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quinta-feira, 19 de abril de 2012

As praças, o idoso e a madeira nobre

Sem nariz-de-cera, vou direto ao assunto. Juro que tentei seguir o conselho do Zagallo, mas ainda não consegui engolir o custo para a implantação da Praça do Exercício do Idoso, no outrora Jardim Tamoyo/Ipiranguinha, hoje Praça Antonio Fláquer.

Placas da parceria entre o Governo Estadual e a Prefeitura de Santo André (Secretaria de Obras e Serviços Públicos e Construtora Consladel), afixadas até ontem no espaço a ser inaugurado oficialmente somente amanhã, com sete meses de atraso, indicavam que o valor da obra é de abusivos R$ 187 mil.

Favor não confundir! Estou a falar daquela feita exclusivamente de madeira, junto ao lago e à antiga fonte, e já em pleno uso. Por enquanto, não me refiro à academia ao ar livre, inaugurada há pouco tempo.

Não é possível! Salvo qualquer engano da minha parte ou dos números divulgados, é coisa para o Ministério Público se manifestar e exigir explicações dos parceiros.

As cinco estações de exercícios são bonitas, bem feitas. Idéia não é nova; veio de Madrid. A madeira é trabalhada e o espaço ainda pode ser muito útil ao idoso. Por enquanto, antes mesmo da inauguração -- uso liberado há algum tempo é mais um deslize da Prefeitura -- usuários são mais jovens, adolescentes e crianças.

Considerando que "revitalização e adequação da área" cabem à PMSA, o valor de R$ 187 mil, apresentado na placa do Governo do Estado, é uma exorbitância, como já escrevi. Eu gostaria de entender! Cheira enganação ou desvio de verba para os chamados subterrâneos de campanha, individual ou coletiva.

A não ser que toda aquela madeira seja nobre e importada! Eucalipto tratado com fios de ouro? Talvez mogno africano? Ou seria a famosa teca, considerada a madeira mais cara do mundo?

Originária do Sudeste Asiático, a teca já entrou no Brasil. Pessoal de Santo André, do Mato Grosso e da Amazônia já está dando pulos de alegria com o valor de mercado mundo afora.

Metro cúbico da tora chega a valer R$ 2 mil, enquanto que a madeira serrada chega a R$ 1.3 mil o metro cúbico. É grana pra ninguém botar defeito!

Será que o pessoal do governo estadual foi buscar a madeira na Indonésia ou no Sirilanka? Myanmar, Tailânia, Vietnã, Filipinas, Índia, Laos e Camboja também são boas opções pra quem tem dinheiro de sobra ou gasta sem responsabilidade.

Com tal valor, o idoso deveria ser premiado com pelo menos 10 praças do exercício. De novo, há algo de estranho, e podre, no reino da Dinamarca. Sobra para o bolso do contribuinte, já que não podemos nos esquecer da infra-estrutura, da segurança, da orientação e da manutenção.

Valores exorbitantes à parte, fica a sugestão para que o Poder Público também deixe claro aonde quer chegar. Duas áreas de atividades físicas específicas, num mesmo local, soa como falta de planejamento.

Será que o espaço vai ser mesmo do idoso? Será respeitado? Outro dia, num sábado, às três da tarde -- portanto, antes da inauguração festiva e eleitoral --, lá estavam 12pessoas: quatro crianças, quatro adolescentes e quatro adultos jovens.

Duas destas pessoas eram funcionárias da Prefeitura e estavam a pedalar discretamente. Desde que seja na hora do merecido descanso, não há problema.

Moral da história: sem orientação ( lógico que é impossível disponibilizar professores de Educação Física) e fiscalização presencial permanente, cada um faz o que quer. Depende de conhecimento e de educação.

As crianças, por exemplo, estavam literalmente montadas no local reservado para os idosos fazerem exercícios de mãos, braços e ombros. Culpa não é delas, lógico! Tampouco será responsabilidade de professores!

No mesmo dia, mais pra cima, na frente do Corintinha, havia 25 pessoas na academia ao ar livre. Eram 12 crianças e 13 adultos. Portanto, é preciso observar se a academia e a praça não estão fadadas a virar play-ground, além de oferecerem riscos para crianças e pré-adolescentes. É bom lembrar que o parquinho fica ao lado.

Também passei por outras academias ao ar livre durante a semana. Na Praça Kennedy, às 11h, havia quatro adultos se exercitando com correção e cuidado. Na Praça Angelo Ricci, na Vila Alzira, por volta das 11h30min, eram 14 alunos pré-adolescentes em festa. Tudo virou trepa-trepa depois da aula!

No Parque Central, observei oito pessoas no espaço academia. Lógico que um dos equipamentos inadequados -- simulador de escada -- estava com o cabo estourado, como já aconteceu em outros locais. Havia três crianças alternando atividades com o parquinho.

Na avenida Atlântica, ali no Valparaíso, numa segunda-feira, por volta das 14h30min, havia apenas dois senhores de meia idade; um olhando e o outro fazendo exercício. Não sem lembrar que o cabo do simulador de escada já havia sido trocado e que o abdominal foi reforçado depois de quebra e queda de uma senhora.

No dia seguinte, passei ali pela praça Áurea, na Vila Palmares/Sacadura Cabral(?) e observei quatro aborrecentes com instinto selvagem, maligno. Mal-encarados, os garotos malvados -- não vestiam vermelho nem faziam parte da orquestra do mal -- detonavam os aparelhos com o claro lema do vamu-quebrá-tudo.

Também passei rapidamente pelo Parque Celso Daniel e vi bastante gente a se exercitar. Como estava de carro e não parei, não posso dizer se havia orientação ou equipamento sem a devida manutenção.

Minha última visita da semana passada foi ao Parque Regional da Criança, ali no Parque Jaçatuba, pertinho da Jocker Audio Car, a loja de som e acessórios automotivos do meu filho mais velho, o Fábio Vinícius (Oratório 646 a seu dispor).

Como nos outros, adivinhe que equipamento estava quebrado? Isso mesmo, não há como errar. O do cabo! Mas lá, naquela manhã de quinta-feira, pelo menos havia a orientação de uma professora de Educação Física da Prefeitura e o espaço não era dominado por crianças ou bandidinhos. Pelo contrário: 11 pessoas conscientes se exercitavam sem problemas aparentes.

Com o objetivo claro de ajudar fiscalizando, novas visitas serão agendadas para a próxima semana. Se as secretarias envolvidas não se ofenderem com as observações, posso ser mais útil do que se imagina. Assim como qualquer munícipe consciente de seus direitos e deveres. Nosso exercício primordial é de cidadania. Nada mais!


P.S.: devido à retirada das placas publicitárias que revelavam datas e valores da obra teoricamente voltada para o idoso e às faixas a anunciar a inauguração do já inaugurado, atualizei o texto hoje às 19h, mas vou voltar a tocar no assunto. Departamento de Esporte, além de sobrecarregado por clara e compreensível falta de contingente, pode estar levando bola nas costas. Cuidado!

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