Minhas caminhadas e corridas no Parque Central quase sempre rendem oxigênio, resistência, força, reflexão, distração e socialização.
Rendem também discussões saudáveis, questionamentos, lamentos, dores, suores, críticas e informações. Sobre vários segmentos, diga-se. Nada de limites e amarras esportivas.
Hoje cedo, por exemplo, caminhei um pouquinho ao lado do "Corintiano". Não sei seu nome, mas sei que é gente boa. Está bravo, lógico, com o seu Corinthians. Como eu.
Desta vez não falamos de Tite, nem de Pato. Nem de Libertadores. Tampouco de rebaixamento. Surpreendentemente, assunto foi o Santo André que disputa a Série A-2 do Campeonato Paulista a partir de 26 de janeiro.
-- Fala aí, corintiano! Bom dia!
-- Vai Curíntia! Já Correu? Bom dia!
-- Hoje não vou correr não! Estou fora de forma pra jogar futebol e tenho jogo à noite no Primeiro de Maio. Cadê a companhia?
-- Dei folga pra ela -- disse, referindo-se à companheira inseparável, uma cachorrinha espertíssima.
-- Então, hoje você vai se cansar mais. É ela que te puxa! -- provoquei.
Risos contidos e uma pergunta de supetão:
-- Será que o seu Santo André volta para a Primeira Divisão ou cai para a Terceira?
-- Sabe que eu não sei te responder. Pode acontecer de tudo! Só sei que o São Caetano, pelo elenco e pelo maior poder de investimento, tem obrigação de voltar. Vai cair para a Série C do Brasileiro, mas no Estadual deve subir.
-- Pois é... Mas dizem que o Santo André anda devendo até as calças e não pode investir. Aí fica difícil montar time bom, né?
-- Verdade! Ramalhão deve bastante. Inclusive pra mim, pra prestadores de serviço, pra fornecedores e, principalmente, ao Governo Federal. Culpa principal do maldito e incompetente Saged. Débitos fiscais, com impostos, são altos. Mesmo assim, no campo, tem condições de subir.
-- Como? Tem dívida e não tem time!
-- Pode sim! Se contratar certo e o técnico Roberto Fonseca acertar a mão e a tática, o time pode chegar. Especialmente se começar bem. Com várias vitórias em sequência.
-- Mas não basta começar bem. São todos contra todos em 19 rodadas. Sobem os quatro primeiros e caem os quatro últimos. Sem quadrangular!
-- Eu sei. Mas essa fórmula de disputa impõe jogar para vencer, sem especular. Ficar em quinto ou oitavo não resolve nada. Por isso é importante acertar o time e começar bem. Ganhar 10 pontos nas cinco primeiras rodadas seria muito bom. Motivação pura. O time embalaria. Se perder seguidamente, aí complica.
-- Verdade! Não dá pra ficar em oitavo e esperar o mata-mata. Sobem os melhores e caem os piores. É mais justo! Quem são os seus favoritos?
-- Calma aí, corintiano! Nessa eu não entro. O São Caetano tem obrigação de subir. Dos outros, não posso falar. São vários clubes tradicionais e outros novatos. Já pensou se pinta um novato forte e o Ramalhão vai para a Terceirona?
-- Aí já é demais, né? É possível? O Santo André está tão mal?
-- Não sei. Tudo pode acontecer. Estávamos na Série D nacional e agora precisamos reconquistar a vaga. Se não jogar pra valer, pode, sim, cair. Afinal, conhece o caminho como a palma da mão.
-- Não entendi?
-- O Santo André é especialista em queda livre. Com qualquer fórmula de disputa, é um verdadeiro para-quedista.
-- Entendi. Então, é bom você rezar em dobro.
-- Por que, em dobro?
-- Pelo nosso Curíntia e pelo seu Santo André. (rsrs)
-- Verdade! Cara, já deu minha hora. Vou curtir minhas paixões.
-- Quem? O Curíntia e o Santo André?
-- Não! Meus netos, corintiano, meus netos. Tchau!
-- Tchau! Vai com Deus. Dá um abraço naquele pequeninho que eu vi, viu, com a camisa do Palmeiras.
-- Obrigado! Com seis anos, o Victor ainda não sabe se torce pelo Palmeiras do pai, Danilo, ou pelo Corinthians do vô Raddi. Que Deus o ilumine! Qualquer opção será respeitada.
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