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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Jornalistas e "jornalistas"

Postura editorial do Diario do Grande ABC nos últimos dias foi elogiável. Falo especificamente das edições do caderno de Esportes. Para individualizar, sem ficar sobre o muro, gostaria de elogiar a conduta do experiente repórter Nelson Cilo. Obviamente que, para escrever o que escreveu, teve o respaldo do editor de Esportes e da diretora de Redação. Portanto, cumprimentos extensivos aos meus amigos.

O quê Cilo teve a coragem de publicar ou insinuar? Nada de excepcional, mas o quê muita gente sabe há muito tempo mas quase ninguém comenta. Quase ninguem se atreve! Escancarou as divergências entre o presidente da Gestão Empresarial, Ronan Maria Pinto, com o então técnico Sérgio Guedes. Uma ingerência minimamente desrespeitosa. E com resposta à altura.

Como todos sabem, Guedes pediu demissão ao não aceitar a escalação de Osny na marra, por exigência presidencial -- favor não confundir com o Celso Luiz de Almeida, presidente do Esporte Clube Santo André.

Só faltou dizer, com mais clareza, que Marcelinho Carioca, o queridinho de Ronan, tem tudo para estar por trás da saída de quem, mais de uma vez, por questões físicas ou táticas, ousou sacá-lo do time titular.

Por falar nisso, ninguém nega que Marcelinho seja um jogador diferenciado, mas o Corinthians não precisava deixá-lo jogar sem ao menos uma sombra. O melhor em campo foi Felipe, mas o Pé de Anjo -- que golaço, hein! -- deitou e rolou enquanto teve fôlego. O Santo André merecia ganhar e o Marcelinho merecia um contrato de mais dois anos após -- mais uma vez -- desfilar um puxa-saquismo grotesco, inconcebível, ao oferecer o gol para amigos, Ronan e esposa em plena Rede Globo. No caso, gratidão e bajulação estão de mãos dadas. Eles se merecem! Estão no seu direito. Paciência! Dizem, até, que um quer ser prefeito e o outro, deputado.

Voltando ao assunto inicial: o DGABC fez como manda o figurino do bom jornalismo e desta vez não se omitiu. Não se portou como mero braço midiático do futebol conduzido pela GE. Bom seria se fosse sempre assim. Sei que é impossível, mas o exercício é dos mais saudáveis. Fica a impressão de que, no caso, o todo-poderoso teve a grandeza de não interferir, de não manipular as linhas da redação. Bem diferente de quando se fala em escalação, né?

Já passei por isso em 1985, quando era editor de Esportes do DGABC e Fausto Polesi assumiu a presidência do ECSA. Mesmo sem ser pressionado diretamente, o chamado assédio moral é inevitável. Cheguei a ouvir que perderia a "mesada" se insistisse em colocar a mão na "tomada". Por vontade própria, deixei de escrever o Confidencial por um mês. E não perdi a "mesada".

Pra quem não sabe, Polesi era diretor de Redação e sócio-proprietário do DGABC. Pra quem ainda não sabe, Ronan é sócio majoritário do DGABC.

Mais um Juca?

Ano passado, um dos melhores jornalistas esportivos do País, Juca Kfouri, foi desrespeitoso com o Ramalhão ao defini-lo como "time qualquer" e compará-lo com Barueri, Ipatinga e São Caetano em termos de estrutura administrativa. Afirmou que não passava de um time de empresários -- e quem não é? -- e que vivia às custas do Poder Público. O moço recebeu mais de 100 e-mails contestadores, mas jamais teve a humildade de reconhecer que pisou na bola.

Triste foi assistir ao Bate Bola da ESPN Brasil, há alguns meses, e perceber que o grande Paulo Vinícius Coelho -- ícone do jornalismo esportivo nacional -- e Mauro Cezar Pereira praticamente endossavam parte das asneiras do senhor Juca.

Tão triste quanto o que ouvi na semana passada, na BandSports, quando o repórter Cosme Rimolli -- não sei se ainda está no Grupo O Estado! -- afirmou, com todas as letras, que o Santo André é bancado pela Prefeitura Municipal. Mentira! Acusação leviana, indesculpável para quem exerce o jornalismo de alto nível mas se limita a conhecer quase tudo dos grandes e quase nada dos pequenos.

A sugestão é que, todos, se dêem ao trabalho de esmiuçar também as coisas dos outros clubes. Que conheçam a história e que acompanhem o dia a dia para não cair nas armadilhas de uma profissão que virou refém da Internet, da bunda na cadeira. Caso contrário, é melhor se juntarem ao insuportável ator e publicitário mineiro Milton Neves, a vedete de Muzambinho, a antítese do profissionalismo e do jornalismo responsável.

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