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segunda-feira, 15 de abril de 2013

O botequim e o amigo dos reis

Prometo não me delongar, mas o assunto merece pelo menos algumas linhas de quem, felizmente, não tem rabo preso nem nasceu pra ser amigo de rei.

Moro na Rua Santo André, aqui no quarteirão do Sindicato dos Rodoviários, entre a Igreja Matriz e a Padaria Brasileira.

Também estou pertinho do Botequim Carioca, que virou point de muita gente da alta sociedade, de famílias tradicionais, de novos ricos, de empresários e coisas do gênero.

Meu cunhado gostava de ir ali para tomar uísque e caipira de lima da Pérsia. Acho tudo muito caro. Um abuso. Mas respeito gostos e opções. Pra mim, não cheira nem fede.

Petistas e outros políticos da província, além de pelo menos um dos donos do Diário do Grande ABC, são figuras igualmente com cadeira cativa numa das esquinas mais procuradas e famosas da província.

A esquina é famosa, sim, mas é bom lembrar que ainda não pertence ao dono do boteco, como parece fazer crer. Provavelmente, com a complacência das autoridades municipais e da Imprensa amiga.

O cara faz o que quer nas calçadas das ruas Santo André e Coronel Ortiz. Simplesmente, às favas o direito do cidadão comum circular pelo  espaço público que vira privado assim que chegam as noites e os finais de semana.

Há pouco tempo, sob a justificativa de lançamento de um bloco carnavalesco, o proprietário conseguiu bloquear parte das ruas, colocou uma barraca de Brahma, subiu o som e fez festa.

Se existem leis coerentes, onde estão as autoridades? IÉ bom lembrar que isso acontece em vários estabelecimentos da cidade. Por andam fiscalização e punição aos infratores?

Provavelmente com a conivência de gente da Prefeitura, ele atrapalhou o trânsito de veículos e de pedestres. Faturou às custas de quem? Com o respaldo de quem?

Neste domingo, sob o argumento de uma exposição com uma dezena de carros antigos, de novo uma das faixas da rua Santo André foi interditada. Promoção do botequim para aumentar o faturamento. Lógico!

Lá estava a barraquinha da Brahma. Com música e músicos. Lá estavam as mesinhas nas calçadas por onde deveriam circular pedestres. E lá estavam os amigos do rei. Quer dizer, pelo jeito o proprietário é amigo de pelo menos dois poderes --  Imprensa e Executivo.

Pelo andar da carruagem, logo logo o cara vai estender seus tentáculos e vender caipirinha na frente da minha garagem ou sob a janela do seu Alcides. Sob o manto do Departamento de Segurança do Trânsito. É bem capaz de eu ser multado. Afinal, não sou amigo do rei. Pelo contrário; sinto asco, nojo.

Será que somos todos imbecis e estamos numa terra de ninguém? Respeito é bom, e as pessoas de bem gostam. O cidadão comum é atropelado e não tem voz.

Só pra completar: por que a exposição caça níqueis (do boteco) não foi feita no largo da igreja, na praça Getúlio Vargas? Era só montar a barraquinha e vender chope, petiscos e caipirinha nas escadarias da Matriz.  Possivelmente, também com a bênção do padre.


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