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terça-feira, 8 de setembro de 2020

Amigo é coisa pra se guardar...

AMIGO é coisa pra se guardar

Debaixo de sete chaves

Dentro do coração

Assim falava a canção  que  na América ouvi

Mas quem cantava chorou

Ao ver seu AMIGO partir...

Mas quem ficou, no pensamento voou


Com seu canto que o outro lembrou


E quem voou, no pensamento ficou

Com a lembrança que o outro cantou...

AMIGO é coisa pra se guardar 

No lado esquerdo do peito

Mesmo que o tempo e a distância digam "não'

Mesmo esquecendo a canção

O que importa é   ouvir a voz que vem do coração...

Pois seja o que vier, venha o que vier

Qualquer dia, AMIGO,  eu volto a te encontrar

Qualquer dia, AMIGO,  a gente vai se encontrar... 

Seja o que vier, venha o que vier

Qualquer dia, AMIGO, eu volto. a te encontrar

Qualquer dia, AMIGO, a gente vai se encontrar. (Milton Nascimento)

  



Ah, sim,  amigos de verdade sempre se acham;seja onde for,  a gente se encontra! Talvez não seja no céu; tampouco no inferno. Com certeza, numa quadra ou num campo de futebol. Num jogo de basquete no Pedro Dell'Antonia ou num  Santos x Coríntians. Com o velho  e emblemático Pacaembu lotado, pasmem, por duas torcidas. Hoje algo inimaginável. 

Aí, então, haja conversa! Vamos brigar. Vamos discutir e você vai me chamar de açucareiro quando eu fechar a cara e  colocar as mãos na cintura. Vamos sorrir e te dar carona até São Bernardo. Vou apelar e você vai me chamar de "hermitão".  Vamos tomar um bom vinho. E voltar a falar de futebol. 

Da  inesgotável várzea do Grande ABC. E também do profissionalismo. Do Santo André de Tulica, Da Silva e Bona. Do Aliança de China, Peru e Baitaca. Do extinto Saad do artilheiro Arlindo Fazzolin e do armador Coppini. Do seu EC São Bernardo do polêmico Felipe Cheidde. Do São Bernardo Futebol Clube dominado pelo  PT. Do Grêmio Mauaense de Ica. E por aí vai.  

Também vamos lembrar do seu Santos inesquecível,  de Pelé e cia real . Do seu Inter de Falcão, Batista e Figueroa. Da irresistível  Seleção Brasileira tricampeã em 70, no México. Quantos craques, né, meu amigo gaúcho? Clodoaldo, Carlos Alberto Torres, Gérson, Rivelino, Tostão, Jairzinho, Pelé...







 


Com certeza meu companheiro de zaga nos times da Imprensa regional e da Aceesp -- pena que você não pode ir pra França conosco -- vai se deliciar ao relembrar o timaço de 82. Perdemos a Copa mas ganhamos o universo. Encantamos o mundo da bola.  Leandro, Júnior, Cerezzo, Falcão, Zico, Sócrates, Éder... Pena haver uma pedra italiana no meio do caminho. Uma pedrinha azul chamada Paolo Rossi.

Quem sabe também nosso lado saudosista volte aos meados da década de 70,  aos tempos das  inesquecíveis viagens  pelo Interior paulista? Você como excepcional repórter da magnífica equipe de Esportes da Radio Diario do Grande ABC. E o  jovem Raddão começando na não menos expressiva Editoria de Esportes do DGABC, sob o comando competentíssimo do nosso amigo Daniel Lima (aprendi muito e sou grato  a ambos).

Sim, naquela época a gente cobria  in loco a Segunda Divisão,  aqui e fora. Bruno Daniel, Baetão e Lauro Gomes eram nossos quintais, mas acompanhávamos Santo André, Saad  e Aliança/São Bernardo por todos os cantos. Ah, se aquele fusquinha branco com letreiros azuis falasse!

Só pra Rio Claro e Limeira, dois times cada -- Velo Clube, Rio Claro, Internacional e Independente --, eram seis viagens  . E muitas brigas, dentro e fora de campo. Sem contar São José dos Campos, Taubaté, Rio Preto, Ribeirão Preto,  Piracicaba, Pirassununga, Cruzeiro, Mococa, São João da Boa Vista, Araras e cia. 

Bons tempos, meu amigo! Hoje você é arrastado pelo maldito câncer em metástase e deixa a saudade cortante de quem fez tantos amigos nos campos da vida. Amanhã, sou eu. Vamos nos encontrar e recompor a zaga.  Como você é 10 anos mais velho e entende mais de bola, fica a primazia da camisa 3. Independentemente do número às costas, sei que ainda vou te ouvir gritando para sair, pra cobrir, pra colar no artilheiro e você sobrar soberano,  pra sair jogando de cabeça erguida, sempre sem sujar o "fardamento".  

Afinal, como diz a Canção da América, amigo é coisa pra se guardar. Também pra  proteger;  pra ouvir, pra aconselhar...Por quem chorar. Por quem brigar.  Quem sabe na próxima encarnação o zagueiro bonachão,  fã do argentino Ramos Delgado e do chileno  Elias Figueroa,  não vire um meia, um atacante? 

Se assim o fosse, talvez o Jura conseguisse driblar a morte tão prematura?  E nos privilegiar com mais alguns anos de sabedoria, de espirituosidade, de lealdade, de amizade tão sincera. Descanse em paz, meu amigo de fé, meu irmão camarada. Minha eterna gratidão.  Prepare o churrasco. Reserve o vinho. Qualquer dia, AMIGO, eu volto a te encontrar. 

P.S: DISTINTAS AUTORIDADES DO GRANDE ABC, JURANDIR ALFREDO MARTINS PODERIA DAR NOME A ALGUM ESTADIO. SERIA UMA JUSTA HOMENAGEM A QUEM TANTO FEZ PELO ESPORTE. 

5 comentários:

  1. Texto maravilhoso e emocionante caro amigo Raddi.Claro que não é possível falar tudo sobre o Jurandir em um só texto. Jurandir é isso e muito mais.Um amigo em extincão que estava sempre pronto a ajudar as pessoas próximas. A qualquer hora. Tive o prazer de conviver com o Jura no Diário e na Prefeitura de São Bernardo e sei do quanto ele foi importante. E acompanhei a sua doença. As vezes ele me ligava a noite reclamando de dores. E das horas que tinha passado na maca de um hospital. Mesmo com os problemas não perdia o bom humor. Mas a vida apronta cada uma com a gente. Dia 7 de setembro uma segunda-feira de feriado acordei cedindo para visitar o Jura no Hospital das Clínicas em São Bernardo na Estrada dos Alvarengas. Peguei a fila do guichê para fazer a autorização de entrada no quarto. A atendente disse que não constava o nome de Jurandir Alfredo Martins na relação dos internados. Questionei a atendente. Ela pediu para eu me dirigir a outro guichê de atendimento perto da enfermaria. A atendente deu a mesma resposta. "Não existe ninguém com esse nome internado". Voltei a questionar e ela me petguntou": "o que você é dele". Disse uma grande amigo. Ela ficou em silêncio durante 2 minutos olhando para mim. E depois deu a resposta que eu não queria ouvir:"Ele não está na relação de internados porque faleceu as 2h30 da manhã". Assim, Jurandir já havia trocado o Hospital pelo velório do cemitério da Vila Euclides. Assim, não tive tempo de me despedir do Jura em vida. Infelizmente. Fui até o velório e encontrei e falei com sua esposa Dirce. Abalada contou toda a fase de sofrimento do Jura. Acho que o erro foi meu de não ter antecipado em um dia visita. Fique com Deus amigo. Você foi um guerreiro . Que sempre preservou as grandes amizades e ajudou a todos. Você é insubistituivel.

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    1. GRANDE SAULINHO DOS VELHOS TEMPOS DE DGABC. OBRIGADO. BELO RELATO SOBRE NOSSO AMIGO. VOCÊ SEMPRE ESTEVE PRÓXIMO. NÃO ERROU NÃO.PAPAI DO CÉU SABE O QUE FAZ. UM DIA,ESTAREMOS TODOS JUNTOS NOVAMENTE..DEUS TE ABENÇOE.

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  2. Raddi a gente é de uma época em que a amizade vinha em primeiro lugar. Bem diferente de hoje. Por isso somos privilegiados. Vc é um grande amigo. Que me deu muita força na época do Diário. Não esqueço disso. Por isso vc está na relação dos meus grandes e inesquecíveis amigos. Sempre.

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    1. Fico até envaidecido com suas palavras. Méritos todos seus e recíproca verdadeira. Gratidão, meu amigo. Coisa tão rara quanto a amizade sincera que tínhamos com o Jura. Até qualquer hora. Agora sem os gols do Tulica, sem as diabruras de Peru e Baitaca e sem as gozações do gaúcho.

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  3. Ah ia me esquecendo que vencemos o Troféu Aceesp como a melhor equipe de esportes do Estado. E vc era o editor. Tive o privilégio de ir receber o troféu no Clube Tietê em SP.

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