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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Enfim, o sonhado título estadual do handebol de Santo André. Valeu, Piazza! Valeu, meninas!

Há títulos e títulos. Alguns são bolas cantadas. Outros,  sustentados pelo poder econômico. Também há campeões amparados na arbitragem. Há, até, conquistas creditadas ao tapetão.

Alguns times são campeões na garra, na valentia, na marra. À fórceps, buscando forças quando as esperanças estão por um fio, por um segundo, por um gol, por um tiro de sete metros.

Outras vitórias maiúsculas são consequência de planejamento, organização, técnica, tática e/ou vigor físico. Também há campeões que unem todos esses predicados de grandes vencedores.

Existem títulos procurados, garimpados, e merecidos. Outros, nem tanto. Sorte? Dou pouco crédito à sorte quando o assunto é esporte. Se fosse loteria...

Trabalho, competência, comprometimento, determinação, confiança e inteligência emocional não dão espaço para simples obras do acaso.

Pra ser campeão, muitas vezes, é preciso comer o pão que o diabo amassou. Às vezes, passar fome e sentir sede.

Pra ser campeão, muitas vezes, é preciso abrir mão da família, especialmente esposa e filhos.  Amigos são raros.  Talvez se limitem aos de trabalho.

Pra ser campeão  também existem aqueles que abdicam da saúde, da qualidade de vida. Colesterol, pressão alta,  diabetes, hérnia de disco, estresse, gota e infarto viram "inimigos" inevitáveis.

Lazer? Nem pensar! É preciso treinar, treinar e treinar. Se quiser ganhar, um dia. Especialmente quando os orçamentos dos principais adversários têm o peso de um rolo compressor. São um convite à desistência, à desesperança.

Individualidade, vontades pessoais, identidade própria? Esquece! O sonho é ser campeão. Um dia! É preciso lutar, trabalhar, não desistir nunca. Mesmo que a esperança seja remota e que o principal adversário seja um vizinho  praticamente invencível.

O primo rico -- nada contra, lógico! -- normalmente não dá oportunidades ao primo pobre.  Prefeitura rica com patrocinador forte e profissionais competentes quase sempre são sinônimos de conquistas.

O primo pobre só se lasca. Orçamento geral é pífio. Fatia do handebol é ridícula. Patrocinador? Piada! Parece agulha no palheiro. Tão raro quanto santinhos na Papuda.

Apesar de todas as limitações,  o handebol feminino de Santo André acaba de conquistar um título estadual com cara de ineditismo. Não é, mas parece. Poucos sabem, mas no longínquo 1995 o Santo André Clube repartiu a conquista com o Clube Recreativo Maxion, de São Bernardo.

Ultimamente, Santo André só batia na trave. De 2009 a 2012 foram quatro vices. Por sete anos seguidos, só deu São Bernardo. Méritos indiscutíveis da Metodista comandada por Eduardo Carlone com a supervisão do competente amigo Alberto "Handebol" Rigollo.

No último sábado, no ginásio de Camilópolis, Santo André perdeu de São José dos Campos ( 19 a 26), mas ficou com o título do Superpaulistão porque venceu o primeiro jogo, fora, por  26 a 19.

Estava mesmo  na hora! Melhor, passava da hora! Finalmente, o primo pobre saboreou uma conquista com o doce sabor de inédita. Se possível, eu daria duas medalhas de ouro para o professor Rubens Piazza.

Guardadas as devidas proporções estruturais e econômicas, Piazza está para o handebol de Santo André assim como Alberto Rigollo está para o da Metodista/São Bernardo.

Ele é o cara! O treinador respira handebol há mais de três décadas. Não é perfeito, mas exercita uma dedicação incansável, exemplar.

Piazza já foi criticado, escanteado, questionado, quase humilhado. Para muitos, não tinha status para dirigir um grande time. Como, se jamais lhe ofereceram verba, estrutura e elenco para  ganhar a medalha de ouro?

Além de salários atrasados que motivaram até greve das atletas, até bola chegou a faltar. Situação vergonhosa para o Poder Público mas que não desmotivou o grupo em busca do triunfo maior.

Ao lado de Arch, Marcão, Adauto e cia bela, Rubens Piazza enfim colhe o fruto de um trabalho árduo, calcado no comprometimento e na esperança de todos.

Ao lado de Aline, Duda,  Flávia Vidal e outras meninas-feras, meninas guerreiras, Piazza tem a honra de saborear um título conquistado com méritos indiscutíveis.

Mesmo sem patrocinador e sem o devido respeito do Poder Público, que sempre fez pouco mais que o mínimo, sempre olhou a modalidade com certo desdém, o grupo comandado por Piazza chegou ao topo estadual.

Que em 2014, com a anunciada secretaria específica, o handebol e o Esporte de Santo André voltem a ser respeitados. Com orçamento digno -- fala-se em 57 milhões --  e pessoas competentes e comprometidas -- a conferir -- , é possível sonhar. É possível voltar a brilhar!

Piazza, você é o técnico, o líder, o cara! Obrigado! Estenda os cumprimentos e os louros da vitória às meninas e ao grupo de trabalho.

Sinta-se abraçado por uma cidade. Ao menos pelos verdadeiros esportistas. Aqueles que não lhe negarão respeito e aplausos.

Se tiver de chorar, chore lágrimas de felicidade, lágrimas de um verdadeiro campeão. E cuidado com o coração!


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