Em Bucareste, agora há pouco, deu o matador colombiano Falcão Garcia no duelo com o selecionável Llorente; deu o armador brasileiro Diego contra a promessa Muniain; deu Simeone diante de Bielsa no confronto dos técnicos argentinos.
Mais de 20 mil espanhois estiveram na capital da Romênia para assistir a um jogo bom e franco, ver o Atlético de Madrid vencer o de Bilbao por 3 a 0 e ficar com o título da Liga Europa.
O time de Madri teve méritos; foi mais equilibrado e harmonioso do primeiro ao último minuto. Teve inteligência competitiva e superioridade tática incontestáveis, além de grandes atuações do artilheiro da Liga (12 gols) e do pensador que talvez mereça mais uma oportunidade na Seleção Brasileira.
O primeiro tempo mostrou a eficiência de um time posicionado de forma consciente, mais atrás, pronto pra o bote fatal. Um Atlético de Madrid que manteve a regularidade nas ações defensivas, transitivas, criativas e ofensivas.
Enquanto o time de Marcelo Bielsa mais uma vez defendia sem consistência e, pelo menos hoje, organizava sem inteligência e raramente atacava com perigo real, o de Diego Simeone se apresentava como peça única.
O time do ex-meio-campista da seleção argentina marcava com a habitual determinação e de forma compacta. E atacava com sabedoria, especialmente depois que teve espaços para contragolpear em velocidade, já que fez 1 a 0 logo aos seis minutos com Falcão Garcia. Um golaço após assistência de Diego.
O mesmo colombiano voltou a marcar aos 33 minutos, depois de falha do Atlético de Bilbao na saída de bola. Drible curto e batida seca. Time de Bielsa só chegou com certo perigo aos 18 minutos com Llorente (da seleção espanhola)e aos 23 com o jovem Muniain, que joga muito, mas, bem marcado, produziu pouco.
O Bilbao voltou para o segundo tempo com duas alterações e disposto, obviamente, a atacar sem medo. Tanto que chegou com perigo logo aos 30 segundos pela direita, quando Muniain cruzou e Miranda salvou.
Aos seis minutos, a resposta: em lançamento longo de Miranda, Diego dominou no peito mas, pressionado, concluiu mal. Sinal de que o Atlético de Madrid não seria a cópia do Chelsea, que, de forma legítima, se limitou à defesa e eliminou o melhor do mundo da Copa dos Campeões.
Mais ativo e ousado (afinal, não tinha alternativa) na tentativa de chegar ao gol, o Atlético de Bilbao dava espaços generosos. Encurralava o time de Madri, mas já corria riscos com cheiro de título.
Aos 17 minutos, Bielsa colocou o time ainda mais à frente, com o atacante Toquero no lugar de Herrera. Mas quem quase ampliou um minuto depois foi Gabi.
Ao Atlético de Bilbao sobravam vontade e posse de bola, mas faltavam objetividade, sentido de penetração e intensidade ofensiva capazes de assustar de verdade.
Aos 25 e aos 27 minutos, Ibai e De Marcos poderiam ter diminuído o placar e incendiado o jogo, mas concluíram por cima.
Aos madrilhenhos sobravam determinação defensiva e avenidas para contra-atacar, mas ainda faltava acertar aquele passe perfeito para deixar alguém (o artilheiro?) em condições de fechar a conta.
Susaeta, aos 31 minutos, quase marcou, intensificando de vez a pressão, já que o time de Madrid estava cada vez mais recuado. Até mesmo Falcão Garcia aparecia para ajudar a defesa. Aos 33, Susaeta exigiu bela intervenção do goleiro.
Um minuto depois, em contra-ataque mais do que cantado, Falcão Garcia teve a primeira bola do jogo, mas acertou na trave após receber de Diego. Sempre Diego, o maestro da conquista colchonera.
Aos 39, na segunda bola do jogo, o prêmio para Diego, um dos melhores em campo ao lado de Falcão e Miranda: o ex-santista fez grande jogada individual e mais um golaço na final, ao conduzir da intermediária, passar entre três adversários e bater de pé esquerdo, cruzado, no canto esquerdo baixo.
Ao valente Atlético de Bilbao restou a bola de Ibai no travessão. Pela bela campanha, os jovens do ousado mas quase nunca campeão Bielsa mereciam melhor sorte. Poderia ter sido 3 a 2. Caberia melhor!
Festa pra quem fez do equilíbrio intersetorial, da aplicação tática coletiva e do brilho individual armas fatais. Decepção e lágrimas pra quem fez da instabilidade ofensiva e da irresponsabilidade defensiva uma faca de dois gumes, para o bem e para o mal.
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