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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A Boa Esperança e o Ramalhão

Os ares de Rio Pardo e da Boa Esperança sempre me fizeram bem. Foram cinco dias para matar saudade. Sempre ao lado do pai (Valério) e do filho (Felipe). Foi bom pescar traíra e tilápia. Foi bom ouvir música caipira, de viola. Ou mesmo Nelson Gonçalves e Rolando Boldrin. Foi bom voltar à Fazenda Boa Esperança de uma infância/adolescência saudável e inesquecível.

O campo de 40 anos atrás ainda existe. Está lá a mesma figueira cujos galhos atrapalhavam a cobrança de escanteio. É, naquele tempo, existia ponta. E ali o ponta-direita passava apertado. Quando não caia barranco abaixo. Gramado, quase sem demarcação, mas com traves de ferro e medidas oficiais.

Nada de gol maior, mais baixo de um lado e feito com grossos e tortos troncos de eucaliptos. Eucaliptos que, por sinal, agora são raros. Deram lugar a cafezais ou canaviais. Cafezais que também ocuparam pastos ou foram substituídos por canaviais. As plantações de cebola desapareceram.

Os animais também. Os bois sumiram, as vacas leiteiras, idem. Minguaram! As cocheiras, ao invés dos belos cavalos puro-sangue, deu lugar ao mato. As famílias se foram -- de 45, sobraram seis -- e as casas idênticas da antiga colônia deram lugar a um grande açude. Mas foi bom...

Ah, ia me esquecendo: a Boa Esperança tem campo mas não tem time. Antes, tinha time mas o campo era um terrão. Horrível! Mas o nosso oásis, o nosso parquinho, o nosso Maracanã. Éramos crianças e adolescentes felizes, com tão pouco. Hoje... deixa pra lá!

E o Santo André? Tem time? Tem campo?Sábado, lá estaremos diante do Inter para ver como ficou o gramado pós-reforma e plantio das famosas sementes de inverno. Tomara que não tenham feito besteira. O tempo foi curtíssimo para cuidados adequados. E time? Time tem, mas... sei não!A coisa tá feia! A distantes 12 pontos do céu da Libertadores e a apenas oito gols ( nenhum ponto) do inferno da Série B.

Acho que passou da hora de todos assumirem os erros. Erraram dirigentes, erraram técnicos e erraram jogadores. Faltou planejamento sustentável, consistente, de longo prazo. O bom início foi enganoso. Bonito, mas utópico. Era novidade. Hoje, todos sabem como é o Santo André. Parece que apenas o Ramalhão não se conhece. Foi com muita sede ao pote. Se empolgou!

Sonhou com a Libertadores e pode acordar na Série B. Ousou querer jogar bonito e de igual pra igual. Ousou desafiar o poder maior dos grandes. Ousou atacar. Ousou jogar aberto e não demonstrou consistência defensiva, marcação opressiva do primeiro ao último minuto. Por isso concordo com o amigo Daniel Lima.

O nosso Ramalhão deveria passar por uma reflexão, reconhecer os próprios limites e fazer dos contragolpes flechas certeiras, mortais, diante de inimigos tão poderosos. O que não significa, obviamente, ficar fechado, todo encolhido, limitado à marcação no próprio campo. É só questão de estratégia! Como está, não pode ficar.

Agora que a coisa ficou feia os mesmos dirigentes que fizeram inúmeras contratações duvidosas começam a dispensar, a afastar quem jamais deveria ter vindo. O erro estava no nascedouro. Quem contratou? Quem endossou? Quem escalou? O bom momento encobriu perigosamente as falhas estruturais e gerenciais.

Ainda há tempo para fugir do rebaixamento, mas simplesmente promover uma limpeza não vai resolver. Gallo precisa fazer o time jogar com humildade, aplicação e sabedoria. Por enquanto a torcida -- sempre pequena, pela grandeza do clube -- declara apoio incondicional. Mas se perder do Inter sem demonstrar luta em cada palmo do campo, pode ter certeza que o bicho vai pegar no final. Aí eu quero ver quem vai segurar as pontas!

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