalidade, corintiano vai torcer pro Velez e santista vai torcer pelo Vasco. Alguém duvida?

terça-feira, 15 de maio de 2012

Desrespeito ao torcedor campeão

Tomara que o imbróglio transcorrido sábado no Estádio Primeiro de Maio sirva de alerta para os dirigentes do São Bernardo, legítimo campeão da A-2, a Segundona estadual.

Clima festivo -- e não poderia ser diferente --, acesso e título histórico à parte, o torcedor, atual e/ou futuro, do Tigre não pode ser desrespeitado e até humilhado como aconteceu.

É inadmissível que mais de mil torcedores tenham ficado de fora, sem ver a decisão, por falta de organização de dirigentes e da Polícia Militar, responsável pela limitação de acesso e pela segurança do evento.

Todos sabiam que o berço das manifestações petistas -- de ontem e de hoje -- estaria lotado. Penetras, cambistas, flanelinhas, falsificadores e até pseudo amigos do rei dariam mesmo trabalho. O entorno do palco só poderia ferver!

Se no Primeiro de Maio cabem cerca de 15 mil torcedores ( foram 13 mil pagantes), como a PM pode vetar a entrada de quem tinha ingresso sob a descabida alegação de que não havia mais lugares?

Pela TV+, mesmo com algumas limitações na transmissão e na informação jornalística, ficou claro que havia pelo menos mais "999" lugares. Portanto, a determinação da Polícia Militar, que também teria abusado da força e do gás de pimenta, não tem respaldo. Contradiz o que era visível.

Outro problema foi a descoberta de convites falsos (diferentes dos vales das empresas apoiadoras) que seriam trocados por ingressos. Falsificar é fato tão rasteiro e comum quanto ilegal e inadmissível Brasil afora.

Presidente Luiz Fernando Teixeira promete ressarcir financeiramente quem tinha ingresso e também garante que vai acionar a cúpula da PM e detonar a conduta da "autoridade" (capitão Faro) que deveria coordenar as ações de segurança na decisão.

Além de assumir as próprias responsabilidades, sem fugir da raia, nada mais lógico do que a presidência do Bernô dar satisfação consistente ao torcedor que tanto tem prestigiado o campeão.

E que também pode abandoná-lo e até processá-lo por danos morais ao se sentir desrespeitado justo no momento da grande festa.

Políticos, papagaios-de-pirata e demais aproveitadores de plantão com certeza foram privilegiados e viram a final sem qualquer transtorno. Por que não direitos iguais?

Em 2013 o Tigre vai disputar a elite, com grandes jogos, grandes torcidas e problemas diretamente proporcionais. Então, que a falha pontual sirva de lição e a diretoria se prepare em sintonia com a PM.

sábado, 12 de maio de 2012

Tigre, o campeão da superação

São Bernardo está em festa! No Estádio Primeiro de Maio, diante de cerca de 13,5 mil torcedores, entre eles o ex-presidente Lula, o São Bernardo acaba de empatar de 2 a 2 com o valente União Barbarense e conquistar o título da Série A-2 do Paulistão.

É o título da superação. A conquista de quem começou nocauteado, irreconhecível, e soube, mais de uma vez, erguer-se, reencontrar o doce caminho das vitórias e dar a volta por cima para ser um legítimo campeão.

Na primeira fase foram cinco derrotas consecutivas e uma reação excepcional, para chegar em segundo lugar na classificação geral.

Depois, nos quadrangulares, outro início decepcionante, para, rapidamente, se recuperar e chegar em primeiro, garantindo o acesso de forma heroica.

Na fase decisiva não foi diferente. Começou perdendo e empatou de l a l em Santa Bárbara d'Oeste com um gol nos acréscimos. Hoje, foi buscar o resultado duas vezes e, com a igualdade, ficou com o título.

Na primeira etapa, de início equilibrado, o União Barbarense mandou uma bola no travessão com César aos 17 e dois minutos depois fez l a 0 com Cesinha aproveitando falha de cobertura na lateral-esquerda e no miolo de zaga.

Era do que o Tigre necessitava para acordar e mostrar por que merecia ser campeão. Daí pra frente, só deu São Bernardo. Um massacre! Foram seis oportunidades reais além do gol de cabeça de Ricardinho, aos 36 minutos.

Pela melhor campanha, o resultado dava o título ao time de Luciano Dias, mas o União Barbarense, de investimentos bem mais modestos, foi guerreiro. Mesmo com um jogador a menos após a expulsão do zagueiro Juliano, no final do primeiro tempo, o União partiu para o ataque.

Com espaços, no contragolpe, o Tigre desperdiçou chance dupla aos 10 minutos, com Ricardinho e Danielzinho, livre, no rebote. Aos 13, com méritos, o time do novo técnico do Santo André, Claudinei Peixoto, desempatou: o bom lateral-direito Alex bateu falta no poste esquerdo e o zagueiro Renato empatou na sequência.

Gol feito, lá se foi o São Bernardo outra vez em busca da reação, lugar-comum durante toda a competição. Cresceu e dominou. Liberou ainda mais laterais/alas, volantes e meias (Luciano Mandi entrou ainda no início do primeiro tempo no lugar do lesionado volante Zé Forte) e passou a criar oportunidades sequenciais.

Em nova chance dupla aos 17 minutos, com Danielzinho e Ricardinho, o empate esteve próximo. E aconteceu no minuto seguinte, quando Bady, de fora da área, acertou o ângulo direito do bom goleiro Tiago Passos.

Com a necessidade de vencer, o União voltou a atacar e dar campo para contragolpes com alto teor de periculosidade. Como aos 37 e aos 41 minutos com o quase sempre individualista Danielzinho.

Aos 43 minutos, já com quatro atacantes, apenas um volante e um meia, o desnecessariamente ousado São Bernardo marcou com Ney Mineiro. O árbitro Claudinei Foratti chegou a apontar discretamente para o meio do campo, mas, erradamente, resolveu acatar marcação do assistente, que viu impedimento inexistente.

Aos 44, quem perdeu, pra variar, foi o artilheiro Danielzinho. Por sorte, o Tigre já não dependia de gols para fazer a festa de campeão, repetindo a conquista do brilhante e saudoso Santo André de 81.

Pena que os dois não se reencontrarão na elite estadual. Neste momento, cada um está onde merece. Apoio consciente e não abusivo do poder público, investimento, trabalho exaustivo, confiança e competência quase sempre são sinônimo de sucesso.

Racismo: dois negros e um absurdo

Kong, videoclipe do cantor Alexandre Pires com participação de Neymar, o monstro das canelas finas, está sob investigação no Ministério Público.

Acusado de crime de racismo pela Ouvidoria da Secretaria Nacional de Promoção e Igualdade Racial, o negro Alexandre Pires não merece passar por situação tão esdrúxula. São dois negros e um absurdo!

Além de branquelas popozudas e mulatas monumentais, o video mostra cantor e jogador dançando vestidos de gorilas. Nada de ofensivo, de imoral, mas a denúncia do ouvidor é taxativa:

"Video mostra clichês e estereótipos contra a população negra e reforça estereótipos equivocados da mulher como símbolo sexual". Como exemplo, a frase: " É no pêlo do macaco que o bicho vai pegar".

Digníssimos representantes da SNPIR, será que os senhores não têm algo mais importante a denunciar e investigar? Olhem bem para a cor e para o histórico de condutas do cantor/autor e do jogador/monstro! É possível detectar atitudes de cunho racista ou capazes de denegrir a imagem da mulher?

Por favor, nobres homens do Ministério Público, os senhores têm muito mais a fazer quando o assunto é racismo, trabalho escravo, violência doméstica, desvio de verba pública, tráfico de drogas e influência, assassinatos encomendados, lavagem de dinheiro e tantos outros.

Procurar chifre na cabeça de cavalo, ou de macaco, não é uma boa ideia. Ao menos por justiça, que esqueçam tamanha asneira.

Em nome do bom senso, que mostrem dignidade e humildade suficientes para reconhecer que, quando não se tem o que fazer, é melhor não inventar. Simples assim!

Em caso de urgência, não ligue 192!

Culpa não cabe aos funcionários, mas em caso de urgência médica é melhor não contar ou não confiar plenamente nos serviços do SAMU.

Se você ou alguém próximo sofrer algum acidente em Santo André, os primeiros-socorros podem exigir mais que simplesmente discar 192 e informar o endereço correto.

Por absoluta falta ou deficiência de comunicação via rádio/telefone, atrasos podem custar vidas. Quando prejudicado, é direito do cidadão exigir a apuração de responsabilidades.

Justificativas convincentes -- se é que há! -- devem ser apresentadas por Nextel, Anatel e Poder Público municipal, responsável direto pela prestação do serviço com qualidade.

Acredite se quiser, mas, não fosse a intervenção providencial do DGABC, os rádios das imprescindíveis ambulâncias do Samu andreense ainda estariam sem sinal.

Que absurdo! Por três dias os socorristas ficaram sem comunicação direta com a central de regulação e tiveram de recorrer a celulares particulares para obter contato com a base.

Como consequência, atrasos na agilização dos procedimentos médicos poderiam ser fatais para pacientes em situação de risco. Se é que não foram e alguém omitiu a tragédia anunciada.

Após a prestação de serviço do Diario (bom se fosse sempre assim, não mera exceção no cumprimento da função de um órgão de imprensa), rapidamente a Nextel restabeleceu o sinal. Prefeitura sem moral junto à prestadora?

Detalhe é que problemas correlatos existem desde que o serviço foi implantado, em 2004. Mas há dois anos as viaturas estão sem sistema de rádio aberto, semelhante ao utilizado pela Polícia.

Representantes da Municipalidade justificam que protocolaram reclamações na Anatel há dois anos. Piorou! Ninguém tomou providência e não aconteceu nada!

É esse o respeito que os prestadores de serviços e o Poder Público dedicam ao munícipe? Será que, mais uma vez, os tubarões vão caçar quem denunciou a mazela e jogar a culpa nas costas do socorrista?

Cuidado, senhor socorrista, a corda arrebenta sempre do lado mais fraco. Mas... se o tombo gerar algum ferimento mais significativo, que implique atendimento com rapidez, não ligue 192.

Repito: em caso de urgência, não ligue 192!!! Que tal Nextel, Anatel ou na casa do Aidan? Afinal, o prefeitão é médico. Conforme material de divulgação, são mais de 10 mil partos.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Propina e esportes de mãos dadas?

Até agora, ninguém provou de forma inconteste, mas a "situação" de Aidan Ravin não é nada confortável quando o assunto é propina numa autarquia com cara de casa de tolerância.

Pior é que outro dia, numa conversa com o amigo Zorro, tentei disfarçar, encerrei o assunto, mas fiquei com a pulga atrás da orelha. Há, mesmo, coincidências estranhas de datas e atitudes entre a liberação de certas licenças ambientais e patrocínios esportivos salvadores.

Pra quem não se lembra, em maio de 2011, sob ameaça de extinção por falta de investimento público digno e certa incompetência diretiva, o vôlei masculino foi salvo no último minuto por R$ 520 mil oriundos de empresas anunciadas pelo então todo-poderoso secretário Nilson Bonome, hoje em aparente litígio com o prefeitão.

Fontes confiáveis enfronhadas no poder e conhecedoras dos subterrâneos do paço garantem que, como nada é de graça, em troca as empresas teriam sido beneficiadas pelo Poder Público.

No caso, o Semasa teria ignorado prováveis obstáculos ambientais para a Construtora Fratta, as Lojas Marabraz e o Grupo Santa Helena (segmento médico), exatamente os enaltecidos "salvadores" do vôlei de tantas glórias.

Como se não bastasse, a verba que ajudou o basquete feminino a conquistar o importante título nacional na temporada passada veio do Semasa. Só não se sabe, ao certo, se os R$ 180 mil vieram de um rompante de bom senso do prefeitão ou do esgoto malcheiroso da autarquia.

Título conquistado, as meninas da Laís e da Arilza, como de costume, foram recepcionadas na Prefeitura. Aidan Ravin se atrasou, mas, quando chegou, a justificativa estava na ponta da língua:

"Demorei porque estava acertando o aumento do patrocínio do nosso basquete com o pessoal da Gafisa. Ainda não está tudo certo, mas bem encaminhado".

Tudo não passou de conversa. Palavras do prefeitão mais uma vez não se confirmaram. Por algum motivo, talvez prevendo riscos à imagem, a construtora preferiu ficar fora da obra. Foi salva pelo gongo.

Há quem garanta, ainda, que o Banco do Brasil e a Chocolândia também estavam interessados em apoiar nosso esporte tão carente de respeito e respaldo financeiro. Seria ótimo para o esporte! Desde que o cacau não chegasse via propinoduto.

Será que tudo isso -- fora o que ainda não sabemos -- é mera coincidência? Pura especulação em ano de eleição? Ou seria mais uma arapuca dos homenzinhos de vermelho que compõem a orquestra do mal?

E pensar que há um ano, sob o título "Encurralado, o poder se coça", cheguei a elogiar a disposição dos caciques da Praça IV Centenário. Aparentemente, fui de uma inocência indígena e imperdoável.

Um duelo entre Corinthians e Santos?

O Corinthians acaba de passar para as quartas-de-final da Libertadores ao vencer o Emelec.

O Santos acaba de se classificar ao massacrar o fraquíssimo Bolívar. A vingança da arte estampou um 8 a 0 tão histórico quanto humilhante.

O time de Tite vai pegar o Vasco mas já está de olho no Santos. Os meninos de Muricy vão pegar o Velez mas não têm como não pensar no rival Corinthians.

Sem dúvida, seria uma briga de cachorro grande. Um duelo da aplicação tática a representar o coletivismo de resultado contra a plasticidade técnica a dignificar o individualismo liderado por Neymar, o monstro.

Ontem, no Pacaembu lotado -- perdão pela redundância --, o Corinthians de tanta gente não precisou ser brilhante para fazer 3 a 0 com autoridade de quem joga com consciência.

Abriu o marcador no início, caiu de rendimento, deu espaço e perdeu inúmeras oportunidades. Não sei se falta um matador ou um esquema para que o candidato a artilheiro seja protagonista.

No segundo tempo, o time equatoriano chegou a apertar, mas o goleirão Cássio de novo apareceu bem. Os gols salvadores vieram em momentos cruciais. A coisa poderia ficar preta.

Pra corintiano que se preze, acostumado a gols minguados e coração descompassado, os 3 a 0 têm o mesmo peso dos 8 a 0 de agora há pouco na Vila Belmiro.

Goleada, por sinal, construída de forma brilhante. Mais um show encantador, com direito a gol de letra de Ganso, e passe com as costas, carretilha e dois gols do gênio das canelas finais.

Foram cinco gols no primeiro tempo. Depois o Santos se poupou e só fez mais três. Se quisesse se vingar ainda mais das condutas antidesportivas das quais foi vítima na altitude da Bolívia, enfiava 12.

Para nós, paulistas, seria bem legal uma semifinal entre os dois. Para os corintianos, como bons argentinos, seria mais prudente atropelar o Vasco e torcer feito loucos para o Velez.

Já sofremos muito nos tempos de Pelé! Foram 11 anos de tabu e 22 anos sem título.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Deu Falcão, Diego e Madrid!

Em Bucareste, agora há pouco, deu o matador colombiano Falcão Garcia no duelo com o selecionável Llorente; deu o armador brasileiro Diego contra a promessa Muniain; deu Simeone diante de Bielsa no confronto dos técnicos argentinos.

Mais de 20 mil espanhois estiveram na capital da Romênia para assistir a um jogo bom e franco, ver o Atlético de Madrid vencer o de Bilbao por 3 a 0 e ficar com o título da Liga Europa.

O time de Madri teve méritos; foi mais equilibrado e harmonioso do primeiro ao último minuto. Teve inteligência competitiva e superioridade tática incontestáveis, além de grandes atuações do artilheiro da Liga (12 gols) e do pensador que talvez mereça mais uma oportunidade na Seleção Brasileira.

O primeiro tempo mostrou a eficiência de um time posicionado de forma consciente, mais atrás, pronto pra o bote fatal. Um Atlético de Madrid que manteve a regularidade nas ações defensivas, transitivas, criativas e ofensivas.

Enquanto o time de Marcelo Bielsa mais uma vez defendia sem consistência e, pelo menos hoje, organizava sem inteligência e raramente atacava com perigo real, o de Diego Simeone se apresentava como peça única.

O time do ex-meio-campista da seleção argentina marcava com a habitual determinação e de forma compacta. E atacava com sabedoria, especialmente depois que teve espaços para contragolpear em velocidade, já que fez 1 a 0 logo aos seis minutos com Falcão Garcia. Um golaço após assistência de Diego.

O mesmo colombiano voltou a marcar aos 33 minutos, depois de falha do Atlético de Bilbao na saída de bola. Drible curto e batida seca. Time de Bielsa só chegou com certo perigo aos 18 minutos com Llorente (da seleção espanhola)e aos 23 com o jovem Muniain, que joga muito, mas, bem marcado, produziu pouco.

O Bilbao voltou para o segundo tempo com duas alterações e disposto, obviamente, a atacar sem medo. Tanto que chegou com perigo logo aos 30 segundos pela direita, quando Muniain cruzou e Miranda salvou.

Aos seis minutos, a resposta: em lançamento longo de Miranda, Diego dominou no peito mas, pressionado, concluiu mal. Sinal de que o Atlético de Madrid não seria a cópia do Chelsea, que, de forma legítima, se limitou à defesa e eliminou o melhor do mundo da Copa dos Campeões.

Mais ativo e ousado (afinal, não tinha alternativa) na tentativa de chegar ao gol, o Atlético de Bilbao dava espaços generosos. Encurralava o time de Madri, mas já corria riscos com cheiro de título.

Aos 17 minutos, Bielsa colocou o time ainda mais à frente, com o atacante Toquero no lugar de Herrera. Mas quem quase ampliou um minuto depois foi Gabi.

Ao Atlético de Bilbao sobravam vontade e posse de bola, mas faltavam objetividade, sentido de penetração e intensidade ofensiva capazes de assustar de verdade.

Aos 25 e aos 27 minutos, Ibai e De Marcos poderiam ter diminuído o placar e incendiado o jogo, mas concluíram por cima.

Aos madrilhenhos sobravam determinação defensiva e avenidas para contra-atacar, mas ainda faltava acertar aquele passe perfeito para deixar alguém (o artilheiro?) em condições de fechar a conta.

Susaeta, aos 31 minutos, quase marcou, intensificando de vez a pressão, já que o time de Madrid estava cada vez mais recuado. Até mesmo Falcão Garcia aparecia para ajudar a defesa. Aos 33, Susaeta exigiu bela intervenção do goleiro.

Um minuto depois, em contra-ataque mais do que cantado, Falcão Garcia teve a primeira bola do jogo, mas acertou na trave após receber de Diego. Sempre Diego, o maestro da conquista colchonera.

Aos 39, na segunda bola do jogo, o prêmio para Diego, um dos melhores em campo ao lado de Falcão e Miranda: o ex-santista fez grande jogada individual e mais um golaço na final, ao conduzir da intermediária, passar entre três adversários e bater de pé esquerdo, cruzado, no canto esquerdo baixo.

Ao valente Atlético de Bilbao restou a bola de Ibai no travessão. Pela bela campanha, os jovens do ousado mas quase nunca campeão Bielsa mereciam melhor sorte. Poderia ter sido 3 a 2. Caberia melhor!

Festa pra quem fez do equilíbrio intersetorial, da aplicação tática coletiva e do brilho individual armas fatais. Decepção e lágrimas pra quem fez da instabilidade ofensiva e da irresponsabilidade defensiva uma faca de dois gumes, para o bem e para o mal.

domingo, 6 de maio de 2012

Neymar, o gênio e o monstro

Em setembro de 2010, o técnico Renê Simões estava carregado de razão quando criticou atitudes inadequadas de Neymar e alertou que poderíamos estar criando um monstro. O caráter do treinador o credencia, por isso tem moral para botar a boca no trombone.

Não fossem as palavras duras e sensatas depois de a fera desrespeitar companheiros de Santos e o técnico Dorival Júnior ao ser preterido numa cobrança de pênalti na vitória de 4 a 2 sobre o Atlético Goianiense, talvez o hoje ídolo de todos nós não tivesse percebido o limite de seus poderes.

O puxão de orelhas no menino "mal-educado" e "sem limites" foi fundamental. A fera se educou a tempo. Se corrigiu e melhorou em tudo. O Neymar de hoje, ainda molecão, felizmente, tem posturas mais sensatas e adequadas para quem é idolatrado por todas as torcidas por saber tudo de bola. Sem dúvida, um novo fenômeno!

Hoje ele é, sim, um monstro! Mas um monstro na arte de jogar futebol para todas as torcidas. Ele não é mais só do Santos; é nosso! Sem sombra de dúvidas, por enquanto, é o terceiro melhor jogador do mundo. Ainda perde do argentino Messi (50 gols) e do português Cristiano Ronaldo (45), os artilheiros do Campeonato Espanhol que já tem o grande Real Madrid como campeão.

A exemplo do estrago que provocou contra o São Paulo (três gols e um show que abalou os aparentemente sólidos alicerces do Morumbi), ontem Neymar fez dois do Santos quase campeão contra o valente Guarani (o outro foi de Ganso)e já é o artilheiro do Paulistão com 18 gols.

Há mais de duas décadas, ainda no DGABC, escrevi no Confidencial um texto -- Eu vi Pelé jogar (Pipe) -- imaginando e endeusando Pelé num jogo de masters "presenciado" por um dos meus filhos, o Felipe, então com quatro ou cinco anos.

Daqui a mais duas décadas, muita gente vai dizer "eu vi Neymar jogar", "eu joguei ao lado do Neymar", "eu marquei o Neymar", "eu joguei contra o Neymar", "eu dirigi o Neymar", e por aí vai, possivelmente se referindo ao melhor jogador do mundo.

Todos vão falar de Neymar e colocá-lo entre os 10 ou 20 maiores do globo. É como se hoje perguntassem para mim quais os 10 maiores jogadores do mundo (e do Brasil) que eu vi jogar, pessoalmente ou pela TV. Não vale rádio!

Do Brasil: Pelé, Garrincha, Neymar, Ademir da Guia, Rivellino, Tostão, Gérson, Zico, Falcão e Sócrates. Chiii!!! Como deixar de fora Ronaldo, Romário, Reinaldo, Alex, Raí, Jairzinho, Careca, Denner, Pita e Nilton Santos? Posso colocar mais 10? Luiz Pereira, Pagão, Júnior, Ronaldinho, Julinho Botelho, Toninho Guerreiro, Dirceu Lopes, Rivaldo, Didi e Dino Sani. Tá vendo? Parece fácil, né? Faça a sua lista e mande pro blogdoraddi!

Os 10 (ou 30?) melhores do mundo, sem incluir brasileiros: Bechenbauer, Maradona, Eusébio, Zidane, Bobby Moore, Breitner, Cruyff, Stoichkov, Platini e Matthaus. Mais 10? Rummenigge, Schuster, Van Basten, Overath, Gamarra, Lev Yashin, Figueroa, Haggi, Keegan e George Best. Só mais 10: Koemann, Hugo Sanchez, Rejkaard, Raul, Pedro Rocha, Laudrup, Seedorf, Boniek, Baggio e Baresi.

Chega!!! Esses eu vi jogar. Alguns raramente, outros com constância. E lógico que esqueci alguns deuses do futebol; minha lista não é unanimidade. Como nasci em 55, não posso falar de lendas sobre as quais ouço ou leio maravilhas: Leônidas, Evaristo, Ademir de Menezes, Domingos da Guia, Canhoteiro, Heleno de Freitas, Claúdio, Baltazar, Luizinho, Friendenreich, Zizinho. Puskas, Albert, Di Stéfano, Just Fontaine e cia.

São apenas 60 escolhidos dos quais o mundo não se esquecerá jamais. Esses eu vi jogar, mas nas próximas duas décadas outros candidatos a Pelé aparecerão. Tanto quanto minha geração, sou privilegiado.

Sem contar ídolos pela raça ou pela identificação com o torcedor (Marcos, Rogério Ceni, Zé Maria, Rondinelli, Wladimir, Neto, Marcelinho Carioca, Andrade, Roberto Dias, Dunga, Zito, Edu, Djalma Santos...), quantos e quantos craques eu tive o prazer de ver jogar!

O menino Neymar é apenas mais um monstro genial! Se algum zagueiro botinudo ou as armadilhas do destino não lhe pregarem nenhuma peça, o menino vai chegar bem perto do Rei.

Renato Peixe, o homem do jogo

Que a bola pune, todo mundo sabe. Mas ela também é capaz de premiar, de dar uma segunda oportunidade e até presentear quem reúne méritos.

Foi exatamente o que aconteceu ontem à noite em Santa Bárbara d'Oeste, onde o São Bernardo empatou de 1 a 1 com o União, na primeira partida da final da A-2.

Mais uma vez o atacante Danielzinho foi um dos melhores em campo, mas o premiado, o escolhido como homem do jogo, para o bem e para o mal, foi o lateral/ala-esquerdo Renato Peixe.

Aos 25 minutos do primeiro tempo, quando o Tigre jogava melhor, Danielzinho sofreu pênalti mas Renato Peixe bateu mal ao tentar acertar o ângulo esquerdo.

Aos 39 da segunda etapa, quando era superior e tinha espaços para contragolpear, o União fez 1 a O com Roberto Santos, de cabeça. Triste sina: o cruzamento veio exatamente do setor sob responsabilidade de Renato Peixe.

Quando tudo parecia definido -- e Peixe seria execrado --, aos 49 minutos, no final dos acréscimos, o homem do jogo apareceu na área para dividir com o goleiro Kléber e sofrer pênalti.

Com personalidade, o capitão aproveitou a oportunidade divina e bateu com categoria para empatar e ver a festa dos inúmeros torcedores que viajaram até o Interior.

Gol salvador faz com que o São Bernardo possa jogar por nova igualdade na decisão de sábado no sempre lotado e festivo Estádio Primeiro de Maio para ser campeão da A-2. Acesso à elite já está garantido e o bom Renato Peixe foi um dos destaques do campeonato.

Meninas do Piazza superam Metodista

O placar de 12 a 10 sugere resultado de basquete ou handebol nos Jogos Escolares. Mas não é! Simplesmente, foi o que aconteceu no clássico de ontem no Ginásio Noêmia Assumpção (Camilópolis), pelo Superpaulistão de Handebol Feminino.

Comandadas por Rubens Piazza, as meninas de Santo André foram sinônimo de determinação e quebraram a invencibilidade de sete jogos da Metodista. As feras de Eduardo Carlone abusaram do direito de errar passes e conclusões.

Baseado num sistema defensivo consistente e aplicação tática quase irrepreensível, mais uma vez Piazza mostrou que é possível, sim, superar um adversário favorito, com infra-estrutura de Primeiro Mundo e investimento três/quatro vezes maior.

Pra quem não sabe, guardadas as devidas proporções, Piazza está para o handebol andreense assim como Laís está para o basquete. Perde em experiência e títulos, mas iguala em dedicação. Com verba limitada e apoio da UniSantanna, há muito tempo o professor tira leite de pedra.

"Resultado de Jogos Escolares" é o menor de todos os 34 jogos do Paulista. Total mais próximo dos irrisórios 22 gols é outro jogo de Santo André, quando perdeu de 19 a 17 em Itapevi -- soma de 36 gols e diferença de 14.

No campeonato, Santo André fez em média 23 gols e sofreu 18 por jogo, enquanto que a Metodista/SBC tem a média de 27 gols a favor e 15 contra. Portanto, ontem, manteve a média defensiva mas foi decepcionante no ataque ao fazer apenas 10 gols.

Mesmo com a derrota, a Metodista mantém a liderança do campeonato com 22 pontos ganhos em oito jogos (sete vitórias e uma derrota), enquanto que Santo André vice-líder tem 21 (seis vitórias, um empate e uma derrota). Vitória vale três pontos; empate, dois, e derrota, um.

O saldo de gols da sempre respeitável equipe de São Bernardo é de expressivos 102 gols (fez 223 e tomou 121), enquanto que a de Santo André tem saldo de 42 gols (189 a favor e 147 contra).

No meio de semana, já pelo returno, Santo André recebe Taubaté. No Baetão, a Metodista mede forças com o lanterna São Caetano, no clássico regional dos opostos.

Parabéns a Santo André e às meninas do Piazza!

sábado, 5 de maio de 2012

Eventos e obras no ABC. Bom para o esporte!

Fico contente quando as páginas do DGABC e de outras mídias regionais estampam títulos e notícias relacionadas a eventos esportivos sediados nas três principais cidades do Grande ABC.

Felizmente, nos últimos, no atual ou nos próximos meses, eventos de peso e visibilidade nacional e até mundial ganharam espaço na região. Até mesmo nas TVs.

Santo André, por exemplo, além de ter recebido as semifinais da Liga Nacional de Basquete Feminino e promover a já tradicional Meia Maratona Shopping ABC, recebeu neste final de semana o Grand Prix e o Troféu Brasil de Judô.

Além do apoio logístico e da intervenção do Departamento de Esportes, com certeza a alavanca primordial para ação de tamanha grandeza -- faltou até vaga nos hotéis -- tem nome e sobrenome. Gildemar de Carvalho. Gil é rara e exemplar exceção de dedicação plena ao esporte regional, especialmente ao judô.

Em julho, pela terceira vez em quatro anos, a cidade vai sediar -- de forma compartilhada -- os Jogos Regionais da Primeira Região. Intenção do Poder Público tem caráter muito mais partidário do que esportivo. Por cheirar imposição e troca de favores políticos, perde a importância.

No quesito obras, todos sabem a situação deplorável do Estádio Bruno Daniel. A "primeira grande reforma" do Brunão é um fiasco perpetrado pela administração municipal em desrespeito ao torcedor e à história do EC Santo André.

Pelos lados de São Bernardo, além das promoções ligadas ao skate, o poliesportivo tem recebido ou vai receber eventos de porte como o Grand Prix de Vôlei Feminino e a Liga Mundial de Vôlei Masculino. Há poucos dias, foi sede da final da Superliga Masculina, entre Vôlei Futuro e Cruzeiro, o campeão.

Lá também aconteceram a Copa São Paulo de Judô e o Meeting Internacional de Ginástica Artística, com a participação de quatro ginastas olímpicos revelados no ABC.

Outro grande "evento" vai acontecer no próximo sábado, no Estádido Primeiro de Maio. Mais de 10 mil torcedores devem manter o prestígio ao São Bernardo na decisão do Paulistão da A-2. Tigre recebe o União Barbarense, também conhecido como Leão da 13.

No que se refere a obras direcionadas ao esporte, até o final do ano a cidade deve inaugurar, no extinto Clube da Volks, nova pista de atletismo e o centro de excelência de handebol.

Em São Caetano, o Estádio Anacleto Campanella também está em obras e o atletismo acaba de ganhar um centro de treinamento de Primeiro Mundo. Pista, ginásio e total infra-estrutura vão ficar à disposição de atletas olímpicos como Marilson Gomes, Fabiana Murer e cia bela.

Patrocinador, BM&F/Bovespa, investiu cerca de 20 milhões no espaço do Vila São José cedido pela Prefeitura em regime de comodato por 20 anos.

Tudo isso é bom para o atleta e para o esporte regional. Resta que potenciais patrocinadores, cada vez mais raros, apareçam para apoiar as atitudes de poderes públicos comprometidos com o esporte.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

E o leão virou chaninho

Pode ser bichano, chaninho ou gatinho. Só não é leão! Isso mesmo, Leão não é mais leão! Ficou mansinho, mansinho! Até parece que tomou doses cavalares de tranquilizante e pegou no sono.

Os últimos acontecimentos pelos lados do Morumbi comprovam a sonolência intencional ou o medo de precipitar a aposentadoria. Talvez pela idade! Ou seriam os cabelos brancos? A omissão leonina não combina com alguém de personalidade forte e até certa arrogância desde os tempos de jogador.

Leão foi atropelado pela hierarquia diretiva e não respondeu à altura. Tirou da reta!Por mais que as partes negem, foi, sim, uma fritura, um desrespeito ao treinador. A ingerência é flagrante.

Mesmo em se tratando de regime presidencialista, cada um na sua área. Palpite discreto, pontual, ainda vai. Mas não é o caso. Passaram do limite! Se o treinador foi contratado para comandar é porque desfruta de confiança para exercer o cargo.

Então, como admitir intromissão de tamanha grandeza sob o frágil argumento de que o objetivo único é preservar o jogador? Os dirigentes já fizeram isso nos tempos de Muricy e agora repetem o filme. Então, que contratem, treinem e escalem.

Pra quê gastar uma fábula se quem decide e mete o bedelho sem ser especialista no quesito técnico são presidente e diretor? Incoerência é tão gritante quanto o silêncio ou as justificativas nada convincentes de Leão.

Se sou eu, abro o jogo e pico a mula. Solto o verbo, dou nome aos bois e caio fora sem olhar para trás. Situação daquele que foi um dos maiores goleiros do Brasil é humilhante. Repito: eu pediria o boné sem pestanejar.

Fiz isso há 25 anos, quando, sem justificativa plausível, o setor comercial e o diretor de redação do DGABC exigiram a cabeça de um repórter. Como editor de Esportes, portanto, responsável direto, não aceitei, briguei e pedi demissão. Não me arrependi!

Voltando ao corpo! Só para exemplificar, sem delongas. Contra o Santos, Rodolfo e Dênis também entregaram o ouro; e o lateral Piris levou um baile de Neymar.

Por que, então, sobrar só para Paulo Miranda se estamos falando de um esporte coletivo? Encontraram um culpado, um bode expiatório! Simples assim!

Para a ingerência soar ao menos como justa, então, pela preservação,todos deveriam ser afastados. Até mesmo Leão! Não foi ele quem escalou até domingo? De uma forma ou de outra, todos foram vítimas de um Neymar irresistível, imarcável.

Depois, o torcedor comum ou fanático compra a falsa ideia de que o São Paulo é diferente; melhor, mais organizado e mais profissional do que os outros clubes grandes.

Nada disso! Todos são muito semelhantes, com atitudes tão amadoras e varzeanas quanto precipitadas e irracionais. Coisas de paixão clubista de quem não mede consequências. Basta ver a reação dos outros jogadores!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Corinthians limitado e juizinho caseiro

Está certo que o árbitro (?) foi extremamente caseiro ontem no Equador, mas, antes de mais nada, o Corinthians precisa reconhecer que jogou pouco, quase nada.

Deitar falação em juizinho mediador, cínico, omisso, covarde e incompetente virou lugar-comum dos clubes brasileiros, que sofrem bastante na Libertadores porque sonham com o Mundial Interclubes.

Nosso clubes, todos, devem mesmo se indignar e peitar a Conmebol, mais uma dessas entidades ditatoriais muito mais preocupadas com poder, status e grana do que com organização e respeito aos seus filiados.

Santos, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Fluminense e cia bela sofrem fora de casa e têm todo o direito de demonstrar total repugnância à conduta dos "meninos" de Nicolas Leoz.

No entanto, o Timão de tanta gente não deixou de ganhar apenas por causa da arbitragem. Defensivamente, até que não encontrou tantos problemas diante de um Emelec nada mais que voluntarioso.

Como dificilmente conseguia levantar bola na área -- quando conseguia, o seguro goleiro Cássio aparecia bem tanto por cima quanto por baixo --, ficou sem tantas opções para vencer. Mesmo empurrado pela torcida.

Desta vez Tite Fala Muito errou na escalação e nas substituições. Está certo que o 4-3-3 tinha como objetivo não levar sufoco e ainda criar situações de perigo ao adversário.

Porém, como, por segurança coerente, prendeu os laterais, além do primeiro volante Ralf, e não contou com Danilo e Jorge Henrique inspirados, o time ficou devendo. Sem meio-campo e sem toque de bola produtivo, o Corinthians se limitou a rifar a bola.

Talvez a melhor opção fosse entrar no 4-4-2, com dois volantes e dois meias (Alex e Danilo), povoando o meio-campo, tendo opções de arremates de fora da área, enfiadas para William e Emerson fecharem em diagonal e bolas áereas defensivas e ofensivas.

Com Jorge Henrique (deveria ser substituído antes da expulsão mais cantada do ano) disposto, mas nervoso e inconsequente, e Danilo dispersivo até mesmo na marcação, o treinador deveria fazer pelo menos uma alteração.

Alex era a melhor opção. Ou até mesmo fazendo entrar Alessandro na lateral-direita, com Edenilson no meio-campo ao lado de Ralf, liberando Paulinho pra encostar em dois atacantes rápidos mas distantes um do outro. Colocou Alessandro, que vem de lesão muscular, tardiamente e quando já estava com um jogador a menos.

O melhor seria ter empatado com gols ou no máximo perdido de 2 a 1, mas, dos males, o menor. Apesar do juizinho, o Corinthians não merecia melhor resultado. Por sorte, vai decidir com o Pacaembu lotado. Só perde se se esforçar muito para jogar menos do que ontem.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Política e Regionais para poucos

Por absoluta falta de divulgação, quase ninguém sabe que os Jogos Regionais começam hoje. Talvez porque já não interesse tanto para a população!

De novo, o prefeitão dá uma de bom samaritano e assume responsabilidade desnecessária. Pela terceira vez em apenas quatro anos, no mandato de Aidan Ravin, Santo André será a cidade-sede, agora da 56ª edição.

Quase às escondidas, sem a mínima visibilidade e com importância discutível, evento do Estado vai até o dia 14. São 30 municípios a disputar 22 modalidades. Infelizmente, para poucos!

Sinceramente, alguém sabia? Provavelmente, não! Hoje em dia, o evento não tem o glamour nem a credibilidade de antigamente. Fica restrito a atletas, dirigentes, família, parentes e amigos.

Portanto, deixou de ser um acontecimento capaz de mobilizar o cidadão comum para prestigiar e lotar arquibancadas de estádios, ginásios, pistas e piscinas. Torcida? Talvez nas finais. Se a anfitriã não voltar a dar vexame, triste rotina nos últimos tempos.

Poucos conseguem entender direito por que de novo em Santo André. Sabe-se que cidades como Cotia, Praia Grande e Caieiras, por exemplo, alegaram não ter interesse por causa do inchaço da Segunda Divisão.

Obviamente, falta-lhes melhor estrutura física para alojar e botar todo mundo pra competir. Ginásios poliesportivos e outros equipamentos esportivos decentes não são pra qualquer cidade.

Aí entra a "salvadora" Santo André, que, sem qualquer demérito, assume suas limitações com "humildade comovente" e vai compartilhar o evento com as vizinhas São Bernardo, São Caetano e Mauá.

Em 2009, supostamente por sugestão de um diretor com passagem meteórica pelo poder, o então recém-empossado prefeito assumiu a bucha mais para marcar presença e agradecer os padrinhos do PSDB do que por qualquer motivação esportiva e social.

No ano passado, novamente Santo André apareceu para salvar a pele de alguém e/ou daquela cidade - acho até que foi a São Caetano comandada pelo PTB -- que fugiu da raia na útima hora.

Lógico que isso só aconteceu porque a relação de, outro prefeito do PTB, com o governador Geraldo Alkmin era das melhores. E interesseira pela troca de favores.

Promoção do Estado, que agora investe R$ 330 mil (eram R$ 220 mil) na cidade-sede, perde credibilidade por absoluta falta de interesse ou condições de sediar competição tão tradicional quanto esvaziada.

Acho, até, que, assim como os Jogos Abertos, os Regionais poderiam ser promovidos em anos alternados e com outro formato, que motivasse e valorizasse todos os envolvidos, de atletas a munícipes.

Em abril, com apenas três meses de antecedência, bem a toque de caixa, Santo André pintou mais uma vez como opção parceira de interesses políticos do Estado e vai promover os Jogos. A troco de quê? Vai ganhar o quê?

Estranho, muito estranho! Lógico que Santo André tem mais estrutura que a maioria das cidades da primeira região. Mas pra quê ser anfitriã mais uma vez em quatro anos? Atualmente, nem força competitiva a cidade tem!

Paradoxal, ainda, é observar que, mesmo com competência profissional discutível e de exceção, a filosofia (com a qual concordo, desde que não se despreze o espelho do ídolo vencedor) parece mais voltada para a formação, a base, os eventos e a Educação Física. Enfim, o pouco que couber no orçamento irrisório, ridículo.

Mas, pra quê, se o esporte não é prioridade, muito menos o alto rendimento, sinônimo de alto investimento? A Santo André de hoje não é nada esportiva, muito menos competitiva.

É mera coadjuvante, mas se mete a agradar os donos do poder político ou algum maluco de plantão. Se ficar em quarto, atrás de São Bernardo, Santos e São Caetano, pode soltar foguetes.

Tá na cara! Lá atrás, o governador mandou e o prefeitão, boa gente mas que sempre tratou o esporte com descaso irresponsável, determinou que o secretário municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo faça cumprir. Que os servidores se matem!


Julho já chegou! Com ele, mais um capítulo nebuloso da troca de favores que não vai acrescentar nada ao esporte andreense. E não me venham com a velha história de legado.

Cidadão andreense não vai ganhar nada de novo. Não vai mudar em nada a situação de desrespeito com a qual, independente de partido, nos defrontamos há muito tempo.

Chefe do Executivo promete mas não cumpre. Pelo menos quando o assunto é esporte. Suas palavras desconexas e sem consistência são levadas pelo vento do desrespeito, do descaso de quem olha para o esporte com asco.

Promete secretaria e não apoia nem diretoria, embora os puxa-sacos e dependentes de sempre não assumam a verdadeira opinião. Promete investimento e corta orçamento.

Promete a" primeira grande reforma no Bruno Daniel" e dá de ombros pra quem acreditou no out-door em que se propunha a "cuidar da paixão andreense".

Prefeitão não olha com a devida atenção para o mundo esportivo, da formação ao alto rendimento, do social ao educacional, do futebol amador ao profissional, da infra-estrutura aos eventos. E agora promove Regionais para poucos!

Os homens comprometidos com o esporte andreense podem resolver dar as costas ao prefeitão. Nas urnas! Se bem que, pela semelhança de incompetências, ninguém garante que o possível sucessor seja menos ruim.

Nós, cidadãos, aceitamos ouvir propostas viáveis, senhores candidatos! Sem tapeação eleitoral! O plano de governo de Aidan Ravin já era uma enganação no palavreado pomposo, tão abrangente quanto superficial. A execução (ou não) é uma afronta, uma piada de mau gosto. Uma pena!

Continuidade, méritos e visibilidade

Hoje de manhã, ao folhear o DGABC,tive o capricho de rever e prestar mais atenção num detalhe que pode passar despercebido da maioria dos leitores mais apressados. Com tenho tempo de sobra...

Ao largo de critérios editoriais questionáveis e do aparente UFC travado entre o prefeito Aidan Ravin e o jornal comandado por Ronan Maria Pinto, o mesmo poderoso-chefão do futebol do Santo André, o caderno de Esportes retrata sem tantas distorções a situação do esporte regional. Quem é quem?

São seis páginas. A primeira, capa do caderno, abre com o futebol do São Bernardo. Nada mais lógico! Afinal, o Bernô está de volta à elite estadual e vai disputar o título da A-2, enquanto que o Ramalhão quase caiu.

Na página 2, sem muito assunto de peso, outro abre regional. O título principal fala das possibilidades de o bom volante Anselmo, emprestado pelo Palmeiras, ficar no São Caetano ou ir para o futebol europeu.

O Corinthians de tanta gente -- a favor ou contra -- ganha destaque na página seguinte. Também dentro da lógica, já que o time de Tite Fala Muito joga pela Libertadores. Ganhar do Emelec, no Equador não vai ser fácil. Empate ou derrota fazendo gol -- 2 a 1, 3 a 2 -- está de bom tamanho.

Na página 4 a abertura aponta o jogo entre Ponte Preta e São Paulo, hoje em Campinas, pela Copa do Brasil. O dinâmico 4-5-1 de Gilson Kleina mede forças com o provável ousado 4-3-3 de Leão. Jogo de recém-eliminados é pra mais de três gols.

O Santos de Neymar abre a página 5. Concordo com Muricy Ramalho: primeiro jogo deveria ser em Campinas e o segundo na Vila, por respeito ao torcedor, principalmente o do surpreendente Guarani. Mas a grana falou mais alto e os dois serão no Morumbi.

Chegamos à última página do caderno. Aquela, não obrigatoriamente a última, que, normalmente, traz um abre com assunto regional. Bem coerente, a manchete destaca a bela conquista do handebol masculino da Metodista/São Bernardo.

Em Londrina, o time comandado por SB, com respaldo maiúsculo do "chefão" Alberto Rigollo, atropelou o rival Pinheiros na final. Ganhou o tricampeonato do Pan-Americano Interclubes e garantiu vaga no Mundial de Doha, no Catar, em agosto. Maravilha!

Outras cinco matérias compõem a página. Três títulos secundários, em duas colunas, mostram o vôlei masculino (BMG/São Bernardo anuncia renovação com três atletas), o basquete masculino (São Bernardo faz jogo direto por classificação no Paulista) e o
atletismo de São Caetano(Marilson Gomes e mais três estarão na maratona olímpica).

Também há dois pirulitos, com títulos de quatro linhas em uma coluna. Um fala do desastre na natação (Campeão mundial sofre parada cardíaca e morre nos EUA) e o outro de um inaceitável continuismo no comando do esporte nacional (Nuzman articula para se manter na presidência do COB).

Resumo da ópera: em seis páginas, três manchetes regionais ( uma do Tigre vencedor) e três estaduais. Na página reservada para os primos quase pobres do futebol profissional, são quatro matérias regionais (três destacam São Bernardo), uma nacional (com odor ditatorial) e uma internacional (com o gosto amargo da tristeza).

Respeitadas as devidas proporções e especificidades, a edição de hoje nada mais é do que um exemplar do esporte do Grande ABC em termos de visibilidade por meritocracia. Quem faz e acontece, aparece mais. Questão de mérito, de competência!

Santo André já foi potência esportiva nacional e teve o devido reconhecimento midiático. Quando, por quase três décadas, o Poder Público investia, os parceiros confiavam e os grandes atletas eram o espelho da base, as conquistas ostentavam as páginas do DGABC e de outros jornais estaduais e nacionais.

Hoje, por mais que tente trabalhar alguns eventos, a formação e a ação social -- se é que a verba irrisória dá ao menos pra isso --, Santo André só tem destaque quando o basquete de Laís e Arilza -- e do "Semasa" -- ganha alguma coisa.

Sem convencer, São Caetano também abriu mão de títulos e da visibilidade positiva ao reduzir o orçamento e colocar um político ligado ao poder no lugar do experiente e competente secretário de esportes Mauro Chekin, tão importante para São Caetano quanto Rigollo para São Bernardo.

Com Chekin e investimento adequado, São Caetano virou sinônimo de títulos e conquistas no futebol e em outros esportes. Especialmente nos Jogos Abertos e Regionais e nas competições de futsal, atletismo, natação, judô, tênis de mesa e outras modalidades.

Hoje, porém, quem dá as cartas é São Bernardo. Quem tem mesmo de brilhar em todas as páginas esportivas é São Bernardo. Gostem ou não dirigentes com dor de cotovelo e torcedores de Santo André e São Caetano, chegou a vez do vizinho.

Porém, o grande e respeitável vizinho não pode ter memória curta e achar que todas as conquistas são obra exclusiva de um PT que assumiu há apenas três anos. Principal virtude do partido e do prefeito Luiz Marinho foi corrigir distorções, valorizar competências profissionais, manter investimento e filosofia, e não detonar o que estava no caminho do sucesso.

Mesmo porque, secretários de Esportes de gestões anteriores à ascensão petista têm parcela inestimável nas conquistas e na visibilidade que agora ganha cores ainda mais vivas, diante da inoperância andreense e da patente alteração de filosofia sul-sancaetanense.

Então, elogios e aplausos aos secretários atuais (Ferrarezzi e Tadeu Costa) e também aos professores Carlos Maragno e José Fiorizzi e às administrações anteriores, que respeitaram e não deram as costas ao esporte.