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sexta-feira, 13 de junho de 2014

Vaia justa, saia justa e vitória injusta

Na abertura da Copa do Mundo, a Seleção Brasileira derrotou o bom time da Croácia por 3 a 1.

Arena Corinthians estava lotada por 60% de convidados e 40% de torcedores normais, simples  pagantes. Poucos, diga-se,  representando o povão que vai mesmo aos estádios.

Ansiedade e nervosismo atrapalharam bastante os brasileiros. Normal,  em se tratando de estreia diante da torcida. Camisa pesa! E a obrigação de ganhar vira um Salkantay.

Time melhorou após sofrer o gol, mas a vitória não foi justa. Juizão -- ou juizinho? --  japonês inventou pênalti sobre Fred -- nota oito como ator e quatro como goleador oculto -- e ainda não validou gol croata legítimo.

Como quase sempre, Júlio César saiu mal, foi mole pra bola. Não desviou nem socou. Também não foi tocado. Mas o japa viu falta. No pênalti mal marcado,  juro que torci para o goleiro pegar. Quase!

É bom lembrar que o juizinho, tão rápido quanto incompetente, também poderia ter dado cartão vermelho para Neymar naquela deixada de cotovelo no excelente Modric, volante do Real Madrid. Olhou, marcou e deu, com maldade.

Felipão demorou pra enxergar o óbvio. Neymar e Oscar estavam bem, mas Hulk e Fred não jogavam nada.  Paulinho também está longe dos tempos de Corinthians. Se não evoluir, perde a posição.

Gaúcho paizão poderia ter colocado William, liberando Oscar mais pela direita.  Hernanes ou Ramires no lugar de Paulinho também cairia bem. Antes!

Gol da Croácia nasceu em mais uma das muitas investidas nos espaços às costas dos nossos laterais, forçando zagueiros internos ( os bons Thiago Silva e David Luiz) e Luiz Gustavo a saírem na cobertura camicase.

O mundo da bola está caduco de saber que Daniel Alves e Marcelo têm virtudes ofensivas mas defendem com restrições. Isso não quer dizer que Marcelo tenha tido culpa ao fazer o gol contra. Bola desviou, matou David Luiz  e bateu nele. Puro azar!

Se nossa vitória foi importante mas injusta -- um 2 a 2 estaria de bom tamanho -- a vaia à presidente da República, Dilma Rousseff,  foi justa. Para alguns, xingamentos ( vai tomar no ...) extrapolaram.

Será? Questão de educação?  Discutível! Será que a espada do palavrão pesado ofende e corta mais fundo do que todos os absurdos que a maioria dos governantes impõe diariamente ao cidadão comum?

Manifestação dos não-dependentes do Bolsa Família e de outros programas  governamentais sócio-eleitorais foi para grande parte dos políticos brasileiros. Foi para uma classe política sem moral, desonesta e corrompida na sua essência.

A meu ver, o direcionamento da hostilidade foi para a imagem rasurada dessas autoridades com atitudes quase sempre absurdas. Independentemente de coloração partidária. Todos são muito semelhantes.

Repito: a bronca, o xingamento ofensivo,  não se restringiu à mulher Dilma. Nem exclusivamente ao PT do seu mentor. Aquele que nunca sabe de nada que não lhe interesse,  que não lhe agrade .

Ou alguém acha que a vaia se transformaria em aplausos se o personagem central da Arena Corinthians fosse Lula, Sarney, Fernando Henrique, Collor,  Maluf, Renan Calheiros, Zé Dirceu, Kassab e tantos outros?

O que será que eles têm em comum? O que será que eles fazem para ser reprovados até em exame de sangue? Ninguém é santinho e todos dão nó em pingo d'água quando a mina é o poder.

Hoje, provavelmente, apenas Joaquim Barbosa seria aplaudido pela maioria amarela. Isso não quer dizer que  "o cara" seja unanimidade e acerte sempre. Também já andou passando dos limites.

Bem que a presidente tentou fugir da raia ao abrir mão do discurso protocolar de abertura. Caiu do cavalo. Ou melhor: do camarote repleto de autoridades sem moral.

Depois, visivelmente chateada, lamentou a "falta de educação"  dos revoltados e garantiu que não vai se abater com nada, nem abrir mão de suas convicções".  Aí reside o perigo. Mas respeita-se. 

Se Felipão e Fred tiveram a cara-de-pau de achar que o mero contato de mão no ombro, claramente sem intensidade,  foi pênalti, por que a presidente e seus súditos não teriam o direito de entender que está tudo bem, que o governo é o suprassumo da honestidade e da competência administrativa e não deve ser contestado com veemência?

A Seleção Brasileira precisa melhorar se quiser chegar ao hexa. O governo brasileiro precisa acordar e deixar de querer fazer crer que o ser Brasil oficial vale mais do que o nosso,  o real,  se quiser ser respeitado por todas as camadas sociais.

Ainda acredito mais em Neymar e cia, na dedicação e nas limitações técnicas e táticas  de Felipão e Parreira, do que na prepotência, no mandonismo e cinismo lulista  dos que se julgam donos de um país de  nós todos.

2 comentários:

  1. Oi, amigo Raddi. Venho aqui deixar minha opinião sobre o acontecido com Dilma no jogo de abertura. Primeiro, quero deixar claro, meus comentários são isentos, sem nenhuma tinta partidária. Posso até achar justas as vaias, apesar de que naquele momento, na minha opinião, não deveriam estar lá. Os xingamentos, para mim, são totalmente condenáveis, seja para Dilma, fosse para Alckmin se lá estivesse, fosse para Lula ou FHC, ex-presidentes. As palavras de baixo calão começaram num camarote VIP, de gente que pagou caro ou ganhou o ingresso. E mesmo se tivessem começado da geral, a preços populares, caso a Fifa tivesse disponibilizado ingressos para quem não tem como pagar, eu também condenaria. Isso porque acho que devemos respeitar uma pessoa eleita democraticamente, eleita pelo povo. Queira-se ou não, ela ganhou nas urnas e não há indícios de fraudes eleitorais. Como mãe, não gostaria que minha filha, se ainda fosse criança, escutasse isso da boca dos mais velhos. Se um pai ou mãe manda uma presidente para aquele lugar, ao lado dos filhos, como essa mesma mãe e esse mesmo pai vão exigir respeito dos pequenos. Pais e mães assim abrem jurisprudência para que seus filhos o tratem da mesma forma. Vaias são justas, palavras de ordem também, mas isso há lugar e hora. Já xingamentos raivosos assim não há espaço numa palavra chamada civilidade. Um grande abraço.

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    1. Olá, Rosângela. Comentário extremamente pertinente e respeitável. Especialmente partindo de uma mãe zelosa e inteligente e de uma jornalista excepcional. Obrigado por opinião tão balizada. Assim é a verdadeira democracia. Fico feliz pela sua manifestação sincera. Grande abraço Raddi

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