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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Azulão troca líder amigo por chefe mandão

Pego de surpresa, ainda não consegui entender nem engolir a demissão de técnico do São Caetano. Está mal explicada. Talvez tenha faltado transparência diretiva para dizer a verdade.

Sob o comando de Sérgio Guedes, o Azulão ganhou 34 dos 54 pontos disputados e ocupa o quinto lugar na equilibradíssima Série B do Campeonato Brasileiro.

Bom índice de aproveitamento de 63% é consequência de nove vitórias, sete empates e duas derrotas, exatamente nos dois últimos jogos, para Guarani e ASA.

Poder ofensivo, com 26 gols a favor, decepciona ao ocupar a 10ª colocação. Sistema defensivo, no entanto, foi o melhor do campeonato até levar a bambuzada do ASA. Agora está em quarto com 19 gols sofridos.

Mais do que isso: nas mãos de SG o São Caetano ganhou cara, personalidade, esquema de time de futebol e certa regularidade. Muito superior àquelas boas individualidades que jamais formaram um conjunto homogêneo sob o comando de Márcio Araújo, com quem a diretoria, estranhamente, teve paciência de Jó.

Difícil acreditar que um treinador que fica 16 jogos sem perder seja demitido devido "aos maus resultados". Está certo que o número de empates é alto e nas duas derrotas o time não foi bem. Será que já não existia algo de podre no reino da Dinamarca?

Só que, mesmo sem ser unanimidade, Sérgio Guedes deve ser avaliado pelo conjunto de suas atitudes e pelo desempenho do time. Cansei de ver o dedo do técnico ganhar jogo ao fazer a leitura e as alterações corretas.

Matéria do DGABC de hoje não é clara, mas informa que a diretoria demitiu o treinador por causa dos maus resultados. Mas há quem garanta que o pomo da discórdia foi a escalação do armador Pedro Carmona, que teria sido imposta por dirigentes e empresários, o que mexeu como emocional do grupo e do treinador.

É bom lembrar que o ex-atacante Magrão é empresário de vários jogadores e genro do presidente do São Caetano. Também é bom lembrar que Pedro Carmona é bom jogador e pode, sim, ser um dos meias ao lado de Marcelo Costa.

Cabe a Sérgio Guedes decidir. Quer dizer, cabia, pois o São Caetano já anunciou a volta de Emerson Leão como substituto. Particularmente, respeito, mas discordo do jornalista Daniel Lima.

Na revista digital CapitalSocial, meu amigo-irmão concorda com a diretoria do Azulão, aposta todas as fichas em Leão e revela que Sérgio Guedes foi demitido por ser muito amigo dos jogadores, principalmente o grupo de titulares.

Não acho isso não! Entendo, inclusive, que Leão só foi melhor que Sérgio Guedes como goleiro. Os dois eram bons. Como técnico, tem mais nome, mais currículo e alguns títulos, mas não é top.

Como treinador, Leão já passou, entre outros clubes, pelos quatro grandes do futebol paulista. Na Seleção Brasileira, foi sacaneado! Mesmo assim, não o considero um grande treinador e, diferente do que acha Daniel, muito menos o vejo como "liderança pessoal inquestionável".

Pelo contrário! Leão nunca foi líder e nunca será. Não tem perfil de líder verdadeiro. Sempre teve personalidade forte e foi chefe, o que é muito diferente. Mandão, prepotente e individualista!

Leão brilhou no Santos de Robinho e Diego, mas não manja tanto de bola.Decepcionou no Corinthians, no Palmeiras, no São Paulo e no Atlético Mineiro. No São Caetano, em 2006, não titubeou quando foi convidado pelo grande Corinthians. Pegou o boné e picou a mula para a Marginal sem número.

Nunca vi em Leão um bom estrategista. Mas o vi fazendo alterações absurdas e arrumando encrenca. De preferência com algum ídolo com quem tenha de dividir as atenções. Na última passagem pelo São Paulo, pipocou feio para diretoria (Juvenal Juvêncio) no episódio Paulo Miranda.

Quanto a Sérgio Guedes, tem muito mais características de líder servidor do que de chefete de plantão, ditador. O fato de ser amigo dos jogadores não implica, necessariamente, em perda de comando. Basta ser profissional e justo!

E Guedes conhece de futebol e tem mostrado coerência nas escalações. Não quer dizer que acerte sempre, mas faz boa leitura de jogo. Além disso, tem muito mais acertos do que erros nas alterações, embora nem sempre isso signifique resultado positivo.

Também não parece lhe faltar personalidade para agir com firmeza, sem precisar gritar, e tomar as atitudes que julgar necessárias.

Não vivo o dia a dia do São Caetano, mas sei que Sérgio Guedes não é treinador só de papo furado e vamo-que-vamo. Pega no batente e exige bastante na parte tática e no aprimoramento de fundamentos.

Pois é... Talvez o competente Guedes seja amigo, estilo paizão, educado e democrático demais. Aí os dirigentes do São Caetano concluíram que a solução está na arrogância, no mandonismo, na força e no currículo de quem ainda age como o poderoso chefão.

Com ligeiras correções, o demitido poderia significar o tiro longo da consistência, da regularidade e do acesso. Já o contratado é tiro curto e tem prazo de validade de três meses, mas também pode levar o Azulão de volta à elite nacional.

Isso se, de novo, Leão não abandonar o barco em caso de convite que lhe dê maior audiência e visibilidade. Quem sabe um transatlântico!

O São Caetano troca um líder capaz mas sujeito a erros ( como na choradeira ridícula contra a arbitragem diante do ASA) por um disciplinador com méritos, mas chefe de capacidade duvidosa e por quem o boleiro não vai jogar. Leão não assume, mas adora decidir sozinho,abusar do poder e da caneta.

Leão se acha perfeito e conhecedor mor. É irônico e até deseducado quando questionado com firmeza e não encontra resposta. Garante que mudou, mas é um falso líder, que vem para assumir as rédeas de um time arrumado e mandar com mão-de-ferro, no grito.

É bom ficar atento a quem anda na contramão e ao que rola nos subterrâneos do futebol! Alguma coisa está errada no feudo do São Caetano. Talvez em quem se julga dono do clube (Nairo e cia empresarial) e não em quem comanda o time.

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