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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O carnaval, a garagem e o secretário

Ninguém me contou. Eu vi. Ao vivo e a cores. A poucos metros de casa. Mais precisamente à direita, onde funciona um salão de cabeleireiras.

Tudo aconteceu  no fim de semana  anterior ao Carnaval. E tudo por causa do grito de carnaval promovido pelo Botequim Carioca, aqui na esquina, com patrocínio da marca Jeep.

Entre privilégios e contratempos, o evento forçou a interdição de pelo menos duas faixas de rolamento, na rua Santo André e na Coronel Ortiz. Mesmo porque, além da festança,  obviamente regada a muita cerveja, era preciso  dar  publicidade em lugar de destaque aos dois veículos Jeep.

Até aí, nada demais. Pelo menos aparentemente.  Afinal, sabe-se lá o que se esconde por detrás de um grito. O grito "qualificado" de alguns manda chuvinhas de plantão. Pretensos ou potenciais amigos do rei.

O problema é que havia  bastante gente e, como consequência, igual número de veículos. E um deles estava estacionado diante da garagem da dona Dulce, que costuma  trabalhar também aos finais de semana.

E não é que ela chegou pra entrar exatamente quando uma bela nave prata-perolizada ali estava estacionada! O que fazer? A quem reclamar?

Sem alternativas, a vizinha foi obrigada a estacionar seu Ka diante do Sindicato dos Rodoviários e mais tarde um pouco mais longe, antes de eu sugerir que parasse momentaneamente diante da minha  garagem.

Nesse ínterim, nada de o "nobre" e educado proprietário da nave aparecer. Quem seria? Onde estaria? Talvez   fosse familiar de algum doente do Hospital Municipal. Ou algum folião desastrado, distraído ou simplesmente mal-educado?

Após tentar, sem sucesso, contato com o pessoal do Trânsito, dona Dulce resolveu afixar um recado bem sugestivo no vidro da nave, questionando a atitude do figurão.

(Com direito a uma pergunta que não quer calar: será que se os servidores aparecessem teriam coragem de efetivar o auto de infração e   multar  alguém possivelmente tão próximo do poder? Será que a  penalização prevista  em lei seria mantida ou prevaleceria o peso da "otoridade"?)

Bom... vida que segue. A estas alturas, eu, corintiano,  já estava  dentro de casa vendo o jogo do Palmeiras. Enfim,  por cautela, não deveria  meter a colher  e  nem me indispor em nome de outrem. 

Quietinha,  lá estava a  belíssima nave prata-perolizada, placas EFY-3766/Santo André.  Enquanto a vizinha se resignava e o Verdão ganhava.

Findo o grito dos manda chuvinhas da província, eis que chega o dono do possante. Lê o recado, sobe as escadas e pede desculpas às vítimas de atitude nada educada. O que não o isenta de (ir)responsabilidade.  Apenas atenua.

Afinal, ficaria muito chato se um homem público,  o secretário de Inovação e Administração da Prefeitura de Santo André, não se dignasse nem ao menos a se desculpar.

Filho do meu amigo Eufly Gomes, já falecido e ex-proprietário do Colégio Pentágono,  bem que o autor do mau exemplo poderia ter  evitado tal papelão e seguido a cartilha do pai.

Lamento tal atitude. Ao senhor Fernando Buíssa Barros Gomes faltou o que tanto o saudoso pai  pregou aos seus milhares de  alunos: educação.
  

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