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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Sinalização deficiente no Caminho do Sal

Aberto em 1640 e recriado em junho último, o Caminho do Sal é, conforme já escrevi aqui, mais uma boa opção turística para ciclistas e caminhantes. Só que há necessidade de reavaliações e correções das prefeituras .

Do Pólo Turístico do Caminho do Mar, em São Bernardo, até o distrito de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes, são 53,5 quilômetros.

Para caminhantes, o ideal é que se cumpram as duas "pernas" em dois dias, pernoitando na charmosa e histórica Paranapiacaba, distrito de Santo André.

Primeira perna comporta 26 quilômetros  de dificuldade média. O antigo Caminho do Zanzalá, do Pólo Turístico ( km 39,5 da antiga rodovia que nos levava a Santos) até o asfalto da SP-122 (Rio Grande da Serra a Paranapiacaba) são 16 quilômetros em estrada de terra.

Sinalização é boa, aceitável, mas, pensando bem, poderia ser maior e melhor. Mais viva, mais clara e mais direta, objetiva, pontual, inclusive com definição de quilometragem.

Dez quilômetros restantes são divididos meio a meio. Cinco de asfalto -- um saco, cansativo e quente -- até cruzar a linha férrea à esquerda e pegar terra. Percurso compete à Prefeitura de Santo André e continua mal sinalizado. Estrada para carros também está horrível. Uma cratera dentro da outra.

Turista não tem bola de cristal não, gente! É preciso que o pessoal da subprefeitura da nossa vila inglesa seja mais parceiro. Placas ou setas coloridas na bifurcação do Zanzalá, no asfalto e mais de uma na entrada à esquerda, ali no boteco, são bem-vindas. Bem visíveis!!! Como no tradicional Caminho da Fé.

Completei a segunda perna do Caminho do Sal na quinta-feira, sozinho. Como já fizera os sete/oito quilômetros iniciais, desta vez comecei errando,  fora da rota normal. Por  absoluta falta de sinalização clara!

Deixei o carro no bar do Zico, há 11,5 quilômetros de Paranapiacaba. Mochilinha de ataque nas costas -- com stick, facão, lanches, suco e água, lógico -- piquei a mula logo cedo.

Como cheguei ao asfalto   que leva a Quatinga -- outro distrito de Mogi das Cruzes -- sem encontrar sequer uma placa do CS ou mesmo alguém que o conhecesse, concluí que estava mesmo fora da rota.

Mas toquei em frente e em pouco mais de uma hora estava em Quatinga, onde dei de cara com uma placa  do CS mal colocada, indicando para seguir em frente se quisesse chegar a Taiaçupeba.

Caminho de terra, sombreado e sinalizado com alguma deficiência. Muitas vezes  falta placa em cruzamento ou entroncamento. Noutras a indicação está no mato ou deixa dúvida em relação ao sentido correto.

Na volta não errei, mas me decepcionei bastante com a sinalização e com o trecho final daquela trilha. Graças ao Elói, dono de um bar em Quatinga, entrei à esquerda logo após um subidona e uma descidinha. Referência salvadora foi uma casa na bifurcação.

Se dependesse de uma placa sequer naquele local crucial, estaria perdido ou sairia novamente no asfalto. Uma falha que precisa ser sanada com urgência. Duas placas, pra quem vem e pra quem vai, são imprescindíveis. Por favor!

Tempo bom, sem tanto sol, e paisagem com sombra de árvores da Mata Atlântica  foram fatores positivos, compensadores. Enfrentei certa dificuldade nas subidas, mas nada assustador.

Conforme orientação do Elói, eu  passaria por dois carros queimados e sairia próximo do   desativado pesqueiro Pedrinhas. Toquei em frente, ao som dos pássaros -- inclusive arapongas --, do vento e até de riachos.

Do km 15 ao km 17,5, mais ou menos, foi complicado. Estradinha virou trilha sem cuidados básicos assim que encontrei a carcaça do primeiro veículo queimado e ali desovado.

Prefeitura de Mogi poderia fazer uma manutenção decente no local. Não custa roçar e passar uma máquina pequena para amenizar os obstáculos de ciclistas e caminhantes.

Em vários locais havia tanta água e barro que pensei seriamente em parar para dar uma pescadinha. Esperar anoitecer pra caçar rã seria perigoso. Por isso segui adiante.

Com certo medo. Com os olhos no mato e a mão no mesmo facão que me ajudou a cortar uma árvore caída e desobstruir a estrada pouco depois de Paranapiacaba.

Quase no final do meu destino do dia (agora em rota correta, diga-se) dei de cara com a segunda carcaça citada pelo Elói. Outra tarefa para o pessoal responsável pelo turismo de Mogi das Cruzes.

Não pega bem! Se quiserem incrementar o fluxo de turistas no Caminho do Sal. Fica o alerta:  se não fizerem manutenção preventiva a trilha vai fechar e o turista vai minguar. Ninguém é louco! A não ser os ladrões de veículos. Com os quais podemos dar de cara.

Mais alguns minutos e cheguei à estrada, já conhecida de outras aventuras, a pé ou com a Bala de Prata. Teimoso, fui logo procurar placar indicativas para quem vinha de Paranapiacaba/Taquarussu.

Outro erro grave! Não há sequer uma placa, pequena ou grande, indicando, para quem vem da vila inglesa, que ali é o início da trilha que vai dar em Quatinga. Custa pôr uma placa grande, com cores vivas, indicando para entrar à direita 200 metros depois do pesqueiro Pedrinhas?

Por isso eu errei e segui em frente. Por isso tive de andar mais cerca de quatro quilômetros até o bar  do Zico.  Por isso cheguei pregado! Afinal, foram mais de 36 quilômetros a pé.

Pior, muito pior, é que, quase três da tarde, o boteco estava fechado. E eu com a garganta seca pra tomar uma cervejinha gelada. Mesmo com água na mochila. Ainda bem que já havia  lanchado e detonado uma Brahma no bar do Elói.

Peguei o carro, passei pelo pesqueiro do Mingão  e voltei pelo asfalto, por Palmeiras/Ouro Fino/Ribeirão Pires.

Fiquei meio "descadeirado", quebrado, mas valeu a pena. Sempre vale! Duro foi jogar futebol na sexta à noite. Ainda bem que meus amigos-irmãos,  o Cal e o Zé Luiz, correram por mim.

2 comentários:

  1. Corajoso, você. Não só por fazer a caminhada longa, mas principalmente passar sozinho por esses lugares ermos, sem segurança. Que bom que voltou são e salvo. Eu não teria nem a resistência física nem emocional para tanto

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    1. Bom te "ver" opinando por aqui. Medo faz parte do jogo. Segredo é saber administrar e ter certos cuidados. Um bom facão é indispensável. Obrigado
      Raddi

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