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sábado, 2 de outubro de 2010

Ramalhinho: antes tarde do que nunca

A idéia não é nova, mas é boa. Não significa a descoberta da pólvora, mas tem tudo para dar certo. Independente do mau momento do ameaçado Santo André na Série B do Campeonato Brasileiro, o lançamento do Projeto Ramalhinho oferece boas perspectivas de sucesso.Se levado a sério!

Sob o comando de Antonio Carlos Moreno, diretor executivo do Santo André Gestão Empresarial e Desportiva -- Saged --, a parceria com a Prefeitura de Santo André demorou muito pra acontecer, mas pode vingar. Antes tarde do que nunca.

Ainda não há clareza na definição das responsabilidades das partes, mas, finalmente, o aproveitamento de meninos andreenses entre 9 e 14 anos, bons de bola, tem tudo para virar realidade.

Independente de virem a se tornar jogadores de futebol, ao menos terão oportunidade de inserção social e desenvolvimento humano. Craques, poucos serão. Cidadãos de bem, muitos.

Campos, infra-estrutura, uniforme, transporte, alimentação, professores capacitados e educação são indispensáveis para nossos meninos sonhadores. Saged e Prefeitura são os responsáveis sob a liderança do grande capitão do vôlei, Moreno.

Oito campos distritais serão colocados no projeto. Deduz-se, portanto, que são as oito escolinhas de futebol da Prefeitura, creio que ainda sob o comando do professor Fernando Campagnolli.

Pra quem não sabe, Fernandinho foi um dos três maiores volantes nos 43 anos de história do Ramalhão. Jogava muito! Marcava e saia pro jogo com desenvoltura incomum. E mosca de boi pra qualquer adversário. Fora de campo, uma moça. Dentro, insuportável.

Há alguns anos, tenho conversado com Fernandinho sobre a parceria. Afinal, por que não encaminhar os meninos das escolinhas para o Santo André? Bastava que Poder Público e clube conversassem e tivessem o bom senso de unir forças. Muitos acabavam e ainda acabam em clubes grandes de São Paulo.

Felizmente, parece que agora vai. Só não entendo como Santo André, uma cidade com quase 700 mil habitantes, tem apenas 600 crianças nas escolinhas de futebol. Menos de 0,1%. Número irrisório, ridículo. Pífio, até, diante da grandeza do município.

Depois nossos homens públicos, independente de partidos políticos, vêm falar de investimentos na base, na iniciação. Conversa mole pra boi dormir. Todos são muito semelhantes na incompetência para governar com discernimento e na competência para enganar com esperteza incomparável.

Temos mais de 40 campos distritais em Santo André. Todos são da Prefeitura, portanto, da população. Minto: metade tem donos locais, normalmente atrelados a algum político. Em muitos, infelizmente, campeia o tráfico de drogas.

Deveríamos ter no mínimo 7 mil crianças -- apenas 1% da população -- fazendo futebol na periferia de uma cidade cheia de problemas e de favelas. E cheia de crianças que poderiam ao menos ter uma oportunidade na vida.

Que o projeto Ramalhinho não seja apenas mais um balão de ensaio. Que a dupla Aidan/Ronan faça, de fato, algo por crianças e adolescentes sonhadores. Senhores do poder, respeitem nossos meninos. Investir no esporte é apenas uma das formas.

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