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quinta-feira, 12 de abril de 2012

O Tigre, a onça e a água

É uma pena, mas, pra quem vinha em franca evolução, o São Bernardo surpreendeu negativamente e deu dois vacilos justo quando não poderia.

As derrotas para Noroeste (1 a 0) e Penapolense (3 a 1) nos dois primeiros jogos dos quadrangulares decisivos da A-2 podem significar mais um ano longe da elite do futebol paulista.

Após excepcional reação na fase classificatória, o Tigre errou dois botes que poderiam ser fatais para suas presas exatamente agora, na hora de a onça beber água.

Sábado, em Bauru, perdeu depois de um primeiro tempo em que foi muito superior. Ontem, diante de oito mil torcedores, voltou a perder ao jogar mal e mostrar incompetência nos três setores.

Lanterna do Grupo 3 (Penapolense e Noroeste têm quatro pontos ganhos e o Red-Bull, dois), agora o time de Luciano Dias precisa ganhar pelo menos oito/nove dos 12 pontos que ainda vai disputar se quiser ficar com uma das duas vagas do acesso.

E ontem a equipe da região não foi incompetente apenas no momento da conclusão -- criou 11 e aproveitou apenas uma, enquanto que o adversário criou oito e acertou três.

Pode soar como afirmação conflitante, mas o São Bernardo (4-4-2) conseguiu chegar mesmo sem jogar bem, sem ser brilhante. Oportunidade não é sinônimo ou consequência única de criatividade.

Defensivamente, o Tigre também foi decepcionante. A começar pelo posicionamento capenga do meio-campo no momento de marcar e pela postura comprometedora de zagueiros internos e laterais.

Bem montado, consciente e aplicado taticamente, o Penapolense (3-5-2 ou 3-4-3) suportou a blitz inicial estéril, soube se defender, e depois criou asas para ir ao ataque com sabedoria. Sempre em velocidade e pelas pontas, às costas dos laterais.

Estrategiamente, o bom armador Guaru se posicionava às costas dos volantes Dudu e Leo ou dos laterais, que já tinham de se preocupar com a subida dos alas adversários, principalmente Niander.

Com vontade inconsequente e maior posse de bola, mas sem criatividade e sem força ofensiva -- Ney Mineiro e Danielzinho não jogaram nada --, o Tigre só chegou pela primeira vez com real perigo com Bady, aos 24 minutos, quando as ações já estavam equilibradas.

Um minuto depois, o sistema defensivo do São Bernardo falhou e permitiu que o pequenino Luciano Gigante aparecesse livre pela esquerda, sem a marcação de Regis, e abrisse o marcador.

Mesmo sem brilhantismo, o Tigre chegou com certo perigo aos 33 minutos com Renato Peixe e poderia ter empatado aos 38, quando Ney Mineiro perdeu gol-feito após rebote do goleiro.

Sem recuar para não depender exclusivamente de contragolpes, o Penapolense quase ampliou aos 40 minutos com Guaru. Wilson Júnior apareceu para salvar.

Com o mais rápido e flutuante Ricardinho no lugar de Ney Mineiro, o São Bernardo voltou para o segundo tempo com a disposição clara de atacar sem dar tréguas e virar o placar.

Esteve perto da igualdade logo aos 30 segundos com Leo Costa. Mas tomou o segundo gol aos cinco minutos. Pela esquerda do ataque, no setor de Regis e Márcio Garcia, Guaru e Luciano Gigante fizeram a jogada para o ala oposto Niander (ex-São Bernardo) concluir da entrada da área.

Daí até o final o jogo simulou um contrato de risco. E não poderia ser diferente. O time do Grande ABC desperdiçava oportunidades e o sistema defensivo não conseguia conter as chegadas perigosas do time de Edson Só.

Aos 10 minutos, Luciano Mandi perdeu boa chance. Um minuto depois, de falta, o sempre dinâmico Bady diminuiu. O gol funcionou como estopim para que a torcida se empolgasse e empurrasse o time em busca do empate.

No entanto, o Penapolense não se acovardou e soube explorar espaços benevolentes no meio-campo e nas laterais, com a bomba desembocando nos zagueiros internos. Tanto que o time do Interior voltou a ameaçar aos 17 e aos 18 minutos, mas parou em Wilson Júnior.

Dos 20 aos 27 minutos, já com Bady a demonstrar cansaço (ninguém é de ferro!), o Tigre se travestiu de kamikaze e perdeu quatro oportunidades de empatar. Na principal delas, Ricardinho chutou por cima após boa jogada de Renato Peixe e rebote do goleiro Ricardo.

Aos 38 minutos, o contra-ataque do Penapolense terminaria em gol, não fosse a boa cobertura do volante Dudu. Um minuto depois, ninguém salvou: em jogada às costas de Renato Peixe, o cruzamento encontrou Beto, que marcou de letra, no contrapé de um Wilson Júnior desesperado.

E poderia ser pior, já que aos 43 minutos o mesmo Beto acertou o travessão em nova enfiada de bola entre a quarta-zaga e a lateral-esquerda.

Ricardinho voltou a perder gol aos 46, quando a torcida já vaiava um time que, para quem quer o acesso, acertou pouco no conjunto e errou demais nas individualidades.

Se perder o Red Bull, sábado em Campinas, o Tigre pode enfiar a viola no saco e procurar os culpados por tamanha instabilidade tática, técnica e emocional.

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