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domingo, 31 de outubro de 2010

Não dá mais!

Com 100% das urnas apuradas, Dilma Rousseff acaba de ser eleita como primeira mulher a presidir o Brasil. Dilma, mais conhecida como Lula, um corintiano que se julga acima de Deus, obteve cerca de 56% dos votos, contra aproximadamente 44% de José Serra, um palmeirense derrotado pela opção do povo e pela máquina pública.

Opa! Me esqueci de que, mais uma vez, ia escrever sobre o ameaçadíssimo Santo André. Voltemos, portanto, ao esporte bretão.

Embora ainda exista um fio de esperança, não dá mais. Que jogadores, técnico e dirigentes acreditem, ainda vá lá, mas a frieza dos números nos mostra um Santo André inexoravelmente rebaixado à Série C.

No início da semana o Ramalhão caiu de quatro diante do América Mineiro. No final de semana, não precisou nem jogar para permanecer de quatro e entre os quatro fadados à degola.

Brasiliense e Ipatinga ganharam e nos deixaram na penúltima colocação, à frente apenas do América de Natal. O único resultado positivo foi a derrota do Náutico, em casa, para o itinerante Guaratinguetá, que vai virar Americana.

Com míseros 33,3% de aproveitamento, o Ramalhão depende de um milagre para se salvar. Conquistou 32 pontos e apenas oito vitórias.

Primeiro dos ameaçados fora da zona de rebaixamento, o Náutico tem 38 pontos e 11 vitórias, o que pode ser determinante no fechamento das contas. Aproveitamento é de 39,6%. Bem próximo do décimo-quinto colocado, Vila Nova, com 39 pontos, 11 vitórias e 40,6% de pontos conquistados.

Tabela mostra que o Ramalhão não encontrará facilidades nos seis jogos restantes. Precisa ganhar pelo menos 13/14 dos 18 pontos a serem disputados. Pela ordem, pega o ASA em casa, Bragantino, fora, Ipatinga (C), Sport (F), Bahia (F) e Náutico no Bruno Daniel.

Difícil é encontrar no Santo André subsídios consistentes para nos fazer acreditar no milagre da salvação. Nem mesmo os pouquíssimos torcedores que comparecem ao Brunão têm motivos para otimismo.

Talvez uma das raríssimas exceções fique por conta do diretor-presidente do Diario do Grande ABC. Coincidentemente, Ronan Maria Pinto também é o dono do Santo André. Portanto, o maior responsável por tudo de bom e de ruim que acontece com o futebol profissional -- ainda -- da cidade.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Políticos, comadres e verdades

Juro que não queria, mas na semana passada resolvi prestar um pouco mais de atenção na propaganda política. Não tenho mais estômago, mas até que foi interessante desviar olhos e ouvidos do futebol e do esporte como um todo.

Fiquei com a certeza de que preciso mesmo acreditar nos dois (?) candidatos à presidência do Brasil. Está aí o pulo do gato. Todos devemos confiar nas palavras de Lula, Dilma, Serra e cia bela.

A cada flash, uma novidade (?). Quantos subsídios! Quantas propostas mirabolantes!Quantas coisas que eu não sabia da Dilma! Quantas informações fresquinhas sobre as lambanças de Serra.

Cara, quantas acusações!Como aprendi a acreditar nos dois, sou obrigado a concluir que nem Serra, nem Dilma -- muito menos o dono do mundo, mais conhecido como Lula -- merecem meu voto.

Pelo que disseram um do outro, ou não prestam, ou são experts na arte de mentir. Se são corruptos, promessões, inexperientes, incompetentes e coisas do gênero, por que escolher um dos dois para comandar a nação?

Estou convicto de que político é mesmo um bicho estranho, exótico, até. Pena que não estão em extinção. Também fiquei com a certeza de que um velho ditado caipira, repetido pelo interior afora, está mais atualizado do que nunca. " Em briga de comadres é que aparecem as verdades".

Foi inevitável me lembrar da infância, lá na Fazenda Boa Esperança. Sá Maria e Sá Bina se davam bem, mas quando brigavam, e quase saíam na mão, sobrava acusação pra todo lado.

E eram comadres em dose dupla. Sá Maria e a seu Albino batizaram o Jair, filho mais velho do Nestor e da Sá Bina, que eram padrinhos do Zé Arthur, primogênito dos compadres italianos.

Pois é... sobravam verdades de corar o mais bobo dos meninos escondidos atrás do tronco da mangueira para ver o pau comer. As vezes eu não entendi direito, pois se xingavam como autênticos carcamanos.

Infelizmente, somos induzidos a acreditar no compadre Serra e na comadre Dilma. Tanto quanto no compadre Lula, na comadre Marta, no compadre Collor, na comadre Marina, no compadre FHC, na comadre Roseane Sarney -- filha do coronel Sarney.

Acreditemos, pois, nas duras verdades de compadres e comadres. Pena que eu não possa votar num boi chamado Gostosão ou numa mula de nome Trepadeira. Que pena! Pelo menos nunca ouvi alguém falar mal dos dois lá pelos grotões da Boa Esperança. Pena mesmo!

sábado, 23 de outubro de 2010

Ramalhão mandou bem

Está certo que o "se" não entra em campo, não faz gol e não defende pênalti. Mas se o Santo André do campeonato fosse 70% do de ontem à noite diante da Ponte Preta, não estaria com a corda no pescoço.

Prestes a cair para a Série C do Brasileiro, o time de Jair Picerni venceu -- 2 a 0 -- e convenceu. Foi um exemplo de aplicação, de doação individual e coletiva, do começo ao fim. Está certo que a equipe campineira facilitou tudo ao se deixar dominar por um marasmo inconcebível para uma camisa de tamanha tradição.

Diferente de outros jogos, desta vez o Santo André não oscilou tanto. Desde o primeiro minuto, o indispensável posicionamento ofensivo, saindo sempre em velocidade, foi a tônica.

Especialmente pela direita, por onde o ala Cicinho deitou e rolou. Só o treinador Jorginho, da Ponte, não percebeu o mapa da mina. Se viu, não tomou providências que resultassem ao menos no estreitamento da avenida quase sempre também utilizada pelo rápido atacante Richelli, autor do primeiro gol após outra jogada do ousado Cicinho.

Mal posicionada defensivamente, a Ponte Preta, que ainda sonha com uma vaga no G4, não encontrava forças para conter um time melhor estruturado. O sistema defensivo do Santo André também deu poucas chances para os atacantes ponte-pretanos. Marcação opressiva, até, deu resultado.

Um momento delicado do jogo foi quando o sempre instável zagueiro Douglas deu um ombrada -- pra mim foi pênalti desnecessário -- em Guilherme junto à linha de fundo e o jogador da Ponte acabou escorregando para dentro do túnel de acesso ao vestiário do time visitante.

Não é a primeira vez que isso acontece naquele local. Mais uma vez, sugerem-se providências do Saged e/ou da Prefeitura. Aquilo é um sabão. Com chuteiras, então, vira um caminhão sem freio.

Ao menos ontem, o Ramalhão mostrou atitude, disposição e arrumação tática de um time que ainda pensa em evitar o descenso. Impossível é ter certeza de que, terça-feira, fora de casa, contra o América Mineiro, a equipe finalmente conseguirá a segunda vitória consecutiva.

Momentaneamente -- agora são cinco da tarde -- o Ramalhão ocupa a décima-sétima posição com 32 pontos ganhos. Só que América-RN (29), Ipatinga (30), Brasiliense (31) e Vila Nova (35) ainda vão jogar pela 31ª rodada.

Faltam sete jogos -- 21 pontos em disputa -- para quem quer se salvar. Mesmo com a corda no pescoço, e sem folga mínima, o Ramalhão não está impedido de lutar. Se acredito? Não! Mas o imponderável costuma passear pelos campos da vida.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mais atenção aos distritais!

Prefeitura de Santo André "inaugurou" sábado o maior gramado sintético do Grande ABC. Campo de 100x65 metros supera Baetão e Aramaçan.

Revitalização do espaço na rua América do Sul, lá no Parque Novo Oratório, custou cerca de 600 mil reais, segundo os assessores do prefeitão Aidan Ravim. No entanto, há que diga que custou mais de um milhão.

Na verdade, o preço não vem ao caso. Pode ser discutível, mas o mais importante é o custo-benefício, além da utilização regulamentada. A garantia é de que o ex-campo do Nacional vai ser da comunidade, do futebol amador e das escolinhas da Prefeitura.

No papel, uma maravilha. Na prática, pode ser bem diferente. Portanto, cuidado!Nos outros mais de 40 campos distritais de Santo André quem manda, de fato, não é a Prefeitura. Tampouco a comunidade, que raramente aproveita o espaço.

Políticos e dirigentes do nosso judiado futebol amador se adonaram dos campos. Neles até se joga futebol. Porém, a maioria fica ociosa durante a semana. Todos deveriam ter escolinhas públicas.

À tarde, muitos botecos, alguns bem próximos de escolas, ficam abertos. À noite, alguns servem como ponto de bebedeira, jogatina e/ou droga. Até prostituição já foi detectada num campo na divisa com São Paulo. E faz tempo. Também há quem ganhe dinheiro alugando ilegalmente para empresas, empresários do futebol e escolinhas de clubes.

Que o prefeitão fique atento ao novo e a todos os outros distritais. O time não é dono do campo. O espaço é público, não privado, como muitos.

Também é bom que a população preste atenção se o Cidade dos Meninos não se curvará a interesses políticos. E se não será cedido para treinamentos do futebol profissional ou divisões de base do Esporte Clube Santo André.

A intenção é boa, tanto que já se programa mais uma revitalização. No entanto, olhos bem abertos. Por trás da aparente boa intenção sempre há alguém disposto a tirar vantagem.

domingo, 17 de outubro de 2010

Victor e Júlia, novas paixões

Quase oito da manhã. Com cara de sete, lógico, no horário de verão. Ruas desertas e um friozinho agradável. Na caminhada de casa -- junto à matriz -- ao hospital Brasil, um pensamento insiste em martelar.

-- Cara, estou ficando velho. Olha só... 55 anos, quatro filhos. O Fábio Vinícius já tem 32, a Maira, 31, o Felipe Augusto tem 27 e o Fernando, 25, bem próximo de 26. Há também o Victor, meu neto, minha nova paixão, com apenas três anos e meio-- penso.

Pois é... o tempo passa rápido demais. Por isso é preciso viver. E bem. Chego ao hospital e subo direto para o berçário. Minha filha já está no centro cirúrgico.

Me acomodo num sofá da confortável sala de espera. Pelo vidro, observo cerca de 20 berços e uma movimentação intensa, orquestrada. Não, no berçário não existe maestro. Os anjos seguem os sinais de Deus. A regência é divina. Só pode ser! Que maravilha!

Dez berços estão ocupados. Não há instrumentos de corda ou de sopro. Ainda falta um músico, ou uma criança, para completar o time-orquestra.

Perninhas que sobem e descem, abrem e fecham de forma desconessa. Talvez futuros jogadores de futebol. Pés grandes não lhes faltam. Miguel, Nícolas, Júlio César, Artur.

Os bracinhos das ferinhas também não param. Vicentina, Nicole, Carol, Lara, Gabriela, Mariana... Será que alguém vai jogar vôlei? Ou basquete? Nem precisa, basta que sejam saudáveis e pessoas decentes, do bem.

Caras e bocas se multiplicam. Choros deduzidos, bocas abertas de sono, dedos na boca a sugar o leite imaginário, olhos abertos, olhos fechados. O que será que se passa naquelas cabecinhas carecas ou cabeludas, de apenas um ou dois dias?

-- Nossa, acabei de sair. É melhor eu ficar de olho fechado. Vou fingir que não é comigo. Vão pensar que estou dormindo.Lá dentro estava tão quentinho! Ninguém me perturbava. Lá não havia agitação. Acho que aqui fora eu vou passar apertado. Comer, dormir, estudar, trabalhar, namorar, esconder da chuva e dos bandidos. Meu Deus! Chi, acho que quero voltar! Mãe,por favor, me esconde! Eu vou chorar! -- devem pensar nossos anjinhos -- por enquanto, já que crescem.

Afinal, o que sonham as crianças que daqui a 25 anos serão o nosso presente, nossos cidadãos? Será que em 2035 nossos políticos ainda serão tão corruptos, canalhas, sínicos, mentirosos e egoistas? Será que em 2035 tantas crianças ainda morrerão de fome, de frio, de doenças como a AIDS?

De repente, ouço um choro forte. Olho para dentro do berçário mas o gestual e a leitura labial não me permitem concluir. A orquestra não para. Emocionante, mesmo sem som.

-- É lá no centro cirúrgico, senhor! O choro é da sua neta. Júlia, né? -- alerta e pergunta Camila, a "recepcionista".

-- Isso, Júlia Raddi Renaldim, a irmã do Victor.

De pé, com lágrimas nos olhos, vou mais perto do corredor e ouço. Sim, o choro é de mais uma Raddi. Pura intuição. Nada mais!

Em poucos minutos, chega a princesinha, o time do berçário está completo. Pelo choro, está mais pra soprano. Faltavam os gestos da minha Júlia, os sonhos da pequenina Júlia. As caras-e-bocas da minha nova paixão.

Obrigado Maira!Que você e o Danilo sejam para Victor e Júlia muito mais do que eu consegui ser para meus quatro filhos. Sei que fiquei a dever. Uma dívida impagável. Nunca é tarde para pedir perdão e repetir que meu amor por todos será eterno.Passou!

Mil beijos de um vô coruja e babão. E chorão.

-- Vô Raddi...

A vozinha suave, os olhinhos brilhando, a inocência pairando no ar. A cada palavra, a cada choro, a cada bico, a cada gesto. Modéstia à parte, não tem preço.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Timão com cara de timinho

O Corínthians derrotado pelo Vasco foi um arremedo de time de futebol. Um Timão com cara de timinho.

Por mais que os maus resultados sejam creditados às sucessivas baixas por cartões, convocações, sobrepeso ou lesões musculares, é impossível não criticar.

Agora fica fácil jogar a culpa no preparador físico, no ex-técnico, no presidente, no roupeiro ou mesmo no assessor de Imprensa.

A verdade é que o Corínthians não tem jogado nada. Diante de um Vasco limitado, mas extremamente aplicado na marcação e rápido no contra-ataque, o Timão foi uma vergonha.

A começar pelo sistema defensivo, que de solidez não teve nada. Quatro zagueiros em linha, com velocidade paquidérmica, desatentos e sem sentido de cobertura. Zagueiros experientes, de seleção ou cotados pra ela, com erros infantis.

Limitados defensivamente e mal posicionados, os volantes Jucilei e Paulinho não encontravam a bola e corriam feito barata tonta, sempre pro lado errado. Quando ousavam atacar, deixavam a zaga ainda mais exposta. O combativo Ralf faz muita falta.

Um dos pretensos meias,Danilo alugou uma área pela esquerda e ali ficou, simulando aplicação. Pouco desarmou e nada armou. Elias, então, devia estar pensando na seleção brasileira. É bom jogador, mas não rendeu. Tem a desculpa de ter jogado dois dias antes contra a Ucrânia.

Já o ataque do timinho tinha Yarlei e Souza. O primeiro é esforçado mas perde gols incríveis. O segundo é uma piada de mau gosto. Com 55 anos de idade, eu ainda marcaria o cara sem dar vexame.

Isto posto, o quê esperar do ainda terceiro colocado do Brasileiro? Ninguém desaprende do dia pra noite, mas parece que o time virou o fio. Física, tática e tecnicamente, o Corínthians dos últimos jogos não é nem sombra do grupo que até outro dia liderava o campeonato.

Já escrevi que preferia a ousadia do Curíntia de Adilson Batista ao previsível mas vencedor Corínthians de Mano Menezes. Mas assim não dá. Deixaram o Cruzeiro chegar, o Santos está no páreo e a única opção é reagir começando por vitória diante do Guarani.

O Timão que tenho visto não é o Curíntia dos sobressaltos nem o Corínthians do calculismo. Tem mostrado futebol de um timinho prestes a se afundar de vez, perdendo até mesmo a vaga à Libertadores.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Azulão e a troca de pena

Ainda ontem, escrevi que o Santo André dá uma no cravo, outra na ferradura. Oscila muito e não mostra consistência. E não é que o São Caetano segue o mesmo caminho?

Não dá pra entender. Quanto o time de Toninho Cecílio ameaça deslanchar, escorrega feio e fica de quatro em vez de ficar entre os quatro.

O Azulão é verdadeiramente um azulão. Mas parece um azulão em plena troca de pena. Cantar? Nem pensar! Mal pia. Passarinheiro que se preze não aposta uma ficha sequer num azulão sem brilho e sem atitude. Um azulão que afina.

Diante do Bahia, ontem, em pleno Anacleto Campanella, o São Caetano não foi inferior apenas nas arquibancadas.

Em campo, o bom Bahia do riopardense Márcio Araújo foi superior e poderia ter matado o jogo no primeiro tempo.

Forte candidato a uma das quatro vagas à Série A de 2011, o tricolor baiano fez um gol e perdeu pelo menos outros dois, em oportunidades contundentes neutralizadas pelo bom goleiro Luiz.

Sem criatividade -- o armador Everton Ribeiro faz muita falta --, sem a liderança de Marcelo Batatais e sem proteção aos zagueiros internos e aos laterais, o São Caetano mais parecia um time que fugia do rebaixamento. Bem distante do que se espera de um pleiteante ao acesso.

No segundo tempo o São Caetano melhorou um pouco. Acelerou o ritmo ofensivo e valorizou razoavelmente a posse de bola, mas ainda deu espaços aos rápidos contragolpes do Bahia.

O Azulão empatou e poderia até ter vencido, se Eduardo não desperdiçasse um pênalti nos minutos finais. Não seria justo. O Bahia jogou mais.

Jogando assim, o nosso Azulão vai prolongar a troca de pena. Encorujado, triste, vai deixar de cantar. Pode até subir para o puleiro superior, mas está cada vez mais difícil.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A seleção de Mano

Apesar da sequência de três vitórias nos primeiros amistosos pós-Copa do Mundo, a nova Seleção Brasileira ainda não empolga.

Muitos amiguinhos da Imprensa já rasgam elogios e garantem sucesso em futuro próximo. Calma, pessoal! É cedo demais!

Primeiro que nossos adversários não são lá essas coisas. Segundo que a seleção do momento, mutante, é um laboratório de experiências com os olhos nos Jogos Olímpicos e na Copa do Mundo de 2014.

Contra a Ucrânia, houve quem comparasse o Brasil à Espanha campeã do mundo. Quanta heresia! Quanta pretensão! Posse de bola nem sempre significa eficiência. Toque de bola não é sinônimo de eficácia.

Faltou objetividade. Faltou velocidade. Faltou aplicação. Faltou um jogo mais cortante, mais vibrante. Em alguns lances, sobrou preguiça, empáfia. O toque lento e para trás soou como menosprezo.

Mesmo num simples amistoso, seria legal que a seleção de Mano Menezes se aplicasse um pouco mais.

Individualmente, tenho gostado dos zagueiros internos e dos laterais. No gol, Victor é bom, mas a titularidade de Júlio César, um dos melhores do mundo, é indiscutível. Vai voltar.

Também gostei das convocações de Juliano, Sandro, André Santos, Lucas, Pato, Elias e Jucilei, que, por sinal, rolou ladeira abaixo com a camisa do Corinthians depois que vestiu a amarelinha.

Hernanes, Neymar e Ganso vão voltar, com certeza. E a seleção vai ganhar em inventividade e ousadia. Neymar está de castigo, e dou razão a Mano Menezes. O jovem tem cabeça de adolescente irresponsável e futebol de gente grande.

Ainda é cedo para elogiar. Ainda cedo pra criticar. O novo exige tempo. O novo exige oportunidade. O novo exige paciência. De todos.

Sonhar sem jogar, não dá!

Uma no cravo, outra na ferradura! Assim tem sido o Santo André ao longo de 28 rodadas do Brasileirão da Série B. Sobe, desce e não apresenta consistência.

Tanto que jamais ganhou dois jogos seguidos. Portanto, se repicar o canto até o final do campeonato, o destino não será outro que não o inferno do rebaixamento.

Ganhar, perder, empatar... Ganhar, perder, empatar. E cair! São 10 rodadas. Se fizer apenas quatro pontos de cada nove possíveis... De 30, vai contabilizar mais ou menos 12. E ficar pelo caminho.

Se depender do que anda jogando, não chegará aos 45/46 pontos. Fará entre 42 e 44. Agora a pouco, em São Januário, mais uma vez o Ramalhão não convenceu.

Desta vez, diante do Duque de Caxias, a disposição mostrada no clássico contra o São Caetano não foi suficiente.

O primeiro tempo foi enganoso. A vitória parcial de um Santo André limitado não se sustentou na etapa final. Ruiu quando Somália e cia resolveram correr e jogar.

Deu no que deu. De novo, o Ramalhão perdeu -- 3 a 2. De novo, o Ramalhão não convenceu. De novo, o Ramalhão nos deixou ainda menos esperançosos.

Lógico que a esperança é a última que morre. Mas sonhar sem jogar, sinceramente, não dá.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Clássico sem graça

De clássico, o SanSão de agora a pouco no sempre desértico Bruno Daniel não teve nada. Foi um jogo sem graça, sem emoções e sem ao menos um duelo tático que pudesse chamar à atenção de quem gosta de futebol bem jogado. Chutões e passes errados não faltaram.

A esperançosa vitória de 1 a 0 coloca o Santo André na 17ª colocação, ainda na zona de rebaixamento. No entanto, o importante resultado ainda não serve de alento para quem precisa remar muito para fugir da degola.

No primeiro tempo o Ramalhão começou melhor e fez o gol com Marcelo Godri. Ao menos não lhe faltou disposição. Totalmente perdido, o defensivo e sonolento São Caetano só começou a jogar depois dos 25 minutos. Jogar, mas sem empolgar. O Santo André, apesar da correria desconexa, desapareceu e o preguiçoso Azulão só não empatou porque falhou nas poucas conclusões.

No segundo tempo o jogo ficou ainda pior e só ganhou alguma emoção no finalzinho, quando o time de Toninho Cecílio tentou sufocar o adversário. Limitado e pouco criativo, pouco conseguiu, além de oferecer espaços para contragolpes perigosos.

Se quiser se livrar, o Santo André precisa melhorar muito. Porém, foi importante vencer. Se quiser sonhar com o milagre do G-4, o São Caetano precisa melhorar muito. Pelo que não mostrou, o G-8 já será lucro.

Donos das piores médias de público da Série B, talvez Santo André e São Caetano não estejam fazendo por merecer melhor sorte. Pior para o futebol do Grande ABC.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E o palhaço me deixou triste

Exatamente à meia-noite de ontem, domingo, senti uma pitada de tristeza. Nada de derrota do Corinthians ou perda na família. Tampouco de um grande amor. Coisa aparentemente boba.

Paradoxalmente, quem me fez tão triste foi um palhaço. Pois é... que sina... um palhaço. Exatamente aquele que nasceu para nos fazer sorrir. Morrer de rir.

Como nos tempos de São José do Rio Pardo. Circo Garcia, Circo Mexicano ou Stankovich. A vida não era fácil. Assim como no futebol do Rio Pardo, quando às vezes era preciso entrar na marra, embocar, pra ver Ari Tessari e cia na Terceira Divisão de Profissionais. A grana era curta. Não dava pro amendoim.

Juro que muitas vezes eu saia do circo com as calças -- curtas -- molhadas. Cara, chegava a fazer xixi nas calças de tanto rir. Quando dava tempo, pulava do puleiro/arquibancada e fazia ali mesmo, no cantinho.

Os palhaços mais conhecidos eram , Pimentinha, Lolô e Mixirica. A molecada delirava. Tanto quanto a atração era o "perigoso" globo da morte, com motocicletas potentes e barulhentas.

Voltemos ao corpo. Quando o Tribunal Superior Eleitoral confirmou a votação do humorista Tiririca, fiquei pasmo. Mais de um milhão 350 mil votos num palhaço despreparado, semi-analfabeto.

"Pior do que tá, não fica". O slogan pegou, mas não é verdadeiro. Fica sim, caro senhor. Basta olhar para a composição do Congresso. Caro palhaço, você sabe o que é Congresso? O que faz um deputado federal?.

A fantástica votação de Tiririca é o retrato fiel da política nacional. Protesto ou ignorância, não importa. E a reforma política não sai do papel. Talvez não interessa pra muita gente. É melhor ficar como está, com Tiriricas e cia.

Ignorantes e analfabetos são mais interessantes como vítimas em potencial de políticos profissionais, o que não falta nos palácios do poder. Tiririca vai ser mais um boneco, uma marionete.

Tudo por culpa nossa. Elegemos mas não cobramos nada de prefeitos, vereadores, governadores, deputados e senadores. Do presidente, então, não se pode falar nada.
O senhor Lula está acima de tudo. O cara de Obama virou deus. Tem lá suas virtudes, mas não aceita o contraditório. É o rei do marketing, da ironia e da incoerência.

Quer saber? Não confio no presidente. Compraria um carro velho do palhaço, mas não do deus, todo-poderoso. Tiririca vai se dar bem com ele. Pra quê seriedade num país que não é sério? As urnas só comprovaram.

domingo, 3 de outubro de 2010

Com a corda no pescoço

Lamentavelmente, o nó da corda que envolve o pescoço do Santo André fica mais e mais apertado. Uma pena, mas é a dura realidade. Um castigo para quem abusou do direito de errar.

Principalmente ao confundir Campeonato Paulista com Brasileiro. Paradoxalmente, a exemplo do que ocorreu com a conquista da Copa do Brasil, o título de vice-campeão estadual foi um câncer.

Sem poder de fogo para segurar seus principais jogadores e sem competência diretiva para remontar o elenco a tempo de enfrentar as intempéries e os riscos da Série B, o Ramalhão sucumbiu às próprias limitações.

Com a corda no pescoço. Com o nó da asfixia. Com a esperança do milagre. Assim vai ser o dia a dia do "clube" até a última rodada, quando recebe o Náutico no Bruno Daniel.

Isso se não estiver rebaixado na semana anterior, já que pega Sport e Bahia fora de casa. Sport e Bahia têm tradição, têm time e estarão brigando por uma das quatro vagas de acesso.

Hoje o Santo André está em 18º lugar com 26 pontos. Aproveitamento de míseros 33,3% não leva a nada. Pior, leva ao inferno da degola. Com 12 rodadas e 36 pontos a disputar, é preciso ganhar 19 para atingir presumíveis 45 salvadores.

Só mesmo um milagre! Sinceramente, não acredito!Se em 78 pontos o Ramalhão ganhou 26, fica difícil imaginar que o aproveitamento chegue aos 52/53%.

O clássico com o São Caetano, sexta-feira no Brunão, pode ser decisivo para o início de uma reação consistente. Azulão está em oitavo lugar e ainda sonha com o acesso, mas não quer dizer que seja favorito. Se não vencer, o Ramalhão pode encomendar o caixão.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ramalhinho: antes tarde do que nunca

A idéia não é nova, mas é boa. Não significa a descoberta da pólvora, mas tem tudo para dar certo. Independente do mau momento do ameaçado Santo André na Série B do Campeonato Brasileiro, o lançamento do Projeto Ramalhinho oferece boas perspectivas de sucesso.Se levado a sério!

Sob o comando de Antonio Carlos Moreno, diretor executivo do Santo André Gestão Empresarial e Desportiva -- Saged --, a parceria com a Prefeitura de Santo André demorou muito pra acontecer, mas pode vingar. Antes tarde do que nunca.

Ainda não há clareza na definição das responsabilidades das partes, mas, finalmente, o aproveitamento de meninos andreenses entre 9 e 14 anos, bons de bola, tem tudo para virar realidade.

Independente de virem a se tornar jogadores de futebol, ao menos terão oportunidade de inserção social e desenvolvimento humano. Craques, poucos serão. Cidadãos de bem, muitos.

Campos, infra-estrutura, uniforme, transporte, alimentação, professores capacitados e educação são indispensáveis para nossos meninos sonhadores. Saged e Prefeitura são os responsáveis sob a liderança do grande capitão do vôlei, Moreno.

Oito campos distritais serão colocados no projeto. Deduz-se, portanto, que são as oito escolinhas de futebol da Prefeitura, creio que ainda sob o comando do professor Fernando Campagnolli.

Pra quem não sabe, Fernandinho foi um dos três maiores volantes nos 43 anos de história do Ramalhão. Jogava muito! Marcava e saia pro jogo com desenvoltura incomum. E mosca de boi pra qualquer adversário. Fora de campo, uma moça. Dentro, insuportável.

Há alguns anos, tenho conversado com Fernandinho sobre a parceria. Afinal, por que não encaminhar os meninos das escolinhas para o Santo André? Bastava que Poder Público e clube conversassem e tivessem o bom senso de unir forças. Muitos acabavam e ainda acabam em clubes grandes de São Paulo.

Felizmente, parece que agora vai. Só não entendo como Santo André, uma cidade com quase 700 mil habitantes, tem apenas 600 crianças nas escolinhas de futebol. Menos de 0,1%. Número irrisório, ridículo. Pífio, até, diante da grandeza do município.

Depois nossos homens públicos, independente de partidos políticos, vêm falar de investimentos na base, na iniciação. Conversa mole pra boi dormir. Todos são muito semelhantes na incompetência para governar com discernimento e na competência para enganar com esperteza incomparável.

Temos mais de 40 campos distritais em Santo André. Todos são da Prefeitura, portanto, da população. Minto: metade tem donos locais, normalmente atrelados a algum político. Em muitos, infelizmente, campeia o tráfico de drogas.

Deveríamos ter no mínimo 7 mil crianças -- apenas 1% da população -- fazendo futebol na periferia de uma cidade cheia de problemas e de favelas. E cheia de crianças que poderiam ao menos ter uma oportunidade na vida.

Que o projeto Ramalhinho não seja apenas mais um balão de ensaio. Que a dupla Aidan/Ronan faça, de fato, algo por crianças e adolescentes sonhadores. Senhores do poder, respeitem nossos meninos. Investir no esporte é apenas uma das formas.