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segunda-feira, 15 de março de 2010

O torcedor, o empate e a goleada

Torcedor é mesmo um caso a parte. Ainda há pouco, num banco lotado e com caixas em ritmo de de carro de boi, testemunhei a conversa de um corintiano e um palmeirense.

Estranho é que o "parmerista" estava mais preocupado em desmerecer a vitória do Corinthians sobre o Santo André do que em enaltecer a belissima virada do Palmeiras sobre os meninos dançarinos da Vila.

Coisa de louco! Quase se pegaram! E eu ali, sem saber o quê fazer além de arbitrar desavenças de uma paixão chamada futebol.

-- Neno, você não bate bem! Deve ter visto outro jogo. O Corinthians só foi melhor nos primeiros 10 minutos, quando achou dois gols porque ninguém chegou no gordinho. Depois, só deu Santo André. Poderia até não ganhar, mas o empate seria muito mais justo -- garantia Zé Mário num tom de voz bem próximo do desafio pra briga.

-- Você tá de brincadeira! Viu o jogo do Palmeiras e depois ficou secando o Timão. Agora vem me encher o saco com esse papo de mau perdedor. Por que você não curte os gols do Robert em vez de dar uma de seca-pimenteira -- retruca Neno.


-- Tá bom, vai! Então me diga se não foi pênalti do Chicão no Rodriguinho. Me diga se a expulsão do Branquinho foi merecida. Me diga se o Felipe não fez pelo menos quatro grandes defesas.

-- Digo sim! Foi pênalti do Chicão. Assim como o carrinho do Branquinho merecia mesmo a expulsão. Quanto às oportunidades de gol, o seu Palmeiras, quer dizer, Santo André, só chegou duas vezes. Nas outras o impedimento já estava marcado. Zé Mário, por que você não fala das chances do meu Corinthians?

-- Que chances?

-- Só pra refrescar tua memória curta: só o Ronaldo ficou cara a cara com o Julio César três vezes. Foram duas belas defesas e um chute pra fora. No final, o nosso gordinho, que fez muito do que o Nunes e o Rodrigão juntos, ainda deu um passe medido para o Jorge Henrique, que, sozinho, bateu pra fora. Que justiça você prega? O Santo André atacou desordenadamente e deu sopa pro azar. Nos contra-ataques a defesa ficava totalmente exposta.

-- A justiça do melhor time, de quem dominou, de quem tem muito mais padrão de jogo e é vice-líder do campeonato.

-- Que justiça absurda! Que justificativa ridícula! Seu time, que dizer, o Santo André, poderia sair de Barueri com quatro ou cinco no lombo. Seja ao menos sensato. Ou seria pedir demais?

-- Assim você me ofende!

-- Então, sinta-se ofendido, parmerista de meia-tigela!

-- O quê?

O painel do banco chama a senha 783, a do Neno. Mais do que depressa, para evitar um mal maior, puxo o corintiano pelo braço e alerto sobre o chamamento do caixa 3. Em seguida, a chamada do caixa 13, bem distante, felizmente, era para um torcedor pra quem, para ser feliz, não basta o Palmeiras vencer. A festa só é completa quando, no mesmo dia, o Corinthians se arrebenta.

Cinco minutos depis, no amplo estacionamento, bem de longe, um último desafio do "parmerista" andreense:

-- A gente se encontra na decisão do Paulista, quando o time do gordinho já estiver fora da Libertadores.

-- Tá certo, a gente se encontra no Pacaembu. Timão e Ramalhão prometem mais um bom duelo. Bobão! Pensou que fosse o Palmeiras...

Como último desaforo, um palavrão impublicável...

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