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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A injustiça de um homem justo

Já escrevi que Alexandre Pato foi patético e irresponsável naquela cavadinha diante de Dida.

Já escrevi que Pato não tem a cara do Coríntians e que parece no mundo da lua. Ou da moda.

Já escrevi que Pato deveria se dedicar às passarelas e sair em revistas de celebridades, ao lado de beldades.

Já escrevi que o jovem promissor Pato não vale os R$ 40 milhões investidos pelo bicampeão mundial interclubes.

Também já escrevi que Tite é um dos melhores técnicos do futebol brasileiro e estrela de primeira grandeza, protagonista,  na conquista diante do Chelsea.

Já escrevi que Tite entende de bola, fala a linguagem do boleiro -- apesar da titebilidade -- e pensa o clube de sol a sol.

Já escrevi que Tite é paizão, bom ouvidor,  trabalhador e domina como poucos as táticas e estratégias do jogo da bola. Jogou e conhece os caprichos da bola.

Escrevi, também, que Tite fechou com o  grupo campeão e com a tática campeã -- hoje limitada ao defensivismo exacerbado -- , por isso caiu na arapuca da teimosia e quase levou o Corinthians à Série B.

Escrevi, ainda, e repito, que Tite é justo, muito justo,  com o grupo. Coisa rara no mundo atual. Especialmente no mundo da bola.

Isso tudo, no entanto, não define Tite como perfeito. Com direitos inabaláveis e opiniões incontestáveis.

Os bons também erram. Os trabalhadores também falham. Os conhecedores também vacilam.

Os ganhadores também perdem. Os convictos também dormem no ponto. Os justos também cometem injustiças.

Isso tudo para repetir, com todas as letras: mesmo de saída, Tite insiste, teima em não ser coerente  com o menino Pato, de quem exige maior participação e marcação permanente. Um exagero para quem nasceu pra fazer gol.

Em momento algum, no Corinthians, Tite foi, de fato, completamente justo com Pato. Pelo contrário. Todos -- Emerson, Romarinho, Danilo, Douglas e cia -- sempre tiveram oportunidades reais.

Falta de confiança? Retaliação por não aprovar a contratação? Vaidade? Brilho ofuscado? Inveja do elenco campeão? Não creio!

Debilidade física recorrente? Conversa fiada? Lesões incuráveis? Balela! Convicções táticas? Também não colam! Seria burrice para alguém tão íntegro e inteligente.

Emerson dá selinho, falha, corre feito louco e engana trouxa mas tem lugar garantido. Romarinho cai na noite, vira "artista" de novela mas é tratado com um bebê porque tenta executar as tarefas táticas defensivas determinadas pelo paizão. Como se fosse Jorge Henrique.

Danilo entra em má fase mas sai e volta. Sem fome de bola. Douglas alterna sonolência com lampejos de grande armador, mas tem chance. Até Maldonado e Ibson entram de vez em quando.

Com Guerrero lesionado, Renato Augusto, um ótimo meio-campista, quebra o galho de centroavante enquanto Pato fica toda hora no banco. Mesmo com melhor produtividade como goleador do ano, já que jogou bem menos que Guerreiro. Basta dividir minutos jogados por gols marcados. Perder gol, todo mundo perde.

Sem sequência de jogo, Pato paga o pato. Sem esquema ofensivo, Pato paga o pato. Sem meias e atacantes criativos, Pato paga o pato. Sem conjunto e com excesso de individualismo, Pato paga o Pato. Sem gols, Pato paga o pato. Sem time, Pato paga o pato.

É justo? Pato falhou feio, mas sabe jogar e não pode amargar sozinho o castigo reservado aos bodes expiatórios. Todos são campeões, todos perdem, todos ganham. Todos merecem uma nova oportunidade.

Soa contraditório, mas o excepcional Tite está a cometer o pecado da injustiça. Vai embora como campeão, com a nossa gratidão e com a chancela de homem justo, mas sem ter a humildade de reconhecer que passou do limite.

Quem sabe Pato possa dar a volta por cima com Mano Menezes?



 


 

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