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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Sobre Lula e Felipão

Nunca achei Luiz Felipe Scolari um grande treinador. Já defendi, inclusive, sua volta ao comando da Seleção Brasileira, mas jamais o coloquei no patamar mais alto do podium e do ranking de treinadores de futebol.

Felipão teve méritos como campeão no Grêmio de Porto Alegre e no Palmeiras. O Grêmio tinha um time de razoável pra bom, marcava muito e tinha duas ou três jogadas ofensivas mortais. Já o Palmeiras tinha um timaço. Os títulos foram consequência. Bom técnico e bom time quase sempre significam conquistas.

Depois o ex-zagueiro do Caxias chegou ao topo, ao comando da Seleção Brasileira de Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e cia de craques extraordinários. Foi campeão do mundo em 2002 e virou herói nacional.

Como técnico da seleção portuguesa, perdeu da Grécia na final da Eurocopa. Na Copa do Mundo, sua estrela não brilhou. Ameaçou, mas não brilhou.

Daí em diante, Felipão passeiou por divisões secundárias do futebol mundial. Até voltar ao Parque Antártica para dirigir um Palmeiras sem tantos figurões e sem personalidade de campeão.

Como sempre, chegou chorando além da conta. Também chegou com ironia, com sinismo, com desculpas esfarrapadas, com agressividade à Imprensa e se colocando acima dee vitórias e derrotas. Deu de ombros até mesmo quando o Palmeiras estava mal no Brasileiro.

As gotas d'água que fizeram transbordar a paciência até mesmo de alguns de seus velhos amiguinhos bajuladores da Imprensa aconteceram nos últimos 10 dias. Primeiro desandou a proferir palavras inadequadas na coletiva de imprensa quando questionado sobre o estranho estado clínico e físico de Valdívia. Depois, generalizou ao acusar os jornalistas e qualificá-los como "palhaços".

Felipão tem personalidade forte e é bom profissional, mas jamais foi bom moço. Só que anda passando do limite. Não precisava usar batina, mas bem que poderia maneirar. Intolerante, o gauchão não aceita se contestado, não permite que alguém ouse pensar diferente dele. Aboliu o contraditório do dicionário e ponto final.

Desconfio, até, que Felipão andou fazendo algum curso intensivo com o presidente Lula. Ambos se julgam acima de bem e do mal. Ambos são donos da palavra final. Ambos se julgam deuses, acham que podem tudo. Todos os outros são reles coadjuvantes num mundo reservado para protagonistas escolhidos a dedo.

Que a Imprensa imparcial e não bajuladora tenha ao menos coragem de bater de frente quando Felipão passar dos limites. Que receba críticas e elogios na medida exata de seus méritos. Sem meias verdades.

Que a Imprensa também tenha a grandeza de reconhecer que usa e abusa do direito de errar, de pecar por atos irresponsáveis e nada profissionais. E que tudo não termine com o manifesto do nariz de palhaço. Talvez sirva, ao menos, para Felipão repensar seus conceitos.

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