Se alguém perguntar para Luiz Felipe Scolari, ele vai garantir que o esquema da Seleção Brasileira é o atualíssimo 4-2-3-1.
Segundo Felipão, então, seriam quatro zagueiros, dois volantes (Luiz Gustavo e Paulinho), uma linha de três -- ou seria um triângulo? -- com Hulk, Oscar e Neymar, e apenas Fred lá na frente.
Parece absurdo, mas ouso contestar o aparentemente incontestável. Afinal, a definição é do próprio treinador. Não estou a chamar Felipão de burro, mas não jogamos no 4-2-3-1. Tentarei ser convincente. Vamos por partes.
A linha de quatro tem dois ótimos zagueiros internos (Thiago Silva e David Luiz) que se matam para cobrir os espaços deixados por laterais-alas (Daniel Alves e Marcelo) mais afeitos a ações ofensivas, como no Barcelona e no Real Madrid.
Luiz Gustavo e Paulinho ficam com a incumbência de marcar e, vez por outra, até chegar no ataque. Se isso acontecer, não terão pulmão nem pernas para voltar e recompor o posicionamento a tempo de cobrir laterais e zagueiros. Sobrará espaço. Um perigo!
Na concepção de Felipão -- nenhuma sumidade tática -- Oscar tem a incumbência de marcar, armar, lançar, atacar e finalizar. Sem a bola, então, Neymar e Hulk precisam completar a linha de três marcando a subida dos laterais adversários. É isso?
A não ser que eu não entenda nada de futebol, o esforçado Hulk até que ajuda bastante no fechamento de avenidas e no combate contínuo, além de atacar.
E Neymar? Nosso craque joga solto, armando, driblando e atacando. Gênio não nasceu pra fingir que está cercando ou ficar correndo atrás de ninguém normal. A não ser esporadicamente. Mesmo no futebol atual.
Por isso entendo que Fred nem sempre joga tão sozinho à frente. Mas o goleador/ator precisa se mexer mais, dar opções pra quem vem de trás.
Há, sim, um distanciamento quando Hulk, Neymar e Oscar não encostam. Mas o craque de canelas finas é atacante por natureza. Livre, leve, solto...
Então, o Brasil tem jogado num 4-4-2 (4-2-2-2) meio estranho, disfarçado, já que Oscar e Hulk acabam forçados a marcar pelas beiradas. Somados aos volantes, formam uma linha de quatro ou um quadrado.
Isto posto, este blogueiro metido a besta não teria a menor dúvida, neste jogo, em escalar Ramires no lugar do lesionado Hulk. Rápido, combativo e eclético, Ramires completaria tanto a linha de quatro defensiva quanto possível quadrado móvel.
Jogador do Chelsea pode marcar e atacar pela direita, especialmente nos contragolpes em velocidade. Também ajudaria Daniel Alves, já que o México de amanhã é ousado, toca muito a bola e ataca quase sempre com rapidez, pelas extremas.
Ramires também daria mais liberdade de criação para Oscar e povoaria o meio-campo brasileiro o suficiente para equilibrar as ações num setor nevrálgico, onde normalmente o México coloca cinco jogadores de bom nível técnico.
No 4-4-2, com cara de 4-2-2-2, o Brasil terá menos dificuldades e ficará menos exposto defensivamente. Desde que, independentemente de esquemas táticos, não deixe de defender e atacar em bloco, condensando os três setores para que não apareçam espaços com cara de arapucas.
Respeito Felipão -- mais pelo passado do que pelo presente -- mas a possível ausência de Hulk pode arrumar o time. Ramires seria o ideal para amanhã. Mas, dependendo do jogo, William e Hernani não podem ser descartados. Paulinho e Hulk que se cuidem!
A princípio, jogo desta terça-feira promete ser bom, técnico, duro, equilibrado. Cabe ao Brasil saber se impor e fazê-lo ficar fácil. Um simples detalhe -- físico, técnico, tático ou emocional -- nos primeiros minutos pode mudar tudo.
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