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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Continuidade, méritos e visibilidade

Hoje de manhã, ao folhear o DGABC,tive o capricho de rever e prestar mais atenção num detalhe que pode passar despercebido da maioria dos leitores mais apressados. Com tenho tempo de sobra...

Ao largo de critérios editoriais questionáveis e do aparente UFC travado entre o prefeito Aidan Ravin e o jornal comandado por Ronan Maria Pinto, o mesmo poderoso-chefão do futebol do Santo André, o caderno de Esportes retrata sem tantas distorções a situação do esporte regional. Quem é quem?

São seis páginas. A primeira, capa do caderno, abre com o futebol do São Bernardo. Nada mais lógico! Afinal, o Bernô está de volta à elite estadual e vai disputar o título da A-2, enquanto que o Ramalhão quase caiu.

Na página 2, sem muito assunto de peso, outro abre regional. O título principal fala das possibilidades de o bom volante Anselmo, emprestado pelo Palmeiras, ficar no São Caetano ou ir para o futebol europeu.

O Corinthians de tanta gente -- a favor ou contra -- ganha destaque na página seguinte. Também dentro da lógica, já que o time de Tite Fala Muito joga pela Libertadores. Ganhar do Emelec, no Equador não vai ser fácil. Empate ou derrota fazendo gol -- 2 a 1, 3 a 2 -- está de bom tamanho.

Na página 4 a abertura aponta o jogo entre Ponte Preta e São Paulo, hoje em Campinas, pela Copa do Brasil. O dinâmico 4-5-1 de Gilson Kleina mede forças com o provável ousado 4-3-3 de Leão. Jogo de recém-eliminados é pra mais de três gols.

O Santos de Neymar abre a página 5. Concordo com Muricy Ramalho: primeiro jogo deveria ser em Campinas e o segundo na Vila, por respeito ao torcedor, principalmente o do surpreendente Guarani. Mas a grana falou mais alto e os dois serão no Morumbi.

Chegamos à última página do caderno. Aquela, não obrigatoriamente a última, que, normalmente, traz um abre com assunto regional. Bem coerente, a manchete destaca a bela conquista do handebol masculino da Metodista/São Bernardo.

Em Londrina, o time comandado por SB, com respaldo maiúsculo do "chefão" Alberto Rigollo, atropelou o rival Pinheiros na final. Ganhou o tricampeonato do Pan-Americano Interclubes e garantiu vaga no Mundial de Doha, no Catar, em agosto. Maravilha!

Outras cinco matérias compõem a página. Três títulos secundários, em duas colunas, mostram o vôlei masculino (BMG/São Bernardo anuncia renovação com três atletas), o basquete masculino (São Bernardo faz jogo direto por classificação no Paulista) e o
atletismo de São Caetano(Marilson Gomes e mais três estarão na maratona olímpica).

Também há dois pirulitos, com títulos de quatro linhas em uma coluna. Um fala do desastre na natação (Campeão mundial sofre parada cardíaca e morre nos EUA) e o outro de um inaceitável continuismo no comando do esporte nacional (Nuzman articula para se manter na presidência do COB).

Resumo da ópera: em seis páginas, três manchetes regionais ( uma do Tigre vencedor) e três estaduais. Na página reservada para os primos quase pobres do futebol profissional, são quatro matérias regionais (três destacam São Bernardo), uma nacional (com odor ditatorial) e uma internacional (com o gosto amargo da tristeza).

Respeitadas as devidas proporções e especificidades, a edição de hoje nada mais é do que um exemplar do esporte do Grande ABC em termos de visibilidade por meritocracia. Quem faz e acontece, aparece mais. Questão de mérito, de competência!

Santo André já foi potência esportiva nacional e teve o devido reconhecimento midiático. Quando, por quase três décadas, o Poder Público investia, os parceiros confiavam e os grandes atletas eram o espelho da base, as conquistas ostentavam as páginas do DGABC e de outros jornais estaduais e nacionais.

Hoje, por mais que tente trabalhar alguns eventos, a formação e a ação social -- se é que a verba irrisória dá ao menos pra isso --, Santo André só tem destaque quando o basquete de Laís e Arilza -- e do "Semasa" -- ganha alguma coisa.

Sem convencer, São Caetano também abriu mão de títulos e da visibilidade positiva ao reduzir o orçamento e colocar um político ligado ao poder no lugar do experiente e competente secretário de esportes Mauro Chekin, tão importante para São Caetano quanto Rigollo para São Bernardo.

Com Chekin e investimento adequado, São Caetano virou sinônimo de títulos e conquistas no futebol e em outros esportes. Especialmente nos Jogos Abertos e Regionais e nas competições de futsal, atletismo, natação, judô, tênis de mesa e outras modalidades.

Hoje, porém, quem dá as cartas é São Bernardo. Quem tem mesmo de brilhar em todas as páginas esportivas é São Bernardo. Gostem ou não dirigentes com dor de cotovelo e torcedores de Santo André e São Caetano, chegou a vez do vizinho.

Porém, o grande e respeitável vizinho não pode ter memória curta e achar que todas as conquistas são obra exclusiva de um PT que assumiu há apenas três anos. Principal virtude do partido e do prefeito Luiz Marinho foi corrigir distorções, valorizar competências profissionais, manter investimento e filosofia, e não detonar o que estava no caminho do sucesso.

Mesmo porque, secretários de Esportes de gestões anteriores à ascensão petista têm parcela inestimável nas conquistas e na visibilidade que agora ganha cores ainda mais vivas, diante da inoperância andreense e da patente alteração de filosofia sul-sancaetanense.

Então, elogios e aplausos aos secretários atuais (Ferrarezzi e Tadeu Costa) e também aos professores Carlos Maragno e José Fiorizzi e às administrações anteriores, que respeitaram e não deram as costas ao esporte.

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